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Memórias da Televisão Brasileira


Luiz Felipe

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há 1 hora, PierreDumont disse:

Eu lembro de um artigo do jornalista Paulo Henrique Amorim de que o Brasil seria o melhor candidato à Televisão paga por cabo por ser altamente urbanizado [81%], mas o lobby da Globo supostamente impediria tal experiência. Em tempo: a legislação brasileira da época mais prejudicava que ajudava. A TV por cabo só poderia operar dentro dos limites do município da concessão, o que impedia a expansão para as cidades circunvizinhas e a mitigação de custos. Por sua vez, as operadoras de TV por microondas tinham a brecha legal para operar nas cidades vizinhas, mas o Ministério das Comunicações só permitia a oferta máxima de 15 canais analógicos [ou que impedia uma oferta verdadeira atrativa].

Sendo assim, a maioria dos assinantes eram dos serviços por satélite. A Globosat [1991-98] e a TVA Digisat [1995-2000] eram muito populares no Nordeste do Brasil até o advento da Sky e da DirecTV na terceira metade dos anos 90. Porém, mesmo elas eram caríssimas. Por volta de 1997, o consumidor precisaria comprar o equipamento, a instalação e a habilitação ao custo de 915 euros fora a mensalidade dos canais, que deveria sair por pelo menos por 42 euros mensais. Lembrando que o salário mínimo brasileiro da época era o equivalente a 110 euros.

Isso sem contar a programação pouco afeita ao gosto médio do brasileiro: poucas atrações eram dobradas ou produzidas nacionalmente, além de refletir o gosto médio  norte-americano. Sendo assim, a TV paga nunca foi realmente popular no Brasil, salvo uma breve e tardia ilusão entre 2008 e 2014. 

Eu li um artigo do fim dos anos 90 da Folha que era relacionado com documentos de uma empresa testa de ferro de Edir Macedo no Canal da Mancha (o nome da empresa aparece no vídeo em cima) e pouco depois das revelações, veio um membro da cúpula dos canais do Macedo a dizer que não eram a IURD. Na entrevista eu encontrei algo que preveram e muito bem:

"Folha - Por que a Universal não entrou na TV paga?

Gonçalves - Esse "boom" de TV paga não passa de ilusão. A disputa no mercado será tão grande que metade vai quebrar."

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há 7 horas, ATVTQsV disse:

Eu li um artigo do fim dos anos 90 da Folha que era relacionado com documentos de uma empresa testa de ferro de Edir Macedo no Canal da Mancha (o nome da empresa aparece no vídeo em cima) e pouco depois das revelações, veio um membro da cúpula dos canais do Macedo a dizer que não eram a IURD. Na entrevista eu encontrei algo que preveram e muito bem:

"Folha - Por que a Universal não entrou na TV paga?

Gonçalves - Esse "boom" de TV paga não passa de ilusão. A disputa no mercado será tão grande que metade vai quebrar."

O brasileiro tinha uma razoável oferta de programação na TV aberta e estava tão acostumado que quando poder ter TV à cabo, a sua principal intenção era ter os canais abertos com a melhor qualidade de imagem possível. A medida que a TV digital progredia no Brasil juntamente com a popularização do streaming e da Internet Banda Larga, o brasileiro médio não via grande utilidade em ter o serviço. 

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@ATVTQsV lembrei de algo: o governo brasileiro concedeu vários canais na banda UHF para diversas empresas nos anos 80, entre elas a Globo e a Editora Abril para o chamado "Serviço Especial de Televisão por Assinatura". Os canais poderiam emitir livremente até 11 horas ao dia, nos demais horários deveria estar com o sinal codificado. Após um começo promissor em 1989 com o Canal Plus [sem correlação com a empresa francesa e que retransmitia a ESPN norte-americana], o serviço não emplacou no Brasil. 

Os 5 canais emitidos pelo serviço eram: ESPN Internacional, RAI, CNN, TV Som [canal de videoclipes que chegou a ser uma logo idêntica à MTV] e boletins da UPI.
 

Ainda existia a TV Alpha [canal 50 UHF] que emitia eventos esportivos norte-americanos antigos e muito filme erótico.

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  • 2 semanas depois...
On 05/07/2023 at 18:03, PierreDumont disse:

O brasileiro tinha uma razoável oferta de programação na TV aberta e estava tão acostumado que quando poder ter TV à cabo, a sua principal intenção era ter os canais abertos com a melhor qualidade de imagem possível. A medida que a TV digital progredia no Brasil juntamente com a popularização do streaming e da Internet Banda Larga, o brasileiro médio não via grande utilidade em ter o serviço. 

Complementando, a TV paga no Brasil vinha crescendo em assinantes com o satélite, porque os preços estavam muito competitivos. Lembro-me que a Via Embratel/ClaroTV anunciava nos comerciais das parabólicas e tinha um preço muito mais atrativo que a Sky, tipo 39,90 por mês nos 3 primeiros meses no pacote mais banal, além de não pagar equipamento nem instalação. Fidelidade era de 1 ano, acho.

E isso era um preço tão bom que na minha cidade, até as residências mais simples conseguiam acesso ao produto.

Só que esse boom veio com aumento da mensalidade, crise financeira generalizada, inflação de outros gastos necessários para o dia-a-dia das famílias... e nessas horas a primeira coisa a ser cortada é o mais supérfluo. Entre internet, celular e TV paga, esta última é cancelada primeiro. E assim foi.

Mais tarde, veio as AZBox e similares, que exigiam mais de uma antena na casa (tirando a discrição de usar um serviço pirata).

Sem contar a existência do streaming, que esvaziou o próprio conteúdo da TV paga (que, hoje em dia, encareceram muito).

A única forma de reverter isso hoje, seria se as grandes operadoras de telefonia ofertassem combos e usassem o sinal da internet para a TV. Assim, dispensa a instalação de cabo, antenas, e o sinal não cai com a chuva, como no satélite.

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há 58 minutos, pedrovinsky disse:

Complementando, a TV paga no Brasil vinha crescendo em assinantes com o satélite, porque os preços estavam muito competitivos. Lembro-me que a Via Embratel/ClaroTV anunciava nos comerciais das parabólicas e tinha um preço muito mais atrativo que a Sky, tipo 39,90 por mês nos 3 primeiros meses no pacote mais banal, além de não pagar equipamento nem instalação. Fidelidade era de 1 ano, acho.

E isso era um preço tão bom que na minha cidade, até as residências mais simples conseguiam acesso ao produto.

Só que esse boom veio com aumento da mensalidade, crise financeira generalizada, inflação de outros gastos necessários para o dia-a-dia das famílias... e nessas horas a primeira coisa a ser cortada é o mais supérfluo. Entre internet, celular e TV paga, esta última é cancelada primeiro. E assim foi.

Mais tarde, veio as AZBox e similares, que exigiam mais de uma antena na casa (tirando a discrição de usar um serviço pirata).

Sem contar a existência do streaming, que esvaziou o próprio conteúdo da TV paga (que, hoje em dia, encareceram muito).

A única forma de reverter isso hoje, seria se as grandes operadoras de telefonia ofertassem combos e usassem o sinal da internet para a TV. Assim, dispensa a instalação de cabo, antenas, e o sinal não cai com a chuva, como no satélite.

Há que referir que com a Internet, para além do cardsharing surge a possibilidade de transmissões por listas de IPTV pirata, passando à frente qualquer processo de aquisição de antenas DBS.

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  • 2 semanas depois...
  • 3 semanas depois...
On 05/08/2023 at 15:10, D91 disse:

 

Deve ser estranho para vocês ver o início e o fecho da emissão dos anos 80 sem o hino nacional e sem a locutora de continuidade, não? Nesta época apenas a TV Cultura de São Paulo fazia uso do hino nacional. Nem mesmo a TVE Brasil, emissora pública federal, fazia uso:
 

 

On 05/08/2023 at 12:52, D91 disse:

O SBT tinha uma estrutura bastante razoável para padrões da época: ela herdou os 5 estúdios que foram usados pela extinta TV Excelsior até 1970. Antes mesmo da inauguração, em 1981, eles compraram um prédio vizinho que era uma indústria gráfica bancária, que foi reformado e garantiu mais 3 estúdios. Contabiliza-se ainda o Teatro Sílvio Santos em 1978 e o antigo auditório da TV Tupi, onde era gravado o Jô Onze e Meia [visto em Portugal pela SIC nos anos 90]. Assim eram totalizados 10 estúdios, todos de tamanho considerável [600 a 800 m2] e próprios. Nem a TV Globo dispunha de algo assim: próprios apenas os atarracados estúdios do Jardim Botânico. A Globo arrendava 7 estúdios de terceiros em diversos endereços do Rio de Janeiro, incluindo o mítico Teatro Fênix.

Aliás, nem o SBT e nem a Rede Manchete eram as prediletas pelo Regime Militar para ganhar os canais outrora pertencentes às Emissoras Associadas que integravam a Rede Tupi até 1980. Sobre o SBT, o relatório da concorrência pública dizia que:

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O relatório indica que os vencedores das concorrência seriam: Visão Rádio e TV Sociedade Civil Limitada [provavelmente trata-se da sociedade criada pelo engenheiro Henry Maksoud, dono do hotel que era o mais luxuoso de São Paulo [Maksoud Plaza] e da revista Visão [1952-1993]. O projeto era liderado, se não me engano, por Walter Clark, ex-diretor da Rede Globo. Depois viriam a Rádio e Televisão Universitária Metropolitana Limitada, de propriedade do jurista e empresário Edevaldo Alves da Silva, dono da FMU [Faculdades Metropolitanas Unidas] e ligado ao controverso político Paulo Maluf. Por fim tínhamos o projeto da Rádio Jornal do Brasil para o Rio de Janeiro. O problema é que eles já havia recebido outorgas na primeira metade dos anos 70 e nunca implantou as estações em tempo hábil [2 a 3 anos a contar da assinatura da concessão]. 

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Tinha uma fase em que a Manchete punha a locução da grelha nos seus primeiros anos. Recentemente surgiram algumas gravações de meados/finais dos anos 80 e pelo que sei, só davam no fecho

A Band não conta (salvo o fim dos anos 90), porque tinham as mascotes da Excelsior até 1984 (não durou muito e a morte do criador levou à retirada) e daqui veio o vídeo da lista de afiliadas. Que depois de cerca de uma dúzia de anos (e actualizações periódicas na lista) saiu do ar por causa de problemas com o dono da letra.

/|\ Aí sim é que é o clássico. Lista que começava com a cabeça depois as restantes próprias por ordem alfabética de cidade e por último as afiliadas por ordem alfabética.

Editado por ATVTQsV
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On 20/08/2023 at 19:48, ATVTQsV disse:

A Band não conta (salvo o fim dos anos 90), porque tinham as mascotes da Excelsior até 1984 (não durou muito e a morte do criador levou à retirada) e daqui veio o vídeo da lista de afiliadas. Que depois de cerca de uma dúzia de anos (e actualizações periódicas na lista) saiu do ar por causa de problemas com o dono da letra.

A lista de afiliadas deixou de ser atualizada no começo de 1993. Perceba que não constam, na lista de 1996, as TVs Jornal de Aracaju, Barriga Verde de Florianópolis e RBA de Belém, que deixaram a Manchete em meados de 1993.

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há 3 minutos, PierreDumont disse:

A lista de afiliadas deixou de ser atualizada no começo de 1993. Perceba que não constam, na lista de 1996, as TVs Jornal de Aracaju, Barriga Verde de Florianópolis e RBA de Belém, que deixaram a Manchete em meados de 1993.

essa tal do Uruará já constava da lista e pelos vistos só foi ao ar em 1995, um ano antes de receber outorga, mas pelos vistos já estava sendo planeada desde 1993.

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  • 2 meses depois...
On 25/11/2023 at 13:42, D91 disse:

As quatro melhores passagens do tempo das telenovelas do SBT:

 

Sempre achei muito foda essa passagem de tempo de Canavial de Paixões, por sinal uma pena que depois de Abismo de Paixão, o SBT tenha deixado de lado a versão brasileira da história, teria dado uma boa reprise no ano passado.

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  • 2 semanas depois...

No dia 6 de Janeiro deste ano que agora termina foi descoberto o encerramento das estações do grupo RBS, no tempo em que cada geradora tinha o seu próprio nome (a TV Gaúcha era a TV Gaúcha, a TV Erexim era a TV Erexim e por aí vai), emitido entre 1979 e 1983 e o melhor é que é PAL puro e duro. Esta animação é bem mais prazeirosa do que aquele tal encerramento com o poema do Dirceu, a música é agradável até, os meus instintos dizem que este separador provavelmente abria as emissões também, com outra locução, mas o que importa é que um dos lost medias da televisão brasileira surgiu em 2023 e literalmente ninguém estava a pedinchar por isso. Quando a 1 de Outubro de 1983 é feita a renovação geral, com o olho a passar a um formato circular, o grupo de filiais passou a chamar-se RBS TV.

E com "olho" no que foi postado no canal Antiguidades Virtuais, ainda estou por saber como é que a Tupi saía do ar no período de 1978 a 1980 (o T que depois ajudou a levar o canal pràs cucuia), a Band antes de retomar as mascotes da Excelsior, a TVS (o Antiguidades Virtuais recebeu lotes do Rio) e o SBT nos primeiros anos (se é que antes de 1990 o SBT RJ era a TVS na mesma). 80% de hipóteses de que não existem nessas cassetes, mas ainda há 20% de esperança que surjam tais raridades.

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