Jump to content

Crónicas sobre Televisão


_Daniel_

Posts Recomendados

 

 
Clientes satisfeitos
por NUNO AZINHEIRA
 
Pelo nono ano consecutivo, a TVI foi líder de audiência. Não vale a pena falar em "ses" ou em "mas", as coisas são o que são: os portugueses continuam a escolher a estação como a sua preferida. Pode a vantagem no prime time não ter já o vigor de outros tempos, quando a sua ficção era única e imbatível, pode a informação ter mudado de perfil e, provavelmente com isso, afastado alguns dos clientes habituais (mas conquistado outros...), podem as Casas dos Segredos da vida ser um tipo de programa que já não acrescenta nada, mas os números não mentem. A televisão é um negócio e o que importa, sobretudo na ótica das privadas, é pensar os conteúdos que se oferecem na lógica do "cliente satisfeito, cliente assegurado". E não há volta a dar: o que 2013 voltou a mostrar foram muitos clientes satisfeitos com a TVI. Que recuperou da anemia e de algum desnorte do verão para um excelente último trimestre, em que voltou a afastar-se da SIC. Em Carnaxide, e por muito que os seus responsáveis digam que não estão preocupados com a liderança, ninguém espera outra coisa. Bem pode Leonardo Jardim dizer que o Sporting não é candidato ao título: ninguém acredita que em Alvalade não se trabalhe para isso. Nas quatro linhas da televisão, a SIC terá de mudar muita coisa e a urgência está no seu day time, que deverá em breve ter uma nova roupagem. O sucesso da estação, que voltou a conseguir em 2013 um horário nobre competitivo, passa pela forma como agarrar os espectadores de dia. Esse lado mais popular é essencial. Essa é a principal batalha, e também a mais difícil: como tornar competitivas a manhã e a tarde, que em 2013 registaram cerca de metade da audiência da concorrência?

 

 

De facto Nuno Azinheira disse tudo!

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Aqui, podem fazer, à semelhança de Nuno Azinheira, as vossas próprias Crónicas de TV!

Escrevam sobre o que acham das Estações, das Audiências, dos Programas, dos Profissionais... aqui tudo é permitido desde que tenha a ver com a TV, claro ;)

 

Vistam a pele de Cronistas e "deitem cá para fora" o que acham a nossa TV ou de Canais Estrangeiros!

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Desculpem, eu acabei agora de escrever uma longa crónica (mesmo muto longa) sobre o ano televisivo de 2013... mas devido à minha querida internet... perdi tudo!

 

Lamento mas não tenho tempo de a voltar a escrever! Escreverei sobre outra coisa qualquer nos próximos dias! Esta foi-se!

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Desculpem, eu acabei agora de escrever uma longa crónica (mesmo muto longa) sobre o ano televisivo de 2013... mas devido à minha querida internet... perdi tudo!

Lamento mas não tenho tempo de a voltar a escrever! Escreverei sobre outra coisa qualquer nos próximos dias! Esta foi-se!

Porque é que não guardaste em word antes? Quando são postos e ocorre-me erro ao publicar faço retroceder e muitas vezes consigo recuperar o que escrevo mas claro, depende do navegador.

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Porque é que não guardaste em word antes? Quando são postos e ocorre-me erro ao publicar faço retroceder e muitas vezes consigo recuperar o que escrevo mas claro, depende do navegador.

 

O problema é que quando o navegador nunca mais andava eu copiei o conteúdo para a área de transferência e quando cheguei e cliquei em "colar" reparei que o conteúdo não tinha passado para a área de transferência!

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Aqui fica a primeira crónica :)

 

“Senhora do Destino”: a salvadora?!

 

Regressava à SIC no início de outubro do ano passado “Senhora do Destino”. A novela da autoria de Aguinaldo Silva chegou e surpreendeu tudo e todos. Mas será que foi pelos melhores motivos?

Primeiramente todos pensavam que a trama substituiria “Vingança” uma vez que esta estava na sua reta final e que seria a "Senhora" a ocupar o comando da hora de almoço com vista à recuperação da liderança neste horário. Mas a SIC trocou a volta aos telespectadores e colocou-a a seguir ao “Boa Tarde”, eliminando assim a repetição de “Sangue Bom”. A novela foi dada como uma grande aposta por muitos pois foi considerada uma novela com uma qualidade elevada e com uma audiência estrondosa no Brasil, sendo uma das novelas com mais espetadores da Globo. Mas parece que aqui não era tudo como esperávamos… A trama que conta com Renata Sorrah e Susana Vieira como protagonistas, ficou aquém do esperado. Raramente ocupou a primeira posição no horário, assumindo particamente todos os dias a vice-liderança. Com “Rosa Fogo” até então no ar, a estação de Carnaxide viu-se obrigada a mudar de ideias. A novela de Patrícia Muller registou um quebra acentuada das audiências relativamente à antecessora e parece que a direção da SIC decidiu “arder” com a novela, sendo, a partir de amanhã, substituída por “Senhora do Destino”. Perante isto, “Rosa Fogo” deixa de aparecer na grelha da estação e a repetição de “Sangue Bom” regressará a partir de amanhã. Será esta a decisão acertada? Vai “Senhora do Destino” levantar o horário e assumir a liderança? A meu ver, esta deveria ter sido logo de início a primeira escolha da SIC por várias razões: a novela era bastante conhecida pelo público português; a TVI ainda não tinha estreado a sua atual novela, “A Outra”, etc. A SIC tomou a decisão certa pois “Rosa Fogo” só estava a "assassinar" ainda mais o horário, comprometendo os programas que se seguiam. Mas não é agora que os milagres vão aparecer depois de a novela já estar durante três meses às 18h, já tendo os seus espectadores fiéis. Porém, acredito que as audiências subam (não será esperar de menos audiências), mas a liderança, essa, não será para já... 

  • Gosto 3
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Ainda Eusébio

 

por NUNO AZINHEIRA

 

Por serem grandes produtos de massas e campeãs de audiências, as novelas representam o maior investimento dos canais. É certo que é um produto de grande rentabilidade, porque o custo total da obra é diluído ao longo de 200 ou 300 episódios, mas o volume de investimento é grande. E é por isso também que o cuidado que é posto em cada trabalho é cada vez maior. Não só do ponto de vista técnico - são indiscutíveis as melhorias em cenários, realização, captação de som, iluminação e direção de atores, só para citar aquelas que eram reconhecidamente as maiores fragilidades - como do ponto de vista dos contornos da história que nos é contada. Um dos truques que, cada vez mais, é utilizado é aproximar o guião da realidade, tentando captar assim a atenção do espectador, sempre muito recetivo a conteúdos que lhe dizem diretamente respeito. Daí a cada vez maior diversidade de temáticas reais que são incluídas na ficção: doenças, toxicodependência, droga, isolamento dos velhos, homossexualidade. "Colar" a história à vida real é outra forma de agarrar as audiências. Em 2008, a SIC fê-lo em Podia Acabar o Mundo, novela cujos episódios eram gravados sem grande intervalo em relação à exibição. Em novembro do ano passado, Sol de Inverno, da mesma estação, gravou um episódio na Feira do Cavalo da Golegã e exibiu-o ainda durante o certame. Ontem foi a vez de a novela Belmonte (TVI) exibir um episódio em que as personagens interpretadas por António Melo e João Catarré acompanhavam as cerimónias fúnebres de Eusébio. Pode parecer um aproveitamento abusivo, mas não é. A Plural e a TVI foram competentes na rapidez da sua reação. E o negócio faz-se assim

Editado por Tiagotv
  • Gosto 2
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

 

Ainda Eusébio

 

por NUNO AZINHEIRA

 

Por serem grandes produtos de massas e campeãs de audiências, as novelas representam o maior investimento dos canais. É certo que é um produto de grande rentabilidade, porque o custo total da obra é diluído ao longo de 200 ou 300 episódios, mas o volume de investimento é grande. E é por isso também que o cuidado que é posto em cada trabalho é cada vez maior. Não só do ponto de vista técnico - são indiscutíveis as melhorias em cenários, realização, captação de som, iluminação e direção de atores, só para citar aquelas que eram reconhecidamente as maiores fragilidades - como do ponto de vista dos contornos da história que nos é contada. Um dos truques que, cada vez mais, é utilizado é aproximar o guião da realidade, tentando captar assim a atenção do espectador, sempre muito recetivo a conteúdos que lhe dizem diretamente respeito. Daí a cada vez maior diversidade de temáticas reais que são incluídas na ficção: doenças, toxicodependência, droga, isolamento dos velhos, homossexualidade. "Colar" a história à vida real é outra forma de agarrar as audiências. Em 2008, a SIC fê-lo em Podia Acabar o Mundo, novela cujos episódios eram gravados sem grande intervalo em relação à exibição. Em novembro do ano passado, Sol de Inverno, da mesma estação, gravou um episódio na Feira do Cavalo da Golegã e exibiu-o ainda durante o certame. Ontem foi a vez de a novela Belmonte (TVI) exibir um episódio em que as personagens interpretadas por António Melo e João Catarré acompanhavam as cerimónias fúnebres de Eusébio. Pode parecer um aproveitamento abusivo, mas não é. A Plural e a TVI foram competentes na rapidez da sua reação. E o negócio faz-se assim

 

Concordo, sim senhor. 

Gosto muito das crónicas deste SR...

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Da Sport TV à TVI 24

por JOEL NETO

 

A TVI tem sabido usar a TVI 24 para praticar a qualidade e até o bom gosto, ausentes tantas vezes do canal principal. E a exibição do Portugal-Coreia do Norte de 1966, na quarta-feira à noite, imitando e depois acrescentando transversalidade ao que dois dias antes fizera a Sport TV (e que, tendo em conta o seu público, fizera muito bem também), foi novo bom exemplo dessa tendência.O Portugal-Coreia, mais até do que as finais europeias ganhas pelos nossos três maiores clubes, é um belo retrato não só do futebol português do século XX, mas do Portugal da transição dos tempos da burguesia para o Portugal da desagregação imperial e dos planos de fomento. Não falta lá nada do mais importante: o arranque humilde, a sensação de que está tudo perdido, o grito de revolta, o heroísmo individual, a glória coletiva.Em Eusébio indo buscar a bola dentro da baliza reside não só a biografia de um homem, mas uma história de um povo. E a TVI 24 soube recuperá-la, não apenas com oportunidade, mas com perspetiva.Cheguei a temer que o recurso a comentários atuais de Fernando Correia fosse um desperdício. Mas o relator soube contextualizar as imagens, introduzir os comentários de José Augusto, Hilário e José Carlos e propiciar o entusiasmo. Houve momentos em que vibrei como num direto.A ideia da Sport TV é excelente e a iniciativa da TVI exemplar - no modo como foi comunicada, no alcance junto da opinião pública e no próprio investimento envolvido, baixíssimo. De resto, 1966 dá-nos mais uma lição de história ainda: as televisões estrangeiras (ou pelo menos a BBC) ainda mantinham os acentos nos nossos nomes. A uniformização cultural só se consolidou depois.

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 2 semanas depois...

Semana histórica

por NUNO AZINHEIRA

 

Não tenho histórico de todos os valores, mas é seguramente a primeira vez que tal acontece. A TVI24 ultrapassou a SIC Notícias no acumulado de uma semana completa. De acordo com os dados da GfK, entre os dias 13 e 19 de janeiro (ou seja, entre segunda-feira da semana passada e este último domingo), a TVI24 foi vista em média por 41 100 espectadores por dia, enquanto a sua congénere da Impresa registou uma audiência de 40 300. São apenas 800 pessoas de diferença, é verdade, e convém colocar as coisas em perspetiva. Mas aconteceu. É verdade que aconteceu porque a TVI24 teve ao longo da semana três jogos de futebol em direto (o Braga-Beira-Mar e o FC Porto-Penafiel na quarta-feira e o Estoril-Belenenses, na quinta), mas é bom que a SIC Notícias tenha noção de que a TVI já mostrou que vai usar o futebol para conseguir os seus objetivos: chegar à liderança. Já o fez no passado recente e assumiu-o. Voltou a fazê-lo há uma semana e meia com a retransmissão do Portugal-Coreia de 1966, e aproveitou a Taça da Liga para, nesta semana em análise, dar mais peso à sua antena informativa. A concorrência é isto: pode a SIC Notícias dizer que a TVI24 não é um canal informativo, mas sim um canal de futebol. Mas olha-se para a sua própria grelha e veem-se horas e horas de futebol (Play-Off ao domingo, O Dia Seguinte à segunda e Tempo Extra à terça), mais os Opinião Pública e os diretos sempre que se justificar. Cada um joga com as armas que tem e é assim em mercado livre. Para a semana, sem bola, as coisas voltarão ao normal, mas há pouco mais de três anos, a TVI24 era dada como morta. Agora está vivinha da silva.

Editado por Tiago Madeira
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 2 semanas depois...

 

 

Júlia Pinheiro é uma belíssima comunicadora, com anos de experiência e muito versátil na sua forma de estar na TV. João Paulo Rodrigues é um interessante entertainer, que ficou conhecido com a personagem Quim Roscas, no Tele Rural (da RTP), mas que, felizmente para ele, mostrou na TVI ser e ter mais do que aquele tipo de humor. Encantou em A Tua Cara Não Me é Estranha, onde ganhou verdadeira popularidade, e desenvencilhou-se muito bem na sua estreia enquanto apresentador ao lado de Marisa Cruz. É popular, direto ao espectador, com quem tem empatia forte, por via da diversão e da espontaneidade que revela. Dir-se-ia, pois, que é aposta certa para um certo público de day time: mais popular, mais feminino, mais velho.

Pode dar-se o caso, irónico por sinal, que seja ele a conseguir rebocar Júlia nas manhãs da SIC, a que hoje se junta. Irónico porque, em teoria, ela é a mestre, ele o aprendiz. Irónico porque é ela a chefe de equipa e ele o parceiro. Irónico porque é ela a diretora e ele o contratado. Em três anos, porém, Júlia não conseguiu fazer aquilo que, enquanto apresentadora, se esperava dela. Que chegasse ao horário, que o tornasse competitivo. Ninguém lhe exigia a liderança e que ganhasse à dupla de que é "madrinha" na TVI: Goucha-Cristina Ferreira. Júlia é sabedora, conhece bem os meandros da TV, e sabia que isso era difícil. Prometeu, contudo, "morder os calcanhares" aos amigos do lado. Não conseguiu. O seu programa chega diariamente a 250 mil pessoas; o da TVI, a 500 mil. É muito. É de mais.

Júlia sabe que o tempo joga contra si. Que a pressão aumenta a cada dia. Mas sabe também que a TV é uma longa maratona. E acredita que há de conseguir. Será hoje o primeiro dia do resto da sua vida?

O primeiro dia

por NUNO AZINHEIRA

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 1 mês depois...

Tudo dito xD

 

Moniz, claro

por NUNO AZINHEIRA

 

Estava escrito nas estrelas. O regresso de José Eduardo Moniz à televisão tinha de acontecer.O País não é tão grande assim, não está tão repleto de gente que faça a diferença, que se possa dar ao luxo de deixar de fora um dos melhores. Mas a notícia da sua nomeação para consultor da Media Capital para a área da Ficção não é um, são vários sinais que a TVI dá ao mercado. Em primeiro lugar revela que a estação está preocupada com o fim da hegemonia da sua ficção. Laços de Sangue foi um primeiro aviso da SIC, Rosa Fogo foi um passinho atrás, Dancin"Days deu a liderança e agora Sol de Inverno, a confirmação. Ou seja, a SIC foi ameaçando, ameaçando, e lá chegou. É verdade que tem a ajuda forte da Globo, mas cada um joga com as armas que tem e com as apostas estratégicas que desenha: a RTP há de jogar com o Mundial do Brasil, a TVI com a Liga dos Campeões. Em segundo lugar, a Media Capital assume que Moniz é uma efetiva mais-valia para a empresa, depois de em 1998 ter criado a indústria de ficção da TVI, ainda com a NBP, hoje Plural. É verdade que a Media Capital de hoje não é a mesma que a de 2009, quando Moniz bateu com a porta. Rosa Cullell é uma mulher inteligente, uma empresária pragmática, sabe que a boa gestão exige decisões acertadas. Ter Moniz de novo a ver histórias, a olhar para guiões, a ajudar a escolher elencos, é um trunfo indiscutível. Em terceiro e último lugar, esta contratação é um aviso sério à SIC. A liderança de Carnaxide no prime time é mérito próprio, mas resultado de um certo laxismo e opções erradas da TVI nos últimos anos. A concorrência segue dentro de momentos...

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 1 mês depois...
A minha homenagem

por NUNO AZINHEIRA

 

Bastou saber-se que José Alberto Carvalho tinha convidado os filhos de Manuel Forjaz para encerrar o programa 28 Minutos e 7 Segundos de Vida, que o empresário protagonizava na TVI 2 para se levantarem vozes a apontar o dedo ao "aproveitamento da dor alheia" e da "exploração da morte". É preciso não conhecer o diretor de Informação da TVI para acreditar nisso. É preciso não conhecer Manuel Forjaz e a herança genética que ele deixou para acreditar nisso. É preciso não perceber o que Forjaz fez ao longo dos últimos anos com a exposição pública da sua doença. É preciso perceber que fê-lo por si, para se manter vivo, para se agarrar à vida, às coisas de que gostava e às pessoas que amava, e fê-lo pelos outros - é impressionante ver a corrente que a ele se juntou nestes anos. Não só desde domingo, quando a morte o levou serenamente, mas antes, quando a esperança era mais forte do que as dores grau oito e quando os desafios se lançavam e superavam a cada dia. Pode concordar-se ou não com o caminho escolhido pelo próprio - o cancro, a batalha da vida e a inevitabilidade da morte são intimidades que não permitem certezas absolutas. Cada um lida como pode, como sabe, como precisa, como quer. Manuel Forjaz escolheu a sua catarse transformando os seus medos em sorrisos de esperança. O último programa, o de anteontem, foi de uma ternura sem fim, um raio de luz e uma prova de que o Manuel e a Helena fizeram bem o seu trabalho. Não houve ali um sinal de pieguice nem de exploração de dor. José Alberto Carvalho perdeu um amigo, mas terá ganho o respeito de muitos. Não o meu, que esse estava há muito conquistado

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

 

A minha homenagem

por NUNO AZINHEIRA

 

Bastou saber-se que José Alberto Carvalho tinha convidado os filhos de Manuel Forjaz para encerrar o programa 28 Minutos e 7 Segundos de Vida, que o empresário protagonizava na TVI 2 para se levantarem vozes a apontar o dedo ao "aproveitamento da dor alheia" e da "exploração da morte". É preciso não conhecer o diretor de Informação da TVI para acreditar nisso. É preciso não conhecer Manuel Forjaz e a herança genética que ele deixou para acreditar nisso. É preciso não perceber o que Forjaz fez ao longo dos últimos anos com a exposição pública da sua doença. É preciso perceber que fê-lo por si, para se manter vivo, para se agarrar à vida, às coisas de que gostava e às pessoas que amava, e fê-lo pelos outros - é impressionante ver a corrente que a ele se juntou nestes anos. Não só desde domingo, quando a morte o levou serenamente, mas antes, quando a esperança era mais forte do que as dores grau oito e quando os desafios se lançavam e superavam a cada dia. Pode concordar-se ou não com o caminho escolhido pelo próprio - o cancro, a batalha da vida e a inevitabilidade da morte são intimidades que não permitem certezas absolutas. Cada um lida como pode, como sabe, como precisa, como quer. Manuel Forjaz escolheu a sua catarse transformando os seus medos em sorrisos de esperança. O último programa, o de anteontem, foi de uma ternura sem fim, um raio de luz e uma prova de que o Manuel e a Helena fizeram bem o seu trabalho. Não houve ali um sinal de pieguice nem de exploração de dor. José Alberto Carvalho perdeu um amigo, mas terá ganho o respeito de muitos. Não o meu, que esse estava há muito conquistado

 

 

Tudo dito.

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 1 mês depois...
Isto anda animado!

por NUNO AZINHEIRA

 

1. Cecília Carmo é um dos valores mais seguros da informação televisiva portuguesa. À consistência da sua carreira jornalística, que já leva quase 30 anos e que passou pelo desporto, pela informação geral, por cargos de edição, coordenação e de direção, junta-se a sua serenidade enquanto pivô. Nestes tempos de informação frenética, Cecília Carmo é uma presença discreta mas que não se apaga em frente ao ecrã. A sua imagem, que foi sabendo atualizar sem transformações radicais, ajuda a passar serenidade ao espectador. E isso em informação pode ser sinal de respeito e credibilidade. Eu, que me lembro dela dos tempos do Remate , de Desporto 2 e de outros, gosto dela desde sempre.

2. O Beijo do Escorpião está a crescer. Não chega para tirar a liderança a Sol de Inverno, apesar de na sexta-feira passada, por exemplo, lhe ter ganho no mano a mano (e até com algum conforto...), mas no último mês a principal novela portuguesa da TVI conquistou cerca de 150 mil espectadores em relação ao que era a sua média de fevereiro e março. Não há coincidências e José Eduardo Moniz é a pessoa que mais sabe de novelas e de ficção em Portugal. A sua reentrada na TVI, agora no papel de consultor, já se faz sentir. Ao mudar a história, ao mandar atores para Lloret de Mar aproveitando as férias de finalistas na Páscoa, Moniz voltou a mostrar que sabe como ninguém o que o público gosta de ver e como é que se transforma um projeto intermitente em algo que pode ser vencedor. Rosa Cullell fez bem em o querer perto de si. E ele, seguramente, quererá voltar a ter consigo alguns dos seus com quem construiu uma estrutura forte. A concorrência que se cuide...

  • Gosto 2
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 2 semanas depois...

Ao fim de cinco emissões, parece relativamente consensual que Rising Star está longe, muito longe, do que a TVI esperava dele. O programa não é a bomba que prometia ser nem a revolução que a estação anunciava. Dá para ganhar, é verdade, mas tem debilidades várias, a que aqui já aludi, e que nem o picante tecnológico permite atenuar. Aliás, a componente interativa pode ser muito interessante para o público jovem (os espectadores com menos de 35 anos cresceram, neste domingo, dos 20% que assistiram à estreia de Mulheres, para 25% no talent show), mas diz pouco aos mais velhos. Basta, aliás, verificar o comportamento do público com mais de 55 anos: na novela eram 54%, no programa de cantorias caíram para 48%. Se compararmos com o último programa que a TVI teve ao domingo à noite, A Tua Cara Não Me É Estranha Kids, a diferença é ainda maior: na altura o público com mais de 55 anos correspondia a uma média de 58% do total de espectadores. Convém, ainda assim, colocar as coisas em perspetiva: é bom que as televisões generalistas procurem rejuvenescer o seu auditório, tentando atrair público mais jovem, que lentamente foi fugindo, ao longo da última década, para o cabo. O reverso da medalha é que é um perigo: quanto mais se tentar puxar a manta para o lado dos mais jovens, maior ela faltará entre o principal público-alvo da televisão free-to-air. Leonor Poeiras e Pedro Teixeira bem podem assumir o papel de netinhos que todas as avós querem (e a sua cumplicidade tem crescido de semana para a semana, como é natural), mas o formato não entusiasma. Ganha, é verdade, mas a SIC não anda muito longe. Mesmo com O Poder do Amor.


3 junho - nuno azinheira

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 3 semanas depois...

 

Não há outro modo de dizê-lo: a iniciativa engendrada pela TVI para fazer face às audiências perdidas para o Mundial de futebol e, em simultâneo, engordar a coluna do Haver é tão comercialmente brilhante como televisivamente deprimente. A partir desta semana, a telenovela O Beijo do Escorpião passa a dar um automóvel por dia, num concurso lançado num momento aleatório do episódio em causa e em que os próprios atores acabam por envolver-se, inclusive telefonando aos vencedores.

Passo a passo, a televisão generalista (e, não muito atrás dela, alguma televisão temática também) vai-se transformando sobretudo num projeto de televendas e manobras afins, nos intervalos de que entretanto se vão pondo pedaços de programas, eles próprios já não isentos de comércio.
Dirão os cínicos: "Claro, televisão é um negócio!" É, evidentemente. E, se calhar, se tivessem podido recorrer a manobras desta natureza, ou delas se tivessem lembrado, outros sectores da comunicação social - desde logo, a imprensa e a rádio - não estariam a viver a agonia que vivem. Mas o cinema também é um negócio, e nem por isso, apesar de todas as concessões que faz, recebemos um telefonema de Brad Pitt ou Angelina Jolie a informar-nos de que ganhámos o prémio anunciado aos 20 minutos do filme.
Aliás, nada disso acontece também (pelo menos ainda) com a música, nem muito menos com a literatura ou com o teatro. E, de cada vez que dá um passo destes, a televisão torna a distanciar-se daquilo que já foi e que às vezes ainda queremos crer que é (um agente da cultura popular) para se aproximar daquilo que é cada vez mais e nós ainda tentamos crer que não é: um simples centro comercial.
  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 4 semanas depois...

Como só há um tópico para as crónicas dos comentadores do DN, decidi iniciar este tópico :)

 

Uma crónica do Valter Hugo Mãe sobre Judite Sousa:

 

"Quando vir Judite Sousa a falar sobre as notícias do dia, reconhecerei o rosto que a minha mãe teve. Depois, contará o tempo."

in: http://www.publico.pt/portugal/noticia/judite-1662321

  • Gosto 1
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Joel Neto fala sobre a touradas e sobre as novas apostas da rentrée. 

 

Toiros e Toiradas:

1A decisão de refrescar a plasticidade das transmissões tauromáquicas, tomada pela RTP, tem toda a acuidade. As touradas não deixam de ser o que são e o debate em torno delas não deixa de ser o que é também. Mas há diferentes modos de olhar para um mesmo objeto, ainda que em qualquer caso ele mantenha a sua natureza - e há, inevitavelmente, uma ética apensa a essa nuance estética. Pessoalmente, vejo a atividade tauromáquica como (venham daí esses e-mails) uma arte de vocação telúrica, até panteísta, em que de algum modo se reflete sobre a relação entre o homem e a natureza. Não sou frequentador assíduo das praças, mas respeito a tradição e entendo que, cumprindo a lei, ela tem lugar na antena pública. Por outro lado, choca-me uma cobertura voyeurista, com apreço pelo sangue e pela dor, não apenas porque vicia o dito debate, mas também porque constitui uma violação dos próprios princípios da festa. O sangue e a dor fazem parte da tauromaquia, mas não são a sua essência, tal como os danos causados num carro - ou mesmo num piloto - por um acidente não são a essência das corridas de automóvel. A RTP percebeu-o, finalmente. Ainda bem.

 

2Mais um verão, mais uma série de planos para a rentrée, mais reality shows e concursos de talentos. Os programadores continuam a ir ao encontro do público sem coragem para enfrentar preferências acríticas ou sequer paciência para congeminar pequenos cavalos de Troia capazes de induzir novas necessidades. Há prazer neste telespectador em ver sempre a mesma coisa, como de certeza há prazer nestes profissionais em fazer sempre igual. Ao fim de tantos anos, não posso conceber que seja de outra maneira. 

Editado por Mundo
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Outra crónica de Joel Neto, sobre a atitude de Rui Reininho no The Voice.

 

 

Estrelas Rock:

 

Tenho alguma dificuldade em perceber o choque geral com a saída de cena de Rui Reininho, uns minutos antes do fim da edição de domingo de The Voice Portugal. Afinal, queriam ou não uma estrela rock no programa? Queriam ou não servir-se desse glamour um tanto delabré e um tanto bad boy das estrelas rock (desculpem a profusão de estrangeirismos, a linguagem do tempo das estrelas rock é mesmo assim) para se sentirem um pouco radicais também?No tempo das estrelas rock, as estrelas rock não serviam apenas para discursar de modo mais ou menos imprevisível sobre algum tipo de manifestação de arte popular, dilema político ou problema de costumes: serviam também para fazer tolices pelo menos tão imprevisíveis como as suas palavras. Entretanto, levamos já anos de mais de estrelas rock copo-de-leite a dizer coisas fofinhas e a mostrar as barriguinhas de grávida no horário nobre da televisão generalista.

Tanto quanto me diz respeito, pois, Reininho não estava suficientemente alcoolizado, nem saiu de modo suficientemente intempestivo, para me ressarcir de todos estes anos de expectativas frustradas. E não deixa de ser um pouco descoroçoante vê-lo já a esboçar pedidos de desculpas, meio a sério e meio a brincar. O mínimo que se podia esperar era um Fuck you all! Pelos vistos, até o nosso meanest motherfucker se vai aburguesando, em socorro da avença.Querem mesmo estrelas rock? Então é tempo de as estrelas rock voltarem a ser estrelas rock, mesmo que à medida da sua idade: uns has-been um bocadinho ressentidos, mas ao menos ainda capazes de partir um prato de vez em quando. Não vejo mais ninguém vagamente no bom caminho para além de Rui Reininho. E, com isto, rimei. 

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Junta-te a nós!

Podes agora comentar e registar-te depois. Se tens uma conta, Entra para responderes com a tua conta.

Visitante
Responder a este tópico

×   Colaste conteúdo com formatação.   Restore formatting

  Only 75 emoji are allowed.

×   O teu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar apenas como link

×   Uau! O teu conteúdo anterior foi recuperado.   Limpar Tudo?

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

×
×
  • Criar Novo...