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Crónicas sobre Televisão


_Daniel_

Posts Recomendados

Siga a festa!

por NUNO AZINHEIRA

Nuns tempos em que as audiências da GfK colocaram a ficção da SIC e da TVI muito próxima (com Dancin' Days a bater a sua principal adversária há mais de oito dias consecutivos...), não deixam de ser curiosos os números da festa da TVI, que decorreu este sábado em Portimão, em comparação com os conquistados pela da SIC, há duas semanas, em Vilamoura. Quase 300 mil espectadores de diferença, com vantagem clara para o canal de Queluz de Baixo.

Na essência, os programas foram idênticos: muita passadeira vermelha, muitos sorrisos e discursos de "família", muitos vestidos arrojados, muitas brincadeiras em direto - enfim, uma fogueira de vaidades de um e de outro lado, com o star system que cada uma conseguiu apresentar.

A TVI foi muito mais eficaz a potenciar a sua festa. Não só começou a emissão muito mais cedo, às 23.30, três quartos de hora antes da SIC, o que lhe permitiu fazer uma audiência maior, como ainda por cima levou o seu Jornal das 8 para o Meo Spot, com condução de Judite Sousa, quase de pezinhos na areia, em direto da Praia da Rocha. Pode discutir-se a relevância informativa do momento para fazer sair o seu principal jornal dos estúdios do canal, mas do ponto de vista de operação especial acertou na mouche, criando um acontecimento em redor da estação. E num momento em que a audimetria revela uma crescente erosão nas audiências da ficção da TVI, este toca a reunir tem uma importância especial que José Fragoso e José Alberto Carvalho souberam compreender. Há um ano e meio, na RTP, nem Fragoso, nem Carvalho, nem muito menos Judite Sousa teriam associado a sempre sacrossanta informação ao entretenimento, mas agora as circunstâncias mudaram. E os três souberam adaptar-se às novas realidades...
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Pregando no Deserto, por Joel Neto

Costumamos sobrevalorizar as pessoas frontais. Ser frontal não é assim tão difícil: basta dizer qualquer coisa que nos ocorra, mesmo que seja uma imbecilidade. Já ser frontal "e" assertivo é mais difícil. E mais difícil ainda, pelo menos a julgar pelas entrevistas com que nos cruzamos todas as semanas, é encontrar alguém frontal "e" assertivo no pobre universo da ficção nacional. Particularmente entre os atores.

São José Correia, como já demonstrava a espessura que desde sempre imprimiu às suas personagens, é um desses pequenos milagres. E a descrição que esta semana fez do mundo das telenovelas, numa entrevista ao Correio da Manhã, tem tanto de deprimente como de elucidativo sobre as razões por que a nossa ficção padece de uma tanta falta de qualidade.

O cosmos telenovelesco, tal como o descreve São José Correia, não chega a ser sujo: limita-se a ser pequenino, falho de criatividade e de capacidade de estimular quem quer que seja. Os guionistas, cristalizados, desinvestiram nas personagens secundárias. Os castings são ditados por lóbis e pela certeza absoluta de que o que o povo quer ver é gente bonita e frívola. E o resultado é isso que aí temos: tramas vazias, interpretações trágicas, nenhuma ideia original e a moda dos remakes vazios como válvula escape.

E porque é que eu acredito em São José Correia? Por três razões. Primeiro, porque a qualidade dos produtos já insinuava isso tudo. Depois, porque ela nunca se esquece de sublinhar que ser ator é verter experiência de vida, coisa que tantos dos seus colegas simplesmente ignoram. E, finalmente (ou sobretudo), por causa desta frase: "Não sou apenas vítima desta engrenagem. Faço parte dela."

Opinião: Concordo plenamente com o Joel Neto. A ficção portuguesa está a atravessar uma fase muito negra, em que falta imaginação aos argumentistas que escrevem as novelas exibidas na televisão. O modelo-novela está cada vez mais desgastado, tudo o que é possível utilizar numa novela já o foi feito e as ideias começam a faltar. E isso é muito grave, num país como o nosso que rejeita a maioria das séries de qualidade cá produzidas em troca de novelas. Somos um país «noveleiro» e, caso as tramas continuarem a ser as mesmas, esse público vai-se afastando e quem se vai ver mal são os nossos canais privados, pois sem audiências não há dinheiro! Para além disso, cada vez mais se abusa dos mesmos nomes no protagonismo das novelas. São sempre os mesmos casais, os mesmos vilões, o que começa a enjoar. Os núcleos secundários são, na sua grande maioria, desvalorizados, tal como disse São José Correia. As suas personagens são simples, a maioria não tem história nenhuma, e todo o enredo se envolve nos protagonistas. Talvez haja pouco dinheiro para realizar ideias que os argumentistas gostassem de ver no ecrã, mas o significado de «personagem secundária» está a tornar-se no significado de «figurante». A SIC, por exemplo, em 2010 decidiu apostar em Joana Santos, uma total desconhecida, e foi graças a isso que hoje temos uma grande revelação na nossa TV. Mas a ideia não partiu da SIC, mas sim da Globo. Cada vez mais é preciso a TVI e a SIC aperceberem-se que têm que aprender com os melhores (já pareço a Maria A

:P) e que a nossa ficção precisa de uma revolução total para surgirem novas ideias, novos projectos, novos produtos que não sejam iguais ao passado. Mais uma vez me refiro à SIC, pois é a estação que mais aposta nos núcleos secundários. Neles há humor (caso dos Coutinho), há drama (o cancro ou o alzheimer) entre outras situações. Se a ficção portuguesa não se virar para o futuro e apostar em novas temáticas, quem lhe vai virar as costas são os telespectadores!

Muito bem!

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  • 3 semanas depois...

Campeões de regresso

por NUNO AZINHEIRA

1 - A estreia da Liga dos Campeões na TVI é um momento histórico para a estação da Prisa, que, pela primeira vez, conquistou os direitos de transmissão para Portugal da principal competição mundial de clubes. No arranque da prova, a TVI esteve bem, fazendo avançar para campo o experiente Fernando Correia, que há muito colabora com a empresa, mas que tem andado afastado da narração de jogos. Homem da rádio, onde continua a ser, para mim, a grande referência do relato futebolístico, Fernando Correia imprime uma vivacidade especial à transmissão televisiva. Há momentos em que parece esquecer-se que não está na rádio - e esse balanço é essencial, porque em televisão o espectador está a ver as imagens, não precisa que o narrador lhe valorize mais do que está a ver. Mas, à parte esse pormenor, Fernando Correia é imaculado: tem uma voz timbrada e elegante, é experiente e sabe antecipar momentos fundamentais do jogo, fala corretamente português. Parece pouco, não parece? Pois, mas só está ao alcance dos melhores.

2 - Não sei se o provedor da RTP tem ou não recebido queixas de espectadores mais sensíveis com alguns dos conteúdos do 5 para a Meia-Noite. Mas a verdade é que o magazine de late night tem vindo, com uma crescente regularidade, a pisar o risco ténue do que é "aceitável" e "demasiado" no serviço público de televisão. Já aqui o assumi: eu gosto e sou fã, o que não quer dizer que não possa perceber que ouvir, à meia-noite na RTP1, dizer "isso, come-me cabrão" ou "toma lá, minha porca" não possa ser chocante para algumas pessoas que também pagam o serviço público de televisão....

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Quanto ao capítulo 1, acho que é exatamente o tom de relato futebolístico que me fez desagradar com a transmissão do Fernando Correia. Recomendo vivamente que a TVI arranje outro comentador, parece-me que o Pedro Ribeiro é a solução natural até que se arranje alguém à altura.

Na segunda parte do comentário, compreendo a análise e concordo em absoluto. Acho o 5 para a Meia Noite uma dádiva no atual panorama nacional de televisão, no entanto a linguagem que muitas vezes é usada afasta os espetadores. O José Pedro Vasconcelos exagera muito na palhaçada também, o que por vezes o torna ridículo. Boa disposição quere-se, mas tem limites, não se podem esquecer de onde estão - no principal canal de serviço público.

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Campeões de Regresso penso que o 5PMN tem vindo a desconstruir-se bastante. Embora seja um programa muito bom, precisa de mudanças nos conteúdos, alguma contenção e mais rigor na apresentação. Ainda ontem estava a passar-me com as constantes interrupções do Heitor e a falta de vontade disciplinadora do Pacheco.

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Campeões de Regresso penso que o 5PMN tem vindo a desconstruir-se bastante. Embora seja um programa muito bom, precisa de mudanças nos conteúdos, alguma contenção e mais rigor na apresentação. Ainda ontem estava a passar-me com as constantes interrupções do Heitor e a falta de vontade disciplinadora do Pacheco.

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Perde Portugal

por NUNO AZINHEIRA

Insisto na mesma tecla há meses: como é que um operador privado vai assegurar o serviço público na RTP1 ao mesmo tempo que procura reforçar o seu peso no mercado, de forma a rentabilizar o seu investimento? Como se concretiza na prática essa quadratura do círculo que é ter em grelha um programa que defenda a liberdade religiosa e a diversidade de cultos com um reality show? Como se compatibiliza um concurso como O Preço Certo, de Fernando Mendes, com a Sociedade Civil, de Fernanda Freitas? Como convivem pacificamente na mesma antena o magazine Câmara Clara, de Paula Moura Pinheiro, e as novelas brasileiras da hora de almoço? Não se trata de cozinhar uma grelha, isso é possível. Trata-se de fazer um projeto coerente, capaz de servir os portugueses, verdadeiramente alternativo aos atuais projetos privados e que justifique os 140 milhões de euros anuais que os portugueses pagam, através da Contribuição Audiovisual ao Estado. O modelo apresentado quinta-feira, que ninguém do Governo, até ao momento, foi capaz de negar, não serve ninguém. Pode servir, a prazo, os cofres depauperados do Estado, mas no longo prazo, como se verá, não servirá o interesse do País. A decisão, a confirmar-se este projeto, pode ter origem em razões financeiras, mas é uma decisão política. E parte de uma certa ideia de Estado minimalista tão do agrado da Direita. A questão não está em saber se o Estado deve ou não estar no sector da Comunicação Social. A verdadeira questão é saber se a iniciativa privada consegue cumprir melhor esse papel. Os 20 anos de TV privada em Portugal, e a sua lógica concorrencial, já provaram que não.

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Poupar o quê?

por NUNO AZINHEIRA

A programação da RTP1 custa cerca de 70 milhões de euros. E a da RTP2 anda à volta de 20 milhões. Mais 4 ou 5 milhões para as rádios públicas. Ou seja, os custos de grelha dos ainda canais estatais custam menos de 100 milhões por ano. O valor que os portugueses pagam ao Estado, na Contribuição Audiovisual, na fatura da eletricidade, é de 140 milhões. Ou seja, o somatório do que cada português paga ao Estado todos os meses dava para manter os custos de programação dos canais e ainda sobram 40 a 50 milhões de euros anuais. Mais os 30 milhões de euros que o privado arrecadar com, entre outras, a receita publicitária, decorrente de 6 minutos de publicidade por hora existentes na RTP1 (ou 60 milhões se o Estado decidir permitir ao novo operador o mesmo número de minutos de publicidade que à SIC e TVI).

Ora, o que parece estar na calha, de acordo com o que foi explicado pelo conselheiro-mor da República, António Borges, é que o encerramento da RTP2 e a concessão da RTP1 são um bom negócio porque permite ao Estado poupar muito dinheiro. O argumento financeiro parece ser poderoso, mas cai pela base. Porque o trabalho feito nos últimos anos pelas gestões de Almerindo Marques e Guilherme Costa permitiu à RTP tornar-se uma empresa sustentável, se colocarmos de parte os custos com o serviço da dívida.

Ora, se o Estado assumir essa dúvida (é óbvio que não haveria qualquer privado interessado se assim não fosse), não se percebe a utilidade do negócio. Sem a indeminização compensatória, só com os 140 milhões de contribuição audiovisual, mais a receita publicitária, mais o inevitável despedimento de pessoal, a RTP pública é possível. Basta a coragem de não ceder aos interesses económicos.
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Boa Tarde ?

por Nuno Azinheira

Quase a completar dois anos de vida, o Boa Tarde, de Conceição Lino, continua muito abaixo da média da SIC e francamente aquém do que foi projetado pelos responsáveis da estação. Ainda terça-feira, o programa vespertino de Carnaxide registou o seu mínimo da temporada (10,2%). Ou seja, em cada cem espectadores que viram televisão à tarde apenas dez estavam sintonizados na SIC. O magazine, que se estreou a 13 de setembro de 2010, tem oscilado de forma positiva entre os 180 e os 222 mil espectadores, se entendermos as médias anuais de 2010, 2011 e 2012.

Desde que a GfK passou a aferir o consumo televisivo em Portugal, a média do Boa Tarde saltou para os 270 mil, embora mantendo uma grande irregularidade: no já citado episódio de terça-feira não foi além dos 195 mil, mas no dia 7 deste mês tinha feito 314 mil.O problema, porém, está na quota de mercado, que mede a competitividade de um dado programa perante a sua concorrência direta. A média da temporada está nos 16%, significativamente abaixo da média da SIC ao longo da temporada (21,4).O que está mal no programa? O que leva os espectadores a preterirem este em função do A Tarde É Sua (TVI) ou do Portugal no Coração/Verão Total (RTP1)? É dos conteúdos, que não são tão apelativos, ou é da apresentadora, incapaz de criar a mesma empatia do que os seus adversários diretos? Talvez não haja uma só explicação, mas um conjunto delas. Há dois anos escrevi que Conceição Lino, experiente e versátil jornalista, era uma escolha de risco para o entretenimento. Os resultados provam-no.

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  • 3 semanas depois...

Boa Tarde? Para mim é o melhor talk show vespertino. A Apresentadora é muito boa, as histórias são muito variadas, rúbricas muito interessantes, tem música, convidados especiais e não é nada monótono. Não percebo os números do Boa Tarde. Várias podem ser as explicações: lead in; carisma da apresentadora; habituação à TVI... Não sei. Eu penso que só falta mesmo experimentar juntar um co-apresentador e trazer mais humor.

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Nuno Azinheira.

"Pensar em Audiências"

1. Quando apostou no Peso Pesado, a SIC tentou um 2 em 1. Pelo menos ao nível do discurso: era um programa de entretenimento, sim (portanto, a pensar nas audiências), mas era também a estação a zelar pela saúde pública dos portugueses. Uma hipocrisia, claro. Porque haveria a SIC de se preocupar com tal coisa? Sendo uma estação privada, quer ganhar público e dinheiro com as suas opções programáticas. É legítimo e natural. Para Toca a Mexer, o novo programa de Bárbara Guimarães, que se estreia no dia 23, uma espécie de sequela de Peso Pesado, a SIC já não foi na cantiga. A escolha de Paulo Futre para membro do júri é um sinal disso mesmo. O que Luís Marques quer é tentar competir com a Casa dos Segredos. Gostaria de ganhar, mas sabe que isso deverá ser difícil. Quer, portanto, perder por poucos. E sabe que para isso terá de ter alguém capaz de atrair público. Não serão os gordinhos, com todo o drama das suas histórias de vida, que o conseguirão. É o espetáculo, a palhaçada. Neste contexto, a escolha de Paulo Futre é excelente. O que é que ele percebe de gordos e de dança?, perguntarão os mais incrédulos. Nada, respondo. E daí?

2. Ao terceiro dia de exibição, Gabriela continua a superar todas as melhores expectativas. Quase 1,7 milhões de portugueses perderam-se quarta-feira à noite com a languidez de Juliana Paes. Não vale a pena enterrar a cabeça na areia. Gabriela pegou de estaca. Talvez esteja na hora de aqueles que dizem que "ninguém quer saber de um remake quando pode ver uma novela original" reverem os seus argumentos. As pessoas querem é boas histórias. O resto é conversa...

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