Jump to content

Sociedade


João_O

Posts Recomendados

há 12 horas, Ruben Fonseca disse:

Acho engraçado como vêm as coisas de forma tão simplista. "É só dar uma escolha, o que mal poderia acontecer?". Um exemplo, sobre um tema diferente, mas que demonstra perfeitamente que não se pode ver apenas a eutanásia de forma tão simplista: a Islândia conseguiu, ainda que virtualmente, erradicar a Síndrome de Down. Como? Simples, cada vez que é detetada essa patologia, as mães são persuadidas pela comunidade médica do país a abortar. Quase 100% das mulheres resolveram abortar em casos onde existe Síndrome de Down e, resultante disso, temos apenas um ou dois bebés a nascer com essa doença. Economicamente positivo para quem tem um filho, claramente; moralmente correto? Isso já é mais questionável. Claro que isto não é uma posição contra ou a favor do aborto, nem eu quero juntar os dois assuntos, mas apenas para exemplificar algumas coisas:

1) Eutanásia é mais barato, para um SNS, que cuidar de um paciente até ao fim da vida do mesmo. Se achas que não vai haver pressão por parte de alguns médicos ou até mesmo da própria família, que já sem a eutanásia encontras imensos de casos nos hospitais de pessoas que nunca quiseram saber dos doentes que lá estão, mas que quando os vêem a morrer nas camas do hospital já os adoram (sabe-se lá porque razão :rolleyes: ), para que um utente siga com o processo da eutanásia, é porque não fazes a mínima ideia do que se passa em certos hospitais. O facto de ter ou não a autorização dos médicos não impede em nada que se realize a eutanásia, ou que exista uma rampa deslizante tal como já acontece noutros países onde ela é praticada. Isto não é uma opinião, é um facto e é um facto que é preciso ter em conta porque na Holanda ou outros países onde esta é praticada, as coisas também não funcionam como "quero matar-me" e pronto. O que tu estás a referir, do estar bem estudado, do atestado de vários médicos e avaliação psiquiátrica é apenas uma formalidade. Se o próprio SNS tem casos gritantes de erros humanos que podiam ser evitados em vários casos (pode sempre acontecer um erro humano, claro, mas há erros que acontecem pura e simplesmente por falta de meios ou até mesmo por puro desleixo), achas que vai ser tudo ideal com o caso da eutanásia? Por favor, olhem para o SNS que temos e deixem de argumentar como se vivêssemos num mundo cor-de-rosa que nem vocês acreditam.

2) É contra-natura, para qualquer profissional de saúde e até mesmo para as instituições onde estes participam, depararem-se com doentes que queiram morrer. Nós, que através do Juramento de Hipócrates juramos salvar vidas, todas elas e dar as melhores condições possíveis para que uma pessoa possa, mesmo com determinadas patologias, viver e morrer com dignidade, vamos incluir que morrer com dignidade é única e exclusivamente quando o doente quer? Aliás, entrar em caminhos como a dignidade tem muito que se lhe diga, porque uma pessoa com cancro, por exemplo, que se submete a tratamentos altamente invasivos como quimioterapia, fica obviamente afetado com o tratamento, que também lhe causa sofrimento, que também pode levar à morte. Não é admirar que, por vários momentos durante o tratamento, se sinta como se a sua dignidade tivesse deixado de existir. Estamos a lidar com a vida de uma pessoa e uma vida de uma pessoa não é algo tão linear como "estou sofrer e quero morrer". Não interessa se apenas 5 ou 10 pedem a eutanásia no meio de milhares, se são Stephen Hawkings da vida ou não, serão sempre 5 ou 10 pelas quais há mais que se pode fazer por eles, há mais tempo que eles podem viver. Porque há alturas em que até para a comunidade médica é espantoso aquilo que uma pessoa sobrevive. Já vi casos de pessoas que foram diagnosticadas com cancro e que sobreviveram bem mais tempo que toda a gente esperava. Isso, sim, é o objetivo da comunidade de saúde, da ciência.

3) Se alguém se quiser matar, tem o livre-arbítrio para o fazer a qualquer momento, como sempre o teve, agora não venham com parvoíces como "é só digno para essa pessoa morrer porque ela assim o quer" porque matar alguém nunca é digno. Sim, porque eutanásia é só uma palavra bonita para matar uma pessoa, para convencer essa pessoa a matar-se ou, melhor dizendo, para que essa pessoa não se sinta tão mal a matar-se. Aliás, seria interessante verificar, nos países onde a eutanásia é legal e permitida, se as pessoas que de facto avançam com o processo, se eram capazes de pegar numa arma e apontá-la às próprias cabeças ou atirarem-se de uma ponte. Acredito que teríamos resultados interessantes. Por isso, se quiserem seguir por esse caminho, estão perfeitamente à vontade para isso. Suicídio sempre existiu. Agora não interfiram com um sistema de saúde, não o façam com dinheiros públicos, nem envolvam uma comunidade médica cuja função é salvar vidas ou, nos casos onde não podem ser salvas, dar mais tempo de vida a alguém.

Tu estás a tirar Medicina? 

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 3 horas, Forbidden disse:

O que eu acho bizarro, é numa plena democracia, quererem impôr a vontade de uns sobre a dos outros, com base em argumentos falaciosos (que muitas das vezes estão direta ou inderetamente ligados aos dogmas da Igreja Católica). Já com o Aborto foi igual. A Democracia valoriza a Liberdade individual e esta deve ser respeitada. É assim tão dificil de entender? Cansa ter que estar sempre a a repetir o mesmo. Que interessa a opinião dos outros a uma pessoa que queira a eutanásia? Não é sobre os outros, é sobre ELA. É uma escolha dessa pessoa, os outros não tem nada com isso. É incrível como algumas pessoas ainda não entenderem isso.

A eutanásia é um assunto muito mais complexo que isso.

  • Gosto 3
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Não consigo perceber como é que alguém pode defender a morte como a primeira opção e a principal solução. "Morte medicamente assistida" não é eu ter uns problemas, não querer mais viver, não ter coragem de me suicidar e fazer com alguém faça isso por mim. Deve ser aplicada só em questões em que pacientes têm sérios problemas e não poderão ter uma vida digna (uma vida não digna não é ser posto num lar de idosos, ou coisa do género), uma vida não digna com problemas de saúde que não têm resolução e que o futuro vai apenas ser insuportável e indiferente para aquela pessoa. São questões extremas, não apenas "acabei com o amor da minha vida e não quero mais viver", "chumbei nos exames que dependiam o meu futuro profissional e não quero mais viver", "tenho muitas dívidas para pagar e não quero mais viver",... E não é uma atitude que afete apenas a pessoa em si, é algo que afeta as famílias, os amigos e a sociedade que vê tanta gente a escolher a "solução" mais "rápida". Pode ser a solução para a pessoa, mas pode ser um sério problemas para os que estão em volta, pode causar sérios problemas psicológicos. Transponham a situação para próximo de vocês, imaginem que a vossa mãe decidiu que estava farta de viver e, pela "liberdade individual", decidia recorrer à eutanásia? Sinceramente, acho que todo o meu psicológico seria afetado e desestruturado. O que vocês dizem é a banalização de algo tão sério, como se fosse um jogo de computador em a personagem morre, mas se recomeçar o jogo ela volta à "vida".

  • Gosto 3
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 6 minutos, Forbidden disse:

Quem é que disse isso?

 

On 24/05/2018 at 21:26, Mr. Robot disse:

@Ruben Fonseca não me admira essa tua posição contra a eutanásia, não precisas é de fazer textos tão longos para tentar justificar o injustificável. eu sou e sempre serei a favor da eutanásia, porque a pessoa deve ter o direito a querer morrer. Tive um caso na familia, de um homem que pediu ao médico para morrer, porque não queria viver num lar de idosos. o médico disse que não e ele no dia seguinte deu um tiro na cabeça cim uma espingarda. ficaram os miolos espalhados na cozinha, a mulher dele entrou, viu aquela cena e hoje está na ala da psiquiatria e nunca mais de lá deve sair. a familia mais próxima ficou toda afetada, pela escolha tão violenta de morrer e isso poderia e bem ter sido evitado.

 

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 1 minuto, AGUI disse:

 

 

Ok, mas esse caso nunca seria possível para eutanásia. A eutanásia requer uma doença terminal, que não seja reversível e que seja dolorosa. O caso desse senhor não se aplicava em nenhum desses pontos. Ele queria morrer e acabou por matar-se, não precisou da eutanásia para o fazer.

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Agora mesmo, Ivo disse:

@AGUIAinda recentemente tivemos este caso ridículo:

https://catracalivre.com.br/geral/saude-bem-estar/indicacao/cientista-australiano-eutanasia/

O senhor não tinha nenhum problema de saúde grave, simplesmente era velho e estava farto de viver :rolleyes:

Porquê a ironia? Há pessoas que estão sim cansadas de viver, e uma pessoa com mais de 100 anos já deve estar cansada mesmo. Mas não seria nunca caso para eutanásia, como já referi. Para ele morrer teria que ser ele próprio a suicidar-se. Existem muitas restrições para a eutanásia e suicídio assistido, não é assim "quero morrer" e pronto, está feito.

E mesmo nos casos de suicídio, se a tentativa falhar a pessoa pode ser internada compulsivamente e impedem que a pessoa se mate (temporariamente pelo menos).

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Agora mesmo, Forbidden disse:

Porquê a ironia? Há pessoas que estão sim cansadas de viver, e uma pessoa com mais de 100 anos já deve estar cansada mesmo. Mas não seria nunca caso para eutanásia, como já referi. Para ele morrer teria que ser ele próprio a suicidar-se. Existem muitas restrições para a eutanásia e suicídio assistido, não é assim "quero morrer" e pronto, está feito.

E mesmo nos casos de suicídio, se a tentativa falhar a pessoa pode ser internada compulsivamente e impedem que a pessoa se mate (temporariamente pelo menos).

Qual ironia? Simplesmente não é caso para pedir a eutanasia, e há muitos casos desses. Aliás mesmo que tivesse uma doença grave, eu sou contra a eutanasia. Mas não me vou justificar, já se disse tudo sobre isso.

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Agora mesmo, Ivo disse:

Qual ironia? Simplesmente não é caso para pedir a eutanasia, e há muitos casos desses. Aliás mesmo que tivesse uma doença grave, eu sou contra a eutanasia. Mas não me vou justificar, já se disse tudo sobre isso.

O teu emoji expressava ironia.

Tu és contra, mas a tua opinião é irrelevante. O dono do nosso corpo somos nós próprios, o que os outros acham não importa.

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 8 minutos, Forbidden disse:

O teu emoji expressava ironia.

Tu és contra, mas a tua opinião é irrelevante. O dono do nosso corpo somos nós próprios, o que os outros acham não importa.

Mas a partir do momento em que estás a envolver outros na equação ... ou a vontade deles não importa? 

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 3 horas, Forbidden disse:

O que eu acho bizarro, é numa plena democracia, quererem impôr a vontade de uns sobre a dos outros, com base em argumentos falaciosos (que muitas das vezes estão direta ou inderetamente ligados aos dogmas da Igreja Católica). Já com o Aborto foi igual. A Democracia valoriza a Liberdade individual e esta deve ser respeitada. É assim tão dificil de entender? Cansa ter que estar sempre a a repetir o mesmo. Que interessa a opinião dos outros a uma pessoa que queira a eutanásia? Não é sobre os outros, é sobre ELA. É uma escolha dessa pessoa, os outros não tem nada com isso. É incrível como algumas pessoas ainda não entenderem isso.

Portanto, no caso das touradas, também és tu a impor a tua vontade de acabar com estas, certo? Afinal de contas, desde quando é que a tua opinião interessa se há gente que quer as touradas, não é? De facto, é incrível o tipo de argumentos que dás, totalmente sem sentido, para defenderes algo como a eutanásia. Se uns quiserem violar crianças também têm liberdade para isso, mas não é por isso que se torna legal, muito menos moralmente correto de ser praticado.

há 1 minuto, Forbidden disse:

O teu emoji expressava ironia.

Tu és contra, mas a tua opinião é irrelevante. O dono do nosso corpo somos nós próprios, o que os outros acham não importa.

3

Se és dono do teu corpo, também és suficiente capaz de cometeres suicídio sem teres de envolver recursos e instalações pagas por outras pessoas, muito menos envolveres outras pessoas. Aliás, a ironia aqui é mesmo dizeres que o que os outros acham não importa, mas depois envolveres médicos num processo que é teu. Caso para dizer que a tua opinião ainda é mais irrelevante que a dele.

há 13 horas, Tiago João disse:

Lá vem os números :mosking: 

Eu acho que não percebi bem o exemplo inicial que deste, porque do que percebi (que talvez não tenha sido o correto) não vi mal algum xD

1) Não tem de ser mais barato. Se contratarem os psicólogos todos como eu disse, já iriam existir custos acrescidos. Aliás, isso é uma questão puramente económica: aumentar os custos da Eutanásia, o que, diga-se, não é nada difícil, era muito mais difícil o oposto. E se noutros países a Eutanásia não se desenrolou como era suposto, acho que servem de exemplo do que não fazer a partir do momento em que esta é aceite. Chama-se aprender com os erros. A "rampa deslizante" é um dos principais argumentos que são utilizados, mas através dessa mesma rampa podemos perceber os erros dos outros países. Não alargar a eutanásia a menores. Fiscalizar (mais custos, lá está) as instituições que realizarem a Eutanásia, nomeadamente se todos os procedimentos são cumpridos segundo a lei. Cada morte assistida deve ser autorizada por entidades superiores que averiguem a veracidade das avaliações médica do estado psíquico do cidadão. Entre outras coisas, que felizmente muitas pessoas já fizeram questão de enumerar, que correram mal nos outros países. Não acho que isto vai ser o ideal, e podem acontecer erros, mas estes devem ser altamente penalizados, como qualquer homicídio que não seja realizado por vontade da própria pessoa. Até porque temos de perceber que é a vontade da pessoa que está aqui expressa. É a pessoa que se quer matar, mas apenas recorre a ajuda médica para que a morte seja indolor. Qualquer caso em que isto não se verifique, é homicídio, obviamente. E para casos em que familiares se querem livrar da pessoa, não o podem fazer, isso irá depender exclusivamente do cidadão em questão que irá ser avaliado por diversos profissionais caso seja coagido a pedir a eutanásia. Aliás, deve ser responsabilidade dos próprios profissionais perceberem esses casos. 

2) Vocês prometem salvar vidas e fazer com que uma pessoa viva e morra com dignidade. Ok. Para essas pessoas, elas sentem-se salvas. E certamente que esse juramento não vem um valor tão literal ao ponto de ser apenas um "salvamento" físico, até porque os psicólogos atuam noutro campo, portanto existe um leque mais amplo de significados para esse juramento. As pessoas que querem recorrer à Eutanásia querem simplesmente pôr termo à sua vida, pelos mais diversos motivos, e isso tem de ser encarado como uma "salvação" para elas, já que é assim que elas o encaram. E tem de assegurar que a pessoa morra com dignidade, isso completa justamente o raciocínio. Obviamente Ruben, e acho que aqui ninguém disse isso, que morrer com dignidade não deve ser apenas quando a pessoa quer, mas também quando a pessoa quer! Mas eu não quero entrar por caminhos da dignidade, até porque não adoto esse argumento e acho que a morte sem dignidade é algo insuficiente para se recorrer à eutanásia, para mim a justificação é mesmo a dor física e psicológica.  E não disse que a vida de uma pessoa é tão linear ao ponto de ser "estou a sofrer logo quero morrer", não. Nem é assim. Mas sim quando é algo acumulado, sem esperança, que após uma reflexão intensa leva à opção pela Eutanásia por parte de alguém. Aliás, obviamente que não é tão linear assim, porque alguém que passe pelos psicólgos como "apta para a Eutanásia" certamente que não tem um pensamento tão simplório como "agora estou mal, quero morrer". Até pode haver muito mais a fazer por alguém, mas esse alguém pode simplesmente não querer mais, aquilo que esse alguém pede a determinado ponto pode ser a morte, há que perceber essas pessoas, que não se baseiam num pensamento simplista para tomar uma decisão destas! Eu por vezes sinto que muitos dos opositores à Eutanásia tem uma dificuldade enorme em se colocar no lugar dos que podem vir a querer realizá-la! Parece que nunca tiveram nenhuma experiência que os fizesse pensar verdadeiramente nisso e tem uma opinião demasiado dogmática sobre o assunto! Não estou a dizer que é o teu caso, mas sim de boa parte das pessoas que conheço que partilham da tua opinião. 

3) Não me vou "meter" com dignidades, porque não é algo que me importe neste tema, nem me sinto refletido nessa tua frase. Já disse porque defendo este processo. Quanto ao seguinte: é verdade, aliás, nem acho que "Eutanásia" seja uma palavra "bonita", para mim é "morte assistida", nada mais, portanto não tenho qualquer pudor em falar em matar, como já o fiz. Quanto ao teu ponto seguinte, respondo-te: acho sinceramente que não, muita gente não era capaz de pegar numa arma e suicidar-se. Mas aí é que está a questão! A questão que difere o suicídio do suicídio assistido! Todo o propósito do suicídio assistido é precisamente esse! Para as pessoas que efetivamente desejam morrer mas que não conseguem pegar numa arma e fazer o serviço, continuando a viver em agonia e constantemente a pensar no assunto. É para as aliviar que surgiu também esta proposta, porque não tenho a menor dúvida que 90% delas não o era capaz de fazer se não lhes tivessem dado essa oportunidade, essa liberdade e a que para elas foi como que um "salvamento" de uma vida que para elas já não o era, no significado menos literal da palavra. 

PS. Não fiz correção gramatical e é meia-noite, dá-me um desconto se alguma coisa estiver confusa xD

 

Tiago, a eutanásia sai mais barato. Ponto. Não há maneira de dares volta a isso, porque é a realidade. A eutanásia sai bem mais barato que cuidares um paciente durante meses, possivelmente até anos. É um procedimento que apenas envolve burocracia e que, administrado uma vez, está completo porque a pessoa morre, ao passo que se fores a tratar continuamente essa pessoa, durante vários meses, possivelmente até anos, estás a gastar bem mais recursos, nos já limitados recursos do SNS. O mesmo se passa com a rampa deslizante. Ia acontecer na mesma, também não há maneira de dar volta a isso porque, mesmo nos projeto de lei do PS sobre a eutanásia, que foi o que esteve mais perto de ser aprovado, tinhas logo uma subjetividade imensa - e mesmo que depois, na especialidade, colocasses limites ao projeto de lei, tu nunca poderás ser objetivo o suficiente para evitares que não aconteça uma rampa deslizante. Apenas a Holanda permite a eutanásia a menores e continuas a ver, noutros países como a Bélgica, a Suíça, o Canadá, etc, rampas deslizantes. Aliás, a Suíça é um ótimo exemplo de um país que, apesar da prática da eutanásia ser ilegal, teres organizações que ajudam todo o tipo de pessoas que querem morrer, a fazerem-no através do suicídio assistido, como a Exit, que fizeram da vida e da morte das pessoas um autêntico negócio - ao ponto do seu fundador ser conhecido como Dr. Morte.

"E para casos em que familiares se querem livrar da pessoa, não o podem fazer"? Não te iludas, por favor. Mais uma vez, vocês estão a argumentar num mundo que nem vocês acreditam. Tens tantos, mas tantos casos, vergonhosos até, de familiares que nunca quiseram saber da tia, do tio, às vezes até da mãe ou do pai, mas depois deparam-se que a tia, o tio, a mãe, o pai, estão a morrer e há sempre aquela questão de quem fica com o quê, e às vezes é até incomodativo deparares-te com pessoas que estão ali unicamente para caírem nas boas graças das mesmas, ou para tentar iludir as mesmas, enquanto elas não morrem. Portanto, sim, teoricamente, não pode haver pressões externas. Mas achas mesmo que não vão haver pressões externas, quando estas já existem também em outros casos como o aborto e acontece exatamente da mesma forma nos países onde a eutanásia é permitida? Repito, não se iludam, o que não falta nos hospitais são familiares que são autênticos abutres e que não perderiam tempo a tentar convencer um paciente a querer matar-se porque "assim já não sofre mais".

Não pode haver subjetividade num campo como a saúde, ou pelo menos não pode haver subjetividade no que toca a algo tão precioso como uma vida. É viver até ao fim e darmos condições para isso. Nada mais. Não podes dizer que não podemos levar isso de forma tão literal, porque o dever da comunidade de profissionais de saúde é tentar salvar vidas ou dar-lhes as melhores condições possíveis para viverem o que restam da melhor forma possível. Não há subjetividade aí, é isto, é literalmente isto. Dizer que a eutanásia é uma forma de salvar alguém, não só é uma completa contradição, como é contra-natura a esse juramento, a tudo aquilo que faz parte da profissão de um enfermeiro, de um médico, de um psiquiatra, etc etc. Nenhum deles é super herói, nenhum deles pode dar imortalidade ou uma morte ideal a toda a gente, mas tenta-se sempre fazer isso, de uma forma ou outra. Existem imensas pessoas que pedem a morte em vários pontos da vida, mas não se chegam a matar pelas próprias mãos. Existem imensas pessoas com doenças terminais ou extremamente penosas, que desejam morrer tantas vezes e no final conseguem ainda viver mais uns anos, anos esses que passam com as pessoas que amam, da forma que eles desejarem. Não estou a dizer que são todos os casos, claro, mas se há imensa gente que não é capaz, nem quando têm doenças terminais, de pegarem numa arma ou seja lá o que for e matarem-se a si próprias, não façam das instituições do SNS um local para se morrer on demand.

Mais, se vocês se chocam ao ver uma pessoa que se mata com uma corda, que se mata com um tiro na cabeça, que se mata porque se atirou de um prédio ou de uma ponte, porque é que já não se chocam quando alguém vai ao hospital e quer morrer? Eu acho extremamente engraçado ver pessoas que acham horrível a morte de alguém através do suicídio, mas depois, numa hipocrisia extrema, estão totalmente a favor da eutanásia. Qual é a diferença? É porque não vêm miolos no chão ou parte do corpo ali a balançar no meio da cozinha? A eutanásia resulta na morte da pessoa. A eutanásia implica a morte de alguém. É uma palavra bonita para se banalizar a morte. É para as pessoas não se sentirem tão mal com elas próprias quando iniciam o processo. Se não são capazes de se matarem, então é contraditório serem a favor da eutanásia ou quererem a eutanásia. É hipócrita. E é exatamente por isso que a eutanásia não pode ser legalizada, porque faz com que as pessoas que, caso contrário, nunca seriam capazes de pegar numa arma e matarem-se, pessoas que iriam viver até ao fim das suas vidas, a matarem-se mais cedo apenas porque têm medo de sofrer. Isso não é avanço nenhum, muito menos salvar alguém porque não se salva ninguém com a morte, é só uma estupidez. 

Por isso, não é não nos colocarmos na pele de quem sofre; é saber que, mesmo nos casos onde não há mais nada a fazer, ter a perfeita noção que qualquer minuto a mais é precioso e que a questão de vida ou de morte não se resume apenas a sofrimento ou dignidade, até porque sofrer ninguém gosta, mas também não podemos evitar isso, pois não? Nunca ninguém disse que a vida era fácil para toda a gente, mas não façam da dificuldade ou facilidade um argumento para tornar hospitais instituições que agora podem também matar cada vez que alguém quer, sob o pretexto de estar em sofrimento ou ter uma doença incurável, isso é abrir uma caixa de Pandora que só leva a casos de mortes perfeitamente evitáveis como as que já acontecem nos países onde esta existe.

há 2 horas, Mr. Robot disse:

Tu estás a tirar Medicina? 

Enfermagem.

  • Gosto 2
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Agora mesmo, Ruben Fonseca disse:

Portanto, no caso das touradas, também és tu a impor a tua vontade de acabar com estas, certo? Afinal de contas, desde quando é que a tua opinião interessa se há gente que quer as touradas, não é? De facto, é incrível o tipo de argumentos que dás, totalmente sem sentido, para defenderes algo como a eutanásia. Se uns quiserem violar crianças também têm liberdade para isso, mas não é por isso que se torna legal, muito menos moralmente correto de ser praticado.

Se és dono do teu corpo, também és suficiente capaz de cometeres suicídio sem teres de envolver recursos e instalações pagas por outras pessoas, muito menos envolveres outras pessoas. Aliás, a ironia aqui é mesmo dizeres que o que os outros acham não importa, mas depois envolveres médicos num processo que é teu. Caso para dizer que a tua opinião ainda é mais irrelevante que a dele.

 

Tu adoras misturar assuntos, é incrível... sou contra as touradas sim porque é uma tortura, e a tortura deve ser repudiada, tanto contra animais como contra pessoas. Vamos ver se eu ponho as coisas de forma simples para entenderes: nós somos donos do nosso corpo, não do corpo de animais ou de outras pessoas. Se ainda assim não entendes lamento mas não consigo ser mais claro que isto.

A eutanásia, com já disse vezes sem conta, é para pessoas que não tem capacidade de se matarem a elas próprias e que estão com uma doença terminal, irreversível e dolorosa. Mas eu já te expliquei isso e tu continuaste e a não entender e continuas a divagar, eu não vou perder tempo. Tu misturas conceitos diferentes e argumentos falaciosos e divagas, divagas... não chegando a lado nenhum.

 

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 2 minutos, Forbidden disse:

A eutanásia, com já disse vezes sem conta, é para pessoas que não tem capacidade de se matarem a elas próprias e que estão com uma doença terminal, irreversível e dolorosa. 

 
 

Tão iludido que tu és, chega a ser surpreendente.

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Eu sou a favor da Eutanásia, mas há muitos limites. Uma pessoa que esteja cansada de viver não é justificação para se aplicar a substancia. 
A Eutanásia só deveria ser permitida em casos de doenças em fase terminal, sem cura ou dolorosas. As pessoas tem direito a morrer com o mínimo de dor possível e estarmos a "prende-las" quando já se sabem que vão acabar por falecer mais cedo ou mais tarde é um ato de puro egoísmo da nossa parte. Sim, a Eutanásia deveria de ser aprovada mas só nos casos em que eu referi

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 2 minutos, Fernandovisão disse:

Eu sou a favor da Eutanásia, mas há muitos limites. Uma pessoa que esteja cansada de viver não é justificação para se aplicar a substancia. 
A Eutanásia só deveria ser permitida em casos de doenças em fase terminal, sem cura ou dolorosas. As pessoas tem direito a morrer com o mínimo de dor possível e estarmos a "prende-las" quando já se sabem que vão acabar por falecer mais cedo ou mais tarde é um ato de puro egoísmo da nossa parte. Sim, a Eutanásia deveria de ser aprovada mas só nos casos em que eu referi

E do que tenho conhecimento seria apenas para esses casos. Mas as pessoas vão buscar outros exemplos que nem sequer estavam previstos na lei para a tentar descredibilizar... e conseguiram, visto que a lei não passou.

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 5 minutos, Forbidden disse:

E do que tenho conhecimento seria apenas para esses casos. Mas as pessoas vão buscar outros exemplos que nem sequer estavam previstos na lei para a tentar descredibilizar... e conseguiram, visto que a lei não passou.

Isso é verdade, principalmente o CDS e o PCP.

Assunção Cristas disse que ficava mais barato para SNS e para o estado matar as pessoas, mas foi o governo dela que andou a cortar até mais não e o PCP foi buscar aquele exemplo ridículo dos idosos holandeses que fogem para a fronteira alemã. As pessoas para argumentarem uma coisa tem de ter algo sólido e não estas coisas ridículas que são facilmente dizimadas 

Editado por EFernando
  • Gosto 2
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 1 minuto, Fernandovisão disse:

Isso é verdade, principalmente o CDS e o PCP.

Assunção Cristas disse que ficava mais barato para SNS e para o estado matar as pessoas, mas foi o governo dela que cortar até mais não e o PCP foi buscar aquele exemplo ridículo dos idosos holandeses que fogem para a fronteira alemã. As pessoas para argumentarem uma coisa tem de ter algo sólido e não estas coisas ridículas que são facilmente dizimadas 

Esse foi anedótico mesmo... quiseram passar a ideia que as pessoas queriam forçar a eutanásia nos idosos, que os queriam assassinar, quando a eutanásia tem que ter um consentimento claro por parte da pessoa. Mas com esse tipo de mentiras conseguem manipular as pessoas, é assim que a política se faz infelizmente.

E quanto ao dinheiro, a questão nunca foi essa.

  • Gosto 3
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Eu sou claramente a favor da eutanásia, depois de ver aquele filme espanhol não consegui ficar indiferente. Agora, é claro que isto apenas se deve aplicar em situações extremamente particulares, onde o paciente esteja plenamente incapacitado e em sofrimento mas consciente e seja essa a sua vontade (ao longo de um determinado período de tempo, para evitar precipitações). Não sou nenhum especialista na área, mas a minha opinião vai passando por isto.

O "querem matar os velhinhos" e os cartazes e argumentos de CDS's e afins são só ridículos. Podiam pegar em muita coisa mais pertinente.

  • Gosto 2
  • Obrigado 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Agora mesmo, jgsantos disse:

@Fernandovisão - exacto - casos de pessoas com cancros incuráveis, doenças neuro degenerativas, que mais tarde podem conduzir a estados vegetativos.

Eu nesses casos sou 100% e se as pessoas tiverem condições mentais para tomarem esta decisão acho que deve-se avançar para a morte medicamente assistida

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 2 horas, Ruben Fonseca disse:

1) Portanto, no caso das touradas, também és tu a impor a tua vontade de acabar com estas, certo? Afinal de contas, desde quando é que a tua opinião interessa se há gente que quer as touradas, não é? De facto, é incrível o tipo de argumentos que dás, totalmente sem sentido, para defenderes algo como a eutanásia. Se uns quiserem violar crianças também têm liberdade para isso, mas não é por isso que se torna legal, muito menos moralmente correto de ser praticado.

2) Se és dono do teu corpo, também és suficiente capaz de cometeres suicídio sem teres de envolver recursos e instalações pagas por outras pessoas, muito menos envolveres outras pessoas. Aliás, a ironia aqui é mesmo dizeres que o que os outros acham não importa, mas depois envolveres médicos num processo que é teu. Caso para dizer que a tua opinião ainda é mais irrelevante que a dele.

3) Tiago, a eutanásia sai mais barato. Ponto. Não há maneira de dares volta a isso, porque é a realidade. A eutanásia sai bem mais barato que cuidares um paciente durante meses, possivelmente até anos. É um procedimento que apenas envolve burocracia e que, administrado uma vez, está completo porque a pessoa morre, ao passo que se fores a tratar continuamente essa pessoa, durante vários meses, possivelmente até anos, estás a gastar bem mais recursos, nos já limitados recursos do SNS. O mesmo se passa com a rampa deslizante. Ia acontecer na mesma, também não há maneira de dar volta a isso porque, mesmo nos projeto de lei do PS sobre a eutanásia, que foi o que esteve mais perto de ser aprovado, tinhas logo uma subjetividade imensa - e mesmo que depois, na especialidade, colocasses limites ao projeto de lei, tu nunca poderás ser objetivo o suficiente para evitares que não aconteça uma rampa deslizante. Apenas a Holanda permite a eutanásia a menores e continuas a ver, noutros países como a Bélgica, a Suíça, o Canadá, etc, rampas deslizantes. Aliás, a Suíça é um ótimo exemplo de um país que, apesar da prática da eutanásia ser ilegal, teres organizações que ajudam todo o tipo de pessoas que querem morrer, a fazerem-no através do suicídio assistido, como a Exit, que fizeram da vida e da morte das pessoas um autêntico negócio - ao ponto do seu fundador ser conhecido como Dr. Morte.

"E para casos em que familiares se querem livrar da pessoa, não o podem fazer"? Não te iludas, por favor. Mais uma vez, vocês estão a argumentar num mundo que nem vocês acreditam. Tens tantos, mas tantos casos, vergonhosos até, de familiares que nunca quiseram saber da tia, do tio, às vezes até da mãe ou do pai, mas depois deparam-se que a tia, o tio, a mãe, o pai, estão a morrer e há sempre aquela questão de quem fica com o quê, e às vezes é até incomodativo deparares-te com pessoas que estão ali unicamente para caírem nas boas graças das mesmas, ou para tentar iludir as mesmas, enquanto elas não morrem. Portanto, sim, teoricamente, não pode haver pressões externas. Mas achas mesmo que não vão haver pressões externas, quando estas já existem também em outros casos como o aborto e acontece exatamente da mesma forma nos países onde a eutanásia é permitida? Repito, não se iludam, o que não falta nos hospitais são familiares que são autênticos abutres e que não perderiam tempo a tentar convencer um paciente a querer matar-se porque "assim já não sofre mais".

4) Não pode haver subjetividade num campo como a saúde, ou pelo menos não pode haver subjetividade no que toca a algo tão precioso como uma vida. É viver até ao fim e darmos condições para isso. Nada mais. Não podes dizer que não podemos levar isso de forma tão literal, porque o dever da comunidade de profissionais de saúde é tentar salvar vidas ou dar-lhes as melhores condições possíveis para viverem o que restam da melhor forma possível. Não há subjetividade aí, é isto, é literalmente isto. Dizer que a eutanásia é uma forma de salvar alguém, não só é uma completa contradição, como é contra-natura a esse juramento, a tudo aquilo que faz parte da profissão de um enfermeiro, de um médico, de um psiquiatra, etc etc. Nenhum deles é super herói, nenhum deles pode dar imortalidade ou uma morte ideal a toda a gente, mas tenta-se sempre fazer isso, de uma forma ou outra. Existem imensas pessoas que pedem a morte em vários pontos da vida, mas não se chegam a matar pelas próprias mãos. Existem imensas pessoas com doenças terminais ou extremamente penosas, que desejam morrer tantas vezes e no final conseguem ainda viver mais uns anos, anos esses que passam com as pessoas que amam, da forma que eles desejarem. Não estou a dizer que são todos os casos, claro, mas se há imensa gente que não é capaz, nem quando têm doenças terminais, de pegarem numa arma ou seja lá o que for e matarem-se a si próprias, não façam das instituições do SNS um local para se morrer on demand.

5) Mais, se vocês se chocam ao ver uma pessoa que se mata com uma corda, que se mata com um tiro na cabeça, que se mata porque se atirou de um prédio ou de uma ponte, porque é que já não se chocam quando alguém vai ao hospital e quer morrer? Eu acho extremamente engraçado ver pessoas que acham horrível a morte de alguém através do suicídio, mas depois, numa hipocrisia extrema, estão totalmente a favor da eutanásia. Qual é a diferença? É porque não vêm miolos no chão ou parte do corpo ali a balançar no meio da cozinha? A eutanásia resulta na morte da pessoa. A eutanásia implica a morte de alguém. É uma palavra bonita para se banalizar a morte. É para as pessoas não se sentirem tão mal com elas próprias quando iniciam o processo. Se não são capazes de se matarem, então é contraditório serem a favor da eutanásia ou quererem a eutanásia. É hipócrita. E é exatamente por isso que a eutanásia não pode ser legalizada, porque faz com que as pessoas que, caso contrário, nunca seriam capazes de pegar numa arma e matarem-se, pessoas que iriam viver até ao fim das suas vidas, a matarem-se mais cedo apenas porque têm medo de sofrer. Isso não é avanço nenhum, muito menos salvar alguém porque não se salva ninguém com a morte, é só uma estupidez. 

6) Por isso, não é não nos colocarmos na pele de quem sofre; é saber que, mesmo nos casos onde não há mais nada a fazer, ter a perfeita noção que qualquer minuto a mais é precioso e que a questão de vida ou de morte não se resume apenas a sofrimento ou dignidade, até porque sofrer ninguém gosta, mas também não podemos evitar isso, pois não? Nunca ninguém disse que a vida era fácil para toda a gente, mas não façam da dificuldade ou facilidade um argumento para tornar hospitais instituições que agora podem também matar cada vez que alguém quer, sob o pretexto de estar em sofrimento ou ter uma doença incurável, isso é abrir uma caixa de Pandora que só leva a casos de mortes perfeitamente evitáveis como as que já acontecem nos países onde esta existe.

Enfermagem.

1) Comparar esses casos com a Eutanásia não faz sentido nenhum. Nesses casos envolve dor e sofrimento e é por isso que as pessoas são contra touradas e abusos sexuais, porque não é da vontade do animal/indivíduo em questão. A Eutanásia pretende ir precisamente contra isto. Acho que não preciso de me explicar mais, é simples! 

2) Então que se crie outro processo equivalente em que não se usem pessoas para praticar a Eutanásia, se o problema é envolver outros. Eu não digo que tem de ser os médicos a praticá-la (mas também não pode ser uma qualquer empresa ou entidade que seja interessada de alguma forma na morte de alguém - talvez o Estado). Quanto aos recursos, não é por aí. O Estado é também de quem quer por termo à vida (caso a medida fosse aceite).

3) Tens razão. Sairá mais barato. A Eutanásia devia ser praticada por uma entidade pública distinta da SNS, para não existirem conflitos de interesses. Uma entidade sem lucros, que não promovesse o suicídio assistido, apenas o realizasse e fiscalizasse. Quanto à rampa deslizante, não sei o que te diga. Mas não acho impossível haver objetividade num projeto-lei, pelo menos a objetividade suficiente. 

Podem haver pressões externas, mas cabe à pessoa decidir, no fim das contas, e claro, depois de passar por vários profissionais que devem ter precisamente em conta a existência dessas pressões e impedir a morte da pessoa, mesmo que esta tenha sido convencida superficialmente. O aborto não tem nada a ver. Estamos muito longe de serem precisas análises psíquicas à mãe para esta poder realizar o aborto e de ser avaliada a respetiva pressão familiar. Aliás, até achava bem haver um tempo minímo definido entre o pedido da Eutanásia e a respetiva realização, tipo alguns meses, pelo menos. Para dar tempo não só à pessoa de refletir melhor, que muitas vezes é o que falta, bem como de dar mais espaço temporal aos profissionais para averiguarem cada caso. 

4) Eu disse o que achava. A tua explicação não me ajudou, porque basicamente dizes que não há subjetividade simplesmente porque não. Não é por "não pode(r) haver subjetividade num campo tão precioso como a vida" que esta não existe. Aliás, como viste, é bem fácil ser subjetivo nesse juramento, logo é realmente impossível ser-se completamente objetivo. Mas isto acontece em tudo. No projeto-lei é possível chegar-se mais perto da objetividade, apesar de nunca o ser a 100%, tal como no teu juramento, que aborda algo "tão precioso como a vida" (esta citação não tem nenhum sentido depreciativo, simplesmente é a melhor forma de completar a frase xD)

5) Eu não me choco com os casos que referiste, só acho que são completamente desnecessários quando bastaria ir a um sítio e o assunto ficaria resolvido, já que a pessoa que, nestes casos, cometeu o suicídio se iria matar de qualquer forma. "Se não são capazes de se matarem, então é contraditório serem a favor da eutanásia ou quererem a eutanásia" não percebi porquê e na explicação que dás depois estás a assumir que as pessoas queriam viver o resto da sua vida, quando não o queriam fazer. Lá porque alguém não tem coragem de pegar numa arma e matar-se, deve ter o direito a fazê-lo de forma indolor, já que é essa a vontade dela e é algo perfeitamente possível. Estás a falar como se fosse bom as pessoas que não tem coragem de se matar permanecerem vivas, mas não podes assumir isso, é a tua perspetiva, não a delas. E porque é que não se pode "salvar" alguém com a morte? (Atenção ao "salvar", que não é literal)

6) Ao dizeres que qualquer minuto a mais de vida é precioso estás automaticamente a não te colocar na pele de quem quer recorrer à morte assistida. Para elas não é assim. Elas não partem dos pressupostos que tu consideras que elas partem. Não podes censurar quem quer recorrer a esta morte sem conseguires perceber essas pessoas. Para alguém que nunca na vida recorreria à morte assistida é difícil perceber os outros, isto vem da educação que tiveram e da forma de como experienciaram a vida. Só acho que essas pessoas não se devem sobrepôr às outras nem impedir que elas possam morrer, matar-se, suicidar-se, de uma forma que lhes seja indolor. Podem não ajudar, ok, mas para isso arranja-se forma de não terem de ser pessoas contra a Eutanásia a tratar do assunto. 

Editado por Tiago João
  • Obrigado 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 4 horas, AGUI disse:

Não consigo perceber como é que alguém pode defender a morte como a primeira opção e a principal solução. "Morte medicamente assistida" não é eu ter uns problemas, não querer mais viver, não ter coragem de me suicidar e fazer com alguém faça isso por mim. Deve ser aplicada só em questões em que pacientes têm sérios problemas e não poderão ter uma vida digna (uma vida não digna não é ser posto num lar de idosos, ou coisa do género), uma vida não digna com problemas de saúde que não têm resolução e que o futuro vai apenas ser insuportável e indiferente para aquela pessoa. São questões extremas, não apenas "acabei com o amor da minha vida e não quero mais viver", "chumbei nos exames que dependiam o meu futuro profissional e não quero mais viver", "tenho muitas dívidas para pagar e não quero mais viver",... E não é uma atitude que afete apenas a pessoa em si, é algo que afeta as famílias, os amigos e a sociedade que vê tanta gente a escolher a "solução" mais "rápida". Pode ser a solução para a pessoa, mas pode ser um sério problemas para os que estão em volta, pode causar sérios problemas psicológicos. Transponham a situação para próximo de vocês, imaginem que a vossa mãe decidiu que estava farta de viver e, pela "liberdade individual", decidia recorrer à eutanásia? Sinceramente, acho que todo o meu psicológico seria afetado e desestruturado. O que vocês dizem é a banalização de algo tão sério, como se fosse um jogo de computador em a personagem morre, mas se recomeçar o jogo ela volta à "vida".

Logo na primeira frase evidencias que não te és capaz de colocar no lugar de que quem recorre à morte assistida. Assim é errado seres diretamente contra. Mas claro que o resto das coisas que dizes fazem sentido, eu não defendo nenhum dos exemplos que deste. Não acho que este tema seja algo que deva ser decidido de ânimo leve, daí a sugerir a imposição de vários "passos" até à concretização da Eutanásia, para que qualquer um dos casos aí mencionados seja evitado. Quanto à outra parte, dizem aqui que cada vida é uma vida e que se deve priorizar "a pessoa", seguindo raciocínios deontológicos, mas depois já se pensa de forma utilitarista quando dizes aí que a vontade da "maioria" que está à minha volta se deve sobrepôr à minha. Afinal prioriza-se a pessoa ou os outros? A vontade da pessoa, ou a vontade dos outros? Eu percebo o teu ponto de vista, mas em termos de lógica é uma contradição para quando se diz que se deve priorizar cada pessoa "individual", e que a maioria não se deve sobrepôr à minoria. Não sei se me faço entender... 

Editado por Tiago João
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

há 19 minutos, Tiago João disse:

1) Comparar esses casos com a Eutanásia não faz sentido nenhum. Nesses casos envolve dor e sofrimento e é por isso que as pessoas são contra touradas e abusos sexuais, porque não é da vontade do animal/indivíduo em questão. A Eutanásia pretende ir precisamente contra isto. Acho que não preciso de me explicar mais, é simples! 

2) Então que se crie outro processo equivalente em que não se usem pessoas para praticar a Eutanásia, se o problema é envolver outros. Eu não digo que tem de ser os médicos a praticá-la (mas também não pode ser uma qualquer empresa ou entidade que seja interessada de alguma forma na morte de alguém - talvez o Estado). Quanto aos recursos, não é por aí. O Estado é também de quem quer por termo à vida (caso a medida fosse aceite).

3) Tens razão. Sairá mais barato. A Eutanásia devia ser praticada por uma entidade pública distinta da SNS, para não existirem conflitos de interesses. Uma entidade sem lucros, que não promovesse o suicídio assistido, apenas o realizasse e fiscalizasse. Quanto à rampa deslizante, não sei o que te diga. Mas não acho impossível haver objetividade num projeto-lei, pelo menos a objetividade suficiente. 

Podem haver pressões externas, mas cabe à pessoa decidir, no fim das contas, e claro, depois de passar por vários profissionais que devem ter precisamente em conta a existência dessas pressões e impedir a morte da pessoa, mesmo que esta tenha sido convencida superficialmente. O aborto não tem nada a ver. Estamos muito longe de serem precisas análises psíquicas à mãe para esta poder realizar o aborto e de ser avaliada a respetiva pressão familiar. Aliás, até achava bem haver um tempo minímo definido entre o pedido da Eutanásia e a respetiva realização, tipo alguns meses, pelo menos. Para dar tempo não só à pessoa de refletir melhor, que muitas vezes é o que falta, bem como de dar mais espaço temporal aos profissionais para averiguarem cada caso. 

4) Eu disse o que achava. A tua explicação não me ajudou, porque basicamente dizes que não há subjetividade simplesmente porque não. Não é por "não pode(r) haver subjetividade num campo tão precioso como a vida" que esta não existe. Aliás, como viste, é bem fácil ser subjetivo nesse juramento, logo é realmente impossível ser-se completamente objetivo. Mas isto acontece em tudo. No projeto-lei é possível chegar-se mais perto da objetividade, apesar de nunca o ser a 100%, tal como no teu juramento, que aborda algo "tão precioso como a vida" (esta citação não tem nenhum sentido depreciativo, simplesmente é a melhor forma de completar a frase xD)

5) Eu não me choco com os casos que referiste, só acho que são completamente desnecessários quando bastaria ir a um sítio e o assunto ficaria resolvido, já que a pessoa que, nestes casos, cometeu o suicídio se iria matar de qualquer forma. "Se não são capazes de se matarem, então é contraditório serem a favor da eutanásia ou quererem a eutanásia" não percebi porquê e na explicação que dás depois estás a assumir que as pessoas queriam viver o resto da sua vida, quando não o queriam fazer. Lá porque alguém não tem coragem de pegar numa arma e matar-se, deve ter o direito a fazê-lo de forma indolor, já que é essa a vontade dela e é algo perfeitamente possível. Estás a falar como se fosse bom as pessoas que não tem coragem de se matar permanecerem vivas, mas não podes assumir isso, é a tua perspetiva, não a delas. E porque é que não se pode "salvar" alguém com a morte? (Atenção ao "salvar", que não é literal)

6) Ao dizeres que qualquer minuto a mais de vida é precioso estás automaticamente a não te colocar na pele de quem quer recorrer à morte assistida. Para elas não é assim. Elas não partem dos pressupostos que tu consideras que elas partem. Não podes censurar quem quer recorrer a esta morte sem conseguires perceber essas pessoas. Para alguém que nunca na vida recorreria à morte assistida é difícil perceber os outros, isto vem da educação que tiveram e da forma de como experienciaram a vida. Só acho que essas pessoas não se devem sobrepôr às outras nem impedir que elas possam morrer, matar-se, suicidar-se, de uma forma que lhes seja indolor. Podem não ajudar, ok, mas para isso arranja-se forma de não terem de ser pessoas contra a Eutanásia a tratar do assunto. 

 

1) Não estava a comparar os casos, per se.

2) O Estado é também de quem quer pôr termo à vida? Estás a cometer exatamente o mesmo erro que o Forbidden cometeu (e que grande parte das pessoas pró-eutanásia cometem). Entrar no exemplo d'"o Estado tem de dar o direito a quem quer X" é um erro crasso. Estás a falar da vida humana, não de um aumento salarial. Da mesma forma que, por exemplo, não testas substâncias químicas não comprovadas em testes anteriores em humanos, ou não entras em procedimentos que podem pôr a vida de um paciente em risco sem teres consentimento deste ou antes de esgotares todos os outros procedimentos (se existirem), não podes abrir exceções porque "o Estado tem de dar direito a quem quer X". Quer dizer, o Estado tem de dar direito a quem quer morrer porque está em sofrimento ou tem doenças incuráveis, mas esse direito é só para alguns? É só a partir dos 18 anos é que tens doenças incuráveis? Quando é que tenho acesso a esse direito? É quando for diagnosticado? É quando me sentir com dores? Não queiras entrar no campo do "Estado tem de dar direito a", não só é perigoso, como se torna extremamente fácil contradizeres-te, só sobre esse argumento.

3) Pelo contrário, a eutanásia (tal como o aborto, mas isso já é outro assunto) nunca deve ser financiado pelo estado, muito menos pelo dinheiro público. Ao entrares/entrarem por esse caminho, perdes/perdem toda a razão quando dizem que as touradas devem deixar de ser financiadas pelo estado. Privado ou público, terias exatamente a mesma rampa deslizante, terias exatamente todos os exemplo que já mencionei em cima. Não podes criar uma centena de processos diferentes para impedir que isso não aconteça, é impossível.

4) Mas é exatamente isso. Não há subjetividade, nem tem de haver um porquê. Da mesma forma que não há subjetividade no dever principal de um polícia, de um bombeiro, etc. Ou vais dar exceções ao dever destes? O dever da comunidade médica é salvar vidas ou dar a melhor qualidade de vida possível nos casos onde estas não podem ser salvas, é lutar pela vida de todos, independentemente da etnia, religião, patologias, etc. Em nenhum lado diz que a exceção à regra é quando os doentes deixam de querer viver porque sofrem e/ou têm doenças incuráveis, até porque isso acontece em imensos casos, mesmo quando as doenças são curáveis. A vida humana não é uma questão de opiniões, nem vai (ou deve vir) por argumentos ad populum.

5) Portanto, a morte de uma pessoa é uma coisa boa apenas porque essa pessoa o quer? Lá estão os argumentos ad populum. O facto dessa pessoa não ser capaz de se matar demonstra que quer viver. Não é uma opinião, é um facto. É a conclusão óbvia disso mesmo. Se não te matas, independentemente das razões porque o fazes, é porque não estás decidido a fazê-lo; se não estás decidido a fazê-lo, então também não deves recorrer à eutanásia. Não há outra conclusão possível para isso, não é uma questão de perspetivas, como tu lhe chamas, é a realidade. Quem, de facto, está decidido a matar-se, mata-se de qualquer das formas, com ou sem eutanásia. Tu mesmo o dizes, portanto o que dizes a seguir é só uma contradição.

6) Entende isto: a vida humana, principalmente a vida de um doente que está num hospital por causa de doenças crónicas ou até mesmo de doenças agudas, ou numa UCCI, é de altos e baixos. É de um dia dizer que quer morrer e que está farto e de noutro dia dizer que afinal já se sente bem e que já não se sente tão farto de viver. Não podes entrar nesse campo do "eu quero, posso e faço", não aqui, porque a medicina não se processa dessa forma. Por vezes, és obrigado a fazer que doentes não querem. Quer dizer, é perfeitamente aceitável que a tua opinião se sobreponha à daqueles que não querem a eutanásia, mas já não é aceitável que o contrário aconteça? E desde quando é que lutar pela vida de alguém, mesmo que essa pessoa não o queira, é sobrepôr-se à opinião desta?

Se tu vires uma pessoa prestes a matar-se com uma arma ou a atirar-se da linha do comboio, vais deixá-la, porque "não podes censurar quem quer recorrer a esta morte sem conseguires perceber essas pessoas"? Ou vais "sobrepôr-te à opinião dela", "censurá-la" e todos os outros adjetivos vox populi que deste e impedires que ela se mate?

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Junta-te a nós!

Podes agora comentar e registar-te depois. Se tens uma conta, Entra para responderes com a tua conta.

Visitante
Responder a este tópico

×   Colaste conteúdo com formatação.   Restore formatting

  Only 75 emoji are allowed.

×   O teu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar apenas como link

×   Uau! O teu conteúdo anterior foi recuperado.   Limpar Tudo?

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

×
×
  • Criar Novo...