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O Clone


DanielNunes

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A Maysa e a Mel tiveram uma discussão tão horrível depois daquele pandemónio que os amigos da Mel armaram dentro daquela casa! Foi tão tortuoso ouvir mãe e filha a dizerem todas aquelas barbaridades uma à outra, :crying:A Mel está completamente senil! Já nem sei se ache bem ou mal a Telminha ter dito ao Xande para desistir dela e seguir com a vida dele em frente. Não sei mesmo! :crying:

Que linda aquela conversa que a Jade teve com a Mocinha e com a Lola. :giveheart: Falaram sobre o Lucas, sobre o Léo... sobre o amor, basicamente! <3  Ficou bem evidente ali que a Jade está "super-hiper-mega" dividida entre o "Lucas de 40 anos" e o "Lucas de 20".

O depoimento do Léo deixou-me completamente lavada em lágrimas. :crying:Deu-me tanta pena ouvi-lo dizer que estava a dar em doido com todas as versões que tem ouvido dos demais personagens relativamente à sua mera existência. E quando ele defendeu a Deusa perante o juiz e diante de todos os que estavam presentes naquela sala, ao afirmar de forma peremptória que quer que ela continue a ser mãe dele?! :crying:Uma das cenas mais lindas da novela até agora sem dúvida! <3

E digam lá que a Samira e o Zé Roberto não são pura e simplesmente a coisa mais fofa do mundo?! :wub: 

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Tão linda a cena da Jade a dançar para o Léo na praia! :wub: Adorei toda aquela sequência, muito bem feita diga-se de passagem, em que o Lucas aparece e começa a discutir com o Léo. Sem dúvida uma das cenas mais fortes da novela até agora. Eles até andaram à tareia e tudo... mas no final acabaram abraçados um ao outro, como se nada tivesse acontecido! :haha: Foi uma cena tão estranha! Talvez por ser tão única e inesperada. <3

Foi tão emocionante aquele momento em que o Nando vê a banda dele a atuar ao vivo! :crying:Em termos emocionais esta foi sem dúvida uma das cenas mais impactantes dele até agora, juntamente com as cenas da favela e também aquela em que ele agride a própria mãe por ela se recusar a dar-lhe dinheiro para à droga. Quem viu este rapaz no inicio da novela nunca imaginou que ele se fosse transformar neste caco!

Eu fiquei para lá de perplexa quando vi a Maysa a ir pedir ajuda ao Xande para encontrar a Mel! Foi tão surpreendente vê-la naquele contexto, tão frágil e humilde, a reconhecer todos os erros que havia cometido no passado e a pedir-lhe desculpa por todo o mal que lhe fez! :crying:Eles tiveram uma conversa tão bonita! Fiquei mesmo sensibilizada com aquele momento. E mesmo depois de tudo o que aquela "ex-cobra peçonhenta" lhe fez, o Xande ainda a consegue tratar com uma amabilidade notável e mostrou-se logo disponível para a ajudar a encontrar a Mel! <3 A intervenção da dona Jura também foi um momento digno de registo. Não a posso censurar por ter agido como agiu! Se fosse comigo secalhar também teria agido da mesma forma.

Fiquei completamente desfeita psicologicamente com aquela sequência dilacerante da Maysa e da Clarisse na favela por causa dos filhos! :crying:Fiquei para lá de arrepiada quando vi a Clarisse  completamente desesperada, a oferecer tudo o que tinha (e que não tinha) e ainda a apelar ao "sentido de família" do líder da favela para que ele poupasse a vida do filho! :crying:E quando ela e a Maysa choram desalmadas abraçadas uma à outra?! Ajudem-me malta! :crying:A Maysa foi indiscutivelmente a heroína do dia! :giveheart: Ela demonstrou naquele momento ser dotada de uma humanidade e generosidade espantosas! Não só conseguiu salvar a vida da filha (e do neto), como também salvou a vida do filho de uma pessoa que ela mal conhecia, mas que tem estado no mesmo barco que ela desde o momento em que a Mel e o Nando enveredaram por este caminho! A Daniela Escobar e a Cissa Guimarães são duas das melhores atrizes do mundo, resumidamente falando. <3 

E depois de todos estes momentos dilacerantes, a Mel acabou por entrar em trabalho de parto. Ela já teve o filho, mas o menino corre risco de vida. :crying:Não consegui ver mais malta! :crying:Ainda estou a digerir todas estas emoções.

Editado por Maya
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O que é que foi aquele momento do Xande e da Maysa a rezarem juntos para que o bebé da Mel se salvasse?! :crying:Simplesmente arrepiante! O Marcelo Novaes brilhou nas cenas do hospital. Da Daniela Escobar e da Débora Falabella é que já não há muito mais a dizer. Simplesmente magníficas em todos os momentos!

A Zoraide foi visitar a Jade a casa da Deusa para lhe entregar uma mala que ela tinha deixado em casa da Lattifa... e o Ali, sabendo disto, meteu não sei quantos dólares lá dentro sem que a Zoraide se apercebesse! :giveheart: Quem tem um tio Ali na vida tem tudo, literalmente! <3
Agora a Jade quer fugir com a Khadija! :|Tomara que corra tudo bem, e que mãe e filha consigam ficar juntas no fim. <3

O Mohammed apanhou a Samira e o Zé Roberto em "flagrante delito".  O Zé Roberto agora quer-se converter em muçulmano por causa da amada! :wub: Por um lado fico triste que esta seja a única via realizável para que ambos possam ficar juntos, mas por outro acho tão romântico e louvável da parte dele. Só mesmo a Glória Perez para em pleno ano 2020 e no alto das minhas quase 28 primaveras me por a torcer por um casal formado por duas "crianças de 15". :haha: Adoro-os de paixão! :giveheart:

Adorei o barraco da Yvete com a Alicinha na sala do Leónidas! :rofl: Tenho a certeza que depois disto aquela criatura repugnante nunca mais se vai atrever sequer a pensar no nome "Leónidas Ferraz". :haha: A Clarisse ficou em êxtase a ouvir aquilo tudo. :D Senti-me tão vingada por ela naquele momento! 

O confronto "Tavinho X Odete e Karla" no tribunal também foi hilariante! :haha: A Karla coitada nem sequer conseguia falar, mas também não foi preciso, porque a Odete falou pelas duas. :rofl:

A Edna tem estado tão parva nesta recta final da novela! Agora denunciou o Albieri ao "Concelho de Ética" por causa daquela história da clonagem, por puro despeito como se diz no Brasil. O que é que ela ganha em denunciá-lo?! Ela já devia conhecer o Albieri suficientemente bem para saber que "imprevisibilidade" e "inconstância" são os dois nomes do meio daquele homem! Enfim.

 

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A despedida da Jade e do Léo foi tão emocionante! :crying:Fiquei ainda mais encantada com a última conversa da Jade com a Deusa, em que ela diz a esta última que o encontro com o Léo foi o mais bonito que ela já teve em toda à sua vida! :wub: Foi uma conversa tão mágica, arrepiante e primorosa! E o facto de ter sido totalmente inesperado fez deste um momento ainda mais especial e único! No final a Jade ainda ofereceu um lenço à Deusa e pediu-lhe para entregar o colar dela ao Léo! :giveheart: A Deusa foi tão doce e amorosa com a Jade! A Adriana Lessa e a Giovanna Antonelli arrasaram por todos os lados em toda aquela sequência! Fiquei mesmo muito comovida com tudo aquilo que vi. <3

A Mel voltou para casa com o filho! Mas é tão triste saber que ela não pode amamentar o próprio filho derivado a todas aquelas substâncias malditas que a vimos ingerir ao longo da novela. :crying:Foi doloroso quando a empregada lhe disse que ela "devia deitar o leite fora, porque podia lhe fazer mal..." :crying:Eu acho que preferia morrer a ter que passar por semelhante coisa!

As cenas da Maysa no centro de apoio a pais e familiares de toxicodependentes também foram um murro no estômago! :crying:Tanta realidade inserida naquele contexto!

Fiquei petrificada com a cena do depoimento do Albieri no tribunal! A interpretação e a entrega do grande Juca da Oliveira em cenas como aquela são simplesmente deliciosas de acompanhar. As cenas naquele tribunal, de resto, foram extraordinariamente bem escritas! Faço mais uma vénia à maravilhosa Glória Perez! :giveheart: O texto dela é um verdadeiro tesouro!

Entretanto a Samira decidiu fugir de casa! Eu no lugar dela tinha feito a mesma coisa. O Mohammed queria que a pobre coitada fosse viver para Fez com o tio Abdul! Dá para imaginar castigo pior que este?! Aquele momento em que o Zé Roberto foi falar com o Mohammed para lhe dizer que estava disposto a converter-se ao Islão por amor à Samira até teve a sua graça. O Mohammed teve um piripaque instantâneo! :haha:Será que é desta que ele vai finalmente ceder?!

O Leãozinho e a Yvete vão ser pais! :haha: Acho um pouco irrealista, dada a idade da personagem e da própria atriz que a interpreta. Mas é novela malta, não nos podemos esquecer desse "pequeno" detalhe.

O teste de ADN ao Tavinho deu positivo. :rofl: Ele e a Lidiane estão bem tramados! A Odete conseguiu passar-lhes a perna e de que maneira. :haha:

@Free Live

Quatro.

Era para a ter terminado hoje há tarde, mas custou-me tanto ver aquelas cenas da Clarisse e da Maysa na favela e + Mel, Maysa e Xande na maternidade que acabei por ver outras coisas. Uma pessoa sofre a ver esta novela Free Live! Mas "at the end of the day" é tão viciante e encantadora que acaba por valer a pena!

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há 9 minutos, Maya disse:

A despedida da Jade e do Léo foi tão emocionante! :crying:Fiquei ainda mais encantada com a última conversa da Jade com a Deusa, em que ela diz a esta última que o encontro com o Léo foi o mais bonito que ela já teve em toda à sua vida! :wub: Foi uma conversa tão mágica, arrepiante e primorosa! E o facto de ter sido totalmente inesperado fez deste um momento ainda mais especial e único! No final a Jade ainda ofereceu um lenço à Deusa e pediu-lhe para entregar o colar dela ao Léo! :giveheart: A Deusa foi tão doce e amorosa com a Jade! A Adriana Lessa e a Giovanna Antonelli arrasaram por todos os lados em toda aquela sequência! Fiquei mesmo muito comovida com tudo aquilo que vi. <3

A Mel voltou para casa com o filho! Mas é tão triste saber que ela não pode amamentar o próprio filho derivado a todas aquelas substâncias malditas que a vimos ingerir ao longo da novela. :crying:Foi doloroso quando a empregada lhe disse que ela "devia deitar o leite fora, porque podia lhe fazer mal..." :crying:Eu acho que preferia morrer a ter que passar por semelhante coisa!

As cenas da Maysa no centro de apoio a pais e familiares de toxicodependentes também foram um murro no estômago! :crying:Tanta realidade inserida naquele contexto!

Fiquei petrificada com a cena do depoimento do Albieri no tribunal! A interpretação e a entrega do grande Juca da Oliveira em cenas como aquela são simplesmente deliciosas de acompanhar. As cenas naquele tribunal, de resto, foram extraordinariamente bem escritas! Faço mais uma vénia à maravilhosa Glória Perez! :giveheart: O texto dela é um verdadeiro tesouro!

Entretanto a Samira decidiu fugir de casa! Eu no lugar dela tinha feito a mesma coisa. O Mohammed queria que a pobre coitada fosse viver para Fez com o tio Abdul! Dá para imaginar castigo pior que este?! Aquele momento em que o Zé Roberto foi falar com o Mohammed para lhe dizer que estava disposto a converter-se ao Islão por amor à Samira até teve a sua graça. O Mohammed teve um piripaque instantâneo! :haha:Será que é desta que ele vai finalmente ceder?!

O Leãozinho e a Yvete vão ser pais! :haha: Acho um pouco irrealista, dada a idade da personagem e da própria atriz que a interpreta. Mas é novela malta, não nos podemos esquecer desse "pequeno" detalhe.

O teste de ADN ao Tavinho deu positivo. :rofl: Ele e a Lidiane estão bem tramados! A Odete conseguiu passar-lhes a perna e de que maneira. :haha:

@Free Live

Quatro.

Era para a ter terminado hoje há tarde, mas custou-me tanto ver aquelas cenas da Clarisse e da Maysa na favela e + Mel, Maysa e Xande na maternidade que acabei por ver outras coisas. Uma pessoa sofre a ver esta novela Free Live! Mas "at the end of the day" é tão viciante e encantadora que acaba por valer a pena!

Parece que já entraste nos últimos capítulos da novela?. Eu estou ansioso para rever todas estas cenas. Eu vou para o capítulo 186 do Viva. E já me aperta coração saber que a novela começa a entrar na reta final. Foram meses que "O Clone" junto com "Cabocla" quando ainda passava no Viva, e agora "Chocolate com Pimenta", davam e dão gosto em assistir. "O Clone" tem uma vibe exótica, mais do que "Explode Coração", por exemplo, a primeira novela que a autora explorou. Amava Dara, mas eu não me apegava nem ao cigano Igor e nem ao brasileiro Júlio Falcão, o trio amoroso. Já em "O Clone" é praticamente seduzivel a história de amor entre Jade e Lucas. Acho que a música "A Miragem" é bem comparável a "My Heart Will Go On"de Titanic, você não consegue desassociar a música com as personagens ou a novela. Esta música ficou eternizada. A atmosfera toda, as lições que a droga faz com as pessoas. A clonagem humana, fico as vezes me perguntando se um clone é uma dádiva ou karma. Para Lucas e Léo representou um karma, um a sombra do outro. O passado e o futuro em ligação. Entendo o Albieri, mas, acho que superar uma morte e seguir com a vida seria o ideal. Fazer um espelho do outro é regredir ao passado e não ao futuro o que ele queria fazer com Léo, em ser o espelho de Diogo. Acabou se frustrando, pois Léo tem traços fortes de Lucas e nada do Diogo.

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2 minutes ago, DanielNunes said:

Parece que já entraste nos últimos capítulos da novela?. Eu estou ansioso para rever todas estas cenas. Eu vou para o capítulo 186 do Viva. E já me aperta coração saber que a novela começa a entrar na reta final. Foram meses que "O Clone" junto com "Cabocla" quando ainda passava no Viva, e agora "Chocolate com Pimenta", davam e dão gosto em assistir. "O Clone" tem uma vibe exótica, mais do que "Explode Coração", por exemplo, a primeira novela que a autora explorou. Amava Dara, mas eu não me apegava nem ao cigano Igor e nem ao brasileiro Júlio Falcão, o trio amoroso. Já em "O Clone" é praticamente seduzivel a história de amor entre Jade e Lucas. Acho que a música "A Miragem" é bem comparável a "My Heart Will Go On"de Titanic, você não consegue desassociar a música com as personagens ou a novela. Esta música ficou eternizada. A atmosfera toda, as lições que a droga faz com as pessoas. A clonagem humana, fico as vezes me perguntando se um clone é uma dádiva ou karma. Para Lucas e Léo representou um karma, um a sombra do outro. O passado e o futuro em ligação. Entendo o Albieri, mas, acho que superar uma morte e seguir com a vida seria o ideal. Fazer um espelho do outro é regredir ao passado e não ao futuro o que ele queria fazer com Léo, em ser o espelho de Diogo. Acabou se frustrando, pois Léo tem traços fortes de Lucas e nada do Diogo.

Foi a melhor novela que eu já vi em toda a minha vida Daniel! <3 Acho muito pouco provável, para não dizer impossível, que venha a existir uma outra capaz de me emocionar, de me dominar, ou até de me surpreender como esta o conseguiu fazer ao longo de todos estes meses. 

Engraçado estares a dizer isso, porque eu acho que o Léo possui características tanto de um como do outro. Por um lado tem o mesmo amor à vida e a alegria contagiante do Diogo, mas por outro consegue ter a mesma serenidade e sensibilidade que o Lucas tinha quando tinha a idade dele. Ao fim ao cabo o Léo acabou foi por herdar o melhor dos dois mundos, resumidamente falando! :giveheart:

 

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há 29 minutos, Maya disse:

Foi a melhor novela que eu já vi em toda a minha vida Daniel! <3 Acho muito pouco provável, para não dizer impossível, que venha a existir uma outra capaz de me emocionar, de me dominar, ou até de me surpreender como esta o conseguiu fazer ao longo de todos estes meses. 

Engraçado estares a dizer isso, porque eu acho que o Léo possui características tanto de um como do outro. Por um lado tem o mesmo amor à vida e a alegria contagiante do Diogo, mas por outro consegue ter a mesma serenidade e sensibilidade que o Lucas tinha quando tinha a idade dele. Ao fim ao cabo o Léo acabou foi por herdar o melhor dos dois mundos, resumidamente falando! :giveheart:

 

Eu pensando cá depois e fazendo um retropectiva de tudo o que aconteceu na personalidade do Léo, sim, há uma personalidade do Diogo, mas é mínima. Pois, não deu para o Albieri moldar o Léo por conta da interferência de Deusa. Ele é amável com as pessoas assim como Diogo era. Porém, ele tem um espírito aventureiro de Lucas, usa praticamente roupas que Lucas adoraria usar, é romântico, age como Lucas agiria se não fosse o Leônidas cortar as asinhas de Lucas. Acho o que estragou a vida de Lucas, parcialmente uma metade foi culpa de Leônidas. Pelo passado de infância do Lucas, o menino não podia brincar, porque ele iria se machucar, não podia entrar no mar, porque ele iria se afogar. O zelo e o medo deixaram Leônidas, ao meu ver, "dominador" do destino de Lucas. Acho que a Mel não foi empecilho nenhum para ele se separar ou continuar casado de Maysa, o destino foi moldando de novo Lucas, mais uma vez por interferência de Leônidas, que no dia que Lucas estava preparado a sair daquela vida, Leônidas teve um infarto, e ai voltou de novo ao mando e controle do pai. Só que outra metade ai foi a Mel com as drogas, mais uma vez teve que adiar tudo para cuidar da filha. Porém, a impressão que fica, que ele não cuidou de Mel no momento das drogas, muitas vezes o Xandy tinha que fazer este papel de cuidar calado de Mel ou Maysa, que não sabia agir,e muito menos lutou a favor de ficar com Jade. Fica impressão que Lucas é realmente fraco e banana como o protagonismo da novela, dando a Jade este poder de ação, dela lutar sozinha por este amor.

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Estas últimas cenas da Mel continuam a ser muito dramáticas malta! A Glória Perez não me está a dar tréguas! Só emoções fortes até ao último episódio. :crying:

Fiquei tão mal com as cenas do Lobato depois dele ter ido procurar pelos filhos! :crying:Ele, como não teve coragem de ficar cara-a-cara com eles, bebeu compulsivamente num bar ali perto... e posteriormente teve um enfarte e foi parar ao hospital! :crying:As cenas dele com a filha foram mesmo muito emocionantes! A atriz que fez de filha dele é muito parecida com a Débora Falabella. Não será a irmã dela @DanielNunes?!

A Deusa perdeu o processo contra o Leónidas! :crying:Foi tão desesperador acompanhar o sofrimento dela na sala de audiência! Coitadinha! :crying:Os discursos argumentativos no tribunal foram mesmo muito bem escritos! O do Lobato foi de longe o que mais gostei. <3 

O tio Ali vai se casar com a Zoraide! <3 Fiquei tão feliz com o momento em que ele lhe diz que quer que ela seja a sua "nova esposa". No decorrer da história já me tinha passado pela cabeça que a Zoraide pudesse sentir "algo mais" pelo Ali, mas nunca me passou pela cabeça que um dia os ia ver casados! Eu confesso que fiquei com alguma pena da irmã da Ranya, que estava toda confiante e segura de que o Ali a ia escolher a ela como sua nova esposa... mas no final acabou por levar com um valente balde de água fria em cima. :haha: E a fita que a Nazira fez quando descobriu que o Ali se ia casar com a Zoraide?! :haha: "Nãoooooooooooooo... Até a Zoraide vai casar primeiro que euuuuuuuuuu..." :rofl:

Também gostei muito de ver quando o tio Ali foi com o Zé Roberto buscar a Samira a casa da amiga! :giveheart: Ele foi tão querido com eles! E depois riu-se a pensar no "Déjà Vu" da história do Lucas e da Jade que agora se verificava no romance daqueles dois. :wub:

Por falar em Jade: Ela conseguiu fugir com a Khadija para Marrocos, mas o Said revirou aquela cidade inteira e acabou por conseguir encontrá-las. :|Elas entretanto conseguiram fugir novamente e esconderam-se nas ruínas, mas de nada adiantou... ele encontro-as mesmo assim! :crying:A Carla Diaz comoveu-me tanto com a sua Khadija a implorar ao pai para que este poupasse a mãe de levar as chibatadas. :crying:O Said lá acabou por se sensibilizar com a súplica da filha, mas levou-a com ele mesmo assim. Chorei "litros e litros e litros" com toda aquela sequência! Estas cenas foram mesmo um murro no estômago! Haja fôlego para acompanhar tudo isto!

Estou com tanta pena da Lidiane e do Tavinho! Ela está completamente descompensada, mas também não é para menos. O que a Odete e a Karla lhes estão a fazer não se faz. :haha:

 

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Acabei agora mesmo de ver o último episódio... e que episódio malta! <3

Agora que cheguei ao fim da jornada, a única coisa que vos consigo dizer neste preciso momento é que estou a sentir um vazio equivalente ao tamanho de uma cratera!

Mais logo, ou o mais tardar amanhã, vou publicar aqui a minha apreciação geral à novela. Por isso preparem-se para o longo testamento que vem por ai malta! :haha:

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Elenco da novela 'O Clone' 18 anos após a exibição de seu primeiro capítulo

Acabou. Encerrei esta semana um dos capítulos mais bonitos desta minha trajetória enquanto apreciadora e consumidora de novelas. Cheguei ao fim desta que foi sem dúvida uma das “viagens” mais mágicas e alucinantes que experienciei até agora. ‘O Clone’ foi irrefutavelmente a novela mais intensa, complexa e bem escrita que eu já vi em toda a minha vida. É difícil transpor por palavras tudo aquilo que fui sentindo à medida que fui acompanhando o desenrolar desta verdadeira obra prima. Tudo o que vos posso dizer é que, mesmo tendo acompanhado a novela durante um período de tempo relativamente alargado, não consigo esconder ou negar o enorme vazio que estou a sentir neste momento por não poder mais continuar a "viver" com estas "pessoas", de não poder observar os seus respectivos quotidianos, de me compadecer com os seus dramas ou ficar genuinamente intrigada com as suas questões. A forma envolvente com que esta história e (quase) todos os seus personagens me conquistaram e o domínio que estes passaram a exercer sobre mim ao longo destes últimos meses atingiram uma dimensão tal, que eu própria ainda hoje não os consigo assimilar a 100%. O carinho que sinto por esta novela é tão forte e genuíno, que posso afirmar-vos com toda a convicção do mundo que é incomparável a tudo aquilo que senti (e sinto) por todas as outras que já tive a oportunidade de ver ao longo desta minha "mera existência".

'O Clone' foi um projeto extremamente ambicioso, cujo incrível trabalho de equipa resultou num dos conjuntos de obra mais extraordinários já alguma vez vistos em televisão. Escrita, realização, elenco, banda sonora, direção de arte, guarda-roupa, maquilhagem... tudo e todos nesta novela conseguiram brilhar em uníssono! 

Começo desde já por parabenizar esta mulher incrível e extraordinariamente inspiradora:

Glória Perez relembra morte da filha: 'Para os dois psicopatas ...

Grande Glória Perez! Que trabalho de pesquisa espantoso este que ela conseguiu desenvolver enquanto construía a espinha dorsal de 'O Clone'. Ela sempre foi uma autora exímia, mas neste projeto em concreto creio que seja praticamente unânime entre a crítica especializada brasileira (e não só) que ela estava particularmente inspirada. A autora merece de facto toda a aclamação do mundo, já que foi capaz de criar uma história surpreendente, ousada e particularmente inovadora, que navegava em narrativas tão complexas tais como o embate visceral entre a religião e a ciência, ou o retrato da modalidade do vício bioquímico do ponto de vista da psicanálise, todos eles inseridos num enredo assumidamente folhetinesco, que teve como pano de fundo uma história de amor que perdurou no tempo e continua até hoje presente no imaginário de milhões de pessoas. Acho mesmo que 'O Clone' é a novela mais próxima que existe da perfeição, tendo conseguido atingi-la em vários momentos no decorrer da história, não só do ponto de vista do processo criativo, mas também na forma inventiva e verossímil com que a Glória Perez conseguiu criar esta co-existência brilhante entre ambos os pontos fulcrais da história - cultura muçulmana e clonagem humana - na sua própria narrativa. Mais uma vez tiro o meu chapéu à autora, que com uma gestão contundente e devidamente cuidadosa, conseguiu evitar que a sua obra se transformasse num campo de batalha ideológico entre "Médio Oriente vs Ocidente". Este paradoxo dramatúrgico entre a cultura muçulmana, completamente submissa à figura de Deus, e a clonagem humana, proveniente da visão secular de que "Deus é uma invenção do homem" e que pode ser substituído de alguma forma pela ciência e pela medicina, resultou numa inserção extremamente primorosa e pedagógica da doutrina religiosa e do discurso científico dentro do universo da novela. Foi assim que a Gloria conseguiu transformar toda esta discussão, tão polémica mas fascinante ao mesmo tempo. numa novela. O resultado final não podia ter sido mais positivo!

A representatividade da cultura e dos costumes muçulmanos na história foi muito bem conseguida. Cheguei a ler em várias plataformas que 'O Clone' estreou no Brasil poucas semanas depois do atentado às "Torres Gémeas", uma coincidência um pouco "macabra" que, segundo li, acabou por condicionar um bocadinho a liberdade criativa da autora, mas que acabou por funcionar como uma espécie de instrumento didático para que o público entendesse o quão injusto era responsabilizar toda uma classe pelos erros de grupos terroristas muito específicos,  num momento muito particular em que a religião islâmica era sistematicamente estigmatizada por tudo e por todos. A novela ofereceu representações muito positivas - e ocultou de uma forma, diria eu, algo "propositada" muitos dos aspectos negativos referentes a esta cultura - e concretizou uma leitura mais humanizada do povo muçulmano da que estamos habituados a ver noutras produções e na própria comunicação social, de uma forma generalizada. A novela tinha cenas tão simples, e ao mesmo tempo tão sublimes relacionadas com esta temática. Desde mostrarem os muçulmanos a fazerem as suas orações nas ruas da cidade de Fez, aos temas apaixonadamente discutidos pelos personagens inseridos nos núcleos em questão. Tudo feito com um primor incrível e uma atenção espantosa ao mais ínfimo detalhe. 

Em contrapartida, a questão da "clonagem humana" deve ter sido a mais controversa que eu já vi retratada numa novela. Pesquisei imenso sobre este assunto e descobri que a discussão em torno do mesmo estava a ter uma repercussão sem precedentes nesta altura - e mesmo antes da novela ter estreado - em tudo o que eram meios de comunicação social derivado à clonagem da ovelha Dolly, ocorrida em 1997 (se não estou em erro). O mais curioso no meio disto tudo foi quando, numa altura em que a novela já caminhava a passos largos para a sua recta final, apareceu o tal médico italiano - Severino Antinori - a afirmar que tinha feito os tais "três clones humanos". Este feito acabou naturalmente por ser mencionado na novela. Ou seja, ao fim ao cabo a Glória Perez acabou por ser uma espécie de "visionária" em todo este processo, na medida em que conseguiu "antecipar-se" de certa forma ao médico italiano ao retratar este procedimento, até então tido por muitos como sendo pura "ficção científica", muito antes dele ter anunciado ao mundo que fora bem sucedido nas suas experiências. Realmente conseguir criar um enredo com este dinamismo, que misturava muçulmanos com avanços científicos e tecnológicos, e ainda conseguir suscitar o interesse do público pelo mesmo, não é para qualquer um. Mais "um milhao de aplausos" para a extraordinária Glória Perez! 

O recurso utilizado pela autora - que segundo li, até então era pouco (ou nada) recorrente - de por os personagens a narrarem os seus próprios pensamentos foi um dos aspectos mais interessantes desta novela, já que através deste método conseguíamos estabelecer um contacto mais íntimo e profundo com todos eles, que ia muito além da tradicional "superficialidade" patente na maior parte das novelas. Poder penetrar naquelas almas e/ou antever quais poderiam vir a ser os seus próximos passos foi sem dúvida das melhores coisas que esta novela proporcionou ao seu público.
E que mais se pode dizer relativamente aquele texto maravilhoso?! Era um deleite acompanhar aqueles belíssimos diálogos inseridos no universo islâmico, com uma linguagem poética e instrutiva que conseguiam arrepiar a espinha a qualquer um! 
Outro aspecto que considerei extremamente interessante nesta novela foi o "testar" constante (psicologicamente falando) aos nossos limites enquanto espectadores. A capacidade com que a autora conseguia surpreender o público à medida que ia desenvolvendo a sua própria história também foi digna de registo. Eu pelo menos falo por mim, já que nunca senti em momento algum que a novela se tivesse tornado "previsível". A Glória pode ter enrolado um bocadinho em algumas partes, e embora também seja obrigada a reconhecer que a novela perdeu uma fatia relativamente considerável daquele encanto e autenticidade que estavam tão patentes na primeira fase da mesma, também não posso deixar de louvar a autora por nunca se ter perdido na sua própria lógica. Ela sabia muito bem a onde é que queria, e como é queria lá chegar. Já para não falar que o “lento”, que de vez em quando se verificava nesta novela, conseguia por vezes tornar-se tão aprazível! Permitia-nos saborear melhor a história e criar com estes personagens uma relação muito mais dinâmica e pessoal, sem aquela azáfama constante que hoje em dia impera na maior parte das novelas.

 

Inspirado nas gêmeas do BBB, veja atores que viveram dose dupla na ...

A história do trio de protagonistas masculinos da novela - Diogo, Lucas e Léo - foi uma das mais revolucionárias e curiosas de sempre da teledramaturgia brasileira, cuja gestão minuciosa da parte da autora rendeu à trama algumas das cenas mais extraordinárias e complexas de que há memória. Deixo aqui a minha singela ovação ao Murilo Benício, pelo trabalho magistral que ele desenvolveu aqui. Não é qualquer ator que consegue construir três personagens completamente distintos, destacando desde o principio diferenças entre eles que se foram mantendo extraordinariamente perceptíveis ao longo dos seus respectivos trajetos enquanto seres únicos e individuais dentro da mesma história. Gostei muito dos três, mas o Léo foi sem sombra de dúvida o meu favorito, não só derivado ao desenvolvimento brilhante da questão da clonagem humana, mas principalmente porque era o mais delicado, gentil, meigo e também o mais fiel aos seus sentimentos e aquilo em que acredita. Volto a aplaudir aqui a mestria do grande Murilo Benício, que conseguiu imprimir ao Léo alguns traços de personalidade bastante "sui generis" que concederam ao personagem uma identidade muito própria, embora ele pussuísse características intrinsecas de ambos os gémeos. Acho que o Léo acabava por funcionar na narrativa da novela como uma espécie de ponto equilíbro entre o Diogo e o Lucas, que eram totalmente o oposto um do outro. 

Sou da opinião de que o Diogo era um personagem infinitamente mais interessante do que o Lucas. Acho que a autora errou um bocadinho no gémeo que optou por "matar", visto que o que acabou por perder a vida era muito mais dinâmico e dava uma vivacidade completamente diferente à novela! Ainda assim aplaudo esta capacidade da Glória de ter conseguido, de certa forma, manter o Diogo vivo no prosseguimento da história, não só no colectivo de memórias afetivas de algumas personagens, mas sobretudo através do Léo que, por ser tão cativante e magnético quanto ele, acabava por ser o reflexo mais autêntico e credível da sua própria existência. 

Já o Lucas, na minha perspectiva, foi um protagonista pouco carismático, extremamente apático e distante. Não me transmitia qualquer tipo de emoção em cenas em que as contracenas dele não eram tão fortes ou que não envolvessem uma carga dramática mais exigente, Isto sem falar no pai afetivamente negligente em que ele se foi transformando com o passar dos anos, incapaz de acompanhar ou de dar a devida atenção à Mel nos momentos em que a filha mais precisou dele. 

 

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A maravilhosa Jade! :giveheart: Ela é inequivocamente uma das melhores e mais emblemáticas protagonistas femininas de sempre da ficção brasileira, isto se não for mesmo a melhor e mais bem construída delas todas. Uma personagem tão misteriosa, complexa, carismática... do mais rico que já alguma vez se viu em termos narrativos! O que mais me fascinava nela era o facto de não ser uma "mocinha" propriamente linear. Mesmo sendo dotada de um espírito de sacrifício notável e ter uma aura genuinamente boa, ela também possuía várias características dúbias, por norma mais associadas às vilãs na maior parte das novelas, que se sobressaíam em muitas das suas intervenções na novela, sobretudo quando a víamos desafiar as tradições do seu povo ou a proceder única e exclusivamente de acordo com as suas vontades ou em conformidade com os seus próprios sentimentos. Nestas situações em concreto ela conseguia ser muito ardilosa, manipuladora, cínica, chegando mesmo a agir com algum egoísmo e até com uma certa perversidade em ocasiões muito específicas. Ela conseguia mesmo deixar-me absolutamente boquiaberta com algumas atitudes que foi tendo ao longo da novela. Um dos momentos que mais me chocou foi quando ela se encontrou com o Lucas numa praia qualquer do Rio de Janeiro (isto no seguimento do reencontro entre ambos na terceira fase da novela), que culminou com aquela cena idílica e repleta de poesia no quarto de hotel, e que resultou numa das sequências mais desconcertantes do percurso da Jade e um dos vários momentos que fizeram com que questionasse a índole dela em variadíssimos aspetos! Todos esses traços pouco ou nada ortodoxos levavam-na muitas vezes a trair e a mentir com todos os dentes que tinha na boca, mesmo sabendo de antemão que acabaria inevitávelmente por sofrer as pesadas consequências que tais atos acarretavam a médio/longo prazo. O défice de compreensão pela situação super dramática que o Lucas estava a viver com a filha toxicodependente já num estágio bastante avançado da novela também me deixava muitas vezes com os nervos à flor da pele! 
Trocado por miúdos: o comportamento da Jade não é de todo o género de conduta que se espera de uma "mocinha tradicional" de uma novela, quanto mais de uma mulher muçulmana, casada e mãe de uma filha pequena, e que por todas estas razões devia (ou era suposto) ser mais fiel aos costumes do seu povo e estar mais harmonizada com os ensinamentos do Islão, sem falar no sentido de família que no caso dela também devia ser tão ou mais apurado que o da esmagadora maioria dos comuns mortais, mas que não se verificou em inúmeras ocasiões no decorrer da novela. 
É por tudo isto e muito mais que a Jade consegue ser esta figura tão fascinante e intrigante ao mesmo tempo! Ela teve medo em vários momentos. Duvidou de si mesma em tantos outros. Mas foram poucas as vezes em que vacilou ou se deixou paralisar perante as imensas partidas que o destino lhe pregou. Uma protagonista autossuficiente por natureza, na medida em que transbordava um dinamismo incrível que lhe permitia movimentar a sua própria história sozinha, sem que para isso fosse necessário haver uma vilã a andar atrás dela durante toda a novela. Neste caso em concreto, a grande antagonista da Jade foi a vida, cuja implacabilidade e imprevisibilidade acabaram por se sobrepor aos seus desejos mais ardentes e profundos, e a todas as metas que foi definindo para si ao longo da sua jornada. É precisamente o facto dela ter todos estes traços de personalidade, tão inerentes à condição humana, que a torna tão única e apaixonante enquanto personagem e ser individual.

Faço uma vénia à gigante Giovanna Antonelli! Aplaudo-a de pé pela mestria com que conseguiu dominar este "furacão de personagem", tão desconcertante e ao mesmo tempo tão encantadora! Cheguei a ler algures num site qualquer que ela tinha sido a última escolha da Glória e do Jayme Monjardim para protagonizar 'O Clone', papel que acabou por conseguir graças ao seu excelente desempenho como a não menos brilhante Capitu na saudosa ‘Laços de Família”. Acredito que a autora e o realizador tenham ficado embevecidos com o belíssimo trabalho desenvolvido por ela enquanto construía a sua Jade.  O resultado final está a vista de todos.
 

 

Morrem? Léo e Albieri desaparecem em tempestade no deserto em ...

O Albieri foi talvez o personagem do sexo masculino mais complexo e cheio de nuances da história da ficção brasileira! Ele foi, ao fim ao cabo, um "vilão  sem querer" dentro da narrativa da novela, embora também se possa dizer que ele tenha sido vítima da tal "cilada da vaidade" que tanto o assustava. Uma personagem cuja irracionalidade e personalidade megalómana contrastavam basicamente em tudo com o ofício para o qual vivia. Um cientista exímio e admirado por muitos, mas ao mesmo tempo um homem muito amargurado e de mal com a vida, que vivia num verdadeiro frenesim de sentimentos internos, e que nunca se conformou com a ideia de que "a morte é a única certeza que temos na vida". Ao analisar o comportamento do Albieri ao longo da novela, e tendo já lido inúmeros artigos relacionados com este assunto, a impressão com que fiquei é que ele sofria da síndrome de "tanatofobia", que significa medo e aversão (ou negação) patológico/a à morte. Infelizmente isto nunca chegou a ser referido na novela, e tenho imensa pena que a Glória Perez não tenha explorado melhor esta questão, porque tornava-se evidente em todas as intervenções do Albieri relacionadas com a temática da clonagem - e nas suas próprias reflexões - que ele padecia desse transtorno. Um homem deveras estranho, mas ao mesmo tempo tão fascinante!

O embate entre a "ciência e a religião" ganhava forma nas conversas do Albieri com o Ali, em que a discussão sobre a temática da "clonagem humana" personificada pelo Albieri tinha o contraponto da visão ortodoxa aqui representada pelo Ali. Toda a discussão em torno destes dois temas tão antagónicos rendeu algumas das cenas mais extraordinárias da novela. Eu adorava sempre que eles discutiam apaixonadamente sobre todos estes temas relacionados com os contrastes sócio-culturais entre o ocidente e o médio oriente. De um lado tínhamos um homem com uma visão completamente secular do mundo que o rodeia, e um cientista completamente fascinado pela ideia de recriar um ser humano geneticamente idêntico ao afilhado que morreu. Do outro tínhamos um homem conservador ao extremo, assumidamente fiel ás tradições e aos ensinamentos do Alcorão.

A última cena do Albieri com o Léo, na qual "criador" e "criação" caminhavam no deserto lado a lado e rumo ao desconhecido, foi das mais bonitas e simbólicas de toda a novela e um dos momentos mais inesquecíveis que a teledramaturgia brasileira nos proporcionou ao longo dos anos. 

 

Frases do Tio Ali (@frasesdoali) | Twitter

Não podia escrever uma análise final sobre 'O Clone' sem prestar aqui a minha singela homenagem ao maravilhoso tio Ali! Ele passou por uma das evoluções psicológicas mais bonitas dentro do universo desta novela, e de longe a mais positiva de todas elas! Um homem que ao inicio nos foi apresentado como um muçulmano apegado ao extremo aos ensinamentos do Alcorão, e um patriarca super autoritário que comandava com mãos de ferro os destinos das sobrinhas e das restantes mulheres que viviam dentro daquela que era a sua "área de influência". O Ali queria, no fundo, endurecer o coração da Jade. Queria à força toda que a sobrinha se reconciliasse com as tradições árabes e que esta perdesse aquela visão do "amor à primeira vista" muito romantizada pelas mulheres ocidentais, mas que não se coadunava de todo com o olhar do Islão relativamente a este sentimento tão forte e visceral. Ele quis que a sobrinha se torna-se a típica esposa obediente e submissa aos mandos e desmandos do marido, porém, e sem desmerecer o processo evolutivo da Jade enquanto personagem, foi o Ali que acabou por sofrer a transformação mais interessante no decorrer da história. Aquele homem rígido, muito conservador e fiel às suas convicções do inicio contrastava bastante com o homem sensível, tolerante e compreensivo em que ele se transformou à medida que a trama se foi desenvolvendo. A determinada altura o Ali até já dava por si próprio a achar graça às peripécias das sobrinhas, e até já se estavam a tornar recorrentes algumas discussões pontuais entre ele e o tio Abdul derivado à mentalidade ultra-retrógrada deste último! :haha: O Ali, que tanto lutou para que a Jade se transformasse numa versão completamente diferente de si própria em nome dos costumes, acabou por aprender a amar e a aceitar a sobrinha tal e qual como ela era, tendo conseguido adquirir a paciência e humildade necessárias que lhe permitiram ver muito além daquele "poço de imperfeições" que tantas dores de cabeça lhe foi dando ao longo dos anos.

O casamento dele com a Zoraide, e a subsequente cena da lua-de-mel entre ambos os personagens, renderam alguns dos momentos mais ternurentos desta recta final!

Também amei a ideia da autora de colocar o Ali a narrar todos os desfechos dos personagens da novela no último episódio. Quem melhor do que ele, com toda aquela sabedoria e eloquência que lhe eram tão características, para o fazer?! <3

 

Resumo O Clone (Viva) 4/01: Deusa entra em trabalho de parto

A Deusa também foi uma das minhas personagens favoritas. Ela, como já aqui foi dito e bem, foi sem sombra de dúvida a personagem mais prejudicada pelos feitos e desfeitos do Albieri. O maior sonho da vida desta pobre rapariga era ser mãe, e quando pensava que estava finalmente prestes a concretizá-lo, aparece-lhe "um Albieri" pelo caminho que transforma o realizar desse sonho num verdadeiro pesadelo "sem fim". A relação da Deusa com o Léo foi particularmente complexa. As cenas em que ele rejeitava peremptoriamente a mãe quando era pequenino eram mesmo desconcertantes! Era impossível não ficarmos consternados e solidários com o martírio desta personagem e com o "muro gigantesco", metaforicamente falando, que ela teve de deitar abaixo para conseguir alcançar o coração daquele filho. O tempo felizmente acabou por se revelar o principal aliado da Deusa, e foi tão gratificante ver como ela acabou por conseguir ser bem sucedida nesta missão de construir com o Léo uma relação de cumplicidade entre "mãe e filho" tão bonita e enternecedora! Claro que tudo isto só se tornou possível graças ao facto dela o ter conseguido criar longe de toda aquela influência devastadora que o Albieri vinha a exercer sobre ele desde tenra idade.

Fiquei tão feliz pela Deusa quando a advogada conseguiu fazer com que o seu apelido continuasse a constar no bilhete de identidade do Léo! Acho que nunca me vou esquecer daquela última cena dela na novela, cuja narração enigmática do tio Ali resumiu sublimemente aquela que foi a sua trajetória na história: "O destino da Deusa é esperar pelo filho. Esperou por ele antes dele nascer, e continua à espera dele mesmo depois de nascido..."   
Não teria dito melhor! 

 

Neusa Borges – Wikipédia, a enciclopédia livrezoraide on Twitter: "Cuidado com Al Sami'(aquele que tudo ver) Allah  proteja todos!"

As "minhas" adoradas Dalva e Zoraide. :giveheart: Sempre tão dóceis, maternais, apaziguadoras, sábias (mesmo não sendo propriamente cultivadas em termos académicos), e tão enérgicas dentro das suas respectivas esferas rotineiras. A Zoraide amava a Jade e a Lattifa como se fossem suas filhas. O mesmo se verificava com a Dalva, que foi uma verdadeira mãe para o Diogo, para o Lucas e para a Mel. Incrível como elas tinham sempre uma palavra amiga e estavam lá sempre para reconfortarem os seus meninos nos momentos mais complicados. Com tais gestos, elas conseguiam transmitir uma sensação de segurança incrível, não só aos seus respectivos "filhotes do coração", mas também a nós público, que de tanto que torcíamos pela felicidade deles, acabávamos também nós por absorver toda aquela serenidade e tranquilidade que tanto a Zoraide como a Dalva irradiavam. 

Destaco as cenas da borra do café, nas quais a Zoraide exercia os seus dotes de clarividência, como as minhas favoritas desta personagem. Cenas tão mágicas, e sempre com um texto muito bem aprimorado!

 

O Clone: Foto Daniela Escobar - 23 no 31 - AdoroCinema

A Maysa foi indiscutivelmente uma das personagens mais ricas e interessantes do universo desta novela. Uma mulher extremamente fútil, mesquinha e supérflua, "dotada" de um complexo de superioridade absolutamente intragável, e que conseguia irritar um morto cada vez que se punha com todos aqueles ataques provenientes de um egocentrismo intrínseco para lá de detestável! Apesar de tudo, e mesmo tendo sido um poço de defeitos durante praticamente toda a novela, nunca a encarei propriamente como uma "vilã", mas sim como a personificação perfeita de uma personagem excepcionalmente humana! Destaco as cenas dela com a Mel como as mais impactantes da novela no campo emocional. Por muito indecente que a Maysa tenha sido ao longo da história, nenhuma mãe merece passar por tudo aquilo que ela passou. No fundo, a Maysa acabou por funcionar na narrativa da novela como uma espécie de "algoz" na vida da própria filha, já que andava sistematicamente a criticá-la por tudo e por nada e a pressioná-la para que ela fosse mais "feminina", "elegante" e "sofisticada" como ela, exatamente o oposto daquela que era a verdadeira essência da Mel. 
A Maysa tentou criar a filha à sua imagem e semelhança, mas o resultado final não podia ter sido o mais indesejável. 

Outro aspecto do qual chegámos a falar aqui, mas que nunca é demais lembrar, foi o facto da Maysa nunca ter amado verdadeiramente o Lucas. O que a fez ficar encantada por ele foi precisamente o facto deste último ter o mesmo semblante do Diogo, o homem por quem ela se tinha apaixonado primeiramente. Ela ficou desolada com a morte do namorado e encontrou na imagem do Lucas uma espécie de "prémio de consolação", ou uma forma de "fingir" e "fazer de conta" que ele ainda continuava vivo. Uma mal amada e amargurada do pior, que não se conseguia conformizar nem consigo própria, como é que podiamos sequer expectar que ela fosse conseguir um dia compreender ou aceitar a doçura e simplicidade da Mel, que não tinha rigorosamente nada a ver com aquele verdadeiro "poço de futilidades", expressão esta que tão bem caracterizava a Maysa?! Tudo isto derivado ao facto dela nunca ter conseguido lidar com a culpa e a frustração que sentiu dentro de si ao longo de todos aqueles anos por ter falhado redondamente nessa busca incessante pelas características do Diogo na pessoa do Lucas. Deu-se mal, claro, mas procurou negá-lo durante anos a fio, preferindo viver naquele casamento infrutífero que a empurrou para uma panóplia de conflitos interiores que a fizeram perder um pouco a noção da realidade. Quando deu por ela, viu-se envolvida num "molho de brócolos" sem precedentes e do qual se viu grega para se conseguir libertar.

A palavra "frustração" ganha forma humana na figura da Maysa. Nada mais tenho a dizer relativamente a esta personagem que, por mais extraordinária e bem conseguida que seja, marcou-me muito mais pela negativa do que pela positiva.

 

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"Pobre coração o dos apaixonados
Que cruzam o deserto
Em busca de um oásis em flor
..." :giveheart:

O meu coração bate a uma velocidade desproporcional sempre que ouço esta canção! :wub: A Jade e o Lucas viveram uma história de amor tão ou mais tumultuada do que as areias do deserto que tantas vezes serviram como pano de fundo deste que foi indubitavelmente um dos melhores pares românticos de sempre da ficção da Globo. Foram muitos os momentos protagonizados por ambos que me marcaram, mas destaco as cenas nas ruínas, que imprimiam ao enredo da novela aquele toque "shakespeariano" que tanto aprecio numa boa história, e que tanta falta faz às novelas nos tempos que correm! Os tais conflitos culturais e religiosos estavam sobretudo patentes na história deste casal, já que ela era muçulmana e ele ocidental. Escusado será dizer que fiquei felicíssima com o final que lhes foi destinado pela autora, embora tenha achado que toda aquela sequência de ambos nas ruínas no último episódio tenha sido feita um bocadinho "à pressa". Já a última cena deles no deserto foi simplesmente magnífica! Tal como a Zoraide o tinha previsto há muitos anos: "O passado e o futuro cruzaram-se à frente da Jade na figura de um homem, como um encontro entre dois rios, e ai ela pode finalmente escolher se queria seguir em frente, ou voltar para trás". A Jade preferiu seguir em frente, ao escolher ficar com o "seu" Lucas, aquele por quem se apaixonou e continuou a amar toda uma vida. Ela preferiu agir de acordo com aquilo que o seu coração determinava ao invés de manter-se fiel ás tradições impostas pela religião muçulmana. Maktub! Já estava escrito que ia ser assim. 

Devo confessar que, do inicio da recta final da novela até ao último episódio, fui ficando cada vez mais balançada com este triângulo amoroso "Lucas-Jade-Léo", já que tanto o "clone" como o "clonado" se mostraram, cada um à sua maneira, merecedores de terminarem a novela ao lado da nossa heroína. Secalhar o Léo merecia mais ficar com a Jade do que o Lucas, já que ao contrário deste último, nunca a fez sofrer com promessas e mais promessas que depois nunca conseguia cumprir. Mas o amor é um sentimento tão estranho, talvez por ser tão único e inexplicável! O amor, para o bem e para o mal, acaba sempre por vencer no final.

 

Galeria de fotos

Adorei o final da Yvete com o seu "Leãozinho". :haha: A evolução da Yvete ao longo da novela também foi um processo muito interessante de acompanhar. Para vos dizer a verdade nem acho que tenha havido uma "evolução" propriamente dita. Ela cometeu aquele erro para lá de insensato no primeiro episódio, quando se envolveu com o Diogo, e confesso que desde então ganhei-lhe uma raiva tão grande que até já achava que ela fosse ser uma das grandes vilãs da novela, derivado a todos os problemas que aquele "episódio infeliz" estavam a causar na relação do Leónidas com o filho, que culminou com o acidente fatídico que ceifou a vida a este último. Bastaram-me apenas uns 10 ou 15 episódios de novela para me aperceber de que a Yvete era na verdade uma verdadeira força da natureza! Uma mulher extraordinária, super carismática, doce, sempre muito preocupada com o bem-estar dos amigos, que eram afinal de contas a sua verdadeira família... e o mais importante de tudo: A Yvete era genuinamente apaixonada pelo "seu" Leónidas! A relação de afeição e confidencialidade que ela foi construindo com o Lucas ao longo dos anos foi das coisas mais lindas que esta novela me proporcionou. Ela tornou-se um bocadinho "mãe" dele, tendo inclusive compactuado muitas vezes com os inúmeros "planos de fuga" que ele e a Jade foram engendrando ao longo da novela.

A Yvete, a  Odete, a Nazira e mesmo a dona Jura foram os principais "balões de oxigénio" da novela. Se não fossem elas, tornar-se-ia impossível conseguir respirar, nem que fosse só um bocadinho, no meio de tanto drama e de tantas tragédias que iam acontecendo nos outros núcleos. A Odete foi sem dúvida a minha personagem cómica favorita da novela. Uma personagem genuinamente engraçada, que bastava abrir a boca e proferir o seu "cada mergulho é um flash" para me sentir logo como nova. :haha:  E no final ela e a filha conseguiram mesmo extorquir a pensão ao pobre do Tavinho! :rofl:

 

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O casal Lattifa e Mohammed também protagonizou momentos muito delicados na história da novela. Adorei a Lattifa! Uma mulher tão determinada e convicta daquilo que queria para si e para os seus, e uma esposa e mãe extremamente dedicada e zeloza! O plot da Samira foi igualmente interessante de acompanhar, e muito bem desenvolvido pela autora como não podia deixar de ser. A Samira nunca se identificou muito com os ensinamentos do Alcorão, mas foi a partir do momento em que os pais lhe orquestraram aquele "casamento arranjado" com um miúdo que nem sequer conhecia que ela começou a entrar mais em conflito com os valores culturais estipulados pelo Islão. As conversas da Samira com a Latiffa eram particularmente aflitivas, porque a mãe começou a ver na filha a mesma impetuosidade e "desprezo" pelas normas que via na Jade, e percebeu desde logo que ela estava disposta a enfrentar o pai se preciso fosse para poder ser dona e senhora do seu próprio destino, o que acabou inevitavelmente por acontecer. Gostei muito da Samira! A dada altura da novela até já dava por mim a torcer mais por ela e pelo Zé Roberto do que pelo próprio casal protagonista, apesar deles ainda serem tão novinhos! Gostei muito do final destes dois, embora tenha achado desnecessário que ele tivesse que se converter ao islamismo para poder namorar com ela, mas pronto. 

 

Claro que não podia deixar de falar da banda sonora absolutamente incrível composta propositadamente para esta novela. O trabalho que o Marcus Viana desenvolveu neste projeto é um verdadeiro feito artístico!  Uma obra de arte intocável! <3 Acho lamentável que a Globo nunca mais o tenha chamado para compor para às suas produções! Esta BS só por si dava logo uma atmosfera incrível à novela!

A dança do ventre e a música árabe também foram dois fatores determinantes que contribuíram para o enriquecer do enredo da novela'. As cenas das festas no núcleo muçulmanos eram mesmo muito bonitas!

O Jayme Monjardim é outro merece todos os aplausos possíveis e imagináveis pelo trabalho magistral que desenvolveu enquanto realizador da novela! Não deve ter sido nada fácil assumir a direcção de um projeto tão exigente como este. No entanto ele conseguiu dirigir esta novela com "mãos de ferro" e ainda conseguiu proporcionar-nos paisagens únicas, verdadeiramente magníficas de tão idílicas que eram. As gravações em Marrocos foram uma autêntica "pedrada no charco" e renderam algumas das cenas mais extraordinárias e apoteóticas da novela. Muito bem realizadas mesmo! 

 

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Embora já tenha falado sobre isto num dos meus primeiros parágrafos, nunca será demais voltar a curvar-me perante a genialidade de toda a equipa e produção por detrás desta novela. Cenários, décors, guarda-roupa, maquilhagem... tudo concebido e trabalhado com atenção ao mais pequeno pormenor! Parabéns a todos. 

 

Resolvi deixar para último aquele que considero ter sido o percurso mais surpreendente, envolvente e dilacerante de uma personagem alguma vez visto em formato novela:

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O trajeto da Mel na novela foi de uma intensidade e violência psicológica sem precedentes! Por vezes chegava mesmo a ser insuportável ver alguns dos momentos mais impactantes em que ela se viu envolvida! Sofri horrores enquanto espectadora à medida que ia acompanhando todo este processo de autodestruição e de sofrimento da personagem, que foi sem dúvida das que mais me comoveu e que manteve acesa dentro de mim aquela expectativa de querer saber o que ia acontecer a seguir.

A leitura que faço de todo este caminho que conduziu a Mel ao mundo da droga prende-se com o facto dela sempre ter sido uma menina muito insegura e extremamente carente em termos emocionais. A começar pelo próprio facto dela ter crescido com aquele peso terrível que lhe foi colocado nos ombros quando ainda nem sequer era nascida: o casamento de fachada dos pais. O Lucas, na "qualidade" de pai,  falhou redondamente com a filha no decorrer da história, penalizando-a gravemente com a sua ausência e falta de carinho. Ele sempre se esteve a marimbar para os sentimentos dela e nunca se empenhou verdadeiramente na construção daquela relação "pai e filha" que tanta falta fez à Mel. Não deixa de ser curioso que ele tenha optado por continuar casado com a Maysa com o intuito de proporcionar à Mel uma base familiar "tradicional" e sólida, quando na verdade acabou foi por expor a filha a um sem número de situações traumáticas provenientes dessa quase total inexistência de comunicação e de complacência entre as duas pessoas que supostamente deviam ter sido as mais empenhadas na missão de proporcionarem à filha o tal bem-estar emocional de que ela sempre necessitou, mas que basicamente nunca teve à medida que foi crescendo. A Maysa pode até ter sido mais presente que o Lucas na vida da Mel, mas isso não faz dela menos responsável do que ele relativamente a todas as tragédias que se foram sucedendo nesta família derivado ao envolvimento da filha com substâncias ilícitas. Já acompanhei alguns documentários e séries dedicados à questão da toxicodependência, mas nunca me tinha acontecido envolver-me com o drama de uma personagem inserida em tal contexto desta forma tão sincera e tão profunda como me aconteceu com a Mel. Já para não falar do facto deste ter sido de longe o retrato mais real e contundente da toxicodependência que eu já vi em toda à minha vida! Foi tão desesperador acompanhar a luta travada pela Mel contra este maldito vício! E que inspirador que foi constatar como ela, mesmo sendo psicologicamente frágil e insegura, tentou em inúmeras ocasiões lutar com todas as forças que tinha e que não tinha para se livrar desta dependência. Tudo em vão, infelizmente. 
A Glória Perez conseguiu tocar numa ferida muito profunda, que ainda hoje predomina na sociedade brasileira (e não só) quando decidiu mergulhar neste tema tão delicado e que muitos ainda insistem em desvalorizar ou ignorar por medo, por culpa, ou por terem vergonha daquilo que os outros possam dizer ou pensar. A genialidade com que a autora inseriu este tema na sua obra, com direito a testemunhos reais de pessoas que passaram por este suplício ou que tiveram parentes toxicodependentes, foi sem dúvida das coisas mais arrepiantes e perturbadoras que eu já vi em toda a minha vida! Aliás a última cena da Mel - para mim a mais marcante do último episódio e que me deixou a chorar compulsivamente - foi precisamente enquanto dava o seu testemunho numa daquelas reuniões no centro de apoio a pessoas toxicodependentes, num crossover esplêndido entre a ficção e a realidade!                                                 

A Glória retratou a dura realidade destas pessoas com uma sensibilidade e trabalho de pesquisa espantosos. Os toxicodependentes por norma tendem sempre a ser ultra estereotipados e demonizados por grande parte da comunicação social. Também achei particularmente interessante que a autora tenha enfatizando este paralelismo entre a toxicodependência - ou qualquer outro tipo de dependência - e a depressão. Ao longo destes últimos meses tenho lido alguns dados científicos relacionados com esta temática e encontrei um artigo muito interessante, embora um pouco sombrio, do dr. Alan Leshner em que este afirmava que: "Os avanços científicos dos últimos 20 anos têm revelado que a toxicodependência é uma doença crónica, reincidente (recaídas e deslizes) que resulta do efeito prolongado da droga no cérebro. Tal como muitas outras doenças cerebrais, a toxicodependência abrange aspectos comportamentais e de contexto social que são partes importantes do próprio distúrbio. Assim, as abordagens terapêuticas mais efectivas incluirão componentes biológicas, comportamentais e de contextualização social".

O que, trocado por miúdos, significa que a toxicodependência não tem cura! Estas pessoas têm de aprender a gerir as suas próprias emoções com uma tenacidade totalmente díspar das demais, por assim dizer. É viver um dia de cada vez, literalmente.
E no meio disto tudo a Mel ainda conseguiu viver uma das histórias de amor mais bonitas que eu me lembro de ter visto em formato novela. O Xande era a verdadeira definição do "príncipe encantado" dos tempos modernos. Torci fervorosamente por este casal e fiquei felicíssima com o final que a autora lhes reservou! Não desfazendo do Marcelo Novaes, que esteve fantástico durante toda a novela, é à Débora Falabella que vou endereçar todas as minhas vénias! Ela conseguiu despertar o interesse e a comiseração do público com o trabalho brilhante que desenvolveu aqui. Acredito que ela deva ter chegado ao fim deste projeto completamente arrasada psicologicamente. Também não é para menos: poder segui-la nesta jornada e ter a oportunidade de testemunhar a entrega visceral desta grande atriz a uma personagem tão densa e com tantas especificidades como esta, foi das sensações mais poderosas que eu já experienciei em toda a minha vida!
A Mel é sem sombra de dúvida uma das personagens mais desconcertantes e marcantes de sempre da ficção brasileira. Ganhou um lugar cativo no meu coração, 

 

Antenados 2019: #Tbt - Há dezesseis anos, 'O Clone' falava sobre ...

A história do Lobato, cuja luta incessante contra a dependência química e o álcool resultou naquela que foi sem sombra de dúvida a sequência de cenas - que mostravam os depoimentos do personagem nas sessões de psicanálise intercalados com o horror em evidência no núcleo Mel-Nando-Regininha - mais brilhante da novela! A última semana da novela brindou-nas com as cenas mais emocionantes do Lobato na história. Por momentos pensei mesmo que ele fosse morrer naquela cama de hospital! O Osmar Prado esteve simplesmente arrebatador nesta novela. A naturalidade deste homem em cena era mesmo uma coisa incrível de acompanhar.

 

Thiago Fragoso – TV Foco

Não posso encerrar este tema sem antes fazer menções honrosas aos igualmente sublimes Thiago Fragoso, Vivianne Victorette, e principalmente à maravilhosa Cissa Guimarães! Sofri tanto com a Clarisse durante todo este processo! Fiquei mesmo feliz por ela ter escolhido ficar com o Roger no final da novela. Esse sim verdadeiramente merecedor do coração desta mulher incrivelmente inspiradora. 

A última cena da Regininha foi um verdadeiro murro no estômago! Foi de partir o coração vê-la a ser renegada pela mãe quando lhe implorava para que ela a ajuda-se a "salvar-se de si mesma". A mãe praticamente ignorou o pedido de socorro da própria filha, abandonando-a  à sua sorte. A Glória deixou no ar a possibilidade dela não ter sobrevivido. :crying:Chorei desalmadamente com a cena em que a Mel e o Nando inauguram a clínica para toxicodependentes com o nome dela... acho que isso deve querer dizer alguma coisa. Socorro malta! :crying:

E que mais se pode dizer sobre este elenco absolutamente fenomenal?! Giovanna Antonelli, Murilo Benício, Juca de Oliveira, Débora Falabella, Daniela Escobar (maravilhosa em todos os sentidos, foi para mim a grande surpresa desta novela), Sténio Garcia, Adriana Lessa, Vera Fischer, Reginaldo Faria, Osmar Prado, Dalton Vigh, Eliane Giardini, Letícia Sabatella, António Calloni, Marcelo Novaes, Thiago Fragoso, Cissa Guimarães, Cristiana Oliveira, Jandira Martini, Neuza Borges, Nivea Maria, Stephany Brito, Carla Diaz, Sebastião Vasconcellos, Solange Couto, Mara Manzan, Juliana Paes, Nivea Stelmann, Roberto Bonfim, Ruth de Souza, Thais Fersoza, Vivianne Victorette, Thalma de Freitas, Totia Meirelles, entre outros. Todos irrepreensíveis. :giveheart:

Para finalizar, deixo uma palavra de conforto a todos aqueles que, ao longo destes últimos anos, me têm tentado fazer ver, com alguma persistência, a realidade de que "hoje em dia já não se fazem novelas como antigamente". Se um dia cheguei a menosprezar ou a duvidar que tal afirmação pudesse ser fidedigna, hoje consigo entender melhor do que ninguém o real significado de cada uma destas palavras.

É tudo malta. Salamaleico. <3

Editado por Maya
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@Maya fico à espera dos comentários sobre A Casa das Sete Mulheres. :cryhappy: Acho que o @Duarte com D também viu faz pouco tempo. Se vires América, eu também posso ir comentando contigo que vou a meio da trama.

O Clone é, provavelmente, a minha novela favorita. Acho que, narrativamente, A Força do Querer é a mais bem construída porque todos os personagens têm uma função na estória, mas a magia do núcleo protagonista desta novela é inexplicável e só apetece ver os episódios uns atrás dos outros.

Em relação aos finais, eu lembro-me de ter amado o do Escobar, do Said e da Nazira. :lol:

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41 minutes ago, Free Live said:

@Maya fico à espera dos comentários sobre A Casa das Sete Mulheres. :cryhappy: Acho que o @Duarte com D também viu faz pouco tempo. Se vires América, eu também posso ir comentando contigo que vou a meio da trama.

O Clone é, provavelmente, a minha novela favorita. Acho que, narrativamente, A Força do Querer é a mais bem construída porque todos os personagens têm uma função na estória, mas a magia do núcleo protagonista desta novela é inexplicável e só apetece ver os episódios uns atrás dos outros.

Em relação aos finais, eu lembro-me de ter amado o do Escobar, do Said e da Nazira. :lol:

O final da Nazira foi um sonho certo?! Pelo menos foi isso que nos deram a entender.

Gostei muito do final da dona Jura e do Tião, com direito a serenata by Zeca Pagodinho. :rofl:

E o final da Odete e da Karla?! :rofl: A Odete a esfregar as mãos de contente por ter conseguido a pensão do Taviinho e a planear o próximo golpe da barriga da filha foi hilariante! :haha:

Também gostei do final do Said. A Ranya a discutir por causa dele com a outra que estava quase a conseguir fisgar o Mohammed foi muito engraçado. :haha:

Estou agora a terminar o terceiro episódio da série Free. Daqui a pouco já escrevo qualquer coisa no respectivo tópico.

@Free Live O final da Regininha foi mesmo muito violento! :crying:Sem dúvida uma das cenas que mais me comoveram!

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agora mesmo, Maya disse:

O final da Nazira foi um sonho certo?! Pelo menos foi isso que nos deram a entender.

Gostei muito do final da dona Jura e do Tião, com direito a serenata by Zeca Pagodinho. :rofl:

E o final da Odete e da Karla?! :rofl: A Odete a esfregar as mãos de contente por ter conseguido a pensão do Taviinho e a planear o próximo golpe da barriga da filha foi hilariante! :haha:

Também gostei do final do Said. A Ranya a discutir por causa dele com a outra que estava quase a conseguir fisgar o Mohammed foi muito engraçado. :haha:

Estou agora a terminar o terceiro episódio da série Free. Daqui a pouco já escrevo qualquer coisa no respectivo tópico.

Eu interpretei como sendo real! Mas fica no imaginário de cada um.

Eu amei o tio Ali a dizer que o Said gostava de ter confusão em casa, porque realmente é verdade e eu nunca me tinha apercebido disso.

Menciona-me, que eu às vezes esqueço-me de ir ver. Boa série! Também é boa para chorar as pedras da calçada. :cryhappy: Até te recomendava Os Maias que vai dar na Globo PT, mas talvez não faça tanto o teu género.

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1 minute ago, Free Live said:

Eu interpretei como sendo real! Mas fica no imaginário de cada um.

Eu amei o tio Ali a dizer que o Said gostava de ter confusão em casa, porque realmente é verdade e eu nunca me tinha apercebido disso.

Menciona-me, que eu às vezes esqueço-me de ir ver. Boa série! Também é boa para chorar as pedras da calçada. :cryhappy: Até te recomendava Os Maias que vai dar na Globo PT, mas talvez não faça tanto o teu género.

Eu agora estou numa de querer ver produções mais "antigas", visto que estas novelas de agora - sejam brasileiras ou portuguesas - já não me suscitam tanto interesse assim.

 

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há 2 minutos, Maya disse:

Eu agora estou numa de querer ver produções mais "antigas", visto que estas novelas de agora - sejam brasileiras ou portuguesas - já não me suscitam tanto interesse assim.

 

Eu acho que as novelas (e séries) antigas têm a vantagem de já sabermos se foram boas, se fizeram sucesso, se mantiveram a qualidade ao longo dos capítulos. Temos liberdade de ver quantos episódios nos apetecer e não estamos dependentes de um horário.

Ver uma nova, do início, é sempre um risco. Principalmente as portuguesas, que facilmente chegam aos 300 capítulos.

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há 1 hora, Free Live disse:

@Maya fico à espera dos comentários sobre A Casa das Sete Mulheres. :cryhappy: Acho que o @Duarte com D também viu faz pouco tempo. Se vires América, eu também posso ir comentando contigo que vou a meio da trama.

O Clone é, provavelmente, a minha novela favorita. Acho que, narrativamente, A Força do Querer é a mais bem construída porque todos os personagens têm uma função na estória, mas a magia do núcleo protagonista desta novela é inexplicável e só apetece ver os episódios uns atrás dos outros.

Em relação aos finais, eu lembro-me de ter amado o do Escobar, do Said e da Nazira. :lol:

"A Casa das Sete Mulheres" é uma obra-prima. Não sei como Jayme Monjardim, Giovanna Antonelli, Marcelo Novaes, Daniela Escobar,  Nívea Maria, Jandira Martinni, Juliana Paes e Thiago Fragoso conseguiram em poucos meses fazer e desvencilhar de seus personagens em "O Clone" para esta minissérie. É incrível que as atuações destes foram magníficos nesta minissérie, principalmente a da Giovanna Antonelli, Anita Garibaldi era um furacão, ela usava todo o seu corpo, além de lutar em guerra para as cenas.

Editado por DanielNunes
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há 1 minuto, DanielNunes disse:

"A Casa das Sete Mulheres" é uma obra-prima. Não sei como Jayme Monjardim, Giovanna Antonelli, Marcelo Novaes, Daniela Escobar, Jandira Martinni, Juliana Paes e Thiago Fragoso conseguiram em poucos meses fazer e desvencilhar de seus personagens em "O Clone" para esta minissérie. É incrível que as atuações destes foram magníficos nesta minissérie, principalmente a da Giovanna Antonelli, Anita Garibaldi era um furacão, ela usava todo o seu corpo, além de lutar em guerra para as cenas.

Para mim o destaque foi todo para a Nívea Maria. Brilhante! A Camila Morgado também esteve excelente, acho que foi o melhor papel da carreira dela.

90% do elenco transitou para América. Curioso que os bonzinhos tornaram-se os vilões.

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há 17 minutos, Free Live disse:

Para mim o destaque foi todo para a Nívea Maria. Brilhante! A Camila Morgado também esteve excelente, acho que foi o melhor papel da carreira dela.

90% do elenco transitou para América. Curioso que os bonzinhos tornaram-se os vilões.

Spoiler

Praticamente Nívea Maria foi um dos destaques, o jeito amargo de lidar com as filhas, principalmente com a Mariana (Samara Fellipo) que casou contra a vontade de sua mãe, já que o marido era um índio. 

Maria Adelaide Amaral foi uma vilã para nós espectadores, pois como não torcer para Manuela ter ficado com Garibaldi? A química entre Camila Morgado e Thiago Lacerda era muito bom, claro, com Giovanna Antonelli também era. Mas, infelizmente não dá para torcer sendo que na realidade aquele romance nunca existiu, e não dá para ir contra os fatos reais.

Dos vilões que eu me lembro foi somente a do Thiago Lacerda , Camila Morgado e Marcelo Novaes em "América". Daniela Escobar era uma futil e casada com Humberto Martins. Eliane Giardini, Murillo Rosa, Samara Fellipo, Nivea Maria, Mariana Ximenes, Jandira Martini não faziam mal que eu me lembre.

Editado por DanielNunes
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há 1 minuto, DanielNunes disse:

Praticamente Nívea Maria foi um dos destaques, o jeito amargo de lidar com as filhas, principalmente com a Mariana (Samara Fellipo) que casou contra a vontade de sua mãe, já que o marido era um índio. 

Maria Adelaide Amaral foi uma vilã para nós espectadores, pois como não torcer para Manuela ter ficado com Garibaldi? A química entre Camila Morgado e Thiago Lacerda era muito bom, claro, com Giovanna Antonelli também era. Mas, infelizmente não dá para torcer sendo que na realidade aquele romance nunca existiu, e não dá para ir contra os fatos reais.

Dos vilões que eu me lembro foi somente a do Thiago Lacerda , Camila Morgado e Marcelo Novaes em "América". Daniela Escobar era uma futil e casada com Humberto Martins. Eliane Giardini, Murillo Rosa, Samara Fellipo, Nivea Maria, Mariana Ximenes, Jandira Martini não faziam mal que eu me lembre.

É melhor colocares em spoiler, para a Maya não ficar com a série estragada. :p

Eu estava mesmo a referir-me aos dois primeiros, que para mim são os maiores vilões. Os outros são bonzinhos, sim.

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há 12 horas, Maya disse:

O Clone a novela da Rede Globo que foi sucesso no mundo todo

Acabou. Encerrei esta semana um dos capítulos mais bonitos da minha vida enquanto apreciadora e consumidora de novelas! Cheguei ao fim desta que foi sem dúvida uma das “viagens” mais mágicas e alucinantes que experienciei até agora. ‘O Clone’ foi irrefutavelmente a novela mais intensa, complexa e bem escrita que eu já vi em toda a minha vida. É difícil transpor por palavras tudo aquilo que fui sentindo à medida que fui acompanhando o desenrolar desta verdadeira obra prima. Tudo o que vos posso dizer é que, mesmo tendo acompanhado a novela por um período relativamente alargado, não consigo esconder ou negar o enorme vazio que estou a sentir neste momento por não poder mais continuar a "viver" com estas "pessoas", de não poder observar os seus respectivos quotidianos, ou de me compadecer com os seus dramas e as suas questões. A envolvência e o domínio com que esta história e (quase) todos estes personagens me conquistaram e passaram a exercer sobre mim ao longo destes últimos meses atingiram uma dimensão tal, que eu própria ainda hoje não as consigo assimilar a 100%. O carinho que sinto por esta novela é tão forte e tão singular, que posso afirmar-vos com toda a convicção do mundo que é incomparável a tudo aquilo que senti (e sinto) por todas as outras que já tive a oportunidade de ver ao longo desta minha "mera existência".

'O Clone' foi um projeto extremamente ambicioso, cujo incrível trabalho de equipa resultou num dos conjuntos de obra mais extraordinários já alguma vez vistos em televisão. Escrita, realização, elenco, banda sonora, direcção de arte, guarda-roupa, maquilhagem... tudo e todos nesta novela conseguiram brilhar em uníssono! 

Começo desde já por parabenizar esta mulher incrível e extremamente inspiradora:

Glória Perez relembra morte da filha: 'Para os dois psicopatas ...

A magnífica Glória Perez! :giveheart: Que trabalho de pesquisa espantoso este que ela conseguiu desenvolver enquanto construía os núcleos de 'O Clone'. Ela sempre foi uma autora exímia, mas neste projeto em concreto creio que seja praticamente unânime entre a crítica especializada brasileira (e não só) que ela estava particularmente inspirada. A autora merece de facto toda a aclamação do mundo, já que foi capaz de criar uma história surpreendente, ousada e particularmente inovadora, que navegava em narrativas tão complexas tais como o embate visceral entre a religião e a ciência, ou o retrato da modalidade do vício bioquímico do ponto de vista da psicanálise, todos eles inseridos num enredo assumidamente folhetinesco, que teve como pano de fundo uma história de amor que perdurou no tempo e continua até hoje presente no imaginário dos fãs da novela. Acho mesmo que 'O Clone' é a novela mais próxima que existe da perfeição, tendo conseguido atingi-la em vários momentos no decorrer da história, não só do ponto de vista do processo criativo, mas também na forma inventiva e verossímil com que a Glória Perez conseguiu criar esta co-existência brilhante entre ambos os pontos fulcrais da história - cultura muçulmana e clonagem humana - na sua própria narrativa. Mais uma vez tiro o meu chapéu à autora, que com uma gestão contundente e devidamente cuidadosa, conseguiu evitar que a sua obra se transformasse num campo de batalha ideológico entre "Médio Oriente vs Ocidente". Este paradoxo dramatúrgico entre a cultura muçulmana, completamente submissa à figura de Deus, e a clonagem humana, proveniente da visão secular de que "Deus é uma invenção do homem" e que pode ser substituído de alguma forma pela ciência e pela medicina, resultou numa inserção extremamente primorosa e pedagógica da doutrina religiosa e do discurso científico dentro do universo da novela. Foi assim que a Gloria conseguiu transformar toda esta discussão, tão intrigante e fascinante ao mesmo tempo. numa novela. O resultado final não podia ter sido mais positivo!

A representatividade da cultura e dos costumes muçulmanos na história foi muito bem conseguida. Cheguei a ler em várias plataformas que 'O Clone' estreou no Brasil poucas semanas depois do atentado às "Torres Gémeas",  uma coincidência um pouco "macabra" que, segundo li, acabou por condicionar um bocadinho a liberdade criativa da autora, mas que acabou por funcionar como uma espécie de instrumento didático para que o público entendesse o quão injusto era responsabilizar toda uma classe pelos erros de grupos terroristas muito específicos,  num momento muito particular em que a religião islâmica era sistematicamente estigmatizada por tudo e por todos. A novela ofereceu representações muito positivas - e ocultou de uma forma, diria eu, algo "propositada" muitos dos aspectos negativos referentes a esta cultura - e concretizou uma leitura mais humanizada do povo muçulmano da que estamos habituados a ver noutras produções e na própria comunicação social, de uma forma generalizada.  A novela tinha cenas tão simples, e ao mesmo tempo tão sublimes relacionadas com esta temática. Desde mostrarem os muçulmanos a fazerem as suas orações nas ruas da cidade de Fez, aos temas apaixonadamente discutidos pelos personagens inseridos nos núcleos em questão. Tudo feito com um primor incrível, e uma atenção espantosa ao mais ínfimo detalhe. <3

Em contrapartida, a questão da "clonagem humana" deve ter sido a mais controversa que eu já vi retratada numa novela. Pesquisei imenso sobre este assunto e descobri que a discussão em torno do mesmo estava a ter uma repercussão sem precedentes nesta altura - e mesmo antes da novela ter estreado - em tudo o que eram meios de comunicação social derivado à clonagem da ovelha Dolly, ocorrida em 1997 (se não estou em erro). O mais curioso no meio disto tudo foi quando, numa altura em que a novela já caminhava a passos largos para a sua recta final, apareceu o tal médico italiano - Severino Antinori - a afirmar que tinha feito os tais "três clones humanos". Este feito acabou naturalmente por ser referenciado na novela. Ou seja, ao fim ao cabo a Glória Perez acabou por ser uma espécie de "visionária" em todo este processo, na medida em que conseguiu "antecipar-se" de certa forma ao médico italiano ao retratar este procedimento, até então tido por muitos como sendo pura "ficção científica", muito antes dele ter anunciado ao mundo que fora bem sucedido nas suas experiências. Realmente conseguir criar um enredo com este dinamismo, que envolvia muçulmanos e clonagem, e ainda conseguir suscitar o interesse do público pelo mesmo, não é para qualquer um. Mais "um milhao de aplausos" para a extraordinária Glória Perez! <3

O recurso utilizado pela autora - que segundo li, até então era pouco (ou nada) recorrente - de por os personagens a narrarem os seus próprios pensamentos foi um dos aspectos mais interessantes desta novela, já que através deste método conseguíamos estabelecer um contacto mais intímo e profundo com todos eles, que ia muito além da tradicional "superficialidade" patente na maior parte das novelas. Poder penetrar aquelas almas e/ou antever quais poderiam vir a ser os seus próximos passos foi sem dúvida das melhores coisas que esta novela proporcionou ao seu público.
E que mais se pode dizer relativamente aquele texto maravilhoso?! Era um deleite acompanhar aqueles belíssimos diálogos inseridos no universo islâmico, com uma linguagem poética e instrutiva que conseguiam arrepiar a espinha dorsal a qualquer um! <3
Outro aspecto que considerei extremamente interessante nesta novela foi o "testar" constante (psicologicamente falando) aos nossos limites enquanto espectadores. A capacidade com que a autora conseguia surpreender o público à medida que ia desenvolvendo a sua própria história também foi digna de registo. Eu pelo menos falo por mim, já que nunca senti em momento algum que a novela se tivesse tornado "previsível". A Glória pode ter enrolado um bocadinho em algumas partes, e embora também seja obrigada a reconhecer que a novela perdeu uma fatia relativamente considerável daquele encanto e autenticidade que estavam tão patentes na primeira fase da mesma, também não posso deixar de louvar a autora por nunca se ter perdido na sua própria lógica. Ela sabia muito bem a onde é que queria, e como é queria lá chegar. Já para não falar que o “lento”, que de vez em quando se verificava nesta novela, conseguia por vezes tornar-se tão aprazível! Permitia-nos saborear melhor a história e criar com estes personagens uma relação muito mais dinâmica e pessoal, sem aquela azáfama constante que hoje em dia impera na maior parte das novelas.

 

Inspirado nas gêmeas do BBB, veja atores que viveram dose dupla na ...

O trio de protagonistas masculinos da novela - Diogo, Lucas e Léo - proporcionou-nos uma das histórias mais fascinantes e revolucionárias da história da teledramaturgia brasileira, cuja gestão minuciosa e surpreendente da autora rendeu à trama algumas das cenas mais extraordinárias e complexas de que há memória. Deixo aqui a minha singela ovação ao Murilo Benício, pelo trabalho magistral que ele desenvolveu aqui. Não é qualquer ator que consegue construir três personagens completamente distintos, destacando desde o principio diferenças entre eles que se foram mantendo extraordinariamente perceptíveis ao longo dos seus respectivos trajetos enquanto seres únicos e individuais na história. Gostei muito dos três, mas o Léo foi sem sombra de dúvida o meu favorito, muito derivado a toda a discussão brilhantemente desenvolvida em que ele estava inserido. Eu ficava fascinada ao constatar que, mesmo ele sendo um clone do Lucas, conseguia assemelhar-se muito mais ao Diogo em termos de personalidade, embora pussuísse características intrinsecas de ambos os gémeos, que eram o oposto um do outro. O Diogo por sua vez era, na minha perspectiva, um personagem muito mais interessante do que o Lucas! <3 Acho que a autora errou um bocadinho no gémeo que optou por "matar", visto que o Diogo era muito mais dinâmico e dava uma vivaçidade incrível à trama! Já o Lucas, enquanto personagem, era extremamente frio e apático. Não me transmitia qualquer tipo de emoção em cenas que não envolvessem um número consideravelmente restrito de personagens. Ainda assim aplaudo esta capacidade da Glória de ter conseguido, de certa forma, manter o Diogo vivo no prosseguimento da história, não só no colectivo de memórias afetivas de algumas personagens, mas sobretudo através do Léo, que era o reflexo mais fiel e autêntico da sua própria existência. :giveheart:

 

The Clone (2001)

Amei tanto a Jade! Ela é inequivocamente uma das melhores protagonistas femininas de sempre da ficção brasileira, isto se não for a melhor. Uma personagem tão carismática e rica em termos narrativos! O que mais me fascinava nela era o facto de não ser uma "mocinha" propriamente linear. Apesar de ser dotada de um espírito de sacrifício notável e de ter uma aura genuinamente boa, ela também possuía algumas características dúbias que, por norma, vemos sempre mais associadas às vilãs na maior parte das novelas, que se sobressaíam em vários momentos. Nestas situações em concreto ela conseguia ser engenhosa, manipuladora, cínica, chegando mesmo a agir com algum egoísmo e até com uma certa perversidade em ocasiões muito específicas. Ela conseguiu deixar-me absolutamente boquiaberta com algumas atitudes que foi tendo ao longo da novela. O momento em que ela se encontra com o Lucas numa praia qualquer do Rio de Janeiro, que culminou com aquela cena idílica e repleta de poesia no quarto de hotel, foi para mim o mais surpreendente de todos! Não é de todo o tipo de conduta que se espera de uma mulher muçulmana, casada e mãe de uma filha pequena, e que por todas estas razões devia (ou era suposto) ser mais resignada aos ensinamentos do Islão e ter um sentido de família tão ou mais apurado que ao da esmagadora maioria dos comuns mortais, o que não se verificou em cenas como esta, de todo. :haha: 
Ela também era dotada de um dinamismo incrível, na medida em que conseguia movimentar a sua própria história sem que para isso fosse necessário haver uma vilã a andar atrás dela durante a novela inteira. Neste caso em concreto, a grande antagonista da Jade foi a vida, cuja implacabilidade e imprevisibilidade acabaram por se sobrepor aos seus desejos mais profundos, e a todas as metas que foi  definindo para si ao longo desta jornada. É precisamente o facto dela ter todos estes traços de personalidade, tão inerentes à condição humana, que a torna tão única e fascinante enquanto personagem e ser individual.
Faço uma vénia à maravilhosa Giovanna Antonelli! :giveheart: Aplaudo-a de pé pela mestria com que conseguiu dominar esta personagem, tão rica mas ao mesmo tempo tão complexa. Cheguei a ler algures num site qualquer que ela tinha sido a última escolha da Glória e do Jayme Monjardim para protagonizar 'O Clone', papel que acabou por conseguir graças ao seu brilhante desempenho na saudosa ‘Laços de Família”. Acredito que a autora e o realizador tenham ficado embevecidos com o belíssimo trabalho desenvolvido por ela enquanto construía a sua Jade.  O resultado final está a vista de todos. <3

 

Morrem? Léo e Albieri desaparecem em tempestade no deserto em ...

O Albieri foi talvez o personagem do sexo masculino mais complexo e cheio de nuances da história da ficção brasileira! <3 Ele foi, ao fim ao cabo, um "vilão  sem querer" dentro da narrativa da novela, embora também se possa dizer que ele tenha sido vítima da tal "cilada da vaidade" que tanto o assustava. Uma personagem cuja irracionalidade e personalidade megalómana contrastavam basicamente em tudo com o ofício para o qual vivia. Um cientista exímio e admirado por muitos, mas ao mesmo tempo um homem muito amargurado e de mal com a vida, que vivia num verdadeiro frenesim de sentimentos internos, e que nunca se conformou com a ideia de que "a morte é a única certeza que temos na vida". Ao analisar o comportamento do Albieri ao longo da novela, e tendo já lido inúmeros artigos relacionados com este assunto, a impressão com que fiquei é que ele sofria da síndrome de "tanatofobia", que significa medo e aversão (ou negação) patológico/a à morte. Infelizmente isto nunca chegou a ser referido na novela, e tenho imensa pena que a Glória Perez não tenha explorado melhor esta questão, porque tornava-se evidente em todas as intervenções do Albieri relacionadas com a temática da clonagem - e nas suas próprias reflexões - que ele padecia desse transtorno. Que personagem estranho, talvez por ser tão único! O embate entre a "ciência e a religião" ganhava forma nas conversas do Albieri com o Ali, em que a discussão sobre a temática da "clonagem humana" personificada pelo Albieri tinha o contraponto da visão ortodoxa aqui representada pelo Ali. Toda a discussão em torno destes dois temas tão antagónicos rendeu algumas das cenas mais extraordinárias da novela. Eu adorava sempre que eles discutiam apaixonadamente sobre todos estes temas relacionados com os contrastes sócio-culturais entre o ocidente e o médio oriente. De um lado tínhamos um homem com uma visão completamente secular do mundo que o rodeia, e um cientista completamente fascinado pela ideia de recriar um ser humano geneticamente idêntico ao afilhado que morreu. Do outro tínhamos um homem conservador ao extremo, assumidamente fiel ás tradições e aos ensinamentos do Alcorão.

A última cena do Albieri com o Léo, na qual "criador" e "criação" caminhavam no deserto lado a lado e rumo ao desconhecido, foi das mais bonitas e simbólicas de toda a novela. :giveheart:

 

Resumo O Clone (Viva) 4/01: Deusa entra em trabalho de parto

A Deusa também foi uma das minhas personagens favoritas. Ela, como já aqui foi dito e bem, foi sem sombra de dúvida a personagem mais prejudicada pelos feitos e desfeitos do Albieri. O maior sonho da vida desta pobre rapariga era ser mãe, e quando finalmente pensa que pode estar prestes a concretizá-lo, aparece-lhe "um Albieri" pelo caminho que transforma o realizar desse sonho num verdadeiro pesadelo "sem fim". A relação da Deusa com o Léo foi particularmente complexa. As cenas em que ele rejeitava peremptoriamente a mãe quando era pequenino eram mesmo desconcertantes! O tempo felizmente acabou por se revelar o principal aliado da Deusa, e foi tão gratificante ver como ela acabou por conseguir ser bem sucedida nesta missão de construir com o Léo uma relação entre "mãe e filho" tão genuína e bem enraizada! Claro que tudo isto só se tornou possível graças ao facto dela o ter conseguido criar longe de toda aquela influência devastadora que o Albieri vinha a exercer sobre ele.
Fiquei tão feliz pela Deusa quando a advogada conseguiu fazer com que o seu apelido continuasse a constar no bilhete de identidade do Léo! Acho que nunca me vou esquecer daquela última cena dela na novela, cuja narração enigmática do tio Ali resumiu sublimemente aquela que foi a sua trajetória na história: "O destino da Deusa é esperar pelo filho. Esperou por ele antes dele nascer, e continua à espera dele mesmo depois de nascido..."   Não teria dito melhor! :giveheart:

 

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As "minhas" queridas Dalva e Zoraide. :giveheart: Duas mulheres tão sábias, mesmo não sendo propriamente cultas no sentido figurado, e tão enérgicas dentro das suas respectivas esferas monótomas. A Zoraide amava a Jade e a Lattifa como se fossem suas filhas. O mesmo se verificava com a Dalva, que foi uma verdadeira mãe para o Diogo, para o Lucas e para a Mel. Incrível como elas tinham sempre uma palavra amiga, e estavam sempre lá para reconfortarem os seus meninos nos momentos mais complicados. Com tais gestos, elas conseguiam transmitir uma sensação de segurança incrível, não só aos seus respectivos "filhotes do coração", mas também a nós "público", que de tanto que torcíamos pela felicidade deles, acabávamos também nós por absorver toda aquela serenidade e tranquilidade que tanto a Zoraide como a Dalva irradiavam. <3

 

O Clone: Foto Daniela Escobar - 23 no 31 - AdoroCinema

A Maysa foi inequivocamente uma das personagens mais interessantes no universo desta novela. Uma mulher extremamente fútil,  mesquinha e supérflua, "dotada" de um complexo de superioridade intragável, e que conseguia irritar um morto cada vez que se punha com todos aqueles ataques provenientes de um egocentrismo para lá de intrínseco! Apesar de tudo, e mesmo tendo sido um poço de defeitos durante praticamente toda a novela, nunca a considerei propriamente uma vilã no sentido figurativo, mas sim a personificação perfeita de uma personagem excepcionalmente humana. Destaco as cenas dela com a Mel como as mais impactantes da novela a nível emocional. Por muito mesquinha que a Maysa tenha sido ao longo da história, nenhuma mãe merece passar por tudo aquilo que ela passou. No fundo, a Maysa acabou por funcionar na narrativa da novela como uma espécie de "algoz" da própria filha , já que andava sistematicamente a criticá-la por tudo e por nada, ou a pressioná-la para que ela fosse mais "feminina", "elegante" e "sofisticada" como ela, exatamente o oposto daquela que era a verdadeira essência da Mel.
Outro aspecto do qual chegámos a falar aqui mas que nunca é demais lembrar foi o facto da Maysa nunca ter amado verdadeiramente o Lucas. Ela gostava do Diogo, ponto! O que a fez aproximar-se do Lucas foi precisamente o facto deste último ter o mesmo semblante do homem por quem se tinha apaixonado primeiramente. Ela ficou desolada com a morte do namorado e encontrou na imagem do Lucas uma espécie de "prémio de consolação" como se diz no Brasil, ou uma forma de "fingir" ou "fazer de conta" que ele ainda continuava vivo. Uma mal amada, que não se conseguia harmonizar nem com a Mel nem consigo própria, porque não conseguia lidar com a culpa e a frustração que sentiu dentro de si ao longo de todos aqueles anos por ter falhado redondamente nessa busca incessante pelo Diogo na pessoa do Lucas. Deu-se mal, claro, mas procurou negá-lo durante anos a fio, preferindo viver neste conflito interior constante que a fez perder um pouco da noção da realidade.  Quando deu por ela, viu-se envolvida num "molho de brócolos" sem precedentes. A palavra "frustração" ganha forma humana na figura da Maysa. Nada mais tenho a dizer.

Giovanna Antonelli conta que treinava dança do ventre dez horas ...

"Pobre coração o dos apaixonados
Que cruzam o deserto
Em busca de um oásis em flor
..." :giveheart:

O meu coração bate a uma velocidade desproporcional sempre que ouço esta canção! :wub: A Jade e o Lucas viveram um romance tão ou mais tumultuado do que as areias do deserto que muitas vezes serviam como pano de fundo deste que foi indubitavelmente um dos melhores pares românticos de sempre da ficção da Globo. Foram muitos os momentos protagonizados por ambos que me marcaram, mas destaco as cenas nas ruínas, que imprimiam ao enredo da novela aquele toque "shakespeariano" que tanto aprecio numa boa história, e que tanta falta faz às novelas nos tempos que correm! Os tais conflitos culturais e religiosos estavam sobretudo patentes na história deste casal, já que ela era muçulmana e ele ocidental. Escusado será dizer que fiquei felícissima com o final que lhes foi concedido pela autora, embora tenha achado que toda aquela sequência de ambos nas ruínas no último episódio tenha sido feita um bocadinho "à pressa". Já a última cena deles no deserto foi simplesmente magnífica! :wub:Tal como a Zoraide o tinha previsto há muitos anos: "O passado e o futuro cruzaram-se à frente da Jade na figura de um homem, como um encontro entre dois rios, e ai ela pode finalmente escolher se queria seguir em frente, ou voltar para trás". A Jade preferiu seguir em frente, ao escolher ficar com o "seu" Lucas, aquele por quem se apaixonou e continuou a amar por toda uma vida. Maktub! Já estava escrito que ia ser assim. :giveheart:

 

Galeria de fotos

Adorei o final da Yvete com o seu "Leãozinho". :haha: A evolução da Yvete ao longo da novela também foi um processo muito interessante de acompanhar. Para vos dizer a verdade nem acho que tenha havido uma "evolução" propriamente dita. Ela cometeu aquele erro para lá de insensato no primeiro episódio, quando se envolveu com o Diogo, e confesso que desde então ganhei-lhe uma raiva tão grande que até já achava que ela fosse ser uma das grandes vilãs da novela, derivado a todos os problemas que aquele "episódio infeliz" estavam a causar na relação do Leónidas com o filho, que culminou com o acidente fatídico que ceifou a vida a este último. Bastaram-me apenas uns 10 ou 15 episódios de novela para me aperceber de que a Yvete era na verdade uma verdadeira força da natureza! :giveheart: Uma mulher extraordinária, super carismática, doce, sempre muito preocupada com o bem-estar dos amigos, que eram afinal de contas a sua verdadeira família... e o mais importante de tudo: A Yvete era genuinamente apaixonada pelo "seu" Leónidas!<3 A relação de afeição e confidencialidade que ela foi construindo com o Lucas ao longo dos anos foi das coisas mais lindas que esta novela me proporcionou. :giveheart:  Ela tornou-se um bocadinho "mãe" dele, tendo inclusive compactuado muitas vezes com os inúmeros "planos de fuga" que ele e a Jade foram engendrando ao longo da novela.

A Yvete, a  Odete, a Nazira e mesmo a dona Jura foram os principais "balões de oxigénio" da novela. Se não fossem elas, tornar-se-ia impossível conseguir respirar, nem que fosse só um bocadinho, no meio de tanto drama e de tantas tragédias que iam acontecendo nos outros núcleos. A Odete foi sem dúvida a minha personagem cómica favorita da novela. Uma personagem genuinamente engraçada, que bastava abrir a boca e proferir o seu "cada mergulho é um flash" para me sentir logo como nova. :haha:  E no final ela e a filha conseguiram mesmo extorquir a pensão ao pobre do Tavinho! :rofl:

83 Melhores Ideias de o clone | Giovanna, Novelas, Giovana antonelli

O casal Lattifa e Mohammed também protagonizou momentos muito delicados na história. Adorei a Lattifa! Uma mulher tão determinada e convicta daquilo que queria para si e para os seus, e uma esposa e mãe extremamente dedicada e zeloza! O plot da Samira foi igualmente interessante de acompanhar, e muito bem desenvolvido pela autora como não podia deixar de ser. A Samira nunca se identificou muito com os ensinamentos do Alcorão, mas foi a partir do momento em que os pais lhe orquestraram aquele "casamento arranjado" com um miúdo que nem sequer conhecia que ela começou a entrar mais em conflito com os valores culturais estipulados pelo Islão. As conversas da Samira com a Latiffa eram particularmente aflitivas, porque a mãe começou a ver na filha a mesma impetuosidade e "desprezo" pelas normas que via na Jade, e percebeu desde logo que ela estava disposta a enfrentar o pai se preciso fosse para poder ser dona e senhora do seu próprio destino, o que acabou inevitavelmente por acontecer. Gostei muito da Samira! <3 A dada altura da novela até já dava por mim a torcer mais por ela e pelo Zé Roberto do que pelo próprio casal protagonista, apesar deles ainda serem tão novinhos! :haha: Gostei muito do final destes dois, embora tenha achado desnecessário que ele tivesse que se converter ao islamismo para poder namorar com ela, mas pronto. 

 

Claro que não podia deixar de falar da banda sonora absolutamente incrível composta propositadamente para esta novela. O trabalho que o Marcus Viana desenvolveu neste projeto é um verdadeiro feito artístico!  Uma obra de arte intocável! <3 Acho lamentável que a Globo nunca mais o tenha chamado para compor para às suas produções! Esta BS só por si dava logo uma atmosfera incrível à novela!

A dança do ventre e a música árabe também foram dois fatores determinantes que contribuíram para o enriquecer do enredo da novela'. As cenas das festas nos núcleos muçulmanos eram mesmo muito bonitas!

O Jayme Monjardim também merece todos os aplausos possíveis e imagináveis pelo trabalho magistral que desenvolveu enquanto realizador da novela! Não deve ter sido nada fácil assumir a direcção de um projeto tão exigente como este. No entanto ele conseguiu dirigir esta novela com "mãos de ferro" e ainda conseguiu proporcionar-nos paisagens únicas, verdadeiramente magníficas de tão idílicas que eram. As gravações em Marrocos foram uma autêntica "pedrada no charco" e renderam algumas das cenas mais extraordinárias e apoteóticas da novela. Muito bem realizadas mesmo! <3

Resolvi deixar para último aquele que considero ter sido o trajeto mais surpreendente, dilacerante e envolvente de uma personagem alguma vez verificado no formato novela:

Renan Novelas: O CLONE ULTIMAS SEMANAS: NASCE O FILHO DE MEL ...

O percurso da Mel na novela foi de uma intensidade sem precedentes! Por vezes chegava mesmo a ser insuportável ver alguns dos momentos mais impactantes em que ela se viu envolvida! Sofri horrores enquanto espectadora à medida que ia acompanhando todo este processo de auto-destruição e de sofrimento da personagem, que foi sem dúvida das que mais me comoveu e que manteve acesa dentro de mim aquela ânsia de querer saber o que ia acontecer a seguir.

A leitura que faço de todo este caminho que conduziu a Mel ao mundo da droga prende-se com o facto dela sempre ter sido uma menina muito insegura e extremamente carente em termos emocionais. A começar pelo próprio facto dela ter crescido com aquele peso terrível que lhe foi colocado nos ombros quando ainda nem sequer era nascida: O casamento de fachada dos pais. O Lucas, na "qualidade" de pai,  falhou redondamente com a filha no decorrer da história, penalizando-a gravemente com a sua ausência e falta de carinho. Ele sempre se esteve a marimbar para os sentimentos dela e nunca se empenhou verdadeiramente em criar uma relação de "pai e filha" com a Mel. É curioso que ele tenha optado por continuar casado com a Maysa com o intuito de proporcionar à Mel uma base familiar "tradicional" e sólida, quando na verdade acabou foi por expor a filha a um sem número de situações traumáticas provenientes dessa quase total ausência de comunicação e de complacência entre as duas pessoas que supostamente deviam ter sido as mais empenhadas na missão de proporcionarem à filha o tal bem estar de que ela sempre necessitou, mas que basicamente nunca teve à medida que foi crescendo. A Maysa pode até ter sido mais presente que o Lucas na vida da Mel, mas isso não faz dela menos responsável do que ele relativamente a todas as tragédias que se foram sucedendo nesta família derivado ao envolvimento da filha com a droga.  Já acompanhei alguns documentários e séries dedicados à questão da toxicodependência, mas nunca me tinha acontecido envolver-me com o drama de uma personagem inserida em tal contexto desta forma tão sincera e tão profunda como me aconteceu com a Mel. Já para não falar do facto deste ter sido de longe o retrato mais real e contundente da toxicodependência que eu já vi em toda à minha vida! Foi tão dilacerante acompanhar a luta travada pela Mel contra este maldito vício. E que inspirador que foi constatar como ela, mesmo sendo emocionalmente frágil e insegura, tentou em inúmeras ocasiões lutar com todas as forças que tinha e que não tinha para se livrar desta dependência. Tudo em vão, infelizmente. :crying:
A Glória Perez conseguiu tocar numa ferida muito profunda, que ainda hoje predomina na sociedade brasileira (e não só) quando decidiu mergulhar neste tema tão delicado e que muitos ainda insistem em desvalorizar ou ignorar por medo, por culpa, ou por terem vergonha daquilo que os outros possam dizer ou pensar. A genialidade com que a autora inseriu este tema na sua obra, com direito a testemunhos reais de pessoas que passaram por este suplício ou que tiveram parentes toxicodependentes, foi sem dúvida das coisas mais arrepiantes e perturbadoras que eu já vi em toda a minha vida! Aliás a última cena da Mel - para mim a mais marcante do último episódio e que me deixou a chorar compulsivamente - foi precisamente enquanto dava o seu testemunho numa daquelas reuniões no centro de apoio a pessoas toxicodependentes, num crossover esplêndido entre a ficção e a realidade! :giveheart:                                                   

A Glória retratou a dura realidade destas pessoas com uma sensibilidade e trabalho de pesquisa espantosos. Os toxicodependentes por norma tendem sempre a ser ultra estereotipados e demonizados por grande parte da comunicação social. Também achei particularmente interessante que a autora tenha enfatizando este paralelismo entre a toxicodependência - ou qualquer outro tipo de dependência - e a depressão. Ao longo destes últimos meses tenho lido alguns dados científicos relacionados com esta temática e encontrei um artigo muito interessante, embora um pouco sombrio, do dr. Alan Leshner em que este afirmava que: "Os avanços científicos dos últimos 20 anos têm revelado que a toxicodependência é uma doença crónica, recidivante (recaídas e deslizes) que resulta do efeito prolongado da droga no cérebro. Tal como muitas outras doenças cerebrais, a toxicodependência abrange aspectos comportamentais e de contexto social que são partes importantes do próprio distúrbio. Assim, as abordagens terapêuticas mais efectivas incluirão componentes biológicas, comportamentais e de contextualização social".

O que, trocado por miúdos, significa que a toxicodependência não tem cura! :|  Estas pessoas têm de aprender a gerir as suas próprias emoções com uma tenacidade totalmente díspar das demais, por assim dizer. É viver um dia de cada vez, literalmente.
E no meio disto tudo a Mel ainda conseguiu viver uma das histórias de amor mais bonitas que eu me lembro de ter visto em formato novela. O Xande era a verdadeira definição do "príncipe encantado" dos tempos modernos. Torci fervorosamente por este casal e fiquei felícissíma com o final que a autora lhes reservou! <3 Não desfazendo do Marcelo Novaes, que esteve fantástico durante toda a novela, é à Débora Falabella que vou endereçar todas as minhas vénias! :giveheart: Ela conseguiu despertar o interesse e a comiseração do público com o trabalho brilhante que desenvolveu aqui. Acredito que ela deva ter chegado ao fim deste projeto completamente arrasada psicologicamente. Também não é para menos: poder segui-la nesta jornada e ter a oportunidade de testemunhar a entrega visceral desta grande atriz a uma personagem tão densa e com tantas especificidades como esta, foi das sensações mais poderosas que eu já experienciei em toda a minha vida!
A Mel é sem sombra de dúvida uma das personagens mais desconcertantes e marcantes de sempre da ficção brasileira. Ganhou um lugar cativo no meu coração, <3

 

Antenados 2019: #Tbt - Há dezesseis anos, 'O Clone' falava sobre ...

A história do Lobato, cuja luta incessante contra a dependência química e o álcool resultou naquela que foi sem sombra de dúvida a sequência de cenas - que mostravam os depoimentos do personagem nas sessões de psicanálise intercalados com o horror em evidência no núcleo Mel-Nando-Regininha - mais brilhante da novela! A última semana da novela brindou-nas com as cenas mais emocionantes do Lobato na história. Por momentos pensei mesmo que ele fosse morrer naquela cama de hospital! :crying:O Osmar Prado esteve simplesmente arrebatador nesta novela. A naturalidade deste homem em cena era mesmo uma coisa incrível de acompanhar.

 

Thiago Fragoso – TV Foco

Não posso encerrar este tema sem antes fazer menções honrosas aos igualmente sublimes Thiago Fragoso, Vivianne Victorette, e principalmente à maravilhosa Cissa Guimarães! Sofri tanto com a Clarisse durante todo este processo! Fiquei mesmo feliz por ela ter escolhido ficar com o Roger no final da novela. Esse sim verdadeiramente merecedor do coração desta mulher incrivelmente inspiradora. <3 A última cena da Regininha foi um verdadeiro murro no estômago! :crying:Foi de partir o coração vê-la a ser renegada pela mãe quando lhe implorava para que ela a ajuda-se a "salvar-se de si mesma". A mãe praticamente ignorou o pedido de socorro da própria filha, abandonando-a  à sua sorte. A Glória deixou no ar a possibilidade dela não ter sobrevivido. :crying:Chorei desalmadamente com a cena em que a Mel e o Nando inauguram a clínica para toxicodependentes com o nome dela... acho que isso deve querer dizer alguma coisa. :crying:

E que mais se pode dizer sobre este elenco absolutamente fenomenal?! Giovanna Antonelli, Murilo Benício, Juca de Oliveira, Débora Falabella, Daniela Escobar (para mim a grande surpresa desta novela) Sténio Garcia, Adriana Lessa, Vera Fischer, Reginaldo Faria, Osmar Prado, Dalton Vigh, Eliane Giardini, Letícia Sabatella, António Calloni, Marcelo Novaes, Thiago Fragoso, Cissa Guimarães, Cristiana Oliveira, Jandira Martini, Neuza Borges, Nivea Maria, Stephany Brito, Carla Diaz, Sebastião Vasconcellos, Solange Couto, Mara Manzan, Juliana Paes, Nivea Stelmann, Roberto Bonfim, Ruth de Souza, Beth Goulart, Thais Fersoza, Thalma de Freitas, Totia Meirelles, entre outros. Estiveram todos maravilhosos. :giveheart:

Para finalizar, deixo uma palavra de conforto a todos aqueles que, ao longo destes últimos anos, me têm tentado fazer ver, com alguma persistência, a realidade de que "hoje em dia já não se fazem novelas como antigamente". Se um dia cheguei a menosprezar ou a duvidar que tal afirmação pudesse ser fidedigna, hoje consigo entender melhor do que ninguém o real significado de cada uma destas palavras.

É tudo malta. Salamaleico. <3

Linda a tua análise Maya captou a emoção certa ao dizer sobre a novela. As vezes me pergunto como Glória Perez fez toda a escrita da novela durante quase uma hora de duração por capítulo. Vem acho uma inspiração divina sobre ela. Cada diálogo bem pensado, acho os diálogos de Lobato inspirados, verdadeiros. A psicólogia de Albieri é meio dúbia, seus diálogos quando está pensando e analisando a pessoa é formidável. Acho a personalidade de Edna muito semelhante a de Bibi de "A Força do Querer", num capítulo desses Albieri se espanta como Edna é capaz de ir as últimas consequências em nome do amor que ela sente por ele. 

Sobre a Mel você disse tudo, acho que a personagem movimentou muito bem a reta final.

Não posso dizer muitas coisas, pois alguns destinos de personagens eu não lembro muito bem. Vai ser uma surpresa alguns desfechos que eu não lembro. Do Escobar mesmo é um deles. Meu coração fica apertado em saber que falta mais um mês para terminar. Apesar que eu estou bem ansioso para a volta de "Mulheres Apaixonadas", isto me consola. Ver as maldades de Dóris e Marcos. O alcoolismo de Santana e entre outros. Contudo, "O Clone" me deu sabedoria sobre respeitar as religiões. O islã é muito bonito, se conserva os costumes, mas, eu seria basicamente o lado de Samira, acho que a mulher tem que ser livre em suas escolhas, e isso acho que foi um bom tema para a Gloria Perez abordar, como foi em "Caminho das Índias" com a situação dos dalits, no final Puja (Jandira Martini) sendo a presidente da Índia, quebrando os paradigmas do preconceito.

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