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Posts Recomendados

leituras de setembro

A Rapariga do Tambor [John le Carré] - Prosa
Comecei setembro com A Rapariga do Tambor de John le Carré, publicado pela D. Quixote. A trama apresenta Martin Kurtz, um espião israelita que trabalha numa agência clandestina de combate ao terrorismo palestiniano, ele próprio vítima do conflito durante a infância. Sabendo que a jovem Charlie, uma atriz britânica, é uma revolucionária por natureza, embora adepta da esquerda radical, tenciona usá-la como toupeira na rede terrorista. É que Kurtz pretende criar um verdadeiro teatro do real, uma representação em larga escala. Não esperava, porém, que o homem que envia para a seduzir se apaixonasse realmente por ela. É um livro denso, sem heróis nem vilões declarados, que fala sobre os dramas da guerra e, não sendo dos meus livros preferidos do autor, soube agarrar-me.
 
O Jogo do Anjo [Carlos Ruiz Zafón] - Prosa
Também pela D. Quixote chegou O Jogo do Anjo de Carlos Ruiz Zafón. Depois de ter gostado muito de A Sombra do Vento, decidi ler o segundo livro publicado no mundo do Cemitério dos Livros Esquecidos, cronologicamente anterior. A narrativa acompanha David Martín, um jovem que trabalha num jornal, com pretensões a seguir carreira como escritor. A sua paixão pela mulher prometida ao seu melhor amigo e protector, porém, irá conduzi-lo numa luta pela verdade e pela justiça, numa clássica trama de um homem que vende a alma ao Diabo. Não sendo tão bom como A Sombra do Vento e em alguns momentos me ter aborrecido, ele mantém a chama e o mundo vívido e perfumado em que o autor espanhol tão bem nos sabe enredar.
 
Aprendiz + Mestre + Espinho de Prata + As Trevas de Sethanon [Raymond E. Feist] - Prosa
Durante as férias li os quatro volumes da saga Mago de Raymond E. Feist, publicada em Portugal pela Saída de Emergência. Aprendiz, Mestre, Espinho de Prata e As Trevas de Sethanon acontecem no mundo de Midkemia, apresentando-nos Crydee e as suas personagens, onde se destacam os jovens Pug e Tomas, dois garotos que se preparam para passar à idade adulta. No Dia da Escolha, os jovens são alvo de uma seleção por parte de vários mestres, para lhes ser determinado o seu ofício futuro. É em torno destas personagens e do que elas se tornam que a narrativa trata, com batalhas, questões de coroação e males tremendos que em muito fazem lembrar o universo de O Senhor dos Anéis, e é essa a minha principal crítica à saga. A pouco e pouco, porém, ela diferencia-se e vai melhorando, principalmente nas descrições de batalhas.
 
Outras Terras + O Povo das Crianças Divinas [David Anthony Durham] - Prosa
Estive a ler os volumes 3 e 4 de Acácia de David Anthony Durham, Outras Terras e O Povo das Crianças Divinas, também estes publicados pela Saída de Emergência. Os três irmãos de Aliver Akaran prosseguem a sua vida no Mundo Conhecido. No eixo central do Império Acaciano está Corinn, que conquistou o trono para si depois de afastar o usurpador Hanish Mein, com quem se envolvera. Os Mein haviam sido os responsáveis pela morte do pai dos irmãos Akaran, o rei Leodan, vingando-se dos crimes dos seus antepassados. Através da estratégia política e das alianças com a Liga dos Navios e os bestiais numrek, Corinn reclama para si o poder, mas as esperanças de um mundo melhor profetizadas pelo irmão mais velho esbatem-se quando a gestão do império lhe cai nas mãos. Adoro o worldbuilding desta saga e algumas personagens, principalmente as do núcleo de Corinn, são excelentes, mas infelizmente o desenvolvimento delas e a condução da narrativa foram uma desilusão constante. Resta-me a curiosidade, para saber como tudo termina.
 
M. Ainsel [Neil Gaiman, P. Craig Russell e Scott Hampton] - BD
A Saída de Emergência publicou este mês de setembro o segundo volume do comic que adapta o livro Deuses Americanos de Neil Gaiman. Com ilustrações de P. Craig Russell e Scott Hampton, confirma a impressão que já havia tido do primeiro volume. O livro foi uma leitura mediana que, ao contrário de muitos, não me agarrou nem consegui sentir a humanidade que era exigida aos seres divinos que Gaiman nos apresentava. Na comic não é muito diferente, mas a versão gráfica tem planos muito bem conseguidos e é uma mão-cheia de exotismo, apresentando ainda certos toques de noir e de banalidade que me encantou de um jeito que o romance não conseguiu. Enquanto se preparam para guerra iminente entre deuses, Shadow e Wednesday deixam a Casa na Rocha e continuam a sua viagem pela negra e austera América, reunindo aliados e conhecendo novos deuses.
 
A Laranja Mecânica [Anthony Burgess] - Prosa
Numa edição da Alfaguara Portugal, A Laranja Mecânica de Anthony Burgess é um dos clássicos distópicos mais famosos dos nossos tempos. A trama pretende espelhar a visão do autor de um futuro para o mundo em que vivia, um futuro comandado pela violência e pelas leis das gangues, tendo também sido inspirado no estupro da sua esposa, em 1944, por quatro soldados americanos. O protagonista, Alex, assume o papel de narrador, numa espécie de revisita aos crimes que praticou, um alerta para os jovens do amanhã que, acaba por concluir com satisfação, é provável que venham a cair nos mesmos vícios e a fazê-lo com cada vez mais brutalidade. Não me tendo impressionado minimamente, o livro vale pelas mensagens sobre violência e livre-arbítrio que ele encerra, mas perde pela linguagem inventada pelo autor, que o torna confuso e massacrante.
 
O Último Cabalista de Lisboa [Richard Zimler] - Prosa
Publicado pela Porto Editora, O Último Cabalista de Lisboa de Richard Zimler foi a minha última leitura de setembro. A ação é narrada na Lisboa quinhentista, do ponto de vista de Berequias Zarco, sobrinho de Abraão Zarco, um dos judeus mais influentes da época. Assim como o restante da família residente em Alfama, foi obrigado a converter-se ao Cristianismo. Ainda assim, os judeus forçados a converter-se continuaram a praticar os ritos e costumes do judaísmo, a estudar a Tora e a Cabala, seguindo os ensinamentos dos seus profetas. O desaparecimento de um valioso manuscrito e a morte de duas personagens lançam Berequias numa luta contra o tempo. É um livro que tentei gostar mas que em momento nenhum me empolgou, estando longe de ser aquilo que eu esperava. 
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  • 1 mês depois...
Leituras de outubro
 
O Feiticeiro e a Sombra [Ursula K. Le Guin] - Prosa
Comecei outubro a ler O Feiticeiro e a Sombra, o primeiro volume da saga Terramar de Ursula K. Le Guin. O livro foi publicado em Portugal pela Editorial Presença e conta a história de Gued, um rapaz que é educado para ser um feiticeiro em escolas de magia e que, pouco a pouco, se destaca pelo seu comportamento. A sua juventude leva-o a mexer com magias que lhe são vedadas para provar algo a ele mesmo e aos outros, o que desperta uma sombra que o irá perseguir até à exaustão. Livro percursor na ideia que os nomes verdadeiros das pessoas e das coisas têm poder sobre elas, O Feiticeiro e a Sombra veio trazer também uma série de mensagens subliminares e importantes para a época em que foram escritos. Pessoalmente achei que a história foi contada de maneira muito longínqua e não me trouxe nada de interessante, mas eu leria até livros de culinária ou crochet e sairia sempre regozijado pela escrita quentinha e madura de Ursula K. Le Guin.
 
Tudo Isto Existe [João Ventura] - Prosa
Uma colectânea da autoria de João Ventura, Tudo Isto Existe colige a melhor ficção curta do escritor português. Um projeto que resulta da colaboração entre a Editorial Divergência e o Fórum Fantástico, evento onde foi lançado o livro em outubro de 2018. Apresenta-nos uma montra do seu trabalho, onde podemos encontrar distopias, ficções científicas de todos os géneros e sobretudo histórias que podiam ser reais, não tivessem os seus ingredientes de realismo mágico e de sobrenatural. As histórias são todas elas pequenas, fluídas e entusiasmantes, deixando-nos com um sorriso no rosto, ou não fosse o bom humor uma das características marcantes deste autor, mesmo que as histórias nos falem dos assuntos mais trágicos.
 
Os Meus Heróis Foram Sempre Drogados [Ed Brubaker e Sean Phillips] - BD
Não é coincidência a maioria das BDs que leio terem a chancela da G Floy Studio. A editora publica muitas das BDs que mais me despertam o interesse e não há trabalho da dupla Ed Brubaker e Sean Phillips que não me desperte interesse. Apesar da série Criminal ainda não me ter enchido tanto o olho como por exemplo The Fade Out, a publicação de Os Meus Heróis Foram Sempre Drogados, uma edição auto-contida passada no universo da série, não me passou ao lado. É no tom decadente e na determinação de uma personagem que somos guiados ao longo destas páginas, e é com o saudosismo e as n referências a artistas musicais, que ele nos ganha.  Depois da morte da sua mãe, uma toxicodependente, Ellie tornou-se obcecada por famosos ligados ao vício das drogas o que, invariavelmente, a conduziu ao mesmo caminho. A forma como ela romantiza a toxicodependência é um exemplo vívido que o problema por vezes não é necessariamente visto como um problema por aqueles que caem nos vícios, o que obriga a um trabalho redobrado para a sua recuperação.
 
O Celeiro Negro [Jeff Lemire e Andrea Sorrentino] - BD
O autor Jeff Lemire juntou-se ao artista italiano Andrea Sorrentino para uma nova série de banda-desenhada. O Celeiro Negro é o primeiro volume de Gideon Falls, uma história sombria e inquietante sobre um celeiro negro que aparece do nada numa pequena cidade do interior norte-americano, causando uma série de incidentes misteriosos. A ironia da obra incide no desenvolvimento de um plot que se centra num padre cético e num lunático devoto que anda à procura de pedaços de madeira e pregos enferrujados no lixo.  Melancólico e muito humano, vamos conhecendo as personagens e os seus demónios interiores à medida que o Celeiro se manifesta. É uma aura pesada, sufocante, densa. Há um efeito de loucura até no desenho, com as suas inversões alucinantes.
 
Mecânica Orbital [Jeff Lemire e Dustin Nguyen] - BD
Também pela G Floy e com a assinatura de Jeff Lemire, Mecânica Orbital é o quarto volume da série de fantasia científica Descender. Com arte de Dustin Nguyen, como habitual, este novo volume traz um ritmo e desenvolvimento assinaláveis, depois de um álbum anterior mais lento e retrospectivo. Andy e Effie lidam com as suas emoções, com o que sentem um pelo outro, pelo que foram e pelo que são. TIM-21, Telsa e o Dr. Quon conseguem finalmente escapar da Lua Máquina e partir em busca de um mítico robô ancião que pode ser a chave para o problema dos Colectores. A capitã e o cientista entram em desacordo, enquanto o menino mostra que nem tudo o que parece… é. Uma série que está entre as minhas preferidas no campo da banda-desenhada.
 
Magia de Raízes [Cullen Bunn e Tyler Crook] - BD
Entrando no clima de Halloween, avancei para mais uma BD da G Floy. Desta vez, o sexto volume de Harry County, com argumento de Cullen Bunn e arte de Tyler Crook. Cullen Bunn tem uma trave mestra por onde se guiar, mas acaba sempre por andar aqui e ali fugindo tanto à narrativa central como aos clichés do género. Se em alguns momentos a estrutura episódica da série me incomodou, não deixou de me viciar, até porque Bunn sabe extremamente bem como atar todas as pontas, tornando todo o mistério um enigma convincente. Neste álbum assistimos a vários eventos em redor das criaturas de Harrow County, a amizade entre Emmy e Bernice é posta à prova, uma personagem é morta e a identidade do assassino é um dos mistérios que permeiam o volume. A série gráfica é um enigma constante, oscilando entre a beleza visual e a inocência de certas personagens com as ilusões e revelações discretas de monstruosidades.
 
Frankenstein [Mary Shelley] - Prosa
Prometi a mim mesmo que leria Frankenstein nesta época de Halloween e assim foi. O livro de Mary Shelley está repleto de mensagens interessantes, com um pouco de horror, um pouco de thriller e um pouco de ciência. É notável pela idade que a autora tinha quando escreveu o livro e pela originalidade do mesmo à época. Li a edição de 2015 das Edições ASA, não me tendo entusiasmado nem sido uma leitura marcante, mas sem deixar de ser interessante acompanhar Victor Frankenstein e a sua ambição de criar um novo ser que se tornou um monstro. Não é um livro assustador pela criatura em si, mas pelas questões levantadas sobre o futuro do ser humano enquanto ser criador e arrogante nas suas pretensões. Um livro intemporal e que nos faz reflectir sobre o que andamos a fazer com a Natureza.
 
The Shining [Stephen King] - Prosa
Pela Bertrand chegou-me The Shining de Stephen King. É um dos maiores clássicos do género de horror moderno, tendo sido o terceiro livro publicado pelo mestre do horror. King apresenta-nos Jack Torrance, um ex-professor de literatura que foi demitido por ter agredido um aluno depois de um acesso de fúria. Ao mesmo tempo que pretende lançar-se numa carreira de escritor, decide aceitar um emprego como zelador de inverno de um hotel, para poder sustentar a carreira. Pretende desligar-se do vício do álcool, de modo a não perder a mulher Wendy e o filho Danny. Só que o Hotel Overlook está assombrado e ligado a uma série de suicídios e homicídios, levando aqueles que por ali passam à loucura. E ele utiliza as fragilidades de Jack para o manobrar à sua vontade, perseguindo a família para os matar. Só que o filho é um iluminado e tem alguns... poderes especiais. Não sendo um livro tão rico e impactante como esperava, The Shining não deixa de ser um dos mais aterrorizantes que já li.
 
N0S4A2 (Nosferatu) [Joe Hill] - Prosa
E a última leitura do mês foi de um livro que ainda não foi traduzido em português mas que queria muito ler. N0S4A2 (lê-se Nosferatu) de Joe Hill é um livro que me faz lembrar os melhores de Stephen King, como It, ou não fosse o autor filho do mestre do terror. A escrita é bem fluída e a história desenvolve-se de forma bem agradável. Apesar do primeiro terço do livro não me ter entusiasmado tanto, a história melhora muito e faz justiça à premissa interessantíssima do livro:  um vampiro sanguinário que sequestra crianças para, aparentemente, se apoderar da sua juventude. Atraindo-as com canções de natal e a promessa de as levar para um lugar onde tudo é mágico, sem restrições ou maus-tratos, a Christmasland. Sem dúvida, este vai estar no meu TOP 5 de livros preferidos de 2019
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  • 5 semanas depois...
Leituras de novembro:
 
Neuromancer [William Gibson] - Prosa
O mês de novembro começou com Neuromancer de William Gibson, cuja versão nacional conheceu o nome Neuromante. É um livro que deixou marca para incontáveis gerações, para tudo o que veio e virá depois dele. Posso dizer sucintamente que é ele que nos apresenta o autor e não o contrário. Ele mostra-nos William Gibson como o profeta vivo da ficção científica, engendrando no início dos anos 80 tecnologias que ainda hoje estamos longe de reproduzir ou entender, bem como outras, que hoje nos parecem atuais que absolutamente não eram à época em que o livro foi escrito. O livro em que a trilogia Matrix se inspirou apresenta-nos Case, um hacker que se vê impedido de entrar na matrix depois de ter tentado roubar a sua entidade patronal, até que alguém lhe "bate à porta" com uma proposta... irrecusável. Um livro algo confuso mas que me agradou.
 
Últimas Ceias + Maus Vinhos [John Layman e Rob Guillory] - BD
Chegou ao fim Tony Chu: Detective Canibal, a publicação da G Floy Studio com argumento de John Layman e arte de Rob Guillory. Não podia desejar um final melhor para esta série que vim a acompanhar nos últimos anos e pela qual me fui apaixonando gradualmente. Loucos e fora da caixa, estes últimos dois álbuns premeiam os doze volumes que contam as aventuras e desventuras de um detective que deslinda casos ao sorver o sangue das vítimas num mundo em que o consumo de carne de frango pode ser alucinogéna é qualquer coisa de incrível. Tony Chu: Detective Canibal é uma série mais que recomendada.
 
The Way of Kings [Brandon Sanderson] - Prosa
Finalmente decidi-me a ler The Stormlight Archive de Brandon Sanderson em inglês, numa publicação da Tor Books. The Way of Kings, o primeiro volume, foi absolutamente fenomenal. O primeiro livro de uma saga que deve ter dez tijolos a rondar as mil páginas foi uma das maiores surpresas literárias deste ano. Ele acompanha personagens incríveis e verosímeis em comportamento, como os badass Kaladin Stormblessed, Szeth-son-son-Vallano, Dalinar Kholin, Jasnah Kholin ou Shallan Davar, num mundo original repleto de rochas acossado por violentas tempestades. Até agora, eu via Brandon Sanderson como alguém que queria ensinar os outros a escrever quando ele próprio falhava em vários quesitos, mas The Stormlight Archive parece ser o seu melhor trabalho, e ainda estou apenas no início.
 
Tempestade de Guerra Parte 1 e Parte 2 [Victoria Aveyard] - Prosa
Publicado pela Saída de Emergência em dois volumes, o quarto livro da saga Rainha Vermelha de Victoria Aveyard conheceu então a sua conclusão oficial, apesar de se esperar um livro de contos que mostra o que aconteceu posteriormente às personagens desta saga. Apesar de unir várias nuances já usadas ad nauseam por outros autores, como superpoderes ou intriga medieval, Victoria Aveyard tem muito mérito em conseguir mesclar tudo com verosimilhança. Esta série Rainha Vermelha apresenta-nos uma guerra entre reinos francamente medievais, em que armas de fogo, câmaras de vigilância, motas ou jactos fazem parte do dia-a-dia. A vibe é muito “X-Men em Westeros”, como já referi em recensões anteriores. Apesar de não ter gostado de um ou outro ponto que podia ter sido mais amadurecido pela autora, foi das poucas séries YA que gostei, devido ao ótimo desenvolvimento das personagens.
 
Saga Vol. 9 [Brian K. Vaughan e Fiona Staples] - BD
Pela G Floy Studio chegou o nono volume de Saga, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples. O volume 9 assinala vários marcos na edição da série. A space opera chega à metade da publicação e os autores anunciaram que a série teria mais nove volumes para além deste, num total de dezoito, perfazendo assim a mais longa série que Vaughan já escreveu. Para além disso, os autores anunciaram que iam tirar umas férias e, por isso, o lançamento deste volume marca também o momento em que a edição portuguesa alcança a norte-americana. O que é um crime, tendo em conta que este álbum que destaca personagens como Marko, Robot e Vontade termina com um cliffhanger brutal e sem misericórdia pelo leitor.
 
Belas Adormecidas [Stephen King e Owen King] - Prosa
Uma novidade da Bertrand que li antes mesmo de ter chegado a livrarias, Belas Adormecidas é uma experiência a quatro mãos do mestre do terror Stephen King com o seu filho Owen. Belas Adormecidas apresenta uma premissa muito interessante. Em todo o mundo, num futuro próximo, as mulheres ficam envolvidas por casulos assim que adormecem. E não voltam a acordar. Se alguém lhes tocar no casulo, forem incomodadas ou acordadas à força, elas tornam-se verdadeiros assassinos, sem qualquer consciência do que estão realmente a fazer. São dominadas por uma fúria cega até voltarem a dormir. Em pouco tempo, a maior parte da população feminina do mundo adormeceu. Foi uma boa leitura, mas em alguns momentos maçante, e sem um pouco do terror que eu esperava. Metade dele é feito de considerações sobre a vida em sociedade, bem pertinentes, a outra metade é feita de tiroteios e a tentativa de ocupar uma prisão.
 
Comboio da Tortura [Brian Azzarello e Eduardo Risso] - BD
Publicado pela G Floy Studio, com argumento de Brian Azzarello e arte de Eduardo Risso chegou o segundo volume da BD Moonshine. Comboio da Tortura foi a minha leitura da noite de Halloween, uma vez que esta série gráfica fala sobre gangsters e lobisomens, numa perspetiva social bem interessante sobre os anos 1920, em que vigorou a Lei Seca nos Estados Unidos da América. Com um argumento sólido e um traço particular e delicioso, continuamos a seguir os passos do nosso gangster Lou Pirlo, ou Torpedo. Pirlo e Delia conseguem escapar num comboio de carga para o Sul, para longe da máfia nova iorquina e dos hillbillies das Montanhas Apalache, mas o protagonista está longe de conseguir encontrar a paz desejada e os amargos de boca sucedem-se uns após outros.
 
Words of Radiance [Brandon Sanderson] - Prosa
Não consegui deixar de seguir The Stormlight Archive de Brandon Sanderson após o primeiro volume fenomenal. Também pela Tor Books, o segundo livro intitula-se Words of Radiance e, não sendo tão bom como o primeiro, não deixa de ser bem superior a muito do que se faz por aí em fantasia. Depois de um primeiro volume arrebatador em cenas de batalha e em profundidade humana, Brandon Sanderson convida-te a assistir de camarote ao desenvolvimento de relações e ao estreitar de círculos. Posso dizer que aqui todos os protagonistas se conhecem e é desses cruzamentos, desse desenvolvimento de relações, que muito do livro se faz. É sem dúvida um pouco menos verosímil, com as magias a serem mais utilizadas e a religião a mostrar o seu rosto, mas deixou-me com uma vontade incontrolável de pegar no terceiro volume.
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  • 4 semanas depois...
leituras de dezembro
 
As Aventuras de Tom Sawyer [Mark Twain] - Prosa
Dezembro começou com As Aventuras de Tom Sawyer de Mark Twain. Numa edição da editora Fábula, conheci os icónicos personagens Tom Sawyer e Huckleberry Finn, já tão difundidos pela media. Fiquei com a sensação de que, se tivesse lido este livro em mais novo, teria apreciado mais. Ou não. Foi uma leitura pouco empolgante, mas melancólica e que soube entreter. Apesar da dureza do cenário, afinal retrata o rescaldo da guerra civil e os tempos da escravatura, Mark Twain consegue transmitir uma imagética feliz das memórias da infância, tempos de inocência e traquinice. É um livro destinado porventura a jovens, mas que só pode ser compreendido e apreciado por adultos, uma vez que são eles quem conseguirão entender na perfeição a repercussão de Tom Sawyer como personagem para a evolução da identidade humana, e como livro, para o seu papel na literatura norte-americana.
 
A União Sagrada + Vozes da Profecia [David Anthony Durham] - Prosa
Pela Saída de Emergência chegaram-me os dois últimos volumes da saga Acácia de David Anthony Durham. Em A União Sagrada e Vozes da Profecia conhecemos o destino dos irmãos Akaran. O worldbuilding criado pelo autor foi das melhores coisas que esta saga trouxe, mas o desenvolvimento das personagens foi sofrível. Curiosamente, estes dois últimos livros, apesar do deus ex-machina, da falta de verosimilhança e de tudo o mais, foram os mais agradáveis de se ler. Corinn continuou a ser a minha personagem preferida, mas não gostei das súbitas mudanças de personalidade. Dariel continuou completamente dispensável nesta história, atravessando a típica jornada do herói que se torna num símbolo religioso. Mena, por sua vez, a personagem que mais odiei até então, foi a que mais me agradou nestes capítulos finais, devido à complexidade da sua jornada no Norte e à introdução dos elementos do Mein, a minha família preferida da saga. Podia ter tido uma conclusão melhor, mas dizer que é uma saga mediana acaba por ser um elogio face ao que nela foi acontecendo.
 
Kafka à Beira-Mar [Haruki Murakami] - Prosa
Uma edição Casa das Letras, Kafka à Beira-Mar de Haruki Murakami veio cimentar a impressão que tinha ficado do autor com 1Q84. Apesar de ser um livro diferente, acaba por ser extremamente semelhante na forma deliciosa com que Murakami espelha questões culturais e as mescla com fantasia urbana, sem precisar de explicar grande coisa. Kafka à Beira-Mar é um livro mais envolvente, que apela ao coração e também polémico, devido às questões sexuais exploradas na trama. Mas adorei. Kafka é o protagonista, um rapaz que procura incessantemente a mãe que o abandonou em criança. Nakata é um velhote simplório que consegue falar com gatos. Duas personagens completamente diferentes que vêm o seu destino cruzar-se sem em momento nenhum estarem cara a cara. Um livro para mais tarde recordar.
 
Mãe Terra + Os Porquês e os Portantos [Brian K. Vaughan e Pia Guerra] - BD
Pela Levoir chegou os dois últimos volumes da BD Y: O Último Homem de Brian K. Vaughan e Pia Guerra. Mãe Terra e Os Porquês e os Portantos concluem com competência uma série que levei tempo a engrenar. Achei o início da série bem fraco, tendo em conta o pedestal em que a colocavam, mas senti que ela foi melhorando bastante com o amadurecimento das personagens e das relações entre elas. Destaco a qualidade dos diálogos, com um humor agradável, muitas referências musicais e cinematográficas e sobretudo uma arte que, a meu ver, teve os seus momentos melhores e outros piores mas que me agradou, num cômputo geral.
 
A Filha do Império + A Serva do Império + A Senhora do Império [Raymond E. Feist e Janny Wurts] - Prosa
Publicada em Portugal em quatro volumes pela Saída de Emergência, a Saga do Império de Raymond E. Feist e Janny Wurts, que pertence ao universo literário de O Mago, foi uma das minhas leituras de dezembro. Gostei bem mais desta série do que da primeira, passada em Midkemia, mas ainda assim senti um distanciamento muito grande das personagens e pouca empatia com elas, para que me agradasse por aí além. Não me caiu no goto, muito por apenas a personagem principal ser apresentada com maior dimensão, e nem ela conseguiu chegar a mim em muitos momentos. Ainda assim, Mara dos Acoma não deixa de ser uma personagem excepcional, que joga o Jogo do Conselho como ninguém. Uma saga importantíssima para quem aprecia jogos de estratégia política.
 
Deadpool Mata Deadpool [Cullen Bunn e Salva Espín] - BD
Publicado pela G Floy Studio, Deadpool Mata Deadpool de Cullen Bunn e Salva Espín é mais um capítulo na tarefa obsessiva de Deadpool em exterminar universos. Depois de matar o Universo Marvel e os clássicos que os inspiraram, percebe que a sua existência tem de acabar. Mas porque existem Deadpools em todos os universos e o suicídio não basta, ele lança-se numa demanda pessoal para matar todos os Deadpools do universo, convencendo-se que talvez seja ele que esteja a criar todos esses mundos na sua cabeça. O que o obriga a tomar medidas drásticas e matá-los a todos.  Com um final em aberto, Deadpool Mata Deadpool foi mais uma experiência excelente de banda-desenhada, ideal para quem não procura uma trama complexa ou uma linha narrativa mas sobretudo para quem quer descomprimir, ver cabeças a saltar e o mundo a explodir à sua volta.
 
Os Crimes do ABC [Agatha Christie] - Prosa
Voltei a ler Agatha Christie, depois de assistir à mini-série de TV Os Crimes do ABC com John Malkovich. A Edição da ASA mostra um Hercule Poirot envolvido num dos casos mais misteriosos por que ele já havia passado: um assassino que lhe envia correspondência a avisá-lo dos crimes que irá cometer. Os Crimes do ABC é um thriller empolgante e emocionante, que nos faz desbravar caminho com uma curiosidade crescente à medida que os eventos se desdobram. Nem sempre conseguimos acompanhar o intelecto retorcido de Poirot, mas a sua perspicácia acaba sempre por sair ao de cima. É mais um livro muito bom de Agatha Christie, que mostra um Poirot já retirado mas com muito potencial para continuar a resolver casos, mais do que os novos inspetores.
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  • 1 mês depois...
Leituras de janeiro:
 
A Canção de Kali [Dan Simmons] - Prosa
Terminei 2019 a ler A Canção de Kali de Dan Simmons, leitura que opinei nos primeiros dias de 2020. Publicada pela Saída de Emergência com tradução de João Barreiros, a edição especial de 2009 tem ainda um prefácio de João Seixas e posfácio do tradutor. O livro, publicado em 85, o ano em que nasci, revelou-se uma boa surpresa. Não digo que é superior a O Terror, mas como livro de estreia não esperava mesmo que Simmons apresentasse já uma bagagem tão grande. O livro é protagonizado por Robert “Bobby” Luczak, um jornalista e editor que, junto com a esposa de origens indianas e a filha bebé, viaja a Calcutá para recuperar um manuscrito de uma raridade incalculável, para que venha a publicar o livro e um artigo sobre o mesmo. O seu autor um obscuro poeta indiano que morreu há quase dez anos. O manuscrito porém, é recente, e estranhos rumores alegam que o autor ressuscitou para escrever a obra. É um livro inquietante a todos os níveis. Deixa-nos desconfortáveis e é mesmo essa a intenção: fazer-nos refletir sobre muitos aspetos da nossa civilização.
 
Oathbringer + Edgedancer [Brandon Sanderson] - Prosa
Depois de ter lido em 2019 os dois primeiros volumes de The Stormlight Archive de Brandon Sanderson, The Way of Kings e Words of Radiance, não podia perder muito tempo a devorar o terceiro, também ele publicado pela Tor Books. Fui avisado, porém, que convinha ler a short-story de Brandon Sanderson Edgedancer, antes de avançar para o calhamaço de mil e tal páginas que é Oathbringer, ou deixaria escapar um bom punhado de referências. Mas, como os fãs de Sanderson já sabem, uma short-story do autor dificilmente terá menos de cem páginas. Edgedancer foi mais uma vez prova disso, com mais de duzentas. Depois de acompanhar a jornada de Lift, voltei a encontrar Shallan, Kaladin, Dalinar, Adolin e companhia e Oathbringer é mais um livro incrível de Sanderson, do melhor que tem sido feito em literatura fantástica. Eu só me pergunto que surpresas tem ainda o autor na manga, e o que ele ainda reserva para as minhas personagens preferidas.
 
Controlo + Destruição [Kaiu Shirai e Posuka Demizu] - Mangá
Publicados pela editora Devir em 2019, o segundo e terceiro volumes de The Promised Neverland vieram consolidar o que eu pensava do mangá. O argumento de Kaiu Shirai e a arte de Posuka Demizu não desiludem. Ambientada no ano de 2045, The Promised Neverland conta a história de cerca de quarenta crianças que vivem num orfanato no meio da floresta gerido por Isabella, que todos trata com carinho. Quando completam 12 anos, as crianças são levadas a pais adoptivos que prosseguem na sua educação. Ou… assim pensavam eles. As crianças são levadas a demónios, que os usam para comer os seus cérebros.  A série que aparenta ser facilmente comestível ou com ingredientes mais infantis revela-se sinuosa e cheia de ses, reviravoltas e subversões, acabando mesmo por testar os limites da humanidade e da malevolência humana.
 
Fundação e Império [Isaac Asimov] - Prosa
Publicado pela Saída de Emergência já em 2020 e opinado no dia do lançamento, Fundação e Império é o segundo volume da trilogia Fundação de Isaac Asimov, considerada a maior obra de ficção científica de todos os tempos. Numa primeira fase deste livro vemos as estratégias militares e políticas do Império e no novo comandante Bel Riose, sendo a segunda mais apelativa, com a perseguição à localização da Segunda Fundação por parte de um vilão mutante. Este volume cumpriu e elevou as minhas expectativas para com a saga. A prosa de Asimov é escorregadia e brilhante, a narrativa é basicamente apresentada através dos diálogos e o autor foi realmente incrível na maneira como o fez, conseguindo arrastar o leitor para aquela realidade inusitada sem precisar de qualquer infodump. Fundação e Império é uma prova viva da facilidade com que Asimov consegue emergir os seus leitores.
 
O Armazém [Rob Hart] - Prosa
Também pela Saída de Emergência mas lançado ainda em 2019, O Armazém de Rob Hart é uma distopia imprescindível nos dias de hoje, e precisa ser incluída nesse lote restrito em que colocamos as obras de Huxley, Orwell, Bradbury e companhia. A Cloud é uma empresa gigante que domina a economia americana depois do desaparecimento do comércio “tradicional”, na sequência de uma série de assassínios em massa conhecidos como o Massacre da Sexta-feira Negra. As pessoas receiam sair de casa e a Cloud faz-lhes chegar todo o tipo de bens, acabando por destruir todos os outros negócios. A Cloud apresenta-se como um sonho tanto para consumidores como para os seus colaboradores, mas a experiência de trabalhar ali é bem diferente daquela que é veiculada pelos meios de comunicação. Paxton e Zinnia que o digam. Foi um livro que me deixou a pensar e que está muito mais próximo da nossa realidade do que podemos imaginar. E esse é o real motivo pelo qual precisamos ler este livro.
 
Neste momento estou a ler Coma de Robin Cook.
Editado por SorNunz
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  • 5 semanas depois...
Clube de Patifes [Dan Simmons] - Prosa
Comecei fevereiro a ler Clube de Patifes de Dan Simmons, uma publicação Saída de Emergência com tradução de João Seixas. O livro é protagonizado por uma personagem fictícia, mas é Ernest Hemingway a personagem capital do livro. O agente do FBI Joe Lucas é contactado por J. Edgar Hoover a fim de manter debaixo de olho o famoso escritor. É que vive-se o auge da Segunda Grande Guerra e Hemingway pediu apoio ao governo americano para criar uma rede de espionagem a partir da sua residência em Cuba.
Acompanhamos vários momentos da sua luta contra o nazismo até à suposta morte por suicídio, cuja obra de Simmons põe em dúvida. Clube de Patifes traz ainda à tona escândalos e curiosidades, referenciando figuras da elite política da época e transformando celebridades em personagens decorrentes do livro. O livro é um perfeito thriller de espionagem muito pouco fictício.
 
Coma [Robin Cook] - Prosa
Coma, de Robin Cook, foi publicado o ano passado em Portugal pela Bertrand, tendo, no entanto, sido publicado originalmente em 1977. Sendo um dos trabalhos percursores do chamado género thriller médico, não deixou de ser a minha primeira desilusão de 2020. Estava à espera de encontrar um thriller complexo e interessante, mas acabei por encontrar um mistério que me parece de clara resolução nos primeiros capítulos. O livro é, na maioria, passado num hospital. Nancy Greenly e Sean Berman, que ali foram internados para pequenas intervenções cirúrgicas de rotina, tornam-se inexplicavelmente vítimas da mesma surpreendente e horrível tragédia na mesa de operações. Os dois entraram em coma. Apesar dos conhecimentos médicos do autor, as relações são típicas dos romances de cordel, com poucas nuances em relação ao que nesta altura tanto foi já reproduzido nos media.
 
White Sand Vol. 2 e 3 [Brandon Sanderson, Rik Hoskin, Julius Gopez e Fritz Casas] - BD
Li o segundo e terceiro volumes da BD White Sand, a adaptação gráfica do romance inaugural de Brandon Sanderson, que nunca o chegou a publicar em prosa. O segundo volume tem arte de Julius Gopez, como no primeiro, sendo substituído no terceiro álbum por Fritz Casas, sendo o trabalho de adaptação narrativa desenvolvido continuamente por Rik Hoskin.  A história de White Sand acompanha Kenton, líder de uma comunidade de Mestres de Areia. Apesar de ser mestiço, sempre foi obstinado e bom em argumentos, e não só consegue tornar-se um acolent, como vencer o caminho de mastrell e tornar-se um. Não é um trabalho narrativo de grande complexidade, em comparação com The Stormlight Archive, por exemplo, mas não deixa de ser bastante interessante conhecer todos os trabalhos de Brandon Sanderson dentro do seu universo compartilhado – a Cosmere – e White Sand, como as restantes entregas do autor neste universo, é completamente “a minha praia”.
 
Huck [Mark Millar e Rafael Albuquerque] - BD
Publicados pela G Floy Studio em 2019, a BD Huck tem argumento de Mark Millar e ilustrações de Rafael Albuquerque. Huck é um rapaz de 34 anos que trabalha numa bomba de gasolina e ajuda os seus vizinhos apenas por bondade, sem usar falsas identidades, fatos ou máscaras. As suas origens remetem-se ao dia em que foi abandonado à porta de um orfanato, dizendo para que os seus cuidadores o amem. Assim sendo, foi criado para fazer uma boa ação por dia. Apesar de ser uma premissa pouco inventiva, sem grandes guinadas do guião que nos deixem de boca aberta, é um volume auto-conclusivo bastante interessante e agradável de ler e de seguir. É a arte de Albuquerque, porém, a grande mais-valia do álbum.
 
Jesus Cristo Bebia Cerveja [Afonso Cruz] - Prosa
Publicado pela Alfaguara em 2012, Jesus Cristo Bebia Cerveja de Afonso Cruz conta a história de Rosa, uma rapariga inculta do campo, que chupa pedras para relembrar dores do passado. Foi criada no Alentejo, que a avó compara frequentemente a um cemitério. A avó, Antónia, está a definhar, e quer ir a Jerusalém antes de morrer. Ari, o pastor, descobre a sexualidade com a rapariga. E a rapariga vê-se no epicentro de um escândalo sexual, entre a sua colega Matilde e o patrão, Santos & Santos. Tudo isto fica mais confuso com a chegada do professor Borja, obcecado pelas ciências, que se torna também ele obcecado pela rapariga. Com traços de humor negro, crítica social, religiosa e aos “bons velhos costumes”, Jesus Cristo Bebia Cerveja oferece uma narrativa que seria frugal, frágil e vulgar, não fosse a riqueza de detalhes, as metáforas e a escrita requintada que o autor oferece. Da prosa à narrativa, tudo neste livro foi para mim sui-generis, o que, não sendo de maneira nenhuma uma crítica, também não me arrebatou como por momentos julguei que acontecesse.
 
Uma Coisa Absolutamente Incrível [Hank Green] - Prosa
Pela TopSeller, Uma Coisa Absolutamente Incrível de Hank Green foi uma estranha leitura. Eu tinha as expectativas bem a zero em relação ao livro, e com uma certeza quase absoluta de que o iria odiar, pelas reminiscências que ainda trago do hype que este livro gerou e que se repercutiu em certas comunidades aquando do seu lançamento. Mas a verdade é que eu não só gostei como fiquei agradavelmente surpreendido com este livro de Hank Green, irmão do famoso escritor John Green. Protagonizado pela youtuber bissexual April May, ele fala sobre o lado negro da fama, sobre os amores platónicos dos fãs, sobre fake news, política, violência, Internet, a cultura dos likes e a importância das redes sociais, os ódios inflamados que elas despertam, e fala também sobre amizade, espírito de grupo, sobre as pessoas e as atitudes que realmente importam. Um livro que prende da primeira à última página.
Editado por SorNunz
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  • 2 semanas depois...

(Não sei bem se é este o tópico em que posso comentar isto, mas pronto ahah)

Acabei agora de ler o livro Aqueles Que Merecem Morrer de Peter Swanson, recomendado por @VINTAGE, no tópico de Na Corda Bamba, sendo uma ótima recomendação. Dessa forma, comprei-o e acabei de o ler. Dos melhores livros que já li. É otimo, cheio de cenas inesperadas e incrível na forma magistral como é contado, desde o passado, ao presente, da perspetiva de uma cena por duas personagens diferentes. Adorei. Lily, A Melhor sem dúvida. <3Recomendo. Obrigado!

  • Adoro 1
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há 7 horas, Rafael L disse:

(Não sei bem se é este o tópico em que posso comentar isto, mas pronto ahah)

Acabei agora de ler o livro Aqueles Que Merecem Morrer de Peter Swanson, recomendado por @VINTAGE, no tópico de Na Corda Bamba, sendo uma ótima recomendação. Dessa forma, comprei-o e acabei de o ler. Dos melhores livros que já li. É otimo, cheio de cenas inesperadas e incrível na forma magistral como é contado, desde o passado, ao presente, da perspetiva de uma cena por duas personagens diferentes. Adorei. Lily, A Melhor sem dúvida. <3Recomendo. Obrigado!

Fico imensamente feliz que o tenhas lido. É um dos melhores livros que já li na vida. Deixo-te mais três recomendações:

"Verity" de Colleen Hoover; "Perto de Casa" e "No Escuro" de Cara Hunter. 

Boas leituras. 

Editado por VINTAGE
  • Obrigado 1
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  • 2 semanas depois...
As Sombras Eternas [Glen Cook] - Prosa
Comecei o mês de março com uma novidade da Saída de Emergência. As Sombras Eternas é o segundo volume da saga As Crónicas da Companhia Negra de Glen Cook, um livro escrito nos anos 80 e que é, sem dúvida, uma obra-prima da fantasia militar e do grimdark. O livro é passado vários anos após o final do primeiro volume. Especula-se que o Corvo e Amorosa tenham desertado da Companhia Negra para se juntar aos rebeldes devotos à Rosa Branca, mas Físico, o narrador da história, não o vê há anos e mantém viva a curiosidade para com o seu destino. Na cidade de Zimbro conhecemos Marron Cabana, um taberneiro, dono do Lírio de Ferro, que numa primeira instância se encontra precisamente com o misterioso Corvo, que o leva a conhecer o mistério do Castelo Negro, onde quem se aproxima desaparece misteriosamente e cujos ocupantes pagam bem a troco de corpos… mortos ou vivos. As Sombras Eternas é uma prova física da capacidade incrível de Glen Cook para explorar cenários fictícios e desenvolver interações entre personagens com uma destreza e credibilidade relevantes.
 
As Trevas Aproximam-se [Cullen Bunn e Tyler Crook] - BD
Uma das novidades da G Floy Studio é o sétimo volume de Harrow County, As Trevas Aproximam-se, de Cullen Bunn e Tyler Crook. Para quem não se recorda, Harrow County é uma pequena vila isolada no Sul dos E.U.A., assombrada por um passado ligado ao sobrenatural. A jovem Emmy Crawford descobre da pior forma ter surgido no mesmo local onde uma mulher acusada de bruxaria morreu, quando estava prestes a completar dezoito anos. Após resolver uma série de questões e afastar as aparições macabras que assombravam o local, Emmy vê-se com mais problemas em mãos. Harrow County demorou a convencer-me, mas é seguramente das melhores histórias de horror que já vi escritas – e principalmente desenhadas – na minha vida. Tudo bem que ela tem uns toques mais infantis na caracterização das personagens, mas tudo isso é servido numa travessa cheia de sangue e entranhas. Assombroso!
 
O Pacto da Letargia [Miguelanxo Prado] - BD
Pela Ala dos Livros chegou a nova obra-prima de um autor espanhol muito acarinhado no nosso país, Miguelanxo Prado, que estará em Portugal no Festival de BD de Beja e na ComicCon Portugal em 2020. O Pacto da Letargia é o primeiro volume da Trilogia do Tríscelo, uma visão inusitada por parte do autor galego sobre a natureza humana e a sua correlação com o meio ambiente, numa evidente crítica ambiental. Somos arrastados numa viagem por um mundo de faz de conta, onde a magia nos envolve num ambiente de secretismo sobre o impacto do Homem no planeta e no que é preciso para encontrar nele o equilíbrio. Prado sensibiliza-nos para o perigo em que a Humanidade se traduz para o meio ambiente, através de uma série de metáforas e de “brincadeiras” bem conseguidas. Com muita influência da cultura celta, Prado oferece uma história memorável e uma arte sem igual.
 
Dois Irmãos [Milton Hatoum, Fábio Moon, Gabriel Bá] - BD
Pela G Floy, mas ainda um dos últimos lançamentos de 2019, chegou Dois Irmãos, a adaptação para novela gráfica do romance homónimo do autor brasileiro Miltou Hatoum, pelas mãos dos também brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá, os gémeos mais famosos da nona arte. Dois Irmãos narra a história da relação conturbada entre dois irmãos de uma família de ascendência libanesa que vive em Manaus. A trama apresenta vários apontamentos em que os membros da família lidam com situações de ciúme, rancor e raiva que os anos teimam em não mitigar. Filhos de Halim e Zana, Yaqub e Omar vivem uma rivalidade desmedida, movida pela inveja e pelo desejo. É uma história familiar repleta de segredos obscuros e de cenas bem calientes, onde a sensualidade e o mistério caminham de mãos dadas. Com uma simplicidade incrível, Moon e Bá conseguem transmitir tudo isto a preto e branco, com uma certa dose caricatural.
 
Lolita [Vladimir Nabokov] - Prosa
Uma publicação Relógio D'Água, Lolita de Vladimir Nabokov é um clássico da literatura, que foi adaptado para o cinema num filme de culto por Stanley Kubrick. Humbert Humbert é o pseudónimo do protagonista narrador deste livro, que conhecemos através dos seus relatos escritos numa espécie de diário que pretende publicar, e que é de certa forma romanceado para tornar menos chocante o seu apetite por meninas de doze anos. O que não consegue com facilidade. O protagonista mostra-se desde o primeiro momento obcecado por Dolores Haze, uma menina com quem se envolve sexualmente após se tornar seu padrasto e a quem chama “carinhosamente” de Lolita. A mãos com o relato de uma relação doentia, Nabokov tem mérito em conseguir descrever bem a sociedade da época, mas o discurso repetitivo do protagonista, o seu fascínio absurdo por (várias) crianças e as fantasias que o autor se esforçou para que parecessem ao mesmo tempo poéticas e viscerais, são componentes que não deixam de ser perturbadoras e nojentas.
 
O Arquipélago da Insónia [António Lobo Antunes] - Prosa
O Arquipélago da Insónia de António Lobo Antunes foi publicado pela D. Quixote em 2008. Lobo Antunes apresenta-nos um protagonista sui generis, o neto de uma qualquer família abastada que, no regresso às suas origens alentejanas, revisita os rostos nas molduras de família e recorda, ou imagina, acontecimentos que marcaram a vida trágica dos mesmos durante o tempo em que aquela mansão foi habitada. É um livro que revela por camadas os eventos fulcrais de uma família e todos os preceitos que a vida rural obriga. Amores, ódios, assassinatos e traições permeiam grande parte da obra. Um relato que não deixa de ser entusiasmante mas que obriga o leitor a ser obstinado e perseverante, até chegar ao último terço do livro e finalmente compreender alguma coisa da história. A escrita é complexa e fenomenal, mas aquilo que ao fim se ganha não compensa a dificuldade de leitura. Mesmo assim, quero ler mais do autor.
 
O Gerente da Noite [John le Carré] - Prosa
Também pela D. Quixote, O Gerente da Noite de John le Carré foi a minha última leitura do trimestre. Jonathan Pine é um ex-militar, veterano das campanhas no Iraque, que preferiu a vida discreta de um gerente no turno da noite de um hotel em Zurique e que foge a compromissos emocionais. Quando recebe um novo hóspede, porém, depressa se recorda de Sophie, a mulher que um dia lhe pediu ajuda e que morreu por isso. Era a amante do filho de uma família rica da cidade com ligações ao submundo do crime, que lhe passou para a mão uma pasta com documentos secretos. Após os serviços secretos britânicos tomarem contacto com esse incidente, colocam Jonathan Pine como agente infiltrado de um departamento de investigação britânica encabeçado por Leonard Burr. Se nunca leram John le Carré, penso que este não seja o melhor livro para o fazer, mesmo se viram e adoraram a série de TV. É um livro típico do autor, um dos meus autores preferidos, e como tal gostei imenso também deste, mas não é nem de perto dos melhores.
 
Para abril, virão nomes como Bernard Cornwell, Philip Pullman ou Stephen King.
 
 
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  • 2 anos depois...

9781398505247.jpg

:cryhappy:

Foi o primeiro romance gay que li. Gostei muito e achei fofissimo. A atmosfera é perfeita, as famílias tipicamente agradáveis e interessantes à sua maneira, o pano de fundo mexicano e de verão encaixa muito bem com tudo. As estrelas. O deserto. Os desenhos. Que coisinha gira. Pena a pouca quantidade daquilo que é extremamente pleasing :cryhappy:

Mas pelo menos tive sorte na altura em que li, o ano passado saiu o segundo livro e este ano vai sair um filme :adoro:

  • Gosto 1
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  • 10 meses depois...
  • 5 meses depois...
On 30/03/2022 at 17:06, tjspy disse:

9781398505247.jpg

:cryhappy:

Foi o primeiro romance gay que li. Gostei muito e achei fofissimo. A atmosfera é perfeita, as famílias tipicamente agradáveis e interessantes à sua maneira, o pano de fundo mexicano e de verão encaixa muito bem com tudo. As estrelas. O deserto. Os desenhos. Que coisinha gira. Pena a pouca quantidade daquilo que é extremamente pleasing :cryhappy:

Mas pelo menos tive sorte na altura em que li, o ano passado saiu o segundo livro e este ano vai sair um filme :adoro:

Não sei se entretanto já leste, mas recomendo-te Heartstopper (graphic novel). 

Acho que vais gostar! 

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  • 1 mês depois...
  • 1 mês depois...
On 22/09/2023 at 23:42, Cláudio. disse:

A ler A Criada e já com Verity à espera.

Já podes ler também “O Segredo da Criada”, que é o segundo. Não é tão bom, mas entretém também :cryhappy: “Verity” é ótimo. As cenas de sexo são meio random (é habitual na autora), mas a história é muito boa e o final é *chefs kiss* 

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há 1 hora, jean disse:

Já podes ler também “O Segredo da Criada”, que é o segundo. Não é tão bom, mas entretém também :cryhappy: “Verity” é ótimo. As cenas de sexo são meio random (é habitual na autora), mas a história é muito boa e o final é *chefs kiss* 

Estou a meio da Criada e até agora estou a gostar bastante, mas a Nina irrita-me imenso 🤣

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