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Por Ti


Filipe

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há 21 minutos, D91 disse:

Lourenço Ortigão na capa da revista do Expresso. Vai ser Afonso, o protagonista da nova novela, que estreia no início do ano.

https://expresso.pt/Capas/2021-12-03-Lourenco-Ortigao-a-capa-da-revista-E-f612d16b

E, na capa, refere que a novela "estreia logo que termine a quadra natalícia".

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há 6 horas, D91 disse:

Lourenço Ortigão na capa da revista do Expresso. Vai ser Afonso, o protagonista da nova novela, que estreia no início do ano.

https://expresso.pt/Capas/2021-12-03-Lourenco-Ortigao-a-capa-da-revista-E-f612d16b

Aqui vai a entrevista:

Citação

É o rapaz da aldeia que foi viver para a cidade na nova novela da SIC. Fora do pequeno ecrã prefere ter as raízes bem enterradas em Portugal. Trabalhar lá fora só pontualmente, regressando sempre para junto dos seus

“Lourenço, não te esqueças de ficar um bocadinho mais à boca de cena.” É Lourenço quem ouve a indicação mas, dali a uns momentos, será Afonso a estar em cena. Camisa aos quadrados aberta, ‘t-shirt’ branca por dentro, Lourenço procura motivação para o que a sua nova personagem irá fazer quando a claquete fechar e a assistente de realização gritar “ação” para uma nova cena em que é protagonista. São 32 anos de Lourenço Ortigão, mais de uma década a dar corpo, quase sempre, ao principal rosto de cada uma das novelas em que entrou.

“Quando estabilizamos, questionamo-nos se já fizemos o melhor, se já chegámos ao pico. Quero acreditar que não. É uma insegurança que todos temos, mas procuro contrariá-la, e acho que não, que ainda vem aí o melhor.” O receio dessa frustração é aquele que remata a entrevista à Revista E dada por Lourenço Ortigão, ator e gestor (espera um dia poder ser apresentador, talvez até realizador, sempre com um pé na cozinha), que não quer ser só uma cara bonita nem ficar apenas associado a telenovelas.

“Abracei este projeto porque tive de aceitar que, vindo para a SIC, também me quisessem pôr num papel que lhes servisse a eles e a mim, mas não escondo que quero fazer coisas diferentes. O meu foco será esta novela, mas também construir bases noutro tipo de formatos de ficção.” É já com um hoody que Lourenço, e não Afonso, explica que as séries são um objetivo. Já as tem feito (“O Clube”, na Opto, “O Pecado”, na TVI, e outras ainda por estrear), mas ambiciona mais. Não será para já. Por agora, não sabe durante quantos episódios terá de representar esta personagem, um engenheiro que se vai ver envolvido no meio de um conflito entre duas aldeias, a nova e a velha, devido à construção de uma barragem que acabará por inundar uma delas (e, claro, trazer problemas à paixão que o separa de Mia, do outro lado). O que sabe é que já esteve em projetos que, com a moda das temporadas das séries a entrar pelo mundo das telenovelas, chegaram a ter mais de 500 episódios.

Como é que se aguenta? “Não há outra forma de dizer isto: não se aguenta. Não há forma de o fazer sem nos esgotarmos. ‘A Única Mulher’ [TVI], particularmente, foi uma história muito pesada. Foram 540 episódios de guião, ao ponto de eu ter morrido e ressuscitado na novela. Acabei com quatro filhas, que foram raptadas mais de dez vezes, não sei quantos tiros dei, não sei quantos tiros levei, não sei quantas vezes caí de uma ponte... É muito pesado. Não há forma de não ser extenuante. Não queríamos isso, queríamos apenas o que está proposto: assumir os 200 episódios e ficar por aí. Começar, viver e terminar uma história. Às vezes, somos vítimas do nosso próprio sucesso com estes prolongamentos de segundas e terceiras temporadas. É uma forma de rentabilização”, assume. “Remédio Santo”, “Belmonte”, “A Herdeira” e “Prisioneira” foram novelas em que participou depois da sua estreia em “Morangos com Açúcar”, tudo na TVI. Agora segue-se “Como um Rio”, na SIC.

“Cortou. Feito, obrigado. Passamos ao ‘lobby’.” A voz da assistente de realização é a que comanda as horas de trabalho neste ‘décor’ e é à sua voz que os microfones se afastam, que as câmaras são transportadas, que os técnicos mexem em cabos e mais cabos. Permanecem as luzes do teto, mas há que ir para o próximo ‘décor’, que as cenas estão atrasadas, houve ali um vidro que estava a refletir que demorou uns momentos a resolver. Chegados ao ‘lobby’ do turismo rural, desenhado num dos estúdios da SP Televisão, segue-se mais uma cena.

“Aqui filmamos a outro ritmo — e este tipo de cenas, como a da pancadaria que gravámos há pouco, não nos entusiasmam. Mas temos outras que nos preenchem, aprendemos muito e tenho oportunidade de trabalhar com atores que são muito respeitados na área”, reconhece. “Tenho todo o respeito pelo que fazemos aqui, não menosprezo as novelas, a única coisa é que são projetos muito longos, com muitos episódios, muita história, e também nos apetece fazer formatos mais curtos.”

Quando se começa a gravar uma série, sabe-se desde logo como é que a história e a personagem vão acabar. “Há mais tempo para gravar cada cena, mais cuidado. São cenas mais bonitas, por serem muitas vezes em exteriores — não são feitas com três câmaras, apenas com uma câmara, que está só focada em nós, depois está só focada ali... Isso dá-nos mais tempo para preparar, para nos ligarmos à emoção do que estivermos a fazer, para os contrastes de umas cenas para as outras que podem ter emoções diferentes.” A novela é uma máquina mais rápida. “Estive agora a fazer aquela cena do murro e na seguinte posso já estar a gravar uma em que somos amigos e estamos a falar sobre uma coisa boa. Esta ginástica é difícil”, reconhece. O resumo é um: “Numa série vivemos dez emoções por dia, aqui são dez emoções por hora.”

O realizador explica o que quer. Segue-se o ensaio. Vários. “A gravar.” Cena 1: Lourenço está apenas com um ator. Cena 2: Lourenço segue num corredor com esse colega. Cena 3: Lourenço encontra-se com três colegas. Cena 4: Lourenço está com uma dezena de outros atores no ‘décor’.

É provável que, quando a telenovela passar nos ecrãs da SIC, em 2022, Lourenço não veja todas as cenas que filmou. “Se me perguntares quais os nomes das novelas que estão agora no ar, não te sei responder. Não vou mentir. Sei uma ou outra. Gosto de ver o trabalho dos meus colegas, mas não acompanho as novelas do princípio ao fim, porque vejo um bocadinho de todas: como é que as coisas estão a ser feitas, como é que os personagens estão a ser construídos. Saio daqui e vou estudar os textos para casa, depois tento descansar a cabeça.”

Mesmo cansado, a vinda para a SIC, uma das transferências na televisão nacional de 2021, pode levá-lo para outros destinos que não apenas os estúdios da SP. “O entretenimento, para mim, só vai acontecer se for algo que eu identifique que quero apostar. Aí sou seletivo, porque acho que o meu trabalho é como ator — abraço nesta novela um personagem que não era o que eu queria, mas faço-o com carinho, porque sei que o vou fazer bem —, mas no entretenimento, não sendo a minha área, se arriscasse fazer alguma coisa teria de ser algo que me trouxesse verdade.”

O que Lourenço Ortigão, o estudante no ISEG que o acaso tornou ator, quer no entretenimento ainda não sabe. “Talvez ligado à cozinha, a viagens, a um lado mais documental.” Um programa ao estilo do “MasterChef”, hoje na RTP1? “Isso é um talent show, um formato que podia ser interessante, por exemplo. É esse tipo de coisas.” Se acontecesse, uniria a apresentação à cozinha (gosta de cozinhar risotos e lasanhas, pratos confitados, e tem um restaurante, mas já lá vamos). “Não sei se me posicionaria como um jurado, porque é um profissional e sinto que não tenho aptidão para isso. Gosto de cozinhar, de ter o meu restaurante, mas não me sentiria confortável a estar ao pé de dois chefes conceituados a falar de pratos. Mas como apresentador ou convidado especial acho que podia perfeitamente enquadrar-se.”

Já fez uma telenovela com mais de 500 episódios, vítima do próprio sucesso. Lourenço Ortigão quer abraçar novos formatos de ficção, mas não renega o passado

Reality shows já não têm a mesma aceitação. “Não é que não me identifique, mas não sei se seria adequado. Podia de alguma forma comprometer o que eu pretendo fazer como ator.” Apresentar um formato desses e depois ser convidado para fazer uma série de época?, pergunta-se. “Não é impossível, mas não contribui favoravelmente. Se já fazer uma novela tem essa conotação, apresentar um reality show — dependendo do formato — pode contribuir desfavoravelmente para o que eu quero fazer, como séries e filmes.”

O contrato que une o ator, nascido no verão de 1989, à SIC dá-lhe mais liberdade do que a que tinha até agora: pode fazer “participações mais a fundo em séries (na TVI só podia fazer participações mais limitadas) para a RTP ou internacionais”. Fala da TVI com apreço, mas assume a necessidade de mudança. “Doze anos passaram rápido e foram bons, mas nós temos de nos desafiar a sair da zona de conforto, a começar num sítio novo, a conhecer pessoas novas, a desenvolver relações. Quis encerrar, para já, um capítulo bonito e que me fez crescer, experimentar coisas novas. Guardo um enorme carinho pela TVI e por tudo o que lá fiz”, justifica-se. Ainda assim, reconhece que, “no futuro próximo”, aquilo que o aguardava não o ia “enriquecer a nível pessoal e profissional” e preferiu precaver-se “de uma possível situação de rutura, para que as coisas ficassem limpas”, como considera que ficaram. Mas há um lema: “Da minha parte vão sempre ver-me a respeitar o meu passado e a conti­nuar, como estou a fazer nesta novela, a abrir portas, sem nunca fechar portas para trás.”

Neste respeito pelo passado e visão para o futuro, Lourenço — que partilha o apelido com o escritor Ramalho Ortigão, do qual é descendente — tem vindo a ganhar ainda mais consideração pela parte técnica e criativa. “Gosto muitas vezes de ficar atrás a ver o trabalho dos realizadores, a perceber como funciona a luz, o som, a tentar compreender todos os sectores para me sentir mais à vontade quando estou em set. Ao longo dos anos tenho aprendido muito à frente das câmaras, mas também atrás delas, o que me permite ter uma visão muito maior do que estou ali a fazer e de qual o propósito de cada cena. Não se sabe, no futuro. Pode ser que daqui a uns anos me dê na cabeça fazer uma curta-metragem ou estudar sobre isso.” Está tudo ainda no ar.

Vai ouvir-se “cortou” dentro de uns minutos, mas antes até de o “gravar” ser gritado há ali conversa. “Esse cão é incrível” é uma das frases trocadas entre os atores enquanto esperam pela cena a sério. O cão, treinado, vai ser uma das personagens. Não está ali, mas Lourenço vai acabar por contar que, apontando-lhe uma arma, ele cai, deitando-se de lado. É uma estrela no elenco.

“As pessoas têm a tendência, não só neste meio como na vida, de pensar que só podemos ser grandes se sairmos daqui, que somos um país pequeno para uma carreira sólida. Não estou de acordo, sabendo também que não temos tantas oportunidades como em outros países. Mas parece-me um caminho mais interessante ter uma perspetiva de dentro para fora — chegar a Espanha, mostrar o meu currículo e pensarem que como já tenho experiência e falo espanhol pode ser interessante fazer lá um projeto — do que apresentar-me como um ator que só tem formação mas que não é ‘ninguém’ no seu país. É uma ponte mais difícil de fazer”, diz.

Até porque, por cá, é importante ter uma árvore com raízes bem enterradas. “Eu estudei fora, nos Estados Unidos, no Brasil — tive algumas oportunidades, coisas mais pequenas —, e agora interessa-me muito as portas que se estão a abrir. As plataformas que existem — Netflix, HBO, Amazon Prime — fazem-nos sonhar com o melhor dos dois mundos: porque não estar em Portugal mas ser convidado para fazer uma coisa fora e depois voltar para Portugal, ir novamente para fora, e assim sucessivamente? Acho mais interessante ir pontualmente trabalhando no estrangeiro, mesmo que sejam projetos longos, mas ter uma base sólida aqui, sabendo que tenho trabalho em Portugal.”

E mesmo a forma como hoje se utiliza a internet abre novas possibilidades. “Quando estive nos Estados Unidos, tínhamos de ficar lá o mês todo de janeiro, por exemplo, porque era a pilot season, para fazer castings, castings, castings... Hoje podemos enviar self tapes, conseguimos representar e concorrer a um papel [internacional] através de casa”, conta, comentando que vai fazendo esses vídeos para entregar a produtoras. Podia ter participado agora numa série na Bélgica, em inglês, mas o compromisso com a telenovela da SIC impediu-o. Virão mais, acredita.

Esta vida cá dentro com idas pontuais lá fora agrada a Lourenço, que não se vê muito tempo longe da sua família nem de Lisboa, onde nasceu, Sintra e Cascais, onde cresceu. “Ainda que eu possa fazer coisas fora, sei que daqui a 20 anos vou querer estar perto dos meus, dos meus pais, dos meus irmãos, dos meus sobrinhos.”

Os pais são referências, como casal e indivi­dualmente. “São o oposto, mas estão casados há 39 anos e adoram-se. Os meus pais quebram barreiras em tudo. Podem gabar-se de nunca ficar a dever um cêntimo a ninguém, nunca enganaram ninguém, têm uma família que construíram do zero, uma relação incrível com os três filhos e os netos, uma relação incrível entre eles. Vivem para o bem. São pessoas que vivem a vida de forma positiva, para ajudar.”

Com os irmãos, quando era mais novo, andava à pancada, claro, mas partilhavam amigos, apesar de Lourenço ser o mais jovem. “Gosto de recordar que os meus pais — eu com 5 anos e os meus irmãos com 9, 10 — iam jantar fora e ficavam descansados connosco em casa. Sempre fomos muito cuidadores uns dos outros. Isso fez-me crescer mais cedo, fez-me sentir valorizado perante miúdos mais velhos do que eu. Podiam perfeitamente dizer: ‘Ó puto, está calado’, mas sempre me ouviram de igual para igual — desde muito cedo que os meus irmãos me pedem conselhos. O reflexo é que nós os três estamos bem na vida, felizes, estáveis, somos independentes, e isso é fruto da conquista que os nossos pais fizeram ao longo da vida, que foi criar uma família sólida.”

O ator admite interesse em ser apresentador, mas só se não afetar a sua profissão. Concursos de talento, em especial de cozinha, agradam-lhe; reality shows nem por isso

A relação com os mais velhos também a teve no golfe, um dos desportos em que participou. “Ajudou-me a desenvolver a capacidade mental. É um desporto muito mental, não é tão elitista como as pessoas imaginam, pelo contrário. Hoje já é barato jogar golfe, uns ténis para jogar futebol podem ser mais caros do que um taco. O golfe ajudou-me a desenvolver a minha capacidade competitiva, a lidar com a pressão — a pressão de competir com outros, mas de forma justa e sempre sem passar por cima, sem batotas. Fiz muitos campeonatos em equipa, o que me ajudou a desenvolver a entrea­juda, a união, e por isso cresci no seio de pessoas muito mais velhas do que eu. No golfe, um miúdo de 10 anos pode estar a jogar com um senhor de 40, 60, 80, o que for, não se escolhe idades, depende do nível de jogo.”

Os valores que recebeu da família e do desporto, acredita, tem-nos bem presentes e refletem-se nos seus negócios. Além de ator, é gestor de um restaurante (Villa Saboia, no Estoril) e tem uma geladaria (já em miúdo gostava de cozinhar nas férias para os amigos, os outros que limpassem). A pandemia afetou os negócios, claro. Mas Lourenço aproveitou para se reinventar. Tem duas cozinhas: uma de sushi, que apostou no take-away, outra de risotos e pratos mais elaborados, que se concentrou em menus de hambúrgueres gourmet nessa altura mais gravosa. “Vendemos em take-away e, do que tínhamos em stock, comprometemo-nos durante dois meses e meio a oferecer 30 refeições por dia ao hospital de Cascais. Tivemos de investir, mas quis fazê-lo, não só para motivar a equipa, evitando que fosse para casa em lay-off, como para fazer alguma coisa de bom, aproveitar a cozinha e o staff para se sentirem vivos e contribuírem [para a sociedade]. O que oferecíamos ao hospital de Cascais tinha um papel escrito por nós — eu escrevi mais de 100 —, e todos os dias um profissional de saúde recebia a refeição com uma dedicatória escrita à mão. Isto fez com que a equipa se sentisse sempre ativa.”

Lourenço Ortigão gostava de crescer na vertente artística e na restauração em paralelo, sem grandes misturas: “Queria ser uma referência no ramo empresarial, sem nunca precisar muito de dar a cara, de promover os negócios por serem meus ou por ser conhecido, mas sim pelo meu próprio sucesso. O restaurante vai fazer cinco anos, e muita gente vai lá e não sabe que é meu. Isso dá-me orgulho. Quero continuar este caminho o máximo possível e que os negócios paralelos ganhem autonomia pela qualidade que têm.”

Nestes tempos em que a covid-19 até levou a fechar as portas dos restaurantes, o gestor Ortigão aproveitou para investir na área onde, atualmente, emprega 12 pessoas. “Virei-me para outras coisas. Fiz obras, uma fábrica nova para os gelados, investi, para que pudéssemos estar no início da fila quando as coisas prosperassem, para que a curva [de recuperação] pudesse ser mais vertical. Conseguimos não perder dinheiro.” Na vida pessoal, apesar de ter coincidido com um período de perdas de amigos próximos, conseguiu aproximar-se da família e da namorada, a também atriz Kelly Bailey: “Crescemos muito enquanto casal.”

Gosta de se ver como um rapaz com os pés bem assentes na terra, humilde, próximo dos seus. “Posso ter apresentado um Emmy em Nova Iorque mas, no final do dia, estou a falar da coisa mais básica e pura do mundo: ‘Então, como foi o dia do pai?’, ‘Como foi o dia da mãe?’, ‘Como foi o teu dia no trabalho?’ Faz-nos sempre voltar à terra.”

Lourenço Ortigão, ou Afonso, está no ‘lobby’ do turismo rural de uma das aldeias protagonistas da novela, que, fora do pequeno ecrã, é apenas um dos ‘décors’ no estúdio 3, em São Marcos, Cacém. No turismo rural estão Afonso, Mia e outros personagens que com eles dão vida às duas aldeias separadas pelo rio Meandro. Alheados do mundo lá fora, da vida real, das cerca de 60 a 70 pessoas — sem contar com as equipas de produção, de continuidade, de argumento e guionistas, entre outras — que todos os dias circundam cada uma das cenas, as tornam possíveis, assistem a elas. Estamos na segunda semana de gravações, Lourenço é recém-chegado, ainda não conhece todos aqueles com quem trabalha neste projeto, mas há quem diga que não se perde.

Tal como não se perdeu quando, há mais de uma década, entrou sem aviso no mundo da televisão. Ali chegou por ser parecido com o ator Zac Efron, numa altura em que este explodira no “High School Musical”. Não estava previsto, mas um conhecido, agente, pediu-lhe fotografias para enviar. Dois castings depois, era escolhido para “Morangos com Açúcar”, já quando o elenco estava delineado e a poucos dias do início das gravações. Era uma cara bonita, sem experiência. Houve “todo o preconceito e mais algum, o que é natural”. “Imagino que não seja fácil para quem está a estudar [representação] aparecer de repente alguém que caiu do céu. O que ajudou foi a minha abordagem, fui o primeiro a dizer: ‘Quero estar aqui como toda a gente, ajudem-me, vamos ajudar-nos uns aos outros.’ Fui o primeiro a assumir que não tinha experiência, a pedir ajuda. Não a ridicularizar-me, mas a desconstruir, e acabei por desmontar esse preconceito com o trato pessoal.”

Depois do primeiro embate sentiu que estava preparado para tudo. A série juvenil, que se estendeu por nove anos, acabava por ser um filtro do mercado. “As condições eram outras — os estú­dios eram ótimos, a equipa era ótima —, mas gravávamos de segunda a sábado, 12 horas por dia. A própria equipa era ‘brifada’ para nos educar, como se fossem nossos professores: na forma como pendurávamos a roupa no guarda-roupa, como tínhamos de ter cuidado com a maquilhagem para não a estragar, com os cabelos, com a roupa quando íamos almoçar... Acabava por nos levar a um limite, porque aquilo era extenuante, e dali as pessoas ou saíam [para o mercado televisivo] ou não.”

Tudo começou, por acaso, nos “Morangos com Açúcar”. Não tinha experiência nem formação, mas acredita que deu a volta ao rótulo de ser uma simples ‘carinha bonita’

Lourenço saiu de lá com um contrato de três anos com a TVI. Foi o passo mais importante da sua vida, assegura. “Fazer os ‘Morangos’ era um ano sabático, ter um contrato de três anos um compromisso para um início de carreira.” Compromisso que assumiu com afinco: estudou na ACT — Escola de Atores, no Brasil, em Los Angeles, foi trabalhando e estudando ao mesmo tempo. Aos poucos, foi tentando descolar-se do rótulo de ‘menino bonito’. “Com o tempo temos uma dificuldade maior em provar o nosso valor, e eu próprio passei por isso. Mas não vejo [esse rótulo] como uma coisa negativa, faz parte. Não me posso vitimizar ou achar que tenho muito a provar. Eu não me ponho rótulos, nem me considero uma ‘carinha bonita’, mas tenho consciência de que é assim que as coisas funcionam — e estou aqui para provar que consigo, mesmo assim, ser bom.”

Da mesma forma que quis libertar-se do espartilho de quem cresceu num contexto privilegiado. “Desde o momento em que comecei a trabalhar, com 19 anos, os meus pais não tiveram um cêntimo de despesa comigo, nem seguro de saúde, nem dentista, nem casa, nem carro... O primeiro bolo que amealhei foi para comprar o meu carro, fiquei a zeros. Os cursos [no Brasil e em Los Angeles] foram pagos pela TVI, tinha um contrato que envolvia uma cláusula de formação, que permitia gastar um plafond anual para estudar (isso foi uma coisa pedida por mim). Rendas, aviões, tudo era pago por mim. Quando ia estudar para fora deixava de arrendar casa, e quando voltava ficava dois ou três meses em casa dos meus pais.”

Lourenço ainda não teve oportunidade de agradecer ao ator e cantor americano por, ao ser parecido com ele, lhe ter aberto as portas daquele que era um novo mundo para si. “Nunca estive com o Zac Efron, mas é verdade que me escolheram por ser parecido com ele. Entretanto, já passou muito tempo, e hoje acho que nem somos assim tão parecidos, temos feições diferentes.”

E será que um dia alguém será escolhido por ser parecido com o Lourenço Ortigão? Até já pode ter acontecido, disse, mas porque procuravam perfis parecidos com o seu, não propriamente um sósia. “O que é o meu perfil? Tenho cabelo castanho, olhos azuis-esverdeados e tenho barba rasa, mas não tenho características físicas muito fortes para se dizer: ‘Tem de ser igual a ele.’ Eu e o Zac Efron parecíamos iguais, mas isso é raro, não se encontra um sósia assim tão facilmente. Só se houver uma grande coincidência, alguém muito parecido comigo, caso contrário não acho que vão dizer: ‘Quero uma fotocópia do Lourenço mais novo.’”

Destaco esta parte: 

“O entretenimento, para mim, só vai acontecer se for algo que eu identifique que quero apostar. Aí sou seletivo, porque acho que o meu trabalho é como ator — abraço nesta novela um personagem que não era o que eu queria, mas faço-o com carinho, porque sei que o vou fazer bem —, mas no entretenimento, não sendo a minha área, se arriscasse fazer alguma coisa teria de ser algo que me trouxesse verdade.”

:priest:

Neste artigo do Expresso, tem um vídeo onde se vê alguns décors da novela.

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há 2 horas, AndreRob disse:

Deve ser a Serra... mas devem ficar as duas no ar ainda um ou dois meses juntas.

No máximo 1 mês. Não sei como iriam gerir tanto tempo 4 novelas em simultâneo. Nem acho que fosse preciso simultâneo, mas pronto.

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há 3 horas, VascoSantos disse:

Aqui vai a entrevista:

Destaco esta parte: 

“O entretenimento, para mim, só vai acontecer se for algo que eu identifique que quero apostar. Aí sou seletivo, porque acho que o meu trabalho é como ator — abraço nesta novela um personagem que não era o que eu queria, mas faço-o com carinho, porque sei que o vou fazer bem —, mas no entretenimento, não sendo a minha área, se arriscasse fazer alguma coisa teria de ser algo que me trouxesse verdade.”

:priest:

Neste artigo do Expresso, tem um vídeo onde se vê alguns décors da novela.

Já se tinha percebido que um novo protagonista galã não era o que ele queria fazer. Aceitou porque tem um contrato e porque percebeu que a SIC tinha necessidade de num primeiro projeto na generalista usar o mediatismo dele. Embora eu ache que um bom vilão também faria isso, mas pronto. 

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há 18 horas, VascoSantos disse:

Aqui vai a entrevista:

Destaco esta parte: 

“O entretenimento, para mim, só vai acontecer se for algo que eu identifique que quero apostar. Aí sou seletivo, porque acho que o meu trabalho é como ator — abraço nesta novela um personagem que não era o que eu queria, mas faço-o com carinho, porque sei que o vou fazer bem —, mas no entretenimento, não sendo a minha área, se arriscasse fazer alguma coisa teria de ser algo que me trouxesse verdade.”

:priest:

Neste artigo do Expresso, tem um vídeo onde se vê alguns décors da novela.

 

há 14 horas, Pedro M. disse:

Já se tinha percebido que um novo protagonista galã não era o que ele queria fazer. Aceitou porque tem um contrato e porque percebeu que a SIC tinha necessidade de num primeiro projeto na generalista usar o mediatismo dele. Embora eu ache que um bom vilão também faria isso, mas pronto. 

Eu acho que não podemos criticar o Lourenço em todos os aspetos. Ele parece bem focado, inteligente e respeitador do trabalho. Agora insistem em fazer dele o galã. Estacionou completamente no Luís Miguel há uns 6 anos. É vergonhoso. Compreender-se claro, que a SIC o queira para protagonista. Mas podia fazer um vilão. A Sara Matos e a Alexandra Lencastre lançaram-se por cause de vilãs, não de protagonistas aborrecidas e clichés. E se um Luís Miguel na TVI já é mau, na SIC então, mds, basta ver os últimos protagonistas do Mata. 

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há 7 minutos, Duarte disse:

 

Eu acho que não podemos criticar o Lourenço em todos os aspetos. Ele parece bem focado, inteligente e respeitador do trabalho. Agora insistem em fazer dele o galã. Estacionou completamente no Luís Miguel há uns 6 anos. É vergonhoso. Compreender-se claro, que a SIC o queira para protagonista. Mas podia fazer um vilão. A Sara Matos e a Alexandra Lencastre lançaram-se por cause de vilãs, não de protagonistas aborrecidas e clichés. E se um Luís Miguel na TVI já é mau, na SIC então, mds, basta ver os últimos protagonistas do Mata. 

Sim ele já várias vezes chamou à atenção que quer fazer outras coisas. Insistem em dar-lhe sempre o mesmo tipo de personagens. Ele também deve ficar desmotivado, mas não pode fazer nada em relação a isso. 

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há 1 hora, Duarte disse:

 

Eu acho que não podemos criticar o Lourenço em todos os aspetos. Ele parece bem focado, inteligente e respeitador do trabalho. Agora insistem em fazer dele o galã. Estacionou completamente no Luís Miguel há uns 6 anos. É vergonhoso. Compreender-se claro, que a SIC o queira para protagonista. Mas podia fazer um vilão. A Sara Matos e a Alexandra Lencastre lançaram-se por cause de vilãs, não de protagonistas aborrecidas e clichés. E se um Luís Miguel na TVI já é mau, na SIC então, mds, basta ver os últimos protagonistas do Mata. 

ele na T1 da Prisioneira não foi vilão?

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há 5 horas, Duarte disse:

 

Eu acho que não podemos criticar o Lourenço em todos os aspetos. Ele parece bem focado, inteligente e respeitador do trabalho. Agora insistem em fazer dele o galã. Estacionou completamente no Luís Miguel há uns 6 anos. É vergonhoso. Compreender-se claro, que a SIC o queira para protagonista. Mas podia fazer um vilão. A Sara Matos e a Alexandra Lencastre lançaram-se por cause de vilãs, não de protagonistas aborrecidas e clichés. E se um Luís Miguel na TVI já é mau, na SIC então, mds, basta ver os últimos protagonistas do Mata. 

Na própria SIC temos a Joana Santos e a Mariana Pacheco. O próprio José Mata, em Amor Maior. Apesar de em Nazaré ter sido o boom maior, ele em Amor Maior era das melhores coisinhas da novela. 

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