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Comunicação Social em Portugal


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há 46 minutos, AG. disse:

mas com a crise e com o online a aparecer o DN não soube fazer essa transição, ao contrário do Público que desde o início da internet em Portugal fez uma grande aposta nessa área. O DN na fase final da Lusomundo parecia que ia também apostar nessa vertente, mas a venda à Controlinveste foi uma grande regressão nesse capítulo. E isso foi fatal a médio prazo para o jornal.

A aposta no online foi o motivo que levou a "Global" a ser comprada pela PT Multimédia na altura em que foi. A Internet do início da década de 2000 até meados da mesma foi um campo de batalha de "portais", seja cá dentro ou até mesmo lá fora. Por cá o Público foi útil à Sonae para ajudar a alimentar o Clix. A PT Multimédia queria ter algo mais abrangente com o SAPO e a integração de conteúdos de informação e foi aí que a futura LMM entrou. Isso e outros exemplos como a parceria com a Sportinveste para conteúdos desportivos e a parceria com a SIC para conteúdos de TV (a RTP tinha parceria com o Clix para alguns conteúdos e a TVI trabalhava com a irmã IOL). Com o crescimento das redes sociais (embora ainda numa fase bastante embrionária) e uma ainda fraca adopção da Internet por parte do público-alvo de muitos destes conteúdos, deixou de fazer sentido à PT estar a gastar dinheiro nisto e surgiu o candidato ideal para se desfazerem da imprensa escrita.

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há 31 minutos, bacalhaucomnatas disse:

eu sempre vi o DN como um PÚBLICO com menos recursos e qualidade. no princípio dos anos 00 cheguei a comprar por causa de uma oferta que eles fizeram de jogos para PC com o jornal... na atualidade, a meu ver, só se aproveitam as crónicas do padre e professor de filosofia Anselmo Borges. ultimamente, parece-me que deram uma guinada à esquerda com a contratação do Nuno Ramos de Almeida para editor-chefe... 

A última vez que li o DN em papel foi nos primeiros tempos que passaram a semanário (2018) e achei mesmo muito fraco e com poucas páginas. Até me deu pena, confesso.

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há 11 minutos, AG. disse:

A última vez que li o DN em papel foi nos primeiros tempos que passaram a semanário (2018) e achei mesmo muito fraco e com poucas páginas. Até me deu pena, confesso.

Eu também, cheguei a consultar algumas edições desde 2022 e aquilo ainda parecia fraco, Nem sequer tinha alguns serviços que estavam no JN. A qualidade dos jornais da Global Media caiu bastante

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há 44 minutos, AG. disse:

A última vez que li o DN em papel foi nos primeiros tempos que passaram a semanário (2018) e achei mesmo muito fraco e com poucas páginas. Até me deu pena, confesso.

A última vez que comprei o DN foi no dia das últimas eleições presidenciais porque oferecia um suplemento com as capas do jornal das eleições presidenciais do tempo democrático. Por acaso também achei que tinha poucas páginas, mas pensei que fosse por estarmos em pleno covid.

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Eu também tenho pena se o DN fechar, afinal é uma publicação histórica, mas não se pode manter um jornal só porque sim se não tiver um número de leitores considerável. E sim o DN deve ser o jornal diário com menos páginas do que vou vendo.

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Assinado acordo para compra do JN, O Jogo e TSF por grupo de investidores

Compra destes títulos tem como pressupostos a criação de uma nova sociedade para onde serão transferidas as marcas e os seus profissionais.

https://www.cmjornal.pt/tv-media/detalhe/20240206-2125-assinado-acordo-para-compra-do-jn-o-jogo-e-tsf-por-grupo-de-investidores?ref=TvMedia_DestaquesPrincipais

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há 11 horas, D91 disse:

Assinado acordo para compra do JN, O Jogo e TSF por grupo de investidores

Compra destes títulos tem como pressupostos a criação de uma nova sociedade para onde serão transferidas as marcas e os seus profissionais.

https://www.cmjornal.pt/tv-media/detalhe/20240206-2125-assinado-acordo-para-compra-do-jn-o-jogo-e-tsf-por-grupo-de-investidores?ref=TvMedia_DestaquesPrincipais

Ou seja a Nova sociedade adquiriu:

  • Jornal de Notícias
  • JN História
  • O Jogo
  • Notícias Magazine
  • Evasões
  • Volta do Mundo
  • TSF
  • Sociedade Notícias Direct

 

A Global Media fica apenas com o Diário de Noticias e o Açoriano Oriental. 

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há 36 minutos, Foid disse:

Ou seja a Nova sociedade adquiriu:

  • Jornal de Notícias
  • JN História
  • O Jogo
  • Notícias Magazine
  • Evasões
  • Volta do Mundo
  • TSF
  • Sociedade Notícias Direct

 

A Global Media fica apenas com o Diário de Noticias e o Açoriano Oriental. 

A Global Media também deve ficar com o Dinheiro Vivo, penso eu. 

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Em entrevista ao Público, Marco Galinha admite não deixar fechar o DN, DN Madeira e Açoriano Oriental, assumindo o prejuízo da sua operação, se não houver compradores para eles.

https://www.publico.pt/2024/02/05/sociedade/entrevista/marco-galinha-admito-manter-dn-perder-500-700-mil-euros-ano-2079225

 

Spoiler

Marco Galinha: “Admito manter um DN a perder entre 500 e 700 mil euros por ano”

Em entrevista ao PÚBLICO, o empresário dono do Grupo Bel, Marco Galinha, de 46 anos, assegura que não deixará o Global Media (GM) cair e disponibiliza-se para manter na sua esfera pessoal o Diário de Notícias e outros títulos históricos, ainda que assumindo prejuízos anuais entre 500 e 700 mil euros. Engenheiro informático de formação, o empresário hoje reconhece que a venda há apenas três meses ao fundo suíço World Opportunity (com sede nas Bahamas) foi uma má solução, pois o grupo ficou “caótico”.

Antes de avançarmos para a entrevista, quero lembrar o seguinte: há cerca de três anos, numa entrevista ao PÚBLICO, garantiu que a sua presença no Global Media seria consistente, de longo prazo. Passados três anos, vendeu. Pergunto-lhe: até que ponto podemos confiar nas declarações que aqui fará? E clarificar isto é muito importante.
É importante, é. As empresas são dinâmicas. Sei que falar é fácil, mas, quando cheguei, o Global Media (GM) não tinha dinheiro para pagar os salários do mês. Ora, eu tenho responsabilidades no Grupo Bel e, quando entro num projecto, tenho de saber ao que vou. Assim que entrei, dei com outra realidade. Começaram a chegar processos do passado, os quais, infelizmente, não constavam de qualquer das diligências realizadas. Recordo-me de que, logo na primeira semana, recebi uma carta para pagar ao fisco 65 milhões de mais-valias. Esta carta foi contestada por nós e o valor desceu para dois milhões. Depois, a DGT, resultante de um processo do Imofundos [sociedade de investimentos imobiliários do Estado], reclamou mais 800 mil euros. Veio [ainda] mais um pedido de 600 mil euros para pagar ao Paulo Rego. Tudo aquilo foi uma grande surpresa, e a maioria do dinheiro, mais de 90% prevista investir no GM destinou-se a resolver problemas, a tapar buracos. Reduzimos logo em 95% o passivo bancário [BCP e Novo Banco]. A partir daí, comecei a sentir dificuldades nos financiamentos bancários, em particular do Novo Banco [...], que recusou todos os pedidos de novos financiamentos ao grupo.

Além de ter percebido que o GM tinha mais dívidas do que o previsto, o que é que aconteceu para acabar dali a três anos a negociar a venda do GM ao fundo World Opportunity (WOF)?
O que é que aconteceu? A parte de gestão do Grupo Bel é verdadeiramente dura. Se olhar para os dados do grupo em 2020, tinha 40 empresas, hoje tem 80 empresas e duas vezes mais facturação. Não podia sacrificar um grupo com uma determinada vocação, que ganha dinheiro, em prol da sustentabilidade de outro.

Sacrificou o projecto de media em prol do seu grupo empresarial?
Não pode dizer isso porque não é verdade. Chegou uma oportunidade, muito boa, com mais para aportar ao GM, e achei que era o melhor.

Em que é que a proposta do World Opportunity era muito boa?
Era mesmo muito boa, era exactamente o meu sonho de empresário, de criar um projecto da língua portuguesa. Estamos a falar da quinta língua mais forte do mundo. Se se recorda, na entrevista que dei ao PÚBLICO [5/10/2020], defendi um projecto de língua portuguesa. Não acredito que os media em Portugal, neste quadradinho, sobrevivam sem grandes dificuldades. Mas têm uma grande oportunidade no digital. No digital, o GM tem crescimentos de leituras de várias dezenas percentuais. Tanto em São Paulo, como em Luanda, os crescimentos são de 30% ao ano. Acreditei seriamente, e acredito, que é o futuro. Não mudei nada.

O seu objectivo em 2020 era investir no GM dez milhões de euros?
Investimos mais do que isso. No total, ao longo do tempo, investimos 16 milhões no GM, incluindo as posições adquiridas ao BCP e ao NB, equivalentes a 40% do capital, por quatro milhões.

Quando, a meio de 2023, vendeu a posição de controlo ao fundo suíço, recuperou tudo o que investiu no GM?
Também não é verdade. O WOF pagou sete milhões pelo controlo e eu, depois, paguei a antigos accionistas 3,6 milhões de euros, e duas semanas antes de a venda se concretizar, fizemos um aumento de capital do GM de 1,5 milhões. No final de 2023, para que os jornalistas pudessem receber, avançou-se com 2,2 milhões de euros para pagar ordenados.

Quando vendeu ao fundo, tinha em cima da mesa outras ofertas?
Várias. Algumas são confidenciais, outras não, como a do fundo polaco Gremi Media ligado a uma sociedade do George Soros, que apresentou um projecto muito interessante, mas orientado para a Polónia. E agora voltou a mostrar-se interessado em ficar com a totalidade do GM. Só que, na altura, optámos por vender ao fundo suíço, porque tinha mais que ver com o mundo da língua portuguesa.

E agora propõe-se a readquirir o controlo do grupo?
Não, nunca disse isso. Ao ter vendido em 2023, e face ao que se passou depois, sinto que é uma questão de honra e de responsabilidade social não permitir que o grupo GM desapareça. Estava tudo alinhado para que fechasse. Agora procuro criar um projecto, uma ponte para o futuro, que permita aos vários títulos do GM reerguerem-se.

Se três meses depois da entrada do fundo no GM já estava tudo alinhado para o fechar, então o WOF foi uma má escolha?
Não diria que foi má. Correu tudo mal. Estes fundos estão preparados para fazer reestruturações e aquisições. Não metem dinheiro em empresas que não se alterem e, de facto, quando se falou a primeira vez em reestruturar o grupo, o que nada teve que ver comigo, falou-se na "bomba atómica", o despedimento colectivo. A partir daí, foi o caos. Notem que, no plano financeiro do GM, e eu sei o que lá estava, se previa receber o dinheiro da venda da posição da Lusa. Já havia contratos executados, assinaturas ministeriais executadas. E, por razões políticas, o negócio empresarial não se fez. Hoje sei que foi um mau negócio. Ninguém conseguia antecipar o que aconteceu. Mas as nossas decisões são tomadas consoante as circunstâncias.

Agora foi à Suíça falar com os gestores do fundo?
Fui dizer que a situação no GM se tornou insustentável e fui apresentar o meu desagrado. Porquê? Enviei-lhes cartas e comunicações e não responderam. Como sabe, meti uma providência cautelar e fui apresentar uma solução. Estou à espera de receber por escrito a proposta de saída do fundo, que deve chegar até segunda-feira [dia 5 de Fevereiro].

Qual é o seu plano para salvar o GM?
Sei que é fácil apontar o dedo, mas o problema não existia em Junho, altura em que o GM tinha uma situação positiva. A partir daí, já depois da entrada do WOF, deu-se uma brutal destruição de valor. E muito por culpa da envolvência, do ruído que se gerou em torno do GM.

O ruído não surgiu do nada...
Muitas vezes, o ruído surge de organizações instaladas nas redacções. Tenho provas factuais de dirigentes de um partido a montar campanhas dentro das redacções, a fomentar greves. Acredito num jornalismo livre e independente, mas quando o grupo ficou sem dívida, é que começaram a acontecer as coisas estranhas.

A que partidos se refere?
Não falei no plural, disse um partido político. Quando cheguei ao GM, percebi que o grupo tinha acordos com deputados em situação de exclusividade na Assembleia da República. Fui o primeiro a proibir pagamentos a políticos no activo.

Mas está a falar de artigos de opinião?
Sim, e não eram tão mal pagos quanto isso. Assim que tomei a decisão, fizeram-me uma guerra total, a mim e à minha família. E como é que respondo aos meus fornecedores a levar com uma enxurrada de mentiras?

Sabe que ser patrão de media acarreta riscos?
Sei. E fui de uma empresa completamente falida, onde quem mandava verdadeiramente era uma organização, o BE. É a opinião que tenho. E não estou a dizer que o Bloco de Esquerda não é um partido importante, porque é. Mas estava completamente enraizado na TSF. Vim ajudar o GM, não vim para ser sacrificado.

Um empresário "ajudar" exige algumas aspas.
Quando digo ajudar, é que a empresa estava falida, não tinha dinheiro para pagar salários naquele mês, o GM ia fechar nos 15 dias seguintes. E os accionistas antigos pediram: não há qualquer solução possível, ou você entra agora ou o GM fecha. E, é claro, investi também porque acreditei que podia tirar rentabilidade. Então, montei o meu modelo de negócio e reduzi o passivo a quase zero. Acreditei que o digital ia subir, como subiu, e que o GM ia melhorar, como melhorou. Depois veio o fundo…

Quem é que o incentivou a investir pela primeira vez no Global Media?
Bom, houve uma pessoa, mas não quero dizer o nome.

Foi o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Talvez... O Presidente da República fez o que eu faria se fosse Presidente: havia preocupação com o futuro de um grupo que ia fechar e tentou sensibilizar um empresário para o recuperar.

Convidou-o para ir a Belém? Foi falar com o PR pessoalmente?
Pessoalmente, sim. Mas o senhor Presidente não fez qualquer interferência, não me obrigou a investir fosse o que fosse. Sensibilizou-me.

Como é que o convenceu? Lembra-se?
Lembro, foi uma conversa extremamente agradável, disse que era um péssimo sinal para o país deixar um grupo daqueles cair. E que, de certa forma, todos nós, portugueses, perderíamos um pouco.

E perdiam também os bancos accionistas e credores do GM, o BCP e o Novo Banco. Acha que o Presidente quis salvar o GM ou os bancos que estavam a arder com 40 milhões?
Mais do que perderem, os bancos estavam a ter a reputação afectada. Mas não faço esse entendimento. O Presidente sabia que estava ali um peso-pesado, o GM, e que ninguém queria pegar nele. Acredito que não fui o único empresário que chamou.

Quem mais?
Sei apenas que não fui o único. E também fiquei sensibilizado com o jornalista com responsabilidades no grupo, o Domingos Andrade, que me convenceu de que este projecto era viável e exequível.

Confirma que chegou a ir almoçar com o Presidente para celebrar a compra do GM em 2021?
Não, não confirmo que fui almoçar [risos].

Hoje arrepende-se de ter investido no GM em 2021?
Nunca me arrependi de nada na minha vida porque as coisas mesmo más são positivas, formam as pessoas e tornam-nos melhores para o futuro. Não estou arrependido. Eu tinha uma ideia errada do jornalismo e no GM conheci jornalistas maravilhosos.

Qual era então a ideia que tinha dos jornalistas?
Via um país com os números a degradarem-se e pensava que os jornalistas eram muito responsáveis, pois não abordavam com a verdade e com transparência os problemas. Senti, e sinto, que o GM, apesar de alguns estarem alinhados com um partido extremista, tem jornalistas magníficos, incorruptíveis, que sem receberem salário continuaram a trabalhar, o que me marcou. E fiquei seu fã e admirador, o que me levou a preparar esta solução com futuro. Estou empenhado, apesar das greves que houve no GM. Mas digo-vos que algumas das greves não só foram genuínas como justas, tinham razão de ser. A greve da TSF não foi correcta, foi organizada por um partido.

Hoje já foram pagos os salários de Dezembro, mas ainda não o subsídio de Natal.
É verdade. Mas é muito importante perceber que eu vendi a empresa. Acontece que não posso apregoar que o Grupo Bel se move por valores sociais e depois fechar os olhos. E trata-se de um problema social. Decidimos dar uma garantia à VASP e assumir a total responsabilidade por um adiantamento para pôr tudo em dia. E para o subsídio será apresentada em breve uma solução.

Ainda não se percebeu bem o que é que aconteceu para o World Opportunity sair do GM ao fim de três meses?
É perguntar aos jornalistas e ao Parlamento Europeu o que andaram a fazer. Estava tudo a correr bem e um deputado português começou a levantar suspeições sobre o fundo. Eu tenho as contas auditadas do fundo por um banco de investimento. Estive em Genebra nas suas instalações. Pedi referências em todo o lado. Fizemos uma due diligence brutal ao fundo, temos relatórios a todos os níveis. Contactámos bancos, grandes contactos nos Estados Unidos para tentar encontrar qualquer red flag, mas nada. Além disto, ainda contactei um grande CEO da Suíça que andou na escola com uma das pessoas deste fundo de investimento. Disse maravilhas dele e deixou por escrito que era gente séria. Acredito que tenha sido a falsa expectativa de venda da Lusa, ficaram assustados. Houve outras coisas.

Quais?
Questões de reputação. Contaram-me, inclusive, que têm recebido emails de todo o lado a fazer pressão. Estão, neste momento, a perder mais por dano reputacional do que pelo que investiram. Que não foram dez milhões, mas sete.

O fundo sai do GM sem ser ressarcido?
Isso é matéria confidencial.

O que é que pode dizer sobre a solução que gostava que vingasse com a saída do fundo?
Recebemos várias propostas. Voltaram novamente propostas internacionais, algumas de grandes grupos de media, um dos maiores europeus e outros ingleses. Mas não posso falar porque há acordos de confidencialidade assinados. Há ofertas de compra da cabeça do grupo, outras especificamente para o JN, O Jogo e a TSF. As ofertas mais lucrativas e mais interessantes provêm de estrangeiros. Mas a que dá mais paz social e traz mais valor ao grupo foi apresentada por um grupo do Norte aliado a uma cooperativa de jornalistas, que será accionista, e que é para ficar com o JN, O Jogo e revistas. E é para esta solução que mais nos inclinamos. E porquê? No GM, o JN sempre, sempre foi a marca mais sacrificada ao longo dos anos. É uma verdade. O JN nunca teve resultados negativos, já o DN teve sempre muitos resultados negativos e levou um forte investimento do fundo suíço. E é muito desagradável estar a pedir cortes a um jornal que dá lucro constantemente, o que se reflecte em desinvestimentos. A situação era insustentável.

Portanto, ou um investidor assume o GM ou o grupo é retalhado?
Há várias possibilidades, nenhuma está fechada, há apenas entendimentos. A situação é caótica e compete-me a mim, como empresário, conseguir a melhor solução para o GM e para os jornalistas. E, neste caso, a melhor nem é a do ponto de vista financeiro. Porque tratando bem os jornalistas, vamos ter melhores resultados. Não vale a pena pensar que é a tratar mal, a fazer cortes, a entrar com o chicote. Eles, jornalistas, estão determinados em executar a sua missão. E não houve nenhum accionista até hoje que conseguisse mudar a sua mentalidade. Portanto, é possível que os antigos accionistas fiquem com uma participação no novo projecto.

Quando fala em antigos accionistas, refere-se a quem?
Ao Kevin [Ho], ao Soeiro [José Pedro] e ao Mendes Ferreira, e a mim próprio.

E os quatro passam a controlar o grupo?
Diferente disso. Os accionistas antigos convocaram uma assembleia geral para um aumento de capital e preparam-se para controlar novamente o grupo. Nessa AG haverá a possibilidade de entrarem os novos investidores, nomeadamente os do Norte.

Qual é a dimensão em que admite envolver-se pessoalmente no GM?
Não vou deixar cair o grupo, isso garanto. Se todas as propostas falharem, farei tudo para manter a sua sustentabilidade. O objectivo agora é criar um mecanismo que permita garantir o futuro do Global Media sem comprometer as sinergias. Não nos esqueçamos de que há outros títulos, o Açoriano Oriental ou o Diário de Notícias Madeira. Podem não ter valor para investidores, mas têm valor histórico, um valor brutal.

Admite ficar com os títulos não incluídos no pacote do JN e de O Jogo, nomeadamente o DN?
Admito não os deixar cair, se não houver ofertas.

Assumindo os prejuízos?
Eu adoro o DN. Nós [empresários] temos o dever de manter o jornalismo. O PÚBLICO é um grande exemplo disso. Como empresário, tenho o dever de manter isto minimamente independente e estável, de acordo com as minhas possibilidades. Há muitos empresários que querem ser os homens mais ricos do cemitério, mas não querem saber nada do que se passa na sociedade. De um modo ou de outro, todos acabamos por pagar por essa forma de actuar, seja por corrupção, seja pela dimensão que os problemas atingem. Acredito seriamente que, ao não deixar cair o DN, estou a ajudar o meu grupo, que hoje tem responsabilidades no país. Nós temos quase 0,5% do PIB em termos de dimensão. Custa-me a acreditar como é que outros grupos não fazem o mesmo. O que aconteceu durante esta tragédia foi que muitos grupos ouviram dizer que os salários não estavam em dia e cancelaram parte dos investimentos em publicidade. Em vez de ajudarem a recuperar, fizeram exactamente o contrário.

No pressuposto de que o DN não dê lucro nos próximos anos, admite assumir algum prejuízo?
Acredito seriamente que, com o Diário Notícias bem organizado, o prejuízo é mínimo, não é relevante. O DN está a perder um milhão de euros, 1,2 por ano. Ainda há muitos cortes a fazer, não nos jornalistas, mas em termos estruturais. Admito manter um DN a perder entre 500 e 700 mil euros por ano.

Quando reassumir o GM, qual vai ser a primeira decisão?
O grupo de empresários do Norte assumiu, desde já, pôr em dia os salários antes de 7 de Fevereiro. Para mim, foi muito importante a disponibilidade de serem parte da solução. Não são propriamente desconhecidos, são conhecidos no Norte, pessoas credíveis.

Mas quem é o Diogo Freitas, que se apresenta como dono das Bolachas Belgas?
Esse empresário está a dar a cara por um grupo de empresários. É um grupo de empresários portugueses com provas dadas.

Vamos recapitular: O Jogo e o Jornal de Notícias passarão para uma empresa, uma parceria entre a cooperativa de jornalistas e o grupo do Norte?
Está também previsto, mas ainda não concluído, que a TSF possa integrar este projecto, com uma condicionante, pois já decorrem contactos com entidades internacionais. A decisão de manter ou de retirar a TSF do projecto do JN terá de ser posterior. Tudo indica que fique.

Então, a TSF ou irá para um grupo estrangeiro ou ficará sob o chapéu do grupo do Norte.
Exactamente.

E as revistas que estão no GM?
A Evasões e a Volta ao Mundo vão ficar no Norte. Elas trabalham muito com o JN.

Quando entrou no grupo, em 2021, falou com as autoridades governamentais e camarárias? Falou com António Costa?
Falei com todos os líderes de uma forma empresarial, para os sensibilizar para a importância do jornalismo. Todos se manifestaram positivamente, mas da teoria à prática foi uma distância enorme. Não aconteceu nada. A esfera política colocou ao jornalismo um problema, ao olharem para o lado, sem nada fazer. Nalguns Estados europeus mais desenvolvidos ou no Canadá, onde acham que o jornalismo é um pilar fundamental da democracia, têm tomado decisões. Mas os nossos governantes, se calhar, esperam que façamos como os agricultores, que fecharam as estradas e depois o Governo foi aprovar à pressa medidas que pediam. Criaram-se falsas expectativas de que se iam criar soluções [para viabilizar os media]. Estamos hoje aqui, no início de Fevereiro de 2024, e veremos como chegamos a 2025.

Quais são as expectativas?
Apresentei projectos aos presidentes das câmaras de Lisboa e Porto, para recuperar a rede de quiosques atribuídos para a venda de jornais, e que agora andam a ser vendidos por baixo da mesa, já vão na quinta, sexta venda, o que é proibido. E muitos deles estão fechados, outros vendem de tudo menos jornais, sendo que alguns até vendem produtos que nem legais são. E os que vendem jornais, na maioria, não abrem ao domingo.

Qual era a sua ideia?
Tenho dois irmãos com dificuldades, não gosto da palavra deficientes. A minha ideia era criar um projecto com uma associação de pessoas com estas dificuldades e colocá-las em quiosques que possam ser sustentáveis. Na verdade, todos acharam a ideia muito interessante, mas não aconteceu nada, nada.

Há quanto tempo os abordou?
Há dois, três anos. Há uma grande preocupação para marcar presença nas manifestações, mas actos não se tomam.

Que resposta obteve do presidente da CML, Carlos Moedas?
Que estava a trabalhar no assunto.

E de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto?
Também se mostrou muito interessado e continuo a aguardar.

Já aqui disse que tinha falado com o primeiro-ministro e os vários líderes partidários. Esperava que ajudassem em quê?
Na situação da Lusa [venda], era verdadeiramente importante.

Mas não foi para a frente.
Política é sempre a política. Segundo me explicou o ministro da Cultura, houve acordo com todos os partidos, excepto com o Chega, com o qual não chegou a falar. A gestão política depois intrometeu-se na empresarial. O Estado tinha responsabilidades pré-contratuais e 12 horas antes do closing mandou a operação abaixo. Não se faz. Eu não fiz férias, o presidente da Lusa não fez férias, o ministro da Cultura não fez férias para finalizar o projecto. Estivemos todos a trabalhar.

A venda da Lusa estava acertada com quem?
Com todos os órgãos do poder: Direcção-Geral do Tesouro, ministro da Cultura, presidente da Lusa, Joaquim Carreira. A parte processual da operação estava concluída e o dia do closing da operação marcado. E na véspera, à noite, ligou-me o senhor ministro da Cultura [Pedro Adão e Silva] a dizer que o negócio não se ia fazer. A partir daí, sem o dinheiro da operação, o plano financeiro do fundo não se executou. E não se pode ligar a um fundo com estas características a dizer: manda para cá dois milhões. É preciso tempo...

O primeiro-ministro anunciou a demissão a 7 de Novembro de 2023, depois disso continuaram as reuniões para fechar a venda da Lusa prevista para o final de Novembro?
Há uma coisa mais grave. A venda era para ter sido em Julho, depois em Agosto, depois em Setembro. Sou muito desconfiado, a dada altura liguei para o presidente da Lusa e pedi para ver um comprovativo da decisão do Governo de compra da Lusa. Disse-lhe: "Já não acredito em mais nada." O comprovativo foi-me facultado e tinha data de 20 de Outubro. Mas nada aconteceu. Nunca havia disponibilidade,

E ficou marcada para 28 de Novembro. Depois acontece outro escândalo qualquer e, à última hora, o Governo cancela a operação. Acredito que essa é uma das razões principais que nos trouxe à actual situação no GM. O fundo também me disse isso. Claro que não é a única razão, mas não se ter feito o closing da Lusa na altura acordada é a razão principal para os jornalistas não terem recebido salários. No plano financeiro, estava lá a entrada dos 2,7 milhões [o valor que o Governo pagaria pela Lusa]. No negócio com o fundo, queria preservar duas coisas: o espólio e a Lusa. Não queria que a Lusa saísse maioritariamente do meu lado, quase 47%, para um fundo estrangeiro. Descontámos 50% ao preço para que fosse pago no dia previsto. Para mim, era muito importante em termos de reputação.

Mas o fundo deixou de pagar salários…
Sabe bem como é que actuam estes fundos.

Além de não ser possível determinar o nome do seu último beneficiário, estes fundos são predadores…
… não fiquei com essa percepção quando pela primeira vez negociei com eles. Venderam-me a ideia de que tinham um projecto de valor incrível para a língua portuguesa.

… então como é possível que um Governo socialista, bem como a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), tenha permitido passar o controlo de um grupo de media para um fundo com perfil de abutre?
Todo o trabalho feito de compliance e de auditoria ao fundo não indicava o que veio a acontecer.

Há pouco falou no papel do Presidente da República, de como o chamou para entrar no Global Media. Mas, no caso da venda da Lusa, José Paulo Fafe veio a público dizer que a venda tinha corrido mal porque Marcelo Rebelo de Sousa andou a desfazer o negócio. O Presidente deu a última machadada?
Quero acreditar que não. O que ali faltou foi coragem. Ainda esta semana, o Governo aprovou de repente 500 milhões para os agricultores. E a Lusa era quanto? 2,7 milhões. Disso ninguém fala.

Soube de alguma interferência do Presidente da República na operação de venda da Lusa?
Não acho possível. Quem tem a gestão executiva é que não devia ter falhado.

Já falou com o Presidente sobre este caso?
Não.

Em torno de si têm surgido várias polémicas sobre o seu sogro russo…
Conheci o meu sogro em 2020, num negócio de compra de créditos à Hipoges, que, por sua vez, os comprara ao NB no pacote Nata 1. Quando me apresentaram o projecto, disseram-me que investidores em Cascais queriam resolver um problema relacionado com a Herdade Rio Mourinho.

Qual era a sociedade vendida pelo Novo Banco à Hipoges?
A Sociedade Rio Mourinho, com um possível default com avales no Nata I. O meu sogro estava a tentar resolver esse problema, pois estava a ser engando por um sócio. Os activos imobiliários eram extremamente interessantes. Achei que era uma boa posição para ficar com 51%. Foi naquele processo que comecei a namorar com a minha mulher.

O seu sogro está em Portugal desde quando?
O meu sogro viveu antes na Áustria e depois veio para Portugal, onde fez o seu primeiro investimento em 2001.

É verdade que a PJ apareceu nas vossas instalações recentemente a fazer buscas?
Foi a PSP, não a PJ. O que sei é que entraram aqui cerca de 15 agentes. Foi dos momentos mais tristes da minha vida.

Com que fundamento?
Queriam ver a operação de compra dos créditos à Hipoges, que tinha a Herdade Rio Mourinho. Qualquer coisa ligada à Operação Marquês, que já vinha de trás.

E já vendeu esse activo?
Não vendi, ainda sou dono.

Estava aqui quando a PSP entrou nas instalações?
Estava a chegar. Estava aqui a malta da administração de um banco e tiraram-lhes os telemóveis das mãos.

Houve alguma explicação adicional dada pela PSP?
Nada. Acho que foi uma triste coincidência, pois, à mesma hora, entraram pelas casas dos russos todos que vivem em Cascais, na do meu sogro também, centenas de agentes com armas e metralhadoras, num aparato gigantesco. Sei o que senti naquele dia, terror e medo. Acho uma triste coincidência, mas ouvi agentes da autoridade que faziam as buscas, ao lerem nos mandados também nomes russos, comentarem entre si: não é hoje que o Zelensky vai falar ao Parlamento? O processo não deu nada. Reparei que o mandado que me foi mostrado tinha sido emitido há vários dias.

Estava assinado por quem?
Pelo procurador Rosário Teixeira e pelo juiz Carlos Alexandre, que o assinaram havia pelo menos dez dias. A minha grande curiosidade é saber quem escolheu aquele dia para realizar as buscas. Eu não sei quem foi, mas acredito que houve pressão de embaixadas para montar um show naquele dia. Gostava de deixar muito claro que, mesmo que seja um dano colateral da nossa democracia, aceito levar com eles porque uma boa democracia às vezes também erra.

 

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O Grupo Global Media vai avançar com um despedimento coletivo na sequência de um processo de reestruturação, informou a empresa em comunicado.

https://sicnoticias.pt/economia/2024-03-12-Grupo-Global-Media-avanca-com-despedimento-coletivo-efaca678?fbclid=IwAR2VWlyNl6U433WkyyLCY8KCfnEF7pmjAGmmcm0Hwr12ly5HJuYUEhEB5A4

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Os principais "lesados" destas crises são os meios de comunicação locais.

As televisões locais foram todas extintas já há bastante tempo.

As rádios locais boicotaram as eleições e estão em vias de extinção.

Mas principalmente os jornais locais e regionais é que estão em crise, pior é ver fechos atrás de fechos

Este sistema só trabalha a favor dos meios de comunicação de Lisboa e do Porto

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há 17 minutos, ATVTQsV disse:

Os principais "lesados" destas crises são os meios de comunicação locais.

As televisões locais foram todas extintas já há bastante tempo.

As rádios locais boicotaram as eleições e estão em vias de extinção.

Mas principalmente os jornais locais e regionais é que estão em crise, pior é ver fechos atrás de fechos

Este sistema só trabalha a favor dos meios de comunicação de Lisboa e do Porto

A comunicação social tem que se reinventar. Os jornais em papel vão desaparecer dentro de anos, é irreversível, o digital ainda não está suficientemente desenvolvido. Os próprios jornalistas também tem que ajudar a desenvolver o sector, mas claro que precisam de ter meios para isso. 

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