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Atualidade & Política


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Mesmo. A verdade é que a Grécia está numa situação grave. E o Tsipras também: por um lado, tem de agradar ao seu partido e ao povo que o elegeu, por outro, tem de agradar a Bruxelas. Não é um cálculo simples. E a cada diz que passa, a situação piora cada vez mais. No entanto, não estou a ver a Grécia a sair do Euro. Acho até impossível, é mais bluff que outra coisa. Os prejuízos seriam imensos não só para a Grécia como para toda a UE, inclusive para a Alemanha e para a França e, particularmente, para Portugal, Espanha e Itália.

Eu acho que é possível a saída grega do euro. Claro que não podemos prever os impactos do "Grexit" nos outros países da UE, mas a verdade é que há cada vez mais frustração por parte de vários países da UE em fazer de babysitter à Grécia. E isso nota-se no tom de discurso e no próprio discurso em si, que deixou de ser "é impensável a Grécia sair do euro" para "a Grécia é que decide se quer ou não ficar no euro". Tanto que o Tsipras há uns tempos disse por alto que poderia fazer um referendo se a Grécia queria ou não manter-se no euro e o Schäuble simplesmente disse para o fazer, coisa que não diria se a UE não estivesse preparada para uma saída do euro por parte da Grécia.

E diga-se, este acordo não vai salvar a pele da Grécia, muito menos garante que não seja preciso um novo resgaste (que ia encontrar grande oposição em vários parlamentos nacionais e oposição dentro da coligação alemã), é apenas uma solução temporária para evitar que a Grécia vá à falência. O próprio Tsipras também podia escolher melhor as palavras, principalmente numa altura em que o efeito de "mudança" que todos esperavam do Syriza já se dissipou há meses (exceto para o BE que ainda fala em romper com a austeridade quando o Syriza já teve de esquecer, em parte, as suas "linhas vermelhas" :laugh: ). Dizer que o comportamento dos credores é criminoso numa altura em que precisa mais do que nunca do dinheiro criminoso vindo dos credores criminosos é algo criminosamente parvo, principalmente quando toda a Europa já se apercebeu que sustentar a Grécia da maneira como está é impossível.

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Eu acho que é possível a saída grega do euro. Claro que não podemos prever os impactos do "Grexit" nos outros países da UE, mas a verdade é que há cada vez mais frustração por parte de vários países da UE em fazer de babysitter à Grécia. E isso nota-se no tom de discurso e no próprio discurso em si, que deixou de ser "é impensável a Grécia sair do euro" para "a Grécia é que decide se quer ou não ficar no euro". Tanto que o Tsipras há uns tempos disse por alto que poderia fazer um referendo se a Grécia queria ou não manter-se no euro e o Schäuble simplesmente disse para o fazer, coisa que não diria se a UE não estivesse preparada para uma saída do euro por parte da Grécia.

E diga-se, este acordo não vai salvar a pele da Grécia, muito menos garante que não seja preciso um novo resgaste (que ia encontrar grande oposição em vários parlamentos nacionais e oposição dentro da coligação alemã), é apenas uma solução temporária para evitar que a Grécia vá à falência. O próprio Tsipras também podia escolher melhor as palavras, principalmente numa altura em que o efeito de "mudança" que todos esperavam do Syriza já se dissipou há meses (exceto para o BE que ainda fala em romper com a austeridade quando o Syriza já teve de esquecer, em parte, as suas "linhas vermelhas" :laugh: ). Dizer que o comportamento dos credores é criminoso numa altura em que precisa mais do que nunca do dinheiro criminoso vindo dos credores criminosos é algo criminosamente parvo, principalmente quando toda a Europa já se apercebeu que sustentar a Grécia da maneira como está é impossível.

Mas a UE NAO esta preparada para a saida da Grecia, como podem estar?! E algo imprevisto e incontrolavel, que pode ter repercussoes gravíssimas a vários niveis. Eles so dizem isso para fazer bluff (ou entao sao mesmo ignorantes).

De resto, a UE quer a força toda que o governo da Grecia caia para fazer valer a ideia que a austeridade e a unica solução, e que tudo o que a UE diz (ainda que o FMI diga uma coisa uma semana e na outra diga o contrario) ao bom estilo ditatorial.

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Mas a UE NAO esta preparada para a saida da Grecia, como podem estar?! E algo imprevisto e incontrolavel, que pode ter repercussoes gravíssimas a vários niveis. Eles so dizem isso para fazer bluff (ou entao sao mesmo ignorantes).

De resto, a UE quer a força toda que o governo da Grecia caia para fazer valer a ideia que a austeridade e a unica solução, e que tudo o que a UE diz (ainda que o FMI diga uma coisa uma semana e na outra diga o contrario) ao bom estilo ditatorial.

Tal como disse, não podemos prever algo que nunca aconteceu. O Grexit pode ter um lado péssimo para os países do euro como pode nem ser assim tão mau (exceto para a Grécia), teríamos de entrar no campo das suposições. Mas uma coisa é certa, o discurso (bluff ou não) dos líderes europeus mudou e deixaram de querer a todo o custo que a Grécia se mantenha no euro. Se for bluff, bem, estão a conseguir, porque o Tsipras pensava que ia ser apoiado por vários países logo quando chegou ao poder e isso saiu-lhe completamente ao lado e agora já foi obrigado a ceder em praticamente tudo. Se não for bluff, ótimo, porque a Grécia continua a ser um país que não inspira confiança nos mercados e não é com um acordo nos próximos dias que vai inspirar.

A UE quer à força toda mudar a sociedade grega, assim como quis mudar a sociedade portuguesa. E faz muito bem em o fazer, porque ambas as sociedades, da maneira como estavam (e ainda estão, em parte), são insustentáveis. Subsídios para aqui, corrupção para ali, folgas para acolá, era uma maravilha. Falta de dinheiro? Não há problema, o BCE empresta. Mas esperem, temos empréstimos para pagar ao BCE. Não faz mal, pedimos um empréstimo ainda maior para pagar os empréstimos que temos em atraso. Pois claro, veio a crise, o BCE deixou de emprestar. Resultado: teve de haver cortes. E a Grécia, embora tenha feito alguns cortes significativos, tem graves problemas, principalmente a nível de corrupção.

Após o Syriza ter sido eleito, disse que seria uma espécie de "cão assanhado que ia entrar na linha" e não me enganei. Era mais que óbvio que a UE não ia deixar a Grécia voltar à boa vida que tinha antes à custa do dinheiro de outros países. Ditatorial ou não, a verdade é que já foram precisos dois resgastes para a Grécia e mesmo assim o país está à beira da bancarrota. Alguma coisa está mal na sociedade grega...

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há pouco tempo venho num jornal (inglês penso) que o consumo de comida tinha caído 28%  com a crise. quem é que olha para estes números e diz que a austeridade funciona?
porque é que o outro (outros?) resgates não funcionaram? é este que vai funcionar? ou vai ser só mais um para lhes aumentar a pobreza?
porque raio o fmi e etcs são tão inflexíveis? porque não tentar chegar a um meio termo, com cedências de ambas as partes?
 

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Tal como disse, não podemos prever algo que nunca aconteceu. O Grexit pode ter um lado péssimo para os países do euro como pode nem ser assim tão mau (exceto para a Grécia), teríamos de entrar no campo das suposições. Mas uma coisa é certa, o discurso (bluff ou não) dos líderes europeus mudou e deixaram de querer a todo o custo que a Grécia se mantenha no euro. Se for bluff, bem, estão a conseguir, porque o Tsipras pensava que ia ser apoiado por vários países logo quando chegou ao poder e isso saiu-lhe completamente ao lado e agora já foi obrigado a ceder em praticamente tudo. Se não for bluff, ótimo, porque a Grécia continua a ser um país que não inspira confiança nos mercados e não é com um acordo nos próximos dias que vai inspirar.

A UE quer à força toda mudar a sociedade grega, assim como quis mudar a sociedade portuguesa. E faz muito bem em o fazer, porque ambas as sociedades, da maneira como estavam (e ainda estão, em parte), são insustentáveis. Subsídios para aqui, corrupção para ali, folgas para acolá, era uma maravilha. Falta de dinheiro? Não há problema, o BCE empresta. Mas esperem, temos empréstimos para pagar ao BCE. Não faz mal, pedimos um empréstimo ainda maior para pagar os empréstimos que temos em atraso. Pois claro, veio a crise, o BCE deixou de emprestar. Resultado: teve de haver cortes. E a Grécia, embora tenha feito alguns cortes significativos, tem graves problemas, principalmente a nível de corrupção.

Após o Syriza ter sido eleito, disse que seria uma espécie de "cão assanhado que ia entrar na linha" e não me enganei. Era mais que óbvio que a UE não ia deixar a Grécia voltar à boa vida que tinha antes à custa do dinheiro de outros países. Ditatorial ou não, a verdade é que já foram precisos dois resgastes para a Grécia e mesmo assim o país está à beira da bancarrota. Alguma coisa está mal na sociedade grega...

Se a Grecia sair da UE vai cair na alçada da Russia, isso e uma certeza, e suponho que a UE nao queira isso... a Grecia vai ter o dinheiro: ou da UE ou da Russia.

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há pouco tempo venho num jornal (inglês penso) que o consumo de comida tinha caído 28%  com a crise. quem é que olha para estes números e diz que a austeridade funciona?
porque é que o outro (outros?) resgates não funcionaram? é este que vai funcionar? ou vai ser só mais um para lhes aumentar a pobreza?
porque raio o fmi e etcs são tão inflexíveis? porque não tentar chegar a um meio termo, com cedências de ambas as partes?
 

Eu também acho que austeridade pura não enriquece um país. No entanto, é algo que nenhum país endividado pode evitar. Senão vejamos: imagina que tu ganhas 500€/mês, sendo que gastas praticamente todo esse dinheiro todos os meses. Num determinado mês, tiveste uma urgência e precisaste de 700€ e, por isso, pediste 200€ a um amigo. Nos meses seguintes, o que fazes? Calculo que tentarás reduzir os teus gastos de forma a que gastes apenas 400€ durante dois meses para poderes liquidar a tua dívida. Ora, tu só conseguirás tal coisa deixando de comprar bens não essenciais e, se isso não funcionar, cortar também em alguns essenciais, porque tens mesmo que pagar a tua dívida. Penso que com os Estados é isto que acontece. Se têm uma dívida a liquidar, então terão que cortar em gastos não essenciais ou mesmo essenciais, sendo necessário um esforço por parte da sociedade civil. De maneiras que, embora seja algo duro, a austeridade é um mal necessário.

Em relação à Grécia, bem se sair do Euro, adivinho a queda da UE a longo prazo, não só pelo efeito de contágio, como também pela descrença no projeto europeu.

Editado por Daniel_TV
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Se a Grecia sair da UE vai cair na alçada da Russia, isso e uma certeza, e suponho que a UE nao queira isso... a Grecia vai ter o dinheiro: ou da UE ou da Russia.

Mas isso já é preocupação para os Estados Unidos. Aliás, na visão dos Estados Unidos eles não estão nem aí para o problema da Grécia, estão é preocupados em manter as bases militares que têm em Creta e deixar a Rússia fora do país. Para os europeus, a situação geopolítica não pesa tanto, não quando há cada vez mais pessoas a votar em partidos eurocéticos que colocam o projeto europeu em risco.

Se bem que a economia da Rússia, embora a melhorar, ainda está longe de estar da mesma forma que estava antes da queda dos preços do petróleo. Claro que a Rússia ia ajudar a Grécia, mas acho que não estariam assim tão interessados em emprestar dinheiro a um país que se encontra na bancarrota, apenas para arrastarem a Grécia para a área de influência russa.

Btw, um grande vídeo da Bloomberg sobre o assunto:

 

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Eu também acho que austeridade pura não enriquece um país. No entanto, é algo que nenhum país endividado pode evitar. Senão vejamos: imagina que tu ganhavas 500€/mês, sendo que gastavas praticamente todo esse dinheiro todos os meses. Num determinado mês, tiveste uma urgência e precisaste de 700€ e, por isso, pediste 200€ a um amigo. Nos meses seguintes, o que fazes? Calculo que tentarás reduzir os teus gastos de forma a que gastes apenas 400€ durante dois meses para poderes liquidar a tua dívida. Ora, tu só conseguirás tal coisa deixando de comprar bens não essenciais e, se isso não funcionar, cortar também em alguns essenciais, porque tens mesmo que pagar a tua dívida. Penso que com os Estados é isto que acontece. Se têm uma dívida a liquidar, então terão que cortar em gastas não essenciais ou mesmo essenciais, sendo necessário um esforço por parte da sociedade civil. De maneiras que, embora seja algo duro, a austeridade é um mal necessário.

Em relação à Grécia, bem se sair do Euro, adivinho a queda da UE a longo prazo, não só pelo efeito de contágio, como também pela descrença no projeto europeu.

por favor, vai dizer isso a quem passa fome, a quem perdeu a sua casa. é tão fácil escrever que isto e aquilo. entretanto há gente real, não estatísticas, a passar mal.
um "mal necessário" que, depois de 2 resgates, e a pobreza a não diminuir, já toda a gente devia ter compreendido que não funciona. pelo menos não nos moldes que querem impor. em que basicamente é só cortar nos rendimentos disponíveis e aumentar impostos/preços. depois se (generalizando claro) as pessoas não tem dinheiro para nada, como é que o consumo aumenta?

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Eu também acho que austeridade pura não enriquece um país. No entanto, é algo que nenhum país endividado pode evitar. Senão vejamos: imagina que tu ganhas 500€/mês, sendo que gastas praticamente todo esse dinheiro todos os meses. Num determinado mês, tiveste uma urgência e precisaste de 700€ e, por isso, pediste 200€ a um amigo. Nos meses seguintes, o que fazes? Calculo que tentarás reduzir os teus gastos de forma a que gastes apenas 400€ durante dois meses para poderes liquidar a tua dívida. Ora, tu só conseguirás tal coisa deixando de comprar bens não essenciais e, se isso não funcionar, cortar também em alguns essenciais, porque tens mesmo que pagar a tua dívida. Penso que com os Estados é isto que acontece. Se têm uma dívida a liquidar, então terão que cortar em gastos não essenciais ou mesmo essenciais, sendo necessário um esforço por parte da sociedade civil. De maneiras que, embora seja algo duro, a austeridade é um mal necessário.

Em relação à Grécia, bem se sair do Euro, adivinho a queda da UE a longo prazo, não só pelo efeito de contágio, como também pela descrença no projeto europeu.

Existem varios niveis de austeridade, sendo que a Grecia ja esta com austeridade forte (tao ou mais que Portugal) ha anos e sem resultados positivos nenhuns. Se nao resulta, pra que bater na mesma tecla?!

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por favor, vai dizer isso a quem passa fome, a quem perdeu a sua casa. é tão fácil escrever que isto e aquilo. entretanto há gente real, não estatísticas, a passar mal.
um "mal necessário" que, depois de 2 resgates, e a pobreza a não diminuir, já toda a gente devia ter compreendido que não funciona. pelo menos não nos moldes que querem impor. em que basicamente é só cortar nos rendimentos disponíveis e aumentar impostos/preços. depois se (generalizando claro) as pessoas não tem dinheiro para nada, como é que o consumo aumenta?

Exatamente... diz isso aos 25% de desempregados, as pessoas sem casa e a passar fome, enfim... conseguem imaginar o desespero destas pessoas? E facil falar de barriga cheia.

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por favor, vai dizer isso a quem passa fome, a quem perdeu a sua casa. é tão fácil escrever que isto e aquilo. entretanto há gente real, não estatísticas, a passar mal.
um "mal necessário" que, depois de 2 resgates, e a pobreza a não diminuir, já toda a gente devia ter compreendido que não funciona. pelo menos não nos moldes que querem impor. em que basicamente é só cortar nos rendimentos disponíveis e aumentar impostos/preços. depois se (generalizando claro) as pessoas não tem dinheiro para nada, como é que o consumo aumenta?

Eu compreendo totalmente as injustiças sociais e a precariedade. Realmente, há gente a passar muito mal. Isso será resultado da falta de equidade e distribuição dos sacrifícios. O problema está na aplicação do programa. E, sim, como disse em cima, a austeridade não funciona se for aplicada isoladamente, é necessário uma política de reforço da economia. Ainda assim, reforço a minha opinião: a austeridade é algo essencial, não suficiente, para a reorganização das contas públicas. 

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Existem varios niveis de austeridade, sendo que a Grecia ja esta com austeridade forte (tao ou mais que Portugal) ha anos e sem resultados positivos nenhuns. Se nao resulta, pra que bater na mesma tecla?!

Bem, não tenho a certeza de que a Grécia esteja a cumprir um programa tão rigoroso como Portugal. São situações diferentes. Mas de facto alguma coisa tem de mudar na Grécia. Mas não me parece que subir o ordenado mínimo e manter regalias antigas, como pensões altas e tudo o mais, seja o caminho a seguir. 

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Exatamente... diz isso aos 25% de desempregados, as pessoas sem casa e a passar fome, enfim... conseguem imaginar o desespero destas pessoas? E facil falar de barriga cheia.

O governo português (e penso que o grego também) na década passada investiu sem pensar em inúmeras empresas, criaram subsídios e tudo mais com o dinheiro europeu. Quando uma boa parte do dinheiro que era destinado para essas empresas e para esses subsídios, passa a ser usado para pagar a dívida, é normal que deixe de haver subsídios e que as empresas em que o estado investia comecem a fechar e, por sua vez, que o desemprego suba. É tudo muito bonito quando o governo cria emprego e dá subsídios para isto e aquilo, mas o governo também tem de saber criar empregos e dar subsídios de acordo com as possibilidades que tem e não desenfreadamente apenas para obter apoio público.

Além disso, houve muita gente que chegou ao estado desesperado em que está por culpa própria. Não são todos, pode até ser um nicho, mas muitos simplesmente pediam dinheiro aos bancos para comprar isto e aquilo, sabendo que os empréstimos iam para além daquilo que podiam pagar. São os tais hábitos que temos de mudar... Assim como, se tocar no assunto da função pública, há uns bons tempos (não sei se continua a ser assim ou não), por exemplo, a pessoa que vinha entregar os correios aqui, em vez de estacionar o carro deles num sítio e distribuir o correio de porta em porta, andava com o carro de casa em casa (nunca se sabe quando se pode partir uma perna), mesmo que a casa fosse apenas um pouco ao lado. Na Alemanha andam de bicicleta, independemente do tempo...

Isto tudo para dizer que se há 25% de desempregados e tudo mais é por culpa dos investimentos desenfreados de outros tempos. E manter essas regalias e esses investimentos apenas para aumentarem o consumo e diminuirem o desemprego seria colocar o país (Grécia ou Portugal) no mesmo buraco de onde está a tentar sair.

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há pouco tempo venho num jornal (inglês penso) que o consumo de comida tinha caído 28%  com a crise. quem é que olha para estes números e diz que a austeridade funciona?
porque é que o outro (outros?) resgates não funcionaram? é este que vai funcionar? ou vai ser só mais um para lhes aumentar a pobreza?
porque raio o fmi e etcs são tão inflexíveis? porque não tentar chegar a um meio termo, com cedências de ambas as partes?
 

Pois, mas se o FMI não exigir essas medidas o consumo de comida caí para 90%. :yes: Façamos agora uma reflexão: antes disso, deixai-me referir que compreendo quem passa dificuldades graças à austeridade e estou solidária com certas faixas da população que quer trabalhar, seja por não obter emprego, seja por ter dificuldades para isso. Já outros, que querem viver apenas e exclusivamente do estado social, aí não filhos, ide trabalhar que eu também vou. 
E agora sim a tão estimada reflexão: ora eu sou o FMI e o Banco Central Europeu. Vejo um país, que é dos "meus" e que está numa mesma organização que eu, e como vejo que eles estão necessitados de dinheiro, empresto-lhes dinheiro (claro que com juros). Se eu não tivesse essa solidariedade, eles não tinham dinheiro para pagar a função pública, não o tinham para os reformados e o consumo de comida caía para 90% e toda a gente ficava falida. Isso não aconteceu. Como condição de lhes ter emprestado o dinheiro e porque não posso ficar com o país (e também para garantir que eles me paguem), eu mando a troika e obrigo-os a fazer uma remodelação, ou seja, diminuir as despesas e aumentar as receitas. Não conseguem fazer isso e agora? Deixo que eles entrem em bancarrota? Faço com que montes de pessoas fiquem a 0€? Vá, toma lá mais uma quantia. Claro que ainda continuas com a troika e tens que tomar medidas de austeridade, mas se fizeres isso, toma lá o que precisas. 
Vamos fazer outra: eu pedi um empréstimo para o meu carro. Tenho que o pagar ou se não vêm-me buscar o meu popó e ando a pé. Estou com problemas em manter o equilíbrio das minhas finanças e preciso de cortar. Não posso ir jantar fora, sou obrigada a comprar marcas brancas, não posso ir cabeleireiro, etc., para pagar o que devo. É uma questão de honra e de ética. E é isto que falta ao Syriza. Os governadores gregos pensavam que chegavam lá e a dívida era-lhes perdoada, só porque eles queriam. Não foi. E ainda bem, porque como europeia não queria ver este displicência. Temos direitos, mas também deveres. A Grécia tem que se capacitar disso e não pode ser ingrata ao ponto de chamar "pouco solidários" aos europeus. Estes ajudaram-nos, salvaram-nos da bancarrota, mas também querem o seu de volta. Eu compreendo que seja à custa da austeridade; porém, haverá outra maneira? Eu creio que, atualmente, esta é a melhor. Claro que custosa, mas a única. 

Editado por Ana Maria Peres
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A Rússia já não tem tanto dinheiro como tinha há uns 3 anos atrás. O bloqueio económico imposto pelos países da U.E. fez com que a Russia entrasse em recessão. Isto aliado à queda do preço do petróleo faz com que eles não possam socorrer a Grécia. Mesmo que eles tentem ajudar a Grécia duvido que essa ajuda dure muito tempo pois o buraco financeiro da Grécia é tão grande que só pode ser tapado com a ajuda de vários países. A Rússia não se vai afundar mais na recessão só para ajudar um país que não lhe traz nenhum beneficio.

O governo português (e penso que o grego também) na década passada investiu sem pensar em inúmeras empresas, criaram subsídios e tudo mais com o dinheiro europeu. Quando uma boa parte do dinheiro que era destinado para essas empresas e para esses subsídios, passa a ser usado para pagar a dívida, é normal que deixe de haver subsídios e que as empresas em que o estado investia comecem a fechar e, por sua vez, que o desemprego suba.

Dinheiro mesmo muito mal gasto. Conheço um caso de uns donos de uma exploração agricola que há uns anos pediram subsidios para se modernizar e aumentar a produção e em vez de usarem o dinheiro para isso, decidiram usá-lo para fazerem obras na casa deles. A sorte deles é que há uns anos não havia fiscalização.

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O maior problema de Portugal e dos países do sul da Europa (que não é por acaso que são os países mais castigados com a crise económica) são os hábitos de vida. Durante anos aprendemos que a vida é muito boa que temos de a viver com pompa e circunstância antes que termine. Há quem possa viver assim e há quem não possa. Quando os que não podem querem à força poder, então vão entrar num ciclo vicioso que só vai acabar mal, porque não vão conseguir suportar a vida que querem. Quando aliamos aos maus hábitos um governo que ainda apoia esses maus hábitos, então estamos a encorajar as pessoas a terem um modo de vida impensável. A crise explodiu e o governo acabou por ver que as contas não dão para a boa vida que se quer, e portanto vamos cortar, mas os hábitos mantiveram-se e consumiu-se a última dose. Então vamos pedir ajuda a Europa, que dá-nos dinheiro em troca de medidas severas de controlo e contenção, mas como nós somos um povo porreiro, então vamos viver a nossa vida à maneira e consumir o dinheiro que resta. Resultado, não vivemos nada de jeito porque já não há restos para isso, e a economia do país está como está porque não existe retorno, já que não produzimos, não consumimos e quando calha ainda gastamos as últimas gotas.

Enquanto ninguém entender que a vida é boa quando existe equilíbrio e quando sabemos gerir toda a nossa vida, então não iremos a lado nenhum. Uma pena, mas sinceramente não sei se esta crise está a abrir mentalidades para mudar a forma de estar na vida. Isto vai demorar a melhorar, e as pessoas acho que ainda não entenderam como as coisas funcionam. Depois claro está, os tachos têm de acabar, as medidas têm de ser justas para todas as classes sociais, os governantes devem esforçar-se para serem mais realistas e deixarem de pensar no aproveitamento próprio e sobretudo têm de existir muita consciência daquilo que fazemos, para onde queremos ir e da forma que queremos ir.

Em relação ao desemprego, fome, enfim, toda a crise social onde estamos mergulhados (cada vez mais roubos de rua, violência, mortes estúpidas, enfim, uma falta de paciência com o outro), é triste, e o estado também não se pode esquecer do lado social, porque estamos a ir num mau caminho, mas é fruto da crise e não existe volta a dar. A austeridade é péssima, mas sem ela também não temos caminho nenhum a seguir.

A abstenção também mostra a forma como as pessoas estão desleixadas para o país, e os políticos também não se esforçam para tentar diminuir estes números.

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http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=4647989

Não gosto do Syriza, do Tsipras e da sua cambada. No entanto, aplaudo esta decisão. Pode não ter efeitos práticos nenhuns (porque é quase garantido que o não vai vencer), mas é o povo grego que vai decidir sobre o seu futuro - e isso é importante, no sentido em que obriga a um sentido crítico apurado por parte da população e esta sentir-se-á responsabilizada por uma qualquer hecatombe ou milagre. 
Claro que isto é uma maneira de atirar areia aos olhos dos credores - sem dúvida. Indiscutivelmente que foi uma forma de tentar apaziguar os ânimos numa situação complicada em que faltavam respostas e haviam inúmeras pressões. O próprio Syriza, com alguma incredibilidade minha,  já tomou a sua posição: declarou que incentivará o voto no "não". 
Os gregos vão decidir o seu futuro, não só a curto prazo como também a longo prazo: ou continuam a pertencer a Europa com tudo o que isso lhe traz e convencem-se a pagar as suas consequente dívidas, ou então, caso o não impere, é a saída oficial do Euro por parte grega. Convenhamos que esta última hipótese é a mais provável, claro que é a austeridade é má. E depois? Eu prevejo um cenário negro, sinceramente, em que ninguém vai estar lá para lhes amparar as quedas e a bancarrota será geral. Se o sim ganhar, a austeridade vai continuar, mas ao menos continuam a fazer parte de uma organização forte e paguem o que devem, dando um exemplo de honradez (que é relevante).
Em qualquer das hipóteses, a decisão pertence-lhes. Por muito boa ou muito má que seja, serão eles os responsabilizados e não os europeus. Que decidam o que queiram mas eles que tomem em atenção a grande responsabilidade que têm entre mãos - que implica a definição clara do seu futuro. Fim da austeridade, com todas as irresponsabilidades (digo-o mesmo) que isso traz? Ou continuação da mesma, e a manutenção da pertença a um grupo que os ajudará em caso de necessidade?

Editado por Ana Maria Peres
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A decisao do referendo é não so muito inteligente em termos políticos, como correta em todos os aspectos... numa democracia são as pessoas que devem decidir o rumo do seu país. Depois não podem criticar o governo pelas consequências que podem advir (boas ou mas), tem que as aceitar pois agiu-se como o povo quis.

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Não sei se já comentaram noutro sítio do Fórum, mas ontem fiquei estupefacto com a história do gato a arder das festas de São João, em Mourão (em Vila Flor). Não entendo como conseguem ter uma tradição tão macabra como esta nos tempos de hoje, a mesma já tinha sido abolida anteriormente. Como aguentam ver um animal sofrer tanto, e ainda por cima gozarem com a situação? O que me espanta mais ainda é que foi uma habitante da própria aldeia/vila que deu o seu gato... Alguma vez eu faria isso ao meu? :| Enfim... não sei como comentar. Eu sou a favor que tradições portuguesas nunca morram, mas isto vai para lá disso. Espero mesmo que os responsáveis disto e de atos anteriores sejam devidamente punidos. 

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Não sei se já comentaram noutro sítio do Fórum, mas ontem fiquei estupefacto com a história do gato a arder das festas de São João, em Mourão (em Vila Flor). Não entendo como conseguem ter uma tradição tão macabra como esta nos tempos de hoje, a mesma já tinha sido abolida anteriormente. Como aguentam ver um animal sofrer tanto, e ainda por cima gozarem com a situação? O que me espanta mais ainda é que foi uma habitante da própria aldeia/vila que deu o seu gato... Alguma vez eu faria isso ao meu? :| Enfim... não sei como comentar. Eu sou a favor que tradições portuguesas nunca morram, mas isto vai para lá disso. Espero mesmo que os responsáveis disto e de atos anteriores sejam devidamente punidos. 

Eu hoje até demorei mais a adormecer do que o normal porque não conseguia tirar esta situação da cabeça. Quando uma pessoa pensa que já viu de tudo e que o ser humano não pode descer mais baixo, eis que se depara com estas coisas terríveis. :S Isto é deplorável e nojento, indicador da falta de respeito e compaixão - valores cada vez mais perdidos - que algumas pessoas têm pelos outros e pelos animais. Não há palavras. Fomos dotados de inteligência, mas uns não a usam do modo que devia ser usada.

Queimar esta gente toda que assistiu e aplaudiu à queima e ao sofrimento do gato, que nada de bom traz para a sociedade, era pouco. E se eu pudesse queria ser eu a atear a primeira chama. Raiva e tristeza é o que eu sinto por pessoas assim.

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Não sei se já comentaram noutro sítio do Fórum, mas ontem fiquei estupefacto com a história do gato a arder das festas de São João, em Mourão (em Vila Flor). Não entendo como conseguem ter uma tradição tão macabra como esta nos tempos de hoje, a mesma já tinha sido abolida anteriormente. Como aguentam ver um animal sofrer tanto, e ainda por cima gozarem com a situação? O que me espanta mais ainda é que foi uma habitante da própria aldeia/vila que deu o seu gato... Alguma vez eu faria isso ao meu? :| Enfim... não sei como comentar. Eu sou a favor que tradições portuguesas nunca morram, mas isto vai para lá disso. Espero mesmo que os responsáveis disto e de atos anteriores sejam devidamente punidos. 

http://dioguinho.pt/estas-sao-as-justificacoes-para-queimarem-gatos-em-mourao-vila-flor/

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Eu hoje até demorei mais a adormecer do que o normal porque não conseguia tirar esta situação da cabeça. Quando uma pessoa pensa que já viu de tudo e que o ser humano não pode descer mais baixo, eis que se depara com estas coisas terríveis. :S Isto é deplorável e nojento, indicador da falta de respeito e compaixão - valores cada vez mais perdidos - que algumas pessoas têm pelos outros e pelos animais. Não há palavras. Fomos dotados de inteligência, mas uns não a usam do modo que devia ser usada.

Queimar esta gente toda que assistiu e aplaudiu à queima e ao sofrimento do gato, que nada de bom traz para a sociedade, era pouco. E se eu pudesse queria ser eu a atear a primeira chama. Raiva e tristeza é o que eu sinto por pessoas assim.

Heya calma flor. Compreendo que te sintas mal, I mean, qualquer pessoa com inteligência e cabecinha sente-se, mas combater qualquer coisa com base em raiva/ódio nunca dá bom resultado. (Digo isto mas também não me importava que eles dessem todos uma de Shireen).

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Não sei se já comentaram noutro sítio do Fórum, mas ontem fiquei estupefacto com a história do gato a arder das festas de São João, em Mourão (em Vila Flor). Não entendo como conseguem ter uma tradição tão macabra como esta nos tempos de hoje, a mesma já tinha sido abolida anteriormente. Como aguentam ver um animal sofrer tanto, e ainda por cima gozarem com a situação? O que me espanta mais ainda é que foi uma habitante da própria aldeia/vila que deu o seu gato... Alguma vez eu faria isso ao meu? :| Enfim... não sei como comentar. Eu sou a favor que tradições portuguesas nunca morram, mas isto vai para lá disso. Espero mesmo que os responsáveis disto e de atos anteriores sejam devidamente punidos. 

Eu estava para partilhar, mas como eu estava melhor na ignorância antes de saber isto, decidi já não partilhar nada, antes que houvesse alguém no fórum como eu.

Enfim, depois os comentários na net restauraram-me a (pouca) fé que tenho na humanidade.

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