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Depressão


Ruben

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“SURPRESAS”

EPISÓDIO 9

 

- Já é a quinta vez que me desaparece dinheiro! Ainda por cima, nem são pequenas quantias! – disse Sebastião para Jéssica.

- Não terá sido a Susana?

- Eu quero acreditar que não.

- Sebastião, não te iludas… Desde que ela para cá entrou, o teu dinheiro tem vindo a desaparecer. Não será coincidência a mais?

- Mas se ela quiser dinheiro, ela pede-me, eu sei disso.

- E tu queres acreditar nisso? Pensa bem! Eu não a vejo aqui, aliás, eu acho que ela tem vindo a aparecer cada vez menos. Provavelmente, ela está a gastar o teu dinheiro neste momento enquanto tu andas aqui aflito à procura dele.

- Pois, eu tenho de falar com ela.

- Fala querido. – disse, enquanto o beijava – Põe um fim a isto.

 

Depois do passeio, Natacha regressa a casa. Ao chegar à sala, encontra Duarte, irritado, e Frederico a brincar.

 

- Por onde andaste este tempo todo? Ligaram-me da escola a dizer que ainda ninguém tinha ido buscar o Frederico! Eu tive de sair de propósito do trabalho para o levar aqui para casa.

- Desculpa Duarte, fui dar um passeio e perdi a noção do tempo.

- Um passeio com quem?

- Sozinha.

- Um passeio sozinha durante tanto tempo?

- Sim, não estou a ver o mal disso. Precisava de passar um tempo a sós.

- Desde que não percas a noção do tempo outra vez, tudo bem. Que isto não volte a acontecer!

 

Natacha apercebeu-se naquele momento que teria de ter mais cuidado no futuro ou a sua relação com Luís poderia ser descoberta. Sabendo do que Duarte é capaz de fazer, ele nunca poderia descobrir que a mulher o traía ou a vida de ambos poderia mesmo estar em risco.

Já Sebastião, alienado por Jéssica, não perdeu tempo para conversar com Susana acerca do dinheiro que lhe vinha a desaparecer constantemente ao longo destas semanas.

 

- Parecias irritado quando me telefonaste, o que se passa? – disse Susana.

- Precisamos de falar.

- Sobre o quê?

- Tem-me vindo a desaparecer dinheiro desde que tu vieste morar para aqui. E eu quero saber se foste tu.

- Sebastião, porque me estás a acusar de novo de ter roubado dinheiro?!

- Eu não estou a acusar ninguém. Mas a verdade é que desde que moras aqui já me desapareceram várias centenas de euros!

- Tu conheces-me o suficiente para saber que eu não roubo!

- Eu não fui, Susana. E que eu saiba só existe mais uma pessoa nesta casa capaz de me roubar. Desculpa, mas vou ter de te mandar embora.

 

Em choque com o que acabara de ouvir, Susana nem contra-argumentou. Aceitou a decisão de Sebastião, pois não tinha provas que revelassem o contrário e em lágrimas, despediu-se dele.

 

- Muito bem então. Eu vou, mas acredita, nunca estiveste tão errado na tua vida. E vais arrepender-te de teres tomado esta decisão no futuro.

 

Ao sair, Susana estava sem ninguém a quem recorrer. Entrou no seu carro, e começou a guiar sem rumo.

Jéssica, a responsável pela expulsão de Susana, comemorava agora, não sozinha, mas com Bárbara, que planeara tudo durante este tempo todo.

 

- Pobrezinha. – disse Bárbara, enquanto bebia champanhe – Ela a pensar que tu eras amiga dela e na verdade apenas roubavas dinheiro ao amante para a incriminares.

- Quem se mete comigo sofre na própria pele. Ela teve o que mereceu.

- Pois teve. Quem diria, de uma pessoa que se dizia tão influente para uma que nem casa tem para viver. – riu-se.

- Quanto mais alto se sobe, maior a queda. Bem, eu agora vou voltar a casa e, quem sabe, vou ter novamente com o meu Sebastião para lhe oferecer algum consolo.

- Faz isso. Quando a Susana compreender que até ele a esqueceu, ela vai perceber que já não há lugar para ela nesta cidade.

 

Jéssica sai do apartamento. Por coincidência, Susana também estava a passar por ali. Nesse instante, Susana lembra-se do acordo que as duas tinham, apercebe-se que ela a tramou para ficar com Sebastião e era quem, na verdade, lhe tinha roubado o dinheiro durante todas aquelas semanas. Uma vez que estava a sair da casa de Bárbara, rapidamente se apercebeu que as duas planearam isto tudo e que a sua maior inimiga, mais uma vez, a tinha tramado.

Sem pensar duas vezes, acelera o carro e atropela Jéssica, enquanto atravessava a rua. O embate foi tão violento que a amante de Sebastião morre instantaneamente.

Dois dias depois, deu-se o seu funeral. Sebastião aproveitou a presença de Bárbara para que ela lhe pudesse esclarecer mais algum pormenor acerca do acidente.

 

- Foi a Susana. – disse Bárbara.

- Como podes ter tanta certeza disso? – perguntou Sebastião.

- Ela não é burra, muito pelo contrário.

- Mas isso não prova nada.

- Eu sei, mas o facto de ela já conhecer a Jéssica prova. Acredita Sebastião, ela é perigosa e quando quer algo, é capaz de tudo.

 

Com estas palavras, Bárbara abandonou o cemitério em direção a sua casa. Quando lá chega, recebe um telefonema que nem ela esperava. Era João, o detetive que Bárbara contratara e que continuava a espiar Luís.

 

- Bárbara, acho que encontrei algo que é capaz de lhe interessar.

- Vou já para aí!

 

Luís que se encontrava noutro passeio, desta vez com Natacha e Frederico, numa feira.

 

- O teu filho gosta mesmo disto. – disse Luís, ao sair de uma montanha-russa.

- Bem, eu não. Nunca mais ando nisto! – exclamou Natacha.

- Porquê? Aquilo é tão divertido! O teu filho comprova, não é?

- Sim! Quero andar outra vez!

- Credo, nem pensar!

- A tua mãe é uma medricas, Frederico.

- Não sou nada. Apenas não gostei. Bem, e que tal irmos comprar algodão-doce antes de irmos embora?

- Vamos a isso! – disse Luís.

 

Minutos depois, Natacha e Frederico chegam a casa.

 

- Gostaste da feira? – perguntou Natacha.

- Adorei! – respondeu Frederico – Temos de lá ir outra vez!

- Talvez, logo vemos.

 

Entretanto, o telefone toca.

 

- Bem, chegámos mesmo a tempo. Vai brincar para o teu quarto, enquanto eu atendo o telefone.

- Está bem.

 

Natacha pega no telefone e atende a chamada.

 

- Estou?

- Boa tarde. Daqui fala do hospital da cidade e era para informar que foi encontrado um dador de medula óssea compatível para Frederico de Mello. A operação será daqui a uma semana.

 

Natacha nem queria acreditar no que estava a ouvir. Finalmente, tudo estava a regressar ao normal. Agradeceu, felicíssima e a chorar de alegria e desligou o telefone. Depois de tanto sofrimento, tinha agora a merecida recompensa.

 

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- Luís, eu estive a pensar e acho que só assim é que nós os dois vamos poder viver felizes.


- Como?
- Fugindo desta cidade.

 

O que esconderá João? Será desta que Natacha consegue ser finalmente feliz?

Descubram estas e outras questões no próximo (e o primeiro dos últimos) episódio de "Depressão", que será publicado no Sábado, dia 11 de Outubro, às 21:30.

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Bem, mas que reviravoltas!! Lembraste da minha conversa no outro dia no chat sobre amizades entre mulheres? :haha: Ya, é isto! Realmente, as mulheres são mesmo c*bras umas com as outras!! Tenho pena da Jéssica ter morrido, acho que era uma personagem que tinha muito mais para dar e poderia ser interessante na guerra Barbara - Susana.

Gosto do Duarte...a sério que gosto :P adorava que ele fosse para um lado ainda mais negro!! Fazer a vida da Natacha, do Fred e do Luís um verdadeiro inferno!

 

Continua Ruben, estou a gostar bastante e ansiosa pelos próximos desenvolvimentos :)

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Bem Rúben, pelos comentários desta gente toda, tenho que te tirar o chapéu.  :hi: Conseguiste criar uma história que chamou a atenção de toda a gente, prendeu as pessoas à história, mantiveram-se leitores fieis, sempre desejosos de saber mais sobre a história. Conseguiste criar uma história que fez com que os leitores se ligassem às personagens, chorando a morte de uns, desejando a morte de outros, adorando uns, não aguentando a presença de outros tantos. Parabéns, Rúben! :D

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“ILUSÕES DE UMA VIDA MELHOR”

EPISÓDIO 10

 

Após o telefonema do hospital, Natacha ligou logo de seguida para Luís para lhe contar as novidades.

 

- Luís, acabei de receber a melhor notícia da minha vida!

- E qual é?

- Ligaram-me agora do hospital para avisar que encontraram um dador de medula óssea compatível com o Frederico e que a operação será daqui a uma semana.

- A sério? Isso é ótimo!

- Pois é! Esta operação significa o começo de uma vida melhor. Finalmente, vou ter um mínimo de felicidade.

- Fico muito feliz por ti!

 

Natacha muda o tema de conversa. Decide falar-lhe de algo que tem andado na sua cabeça desde que os dois namoram. Agora com a notícia da operação, era o momento ideal.

 

- Luís, eu estive a pensar e acho que só assim é que nós os dois vamos poder viver felizes e sem medo.

- Como?

- Fugindo desta cidade.

- E como é que pensas fugir, Natacha? O Duarte tem contactos um pouco por todo o lado. Sabes perfeitamente que ele é capaz de cometer até as maiores atrocidades.

- O mundo é demasiado grande para os contactos do Duarte. Mal o Frederico acabar esta operação e melhorar, eu faço as malas, tiro algum dinheiro da minha conta e fujo. Resta-me saber se vais comigo ou não.

 

Luís hesita por um pouco, mas acaba por responder.

 

- Claro que sim, Natacha. E sim, acho que essa é a melhor decisão para vivermos finalmente em paz.

 

Natacha sorri com as palavras do amante.

 

- Luís, nem sabes o quão bom é ouvir essas palavras!

- Olha, fazemos assim, hoje vou ao banco, tiro todo o dinheiro da minha conta e vou-me embora. Depois mando-te a minha localização para tu e o teu filho irem lá ter. Não me voltes a telefonar mais, é perigoso.

- Não será melhor irmos os três juntos?

- Não, é menos perigoso assim. Bem, acho que vou fazer as malas e escondê-las para que a Bárbara não descubra. Amo-te.

- Eu também te amo muito, Luís!

 

Luís desliga o telemóvel e a alegria de ambos é substituída pela nostalgia e pelo receio, receio de algo possa vir a correr mal. Afinal de contas, outras pessoas poderiam ter conhecimento da relação dos dois.

 

- Finalmente, temos novidades! – disse Bárbara para João – O que encontrou?

- Durante estas últimas semanas, tenho visto o seu marido encontrar-se várias vezes com esta senhora. – disse, enquanto mostrava uma foto de Natacha a Bárbara. – Conhece-a?

- Sim, é a mulher de um amigo meu.

- Até aqui tudo bem, continuei a vigiá-los até que há uns dias atrás, o seu marido e esta mulher beijaram-se.

 

Em choque com o que acabara de ouvir, Bárbara nunca pensou que fosse possível que Luís tivesse um caso com Natacha. O detetive apresentou-lhe as fotos em que o casal se encontrava sentado naquela mesa de esplanada, aos beijos. Guardou-as num envelope e entregou-lhas.

 

- Bem, penso que o meu trabalho está concluído.

- Eu pago-lhe amanhã, João. Obrigado. – balbuciou Bárbara, ainda em choque com a notícia.

 

Bárbara sai do gabinete, com o envelope que contém as fotos na mão, De seguida, entra no carro e vai à empresa de Duarte. O secretismo da relação de Natacha e Luís acabou.

Entretanto, Luís, depois de fazer as malas, foi ao banco retirar o dinheiro que tinha na conta. Para isso, falou com Gabriel, um amigo que trabalhava lá e que podia dar-lhe o dinheiro durante a noite.

 

- Olá Gabriel. Olha, será que me podes levantar o dinheiro todo que tenho na minha conta e entregares-mo de noite?

- Estás com sorte, Luís. Um carregamento chega em breve e vai ser possível entregar-te o dinheiro todo que tens aqui. É só assinares aqui uns papéis e eu preparo-te tudo.

 

Tratada a papelada, Luís despede-se do amigo.

 

- Obrigado Gabriel. Eu venho cá de noite levantar o dinheiro.

- De nada, até logo.

 

Após a morte de Jéssica, Sebastião continuava a ligar regularmente a Susana de modo a obter algumas explicações acerca do acidente. Esta vivia agora no seu carro, no meio do nada, para não ser descoberta pela polícia que a procurava.

 

- Tem uma mensagem nova.

- Parece que ando mais concorrida que uma prostituta em Las Vegas. – disse Susana, depois de ouvir o voice-mail do seu telemóvel.

- “Susana, sou eu, o Sebastião. Por favor, liga-me! Preciso de saber o que se passou naquela tarde em que a Jéssica morreu.”

- Compra um jornal, querido.

- “Vem cá a casa, eu prometo que não digo nada à polícia. Adeus.”

- Ai Sebastião, Sebastião, a única coisa que podes prometer é uma boa noite de sexo! – riu-se.

 

No escritório de Duarte, a sua secretária acabara de o informar de uma visita que, para ele, era totalmente inesperada.

 

- Bárbara, que fazes aqui?

- Vim aqui entregar-te uma notícia que decerto te deixará muito irritado.

- Bem, mais irritado que tu, duvido que fique. O que se passa contigo? O teu namorado foi engatar alguma rapariga? – riu-se.

- Foi. Que por ironia do destino, foi a tua.

- Como?!

 

Bárbara atira o envelope que tinha nas mãos para a secretária de Duarte.

 

- Vê! Parece que todas as minhas desconfianças deram resultado.

 

Duarte abre o envelope e fica boquiaberto com as fotos que nele continha.

 

- Aquela…

- Quem diria! – interrompeu-o – Duarte, sempre tão controlador, aquele que traía a mulher vezes sem conta, é agora traído pelo seu melhor amigo.

- Sai! – gritou, enquanto olhava para as fotos e deixava-as cair uma a uma na sua secretária.

- Pronto, eu saio! E para que conste, afasta a tua mulher do meu namorado, eu não quero vê-los juntos outra vez.

- Não vais vê-los. Isso te garanto eu! Agora sai.

 

Bárbara sai do escritório. Ao fechar a porta, Duarte, enraivado, atira os objetos que tem na secretária para o chão. Pouco depois, sai apressadamente para uma loja de armas.

 

- A minha arma está pronta, Hess? – disse Duarte. Hess, um homem velho mas de grande sabedoria, era amigo de Duarte há anos e era na sua loja que o marido de Natacha comprava as armas que precisava para os seus planos e divertimentos.

- Sim está, mas porque é que tu queres a tua sniper agora?

- Vou precisar dela para um treino com uns amigos num campo de tiro.

- Muito bem, então. Deixa-me só procurá-la, volto num instante.

 

Um minuto depois, Hess regressa, com uma mala que continha a sniper que Duarte comprara anos antes.

 

- Aqui tens. – disse, à medida que colocava a mala no balcão – Tens aí também as balas, portanto, é só montares e está pronta para ser usada.

- Sempre prestável, Hess. Obrigado.

 

Horas passaram… Durante a noite, Luís prepara-se para ir ao banco buscar o dinheiro. Bárbara, que se encontrava com ele, finge que não sabe de nada acerca da traição do seu namorado.

 

- Onde vais? – perguntou Bárbara.

- Vou ao banco. Preciso de dinheiro para amanhã e vou levantar algum. – respondeu o namorado.

- Não demores!

 

Bárbara pega no seu telemóvel e manda uma mensagem a Duarte, não fosse Luís voltar a encontrar-se com Natacha. O marido desta encontrava-se a jantar num restaurante, sozinho, quando recebe a mensagem de que Luís se dirigia para o banco. Se não estivesse lá, rapidamente saberia que estava a ser traído pela mulher novamente. Duarte depressa acaba de jantar e dirige-se também para lá.

Ao chegar, o marido de Natacha procura um sítio para que não possa ser descoberto e monta a sua sniper. Quando Gabriel entregou o saco com o dinheiro a Luís, foi-se embora, deixando o namorado de Bárbara sozinho naquela rua. E nesse momento, Duarte sorriu cinicamente para si mesmo e disparou.

 

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- Sim?

- Olá Bárbara. – disse Susana.

- Deixa-te de jogos e diz o que queres de mim. Que te denuncie à polícia pela morte da Jéssica?

- Não querida. Eu pensei, pobre Bárbara, porque não perder uma inimiga?

 

"Planos Falhados". De quem? Os de Duarte, ou os de Natacha e Luís?

Não percam o 11º episódio de "Depressão", que será publicado no próximo Sábado, dia 19 de Outubro, às 21:30.

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“PLANOS FALHADOS”

EPISÓDIO 11

 

Todos os planos de Natacha e Luís terminaram. O tiro, certeiro, atingiu-o na cabeça, matando-o de imediato.

Duarte saiu rapidamente do local, feliz por se ter vingado de quem o traía. Faltava agora Natacha, mas no caso dela, a vingança será tal como ele gosta: lentamente.

 

- Natacha, quero-te no quarto, já! – gritou Duarte, mal chegou a casa.

 

Receosa, Natacha dirigiu-se para o quarto lentamente.

 

- Fiz algo de errado?

 

Duarte não responde. Aproxima-se dela, agarra-a por um braço e esbofeteia-a inúmeras vezes. De seguida, atira-a para cama e despe-a à força.

 

- O que é que eu te fiz? Duarte, para, por favor! Peço-te! – disse, a chorar.

- Isto não é suficientemente grande para ti?

 

Natacha não respondeu. Apenas assistia, totalmente imóvel, sem qualquer reação. Mas não era a única pessoa… Frederico, que acordou com o grito de Duarte quando chegara a casa, ouvia os gritos da mãe pela parede e também ele, não podia fazer nada para impedir as loucuras do pai.

Nesta altura, Natacha já conseguia adivinhar o que se passara: o plano deles tinha falhado, Duarte tinha descoberto tudo e estava a vingar-se agora dos dois.

Mas, o que teria ele feito a Luís? A resposta chegaria na manhã seguinte, pela televisão. Um homem tinha sido baleado na cabeça, à saída do banco da cidade. Rapidamente se apercebeu que esse homem era Luís.

Natacha desatou a chorar, tal como Bárbara, que também via pela televisão a horrível notícia.

Duarte, ao aperceber-se que a mulher já sabia da morte do seu antigo colega, sussurra-lhe ao ouvido.

 

- Os teus planos falharam, Natacha. Como já deverias saber, eu ganho sempre.

 

Estas palavras deixaram Natacha aterrorizada. Já Duarte, simplesmente saiu da sala onde se encontrava e dirigiu-se para a sua empresa, como se nada tivesse ocorrido naquela noite. Enquanto Natacha chorava, Frederico saiu do quarto e abraçou a mãe, para compensar o sentimento de impotência com que ficou após aquela noite. Sabia que não servia de grande consolação, mas que era o máximo que podia fazer naquele momento.

Horas depois, na empresa, Duarte recebe uma visita de Bárbara, destroçada e furiosa com a morte do namorado. Esta entra de rompante pelo seu escritório, apanhando Duarte e Raquel, a sua secretária, juntos.

O marido de Natacha rapidamente manda sair Raquel, enquanto puxa as calças para cima.

 

- Os teus pais nunca te ensinaram a bater à porta? – disse para Bárbara.

- E os teus nunca te ensinaram que matar uma pessoa é crime? – respondeu, em lágrimas.

- Ele teve o que mereceu! Ou tu achas que ia fazer o quê? Convidá-lo para um café e conversarmos os dois, enquanto sabia que ele andava enrolado com a minha mulher? Peço desculpa Bárbara, mas parece que não gosto de uma relação a três!

- E tu achas que eu gosto?! Não te esqueças que a Natacha também é culpada no meio disto tudo e não a mataste!

- Não te preocupes com a Natacha, eu trato dela.

- Duarte, não brinques com o fogo. A situação em que estás pode ficar descontrolada para o teu lado.

 

Ao ouvir isto, Duarte agarra Bárbara pelo queixo.

 

- Não Bárbara, não brinques com o fogo tu! Eu matei uma pessoa, mas não tenho medo em matar outra se quiser. Agora agradeço que saias, tenho mais que fazer que aturar as tuas insanidades. – disse num tom impiedoso, largando-lhe o queixo de seguida.

 

Sem outra opção, Bárbara abandonou o gabinete de Duarte, assustada. Bárbara, tal como Natacha, sabia perfeitamente que Duarte cumpria as ameaças que fazia e contrariá-lo ou fazer-lhe frente podia custar-lhes a própria vida.

Não há suspeitos quanto à morte de Luís e os interrogatórios que se fizeram no dia seguinte às pessoas que o conheciam também não chegavam a nenhuma conclusão. Duarte fizera tudo perfeitamente, sem deixar qualquer pista ou algo que o incrimine aos olhos da polícia. Sabendo que, nem Natacha, nem Bárbara iriam abrir a boca sobre o que se passara naquela noite, podia estar descansado. Na verdade, nem ele mesmo se sentia culpado.

Dois dias depois, num dia chuvoso, deu-se o funeral de Luís.

 

- Filho, vamos embora. – disse Natacha para Frederico.

- Onde vou ficar?

- Eu pedi ao ex-marido da Susana, o Paulo, para que ficasses lá durante a tarde. Como ele não conhecia bem o Luís, ele fica em casa.

- Está bem.

- Eu posso demorar um pouco, não sei.

- Eu entendo.

- Eu sei que entendes, filho. Bem, vamos andando.

 

Após deixar Frederico na casa de Paulo, Natacha dirigiu-se para a igreja, onde decorria o funeral. Ao entrar, Bárbara recebe-a rudemente.

 

- O que estás aqui a fazer?

- Vim despedir-me do Luís, tal como tu.

- Quer dizer, andas enrolada na cama com ele, és a responsável pela sua morte e ainda tens a lata de dizer que te vens despedir dele?! – grita.

- A morte dele não foi culpa minha.

- Sai daqui! Tu não tens direito nenhum em aparecer no funeral dele.

 

Natacha não responde. Toda a gente naquela igreja estava de olhos postos nas duas. Bárbara fez questão de começar um escândalo no funeral do namorado.

 

- Desaparece! – continua, num grito que ecoa por toda a igreja.

- Tudo bem. – disse, em lágrimas – Eu saio.

 

Depois de um último olhar no caixão onde Luís se encontrava, Natacha saiu, lentamente. No entanto, não foi para casa. Desolada, ficou no carro, a chorar, enquanto esperava que o caixão de Luís fosse transportado da igreja para o cemitério.

Já Duarte, nem sequer compareceu ao funeral, não para a admiração de Natacha e Bárbara, mas sim, para a das pessoas que trabalhavam com ele, e que pensavam que eles eram grandes amigos.

As últimas palavras tinham sido ditas. Após o funeral, começaram a ir todos para casa, restando apenas Natacha, que não ia embora sem se despedir dele. Ao sair do carro, dirige-se à campa dele, para umas últimas palavras.

 

- Por favor, não o enterrem ainda. – disse para os coveiros.

 

Os coveiros afastam-se, deixando Natacha a sós com Luís pela última vez.

 

- Desculpa. – disse, num enorme pranto – A Bárbara tem razão, a culpa foi minha. Eu devia ter-te impedido, eu sabia que o Duarte era perigoso e mesmo assim não te travei. Mas acredita, um dia o Duarte irá cair do seu pedestal e irá pagar por todo o mal que tem feito. Nesse dia, tu e todos nós poderemos descansar em paz.

 

Natacha atira uma rosa para a campa onde se encontrava e abandona lentamente o cemitério. Uma parte do seu coração também morrera com ele e as lágrimas que escorriam pelo seu rosto eram tantas quanto os inúmeros pingos de chuva que caíam no chão.

Também devastada, Bárbara, que entretanto chega a casa, recebe uma chamada anónima.

 

- Sim?

- Olá Bárbara. – disse Susana.

- Que queres? Tenho pouca paciência para te aturar.

- Eu ouvi o que se passou com o Luís pela rádio. Tenho pena…

- Ótimo. Agora deixa-te de jogos e diz o que queres de mim. Que te denuncie à polícia pela morte da Jéssica?

- Não querida. Eu pensei, pobre Bárbara, perdeu uma amiga, perdeu o namorado, porque não perder uma inimiga?

- É uma piada, certo?

- Não. A bala era de uma sniper, não era?

- Sim, era, porquê?

- Porque eu sei quem tem uma sniper e sei onde é que a podes conseguir.

- E o que queres em troca?

- Dinheiro. Depois de feita a troca, tu não me incomodas mais e eu não te incomodo mais.

- E quanto dinheiro é que tu queres?

- Sessenta mil euros.

- Eu não te posso dar isso tudo.

- É pegar ou largar, querida. Eu sei que o Duarte tem uma sniper e sei onde é que a podes arranjar para o incriminar, e acredita, eu sei que o queres incriminar. Portanto, à saída da cidade está um parque, perto de um rio, com muita florestação ao lado. No meio dessas árvores todas, encontrar-me-ei contigo durante a noite. E não tentes sequer armar-te em esperta e trazer a polícia!

 

Susana desliga o telefone. Tentada com a oferta, Bárbara vai buscar a quantia que Susana lhe pedira e prepara-se para se encontrar com ela.

Entretanto, à saída do cemitério, um homem encapuzado começa a falar com Natacha.

 

- Triste a forma como ele morreu, não acha?

- Desculpe, mas eu conheço-o? – perguntou Natacha, receosa com aquela abordagem.

- Conhece. Eu – disse, enquanto tirava o capuz – era o namorado do seu filho. Aquele que morreu.

 

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- Então filhote, portaste-te bem?
- Ele não incomoda ninguém. – disse Paulo – Então, como correu o funeral?
- Correu, como dizer, normalmente.
- Eu ainda não entendi como é que alguém o quis matar.
- Há muitas pontas soltas, Paulo. Mais que aquelas que deviam.

 

Há partes do passado que queremos esquecer. Mas existe sempre um dia em que elas voltam para ser reveladas.

"Remexer no Passado", o 12º episódio de "Depressão" será publicado no próximo Sábado, dia 26 de Outubro, às 21:30.

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- Queres que te despeje o lixo, lambão? – perguntou Guilherme.

- Por acaso, dava-me jeito. Mas leva o meu casaco, está frio lá fora. – disse Diogo.

- A tua sorte é que és simpático senão não tinhas ninguém.

- Como se tu conseguisses viver sem mim.

- Bem dizem que os vícios são maus e é bem verdade.

- Parvo! – disse Diogo, enquanto lhe atira com uma almofada.

 

Ao sair do prédio, dois homens aproximam-se de Guilherme.

 

- Olá paneleiro. Finalmente nos encontramos. – disse Pedro, um dos homens.

 

Depois de proferir estas palavras, Pedro atira Guilherme ao chão e, com a ajuda do outro homem, dão-lhe vários pontapés na barriga.

 

- Quem é que é a menina entre vocês os dois? Tu ou maricas do teu namorado? – continuou, rindo-se de seguida. Guilherme não tinha forças para responder.

- Que pena, adorava matar-te aos poucos, mas vou ter de me ir embora. Adeus, paneleiro de merda! – disse Pedro, com um sorriso cínico na cara, dando um pontapé na cara de Guilherme de seguida.

 

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“REMEXER NO PASSADO”

EPISÓDIO 12

 

Natacha nem conseguia acreditar no que ouvia, muito menos teve palavras para lhe responder.

 

- Há um café aqui perto. – disse Diogo – Lá dentro podemos falar melhor.

- Sim, aqui não é o local mais apropriado.

 

Ao chegarem ao café, dirigem-se para uma mesa, onde começam a conversar.

 

- Oito anos… – disse Natacha – Há oito anos que o Guilherme morreu.

- Eu sei e é por isso que aqui estou. – disse Diogo, o namorado de Guilherme.

- Diogo, eu nunca cheguei a perceber o porquê de o matarem. Quando morreu, o Duarte disse-me para esquecer tudo e seguir em frente. O caso foi arquivado e eu nunca cheguei a descobrir uma razão.

- Durante vários dias, o seu marido, o Duarte, andava-me a ameaçar, pedindo que me afastasse do Guilherme. Desde que nos conhecemos, em Setembro, ficámos apaixonados um pelo outro e não havia razão de acabar com ele apenas por causa do Duarte. Pois bem, no dia em que ele morreu, o seu marido agarrou-me por um braço, à entrada da escola e lançou mais uma ameaça.

 

- Eu não vou avisar-te mais nenhuma vez. É a última chance que tens para te afastares do Guilherme de vez, ou eu encarregar-me-ei de te tornar a vida num inferno.

 

- Eu ignorei. Você já sabia que o Guilherme era homossexual e desde que o Duarte começou com as ameaças, pensei que também ele já tivesse descoberto. O Guilherme chegou a dizer-me que ele podia ser perigoso, razão pela qual não lhe tinha dito a sua orientação sexual, mas não levei a sério. Pelos vistos, devia. Naquela noite, jantámos juntos e quando acabámos o Guilherme fez-me o favor de despejar o lixo.

- Mas se ele te ameaçou a ti e não ao Guilherme, porque é que foi ele quem foi morto?

- Eu disse-lhe antes de sair para que levasse o meu casaco, o mesmo que levei de manhã. Os homens devem ter pensado que era eu e começaram a espancar e a esfaquear o Guilherme. Como estranhei a demora dele, após uns minutos, fui procurá-lo e ali estava, à porta do prédio, estendido no chão e a esvair-se em sangue.

 

- Não, não, não! Guilherme, por favor, não! – gritou.

- Foi… – disse, combalido.

- Não fales, guarda as palavras para depois. Eu vou chamar uma ambulância.

- …o meu pai. – continuou.

 

- “Foi o meu pai”, as últimas palavras dele. Fiquei em choque, completamente aterrorizado. Nunca pensei que quando o Duarte me ameaçou, chegasse ao ponto de me querer ver morto. No dia seguinte, fui à empresa dele para lhe dizer na cara aquilo durante muito tempo não quis.

 

- Como é que você é capaz de matar o seu próprio filho, sua besta?!

- Eu avisei-te, Diogo. E dá graças aos anjinhos pela sorte que tens em ainda estares vivo.

- Você é um monstro!

- Calminha com as palavras, exaltares-te só te prejudica. Bem, mas como eu sou simpático vamos fazer assim: eu dou-te dinheiro para saíres de vez da minha vida, teres uma casa onde podes levar de todos os homens que te bem apetecer. Uma nova vida, só vantagens.

- Ou então?

- Ou então – disse Duarte, enquanto cortava e queimava Guilherme de uma fotografia de família – a tua família vai sofrer um pouco. Queres ser o responsável pela morte de mais pessoas que tu gostas?

 

- Não tive outra opção senão aceitar. Dias depois fiz as malas e fui-me embora. Cresci, comecei a investigar o Duarte, e mal soube que ele tinha matado mais uma pessoa, esta era a oportunidade perfeita para voltar e me vingar.

- Como sabes que foi ele?

- Eu sei as armas que ele tem, e quando as utiliza. Mas para o poder incriminar, preciso da sua ajuda.

- Que ajuda?

- Você vai ter de me dizer quando é que o Duarte está fora do seu escritório, para que eu possa lá entrar e ver se há lá algo concreto que o incrimine.

 

Embora hesitasse durante uns segundos, Natacha aceitou. Estava na altura de pôr um ponto final nas atrocidades que Duarte cometia e que poderia eventualmente cometer.

Depois do encontro com Diogo, Natacha vai buscar o seu filho à casa de Paulo.

 

- Então filhote, portaste-te bem?

- Sim.

- Ele não incomoda ninguém. – disse Paulo – Então, como correu o funeral?

- Correu, como dizer, normalmente.

- Eu ainda não entendi como é que alguém o quis matar. Ele inimigos não tinha, acho eu, e se fosse um ladrão, ter-lhe-ia roubado o dinheiro que foi encontrado com ele.

- Há muitas pontas soltas, Paulo. Mais que aquelas que deviam. – disse Natacha, como que se estivesse a insinuar algo – Bem, mudando de assunto, como vai o vosso processo de divórcio?

- Não vai, a Susana desapareceu desde que supostamente matou uma pessoa e sem ela, o processo não pode avançar.

- O que se passou com ela também?

- Não sei. Um dia descubro que ela me trai, no outro leio o jornal e vejo que ela é uma assassina em fuga. Não entendo o que se passa na cabeça dela, sinceramente.

 

Paulo não era o único que não entendia o que se passava na cabeça de Susana. No entanto, Bárbara decidiu arriscar e, tal como combinado, encontrou-se com ela durante a noite, no meio do nada. Pouco depois, sabendo que Bárbara não a ia tramar, Susana aparece-lhe de costas, assustando-a.

 

- Ainda bem que parou de chover, não?

- Está aqui o dinheiro. – disse Bárbara, ainda a recuperar do susto.

 

Susana abre a mala que continha os sessenta mil euros e verifica se o dinheiro não era falso.

 

- Agora quero saber o nome da loja. – continuou.

- Aguenta um pouco, querida. Antes, quero umas informações. – exigiu.

- Não pediste por elas quando fizeste o telefonema.

- Peço por elas agora. Primeiro, como é que a Jéssica já conhecia o Sebastião? E como é que vocês são amigas?

- Susana, será ainda não percebeste que, tal como nós, a Jéssica trabalhava no bordel?

- O que não explica a razão de se virar contra mim.

- Susana, Susana, és tão ingénua às vezes. Em 2005, namoravas, bem, tinhas sexo com o Paulo há dois anos. No entanto, um homem não era suficiente e eis que encontras o Sebastião.

- Eu lembro-me disso, mas onde é que a Jéssica e tu entram aí?

- A Jéssica já conhecia o Sebastião umas semanas antes de tu o conheceres. Apaixonou-se por ele, sonhava em ter uma família com ele, sonhava enriquecer com ele, até ao dia em que apareceste. Seduziste-o como bem sabes fazer e meteste-te no caminho dela.

- Cabra invejosa.

- Susana, tu eras a rainha do bordel. Mas a popularidade tem o seu preço, ganhas inimigos. Depois de me tentares matar com cianeto, eu procurei aliados, pessoas que também te queriam ver na miséria. Ela aliou-se a mim e pelos vistos deu resultado. Vá, agora quero saber o nome da loja!

- Incrível como uma conversa entre mim e a Natacha, há um ano, é capaz de descobrir o assassino do teu ex-namorado. Ainda estou para perceber a razão de o Duarte ter matado o Luís, mas também não quero saber.

 

Susana aproxima-se de Bárbara para lhe entregar um papel com o nome da loja.

 

- Aqui tens…

 

Enquanto colocava o papel num dos bolsos das calças de Bárbara, com a outra mão, esfaqueia-a na barriga.

 

- Já me esquecia! Está também aí uma nota. – disse, enquanto a via morrer lentamente – Nunca confies nas pessoas que tu lixaste anteriormente.

 

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- Deve ter sido um grande jogo no campo de tiro para só vires entregar a arma agora.


- Que queres insinuar, Hess?
- O facto de ter sido uma arma igual a esta a causa de morte do teu amigo. Coincidência?

 

 

O antepenúltimo episódio de "Depressão" será publicado no próximo Sábado, dia 2 de Novembro, às 21:30.

Editado por Ruben Fonseca
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“TROCA DE PAPÉIS”

EPISÓDIO 13

 

Na loja de armas de Hess, Duarte entrega a sniper que serviu para matar Luís.

 

- Deve ter sido um grande jogo no campo de tiro para só vires entregar a arma agora.

- Tenho andado com pouco tempo para entregar armas.

- Imagino.

- Que queres insinuar, Hess?

- O facto de ter sido uma arma igual a esta a causa de morte do teu amigo. Coincidência?

- Estás a querer dizer que eu o matei?

- Duarte, Duarte, eu já te conheço há imensos anos. Sei perfeitamente qual é o teu temperamento quanto te irritas.

- Fica descansado, Hess. Não o matei.

- Espero que não.

 

Duarte sai da loja, nervoso após a conversa que teve com Hess. Foi a primeira vez que pensou que o secretismo à volta da morte de Luís poderia sair do seu controlo.

Já Susana, depois de colocar Bárbara, já morta, dentro de um saco, transporta-a para o rio, para que a corrente a leve.

 

- Não admira que o Luís não a quisesse. Com um peso destes, quem é que aguenta com ela? – disse, à medida em que a arrastava até ao rio. – Bem, - continuou, quando finalmente lá chegou – adeus Bárbara, obrigado pelo dinheiro, pelo carro e pela casa. És um amor!

 

Susana dá um pontapé no saco que atira e acaba por fazer desaparecer Bárbara da sua vida. Pegou no carro dela e dirigiu-se para a sua nova casa. Com o dinheiro que lhe dera, mais aquele que estava na conta dela, Susana poderia começar uma nova vida, longe da polícia e de tudo o que conhecia.

Entretanto, Duarte chega a casa. Tal como prometido, Natacha telefona a Diogo, que rapidamente se dirige à empresa, na esperança de encontrar algo.

Ao chegar, não encontra nada a não ser papéis relativos à empresa. Não havia arma, algo que provasse que ele levantou a arma no mesmo dia da morte de Luís ou contactos de uma loja de armas onde pudesse ter levantado a sniper. Sem mais por onde procurar, regressou a casa e no dia seguinte foi à casa de Natacha para contar-lhe o que vira.

 

- Nada. – disse Diogo.

- Estranho como ele não guardou nada lá. – disse Natacha.

- De qualquer das maneiras, eu descobri uma maneira de chegar à loja de armas que o Duarte frequenta. Terá de ser através do registo de chamadas e é por isso que trouxe o meu portátil. Eu vou-lhe mostrar para quem ele ligou no dia da morte do Luís e você vai-me dizer quem não conhece ou quem acha que é o dono da loja.

- Está bem.

 

Enquanto procuravam nomes, Duarte encontrava-se na empresa com Pedro, o homem que matara o seu filho anos antes. Para o marido de Natacha, novos problemas tinham de ser eliminados antes que fosse tarde demais.

 

- Tu nunca me falhaste e espero não falhes desta vez também, Pedro.

- Só cumpro ordens.

- Eu sei e é por isso que estás aqui hoje. Novos problemas surgiram e como eu gosto de ter a minha vida simplificada, vou precisar de uma ajudinha.

- E que ajuda é essa?

 

Duarte escreve uma morada num papel e entrega-lho.

 

- Nessa morada está uma loja de armas. Hoje à noite, quero que limpes todos os registos que há no computador dessa loja e depois quero que a incendeies. Amanhã, quero ver aquela loja em cinzas. Percebido?

- Com certeza.

- Ótimo.

 

Entretanto, Diogo e Natacha chegam finalmente ao nome que procuravam.

 

- Hess… Conhece algum Hess? – perguntou para Natacha.

- O nome não me é estranho, mas de momento não me lembro quem é.

- Mas sabe se ele tem alguma loja de armas ou assim? – insistiu.

- Não sei. O melhor é ligarmos para ele, não?

- Sim, é melhor.

 

Diogo pega no telemóvel e liga para o número de Hess, que atende.

 

- Loja de armas “Hess”, qual é o seu pedido? – perguntou Hess.

- É você o dono dessa loja? – perguntou Diogo, feliz por finalmente ter encontrado o que procurava.

- Sou sim, procura alguma arma ou algo do género?

- Eu queria saber se você me podia dar algumas informações sobre um cliente.

- Que tipo de informações quer?

- Eu queria saber se uma pessoa levantou uma arma aí e quando é que a levantou.

- Essas informações são confidenciais, lamento.

- Até mesmo para a mulher dessa pessoa? – disse Natacha, que também estava a ouvir a conversa pelo telemóvel, que se encontrava em alta-voz.

- Desculpe, quem é você? E de que pessoa estamos a falar?

- Eu sou a mulher do Duarte de Mello. Conhece?

- Natacha?

- Eu mesmo. Não se preocupe, a pessoa com quem estava a falar é da minha inteira confiança. Mas voltando à pergunta, podemos ter acesso a essa informação ou não?

- Podem. Mas para isso preciso que você ou a pessoa com quem estava a falar venha cá para eu vos dar todas as informações que precisais. Amanhã, pode ser?

- Pode. Obrigado, Hess. A tua ajuda vai ser preciosa.

 

Natacha desliga o telemóvel e, tal como Diogo, fica felicíssima com a resposta de Hess. Para eles, o reinado de Duarte estava a chegar ao fim. No entanto, os dois esqueceram-se do quão perspicaz pode ele ser.

Durante a noite, Pedro, acompanhado de mais uns homens, faz aquilo que tinha planeado com Duarte. Começam por desligar o alarme e as câmaras de vigilância, apagam todos os ficheiros, espalham gasóleo por toda a loja e, por fim, incendeiam-na.

Na manhã seguinte, a loja de Hess era apenas um monte de destroços e cinzas. Duarte não poderia estar mais contente.

 

- Eu sabia que não me ias desiludir, Pedro. – disse, enquanto lhe entregava um cheque.

- Tal como disse ontem, apenas cumpro ordens.

- É por isso que te peço que estejas disponível. Podes ser preciso no futuro. Num futuro bem próximo.

- Estarei disponível, não se preocupe.

 

Ao deparar-se com a destruição da sua loja, este velho homem sabia perfeitamente quem tinha sido o culpado. Enquanto via a polícia procurar respostas nos destroços para apurar as causas do incêndio, Diogo chega ao local. Quando chegou, nem queria acreditar no que via. Mais uma vez, o marido de Natacha tinha-se antecipado. E se não houvesse provas, Duarte nunca poderia ser culpado pelo assassinato de Luís e Diogo não poderia vingar-se da morte do namorado.

Saiu do carro, e quando encontrou Hess, foi falar com ele.

 

- A loja ficou muito mal? – perguntou Diogo.

- Totalmente destruída. – respondeu Hess.

- Eu sou…

- A pessoa – interrompe-o – com quem falei ontem, eu sei.

- Há alguma cópia dos ficheiros?

- Há. Vem até minha casa, está na altura de travar o Duarte.

 

Diogo seguiu Hess até sua casa, para buscar os registos e tudo aquilo que envolvia o marido de Natacha. Era altura dos papéis se inverterem, Duarte deixara de ser um predador e era agora uma presa.

 

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- Vais faltar ao emprego amanhã?


- Porque razão havia de fazer isso, Natacha?
- Caso não te tivesses esquecido, a operação do nosso filho é amanhã.
- Sim, e daí?
- E daí? É o teu filho, Duarte!
- E queres que faça o quê, Natacha? Poupa-me!

 

Terá o reinado de Duarte realmente acabado?

"Fantasmas do Passado", o penúltimo episódio de "Depressão", será publicado no próximo Sábado, dia 9 de Novembro, às 21:30.

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