Buwayh

Ela fala de igualdade de género, mas rebaixa os homens que gostam de limpar a casa e lavar a loiça.

Cada vez que uma ex vítima de bullying diz que o que passou foi bom para crescer e se fortalecer, morre uma andorinha. Esta gente não tem noção da quantidade de pessoas que ficam com estresse pós-trumático para o resto da vida por causa do que passaram na infância e adolescência, nem das que continuam a sofrer bullying depois de adultas e se isolam para se protegerem, ou se suicidam porque não aguentam o peso da humilhação e da incompreensão. Infelizmente, não são só os LGBTs que passam por isso. Há uma infinidade de pessoas com vários problemas que vêm a sua situação ser constantemente banalizada na televisão e nas redes sociais e que não têm coragem de falar porque não querem passar por fracas e vitimistas. Eu sou uma dessas pessoas e digo-vos que é exasperante ouvir estes pseudo-discursos de empoderamento a toda a hora, que não empoderam ninguém e isolam ainda mais quem está à margem. Talvez seja por isso que me sinta tão desconectado dos reality shows e da televisão no geral. Tornou-se um terreno tóxico e estéril para mim. Em relação ao que disseram sobre a Jacques, condiz com os comentários que vomitam nas redes sociais e que os comentadores preferem ignorar, como se a Jacques e as minorias no geral é que tivessem a mania da perseguição.

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Não acho que seja imoral dormir com muita gente, mas também não gosto da cultura da pegação, em que as pessoas se tratam como se não passassem de objetos de prazer descartáveis. Ninguém é obrigado a querer desenvolver relações profundas, mas acho que esse desapego emocional também não é saudável a longo prazo. Relativamente às relações abertas, há muitos que se metem nisso a contragosto para não perderem os parceiros e acabam magoados e traumatizados. Isso as Jacques da vida não problematizam. Às vezes, ainda os criticam e chamam de possessivos (sim, já vi a acontecer).

Não me lembro de ver na TV, mas a minha mãe cantava-me muito a primeira música do Vitinho quando eu era pequeno, por isso a nostalgia ficou. Acho as músicas e as personagens do Vitinho mais interessantes do que as dos Patinhos, apesar de serem um pouco melancólicas e puxarem para a lágrima. Esta aqui faz-me chorar, não sei porquê: Ainda vou ter uma fronha com o rosto da almofada do Vitinho. Acho-a tão fofa.

Só um aparte: algumas pessoas gritam em plenos pulmões que são contra a ideologia de género, mas o que são os estereótipos de género, que ditam como um homem e uma mulher se devem comportar, se não uma ideologia? Em que é que o ódio que a sociedade sente pelo Fulano e o Beltrano por não serem suficientemente masculinos para os seus padrões difere de um dogma religioso?

Não acho que uma coisa tão pessoal e inócua como a identidade de género de uma pessoa sirva de desculpa para apoiar um sistema fascista e genocida. Ser ou não fascista é uma questão de personalidade que está diretamente ligada à capacidade de sentir empatia.

Mais um motivo pelo qual o programa está mais bem entregue ao Cláudio. Aliás, se ela tivesse participado no casting, provavelmente a Jacques não teria sido escolhida.

Uma vez ela disse que levaria um filho seu ao psiquiatra se ele se assumisse bissexual ou não-binário, por isso já esperava que ela fizesse esses comentários sobre a Jacques. Eu acho que todos temos a ganhar se pudermos expressar e discutir as nossas ideias livremente, por isso sou a favor do diálogo aberto, desde que ele aconteça num ambiente respeitoso e seguro para todos. Isso não acontece com aquelas pessoas e acho vergonhoso que continuem a dar-lhes espaço para espalharem desinformação e reforçarem o ódio que já existe contra as minorias. Por muito que a Cristina se oponha a isso, ela também é culpada por não pôr um ponto final na estadia delas na TVI. E quanto ao Zé Lopes... Ele passa demasiado tempo com elas para não ter sido contaminado.

As linhas de raciocínio destas seitas e filosofias são altamente doentias e prejudiciais, não só porque exploram emocionalmente as pessoas com base em mentiras e sofismas, como as colocam numa posição vulnerável e injusta, que, muitas vezes, as conduz à autoculpa e atrofiam a sua capacidade de sentir empatia pelos outros, pois "se eles têm problemas, é porque não estão no caminho certo, ou precisam passar por aquela provação para crescer". Eu também fui fascinado pela espiritualidade durante quase toda a minha vida, apesar de nunca me ter envolvido em nenhuma religião. Não concordava com algumas teorias porque percebia que eram falaciosas e não se aplicavam à realidade, mas elas eram expostas de uma forma tão clara e articulada que faziam com que uma parte de mim acreditasse que eu não queria aceitá-las porque ainda não tinha crescido o suficiente. Essa fase durou mais ou menos até 2019, quando apareceu uma doença crónica desconhecida que a medicina não conseguia explicar. Andei de médico em médico e fiz todo o tipo de exames, mas, até hoje, ninguém conseguiu detetar a origem do problema. No início recorri às terapias alternativas e gastei rios de dinheiro com suplementos e máquinas do estilo "biofeedback", que não ajudaram rigorosamente nada. Um desses médicos recomendou-me uma senhora na minha cidade que fazia reiki e eu decidi experimentar. Naquela altura não conseguia dormir porque sentia compressões na cabeça e uma sensação de sufocamento quando me deitava. Eu expliquei-lhe isso e ela "escaneou" o meu corpo com o seu "poder". Ela disse que o meu problema era psicossomático e que os sintomas eram provocados pelas minhas inseguranças e pela minha negatividade. Fiz algumas sessões de reiki com ela e fomos mantendo o contato. De vez em quando, ela telefonava-me a perguntar como eu estava. Eu era sincero e dizia-lhe que as coisas continuavam a piorar. Uma vez ela levantou o tom de voz e repreendeu-me porque achava que a culpa era minha. Eu estava tão frágil que não consegui impôr-me, e durante muito tempo as palavras dela ecoaram na minha cabeça, assim como as porcarias que eu lia no meu feed do facebook sobre gratidão, lei da atração e autorresponsabilidade, principalmente à noite, quando tentava descansar e era interrompido pela sensação de enforcamento. Sofri muito e a dada altura, tive que sair dos grupos sobre espiritualidade nos quais participava para proteger a minha saúde mental. Até hoje, continuo com a doença misteriosa, mas descobri que as sensações que tinha à noite vinham de uma rinite crónica e que aliviavam quando eu me assoava. Mesmo não saindo muco, as vias respiratórias descomprimiam o suficiente para eu conseguir descansar. Conclusão: a mulher não só não tinha poder nenhum, como tentou imputar-me uma culpa que eu não tinha. Provavelmente vais pensar que tive azar e que isto não teria acontecido se eu tivesse recorrido a uma profissional séria. O problema é que a abordagem da "responsabilização indiscriminada das vítimas" é recorrente nas terapias holísticas e não foi a primeira, nem a segunda vez que passei por isso, além de que essas técnicas não têm comprovação científica. O canal "Física e Afins" que te indiquei foi um divisor de águas na minha vida porque me ajudou a perceber que algumas teorias que eu acreditava que eram estudadas pela Física Quântica, como a Lei da Atração, não passavam de crenças que se apropriavam desse termo para parecerem confiáveis e que os seus defensores pegavam em coisas da literatura científica, tiravam-nas do contexto e distorciam-nas para corroborarem as suas mentiras. Foi um choque, mas, ao mesmo tempo, tirou-me um peso de cima. Portanto, se houve uma lição que tirei disto, foi a não acreditar em tudo o que vejo.

Mais um que confunde "liberdade" com "irresponsabilidade". A nossa liberdade acaba quando a dos outros começa. Ser anti-sistema não lhe dá o direito de entrar de rompante num hospital sem mascara em plena pandemia e pôr centenas de pessoas em risco, contra todas as regras de segurança. Esta gente acha que a realidade se molda àquilo em que acreditam e que o facto de não acreditarem numa doença torna-os superiores e imunes a ela, mas as coisas não funcionam assim.

Sabes quem é que a espiritualidade enriquece? Quem explora o sofrimento e a vulnerabilidade dos outros. Não enriquece o doente oncológico, que é levado a acreditar que está doente por ter um mindset negativo. Não enriquece a vítima de bullying/preconceito, a quem dizem que a forma como os outros a tratam é o reflexo da sua própria escuridão. Não enriquece a vítima de abusos sexuais, a quem dizem que foi violentada porque o universo tinha que compensar o facto de a sua tetravó ter sofrido um aborto e que a única forma de ela fechar o ciclo é perdoar e reverenciar o seu abusador. Não enriquece o pobre que não tem o que comer por ter um "mindset de pobreza". Não enriquece os doentes crónicos que abdicam de tratamentos médicos para se entregarem às pseudociências e que acabam por piorar o seu quadro, ou mesmo por morrer, porque não tiveram os cuidados que precisavam e podiam tê-los salvo. Não enriquece a pessoa que tem ansiedade e depressão, que é acusada de ser espiritualmente fraca. Não enriquece a pessoa com TDAH, que é chamada de preguiçosa. Não enriquece a pessoa cujo familiar se suicidou e "está a penar no Vale dos Suicidas". Não enriquece as minorias, uma vez que individualiza o preconceito, o abuso e a negligência e não reconhece que eles são uma consequência de uma estrutura social doente e desequilibrada. Não enriquece as pessoas que estão na merda, mas que acham que têm que sorrir e agradecer pelo que têm para atraírem prosperidade, acabando por somatizar doenças por não terem as suas emoções validadas e não se permitirem a vivenciá-las. Não enriquece as pessoas que precisam de ajuda, mas não a recebem porque "os seres de luz que estão despertos" não querem atrasar a sua evolução. Não enriquece os que não têm prosperidade e cujos amigos se afastam porque não querem ser contaminados pelo seu fracasso. Não enriquece os que são explorados financeiramente por videntes e gurus da Nova Era e que, centenas ou milhares de euros depois, são culpabilizados por não terem tido os resultados que queriam. A lista podia continuar, mas já me doem os dedos. Vai ao canal Física e Afins e dá uma vista de olhos aos relatos das pessoas que fizeram Constelação Familiar. Vê também os vídeos sobre o Tethahealing. Se quiseres, passa também pelo canal do Daniel Gontijo, que tem diversos relatos de ex-membros de seitas religiosas e espirituais. E qual é a tua fonte? As Águas de Lindóia?

O Flávio tem sido um mouro de trabalho. Merecia tirar três anos e meio de férias, pelo menos. Merecia ele e merecíamos nós. Ele que leve a Cinha, para lhe fazer companhia. A mulher também já não tem idade para trabalhar tanto tempo seguido.

Ainda não percebi se ele está a criticar os conteúdos que a Joana satiriza ou as sátiras em si. Eu divirto-me bastante com o programa, mas a cada episódio fico mais preocupado com o rumo que a sociedade está a tomar. É com cada um...

Não me oponho a que as pessoas acreditem que existe alguma coisa para além do mundo material. O problema é que as seitas destrutivas, as pseudo-ciências, o coaching, o negacionismo da ciência e da medicina, a cultura da positividade tóxica e da gratidão, a lei da atração, a culpabilização dos doentes e das vítimas de abusos físicos e psicológicos, entre outros flagelos, vêm sempre atrelados a este tema, obscurecendo tudo o que de saudável poderiamos retirar dele. Sinceramente, acho perigoso e anti-ético darem espaço a este tipo de desinformação nos meios de comunicação social. A espiritualidade é um tema fascinante, mas os moldes em que a discutem e praticam são doentios, e como alguém que já sofreu um bocado com isso, fico triste por ver que cada vez mais pessoas estão a ser capturadas pelos tentáculos desse "monstro". O que é que não gostas exatamente no trabalho da Joana?