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Notícias RTP


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Mensagem adicionada por Ruben,

Temas a abordar neste tópico:

- Informações referentes ao canal como um todo, não a respeito de um dos seus profissionais;
- Mudanças nos cargos de diretor ou noutros cargos relevantes.

Posts Recomendados

há 49 minutos, D91 disse:

Quanto à questão dos animais, é curioso que muitas pessoas são contra as touradas mas não se importam de comer carne de vaca:rolleyes:.

Novamente esta comparação que não tem fim algum.

É totalmente diferente comeres carne (seja de vaca ou outro animal), e veres um animal a ser torturado ao vivo. Posso não saber que condições ou pelo que o animal passou para chegar ao meu prato, mas ao menos não tenho prazer de vê-lo a ser morto... 

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há 1 minuto, Bloody disse:

Novamente esta comparação que não tem fim algum.

É totalmente diferente comeres carne (seja de vaca ou outro animal), e veres um animal a ser torturado ao vivo. Posso não saber que condições ou pelo que o animal passou para chegar ao meu prato, mas ao menos não tenho prazer de vê-lo a ser morto... 

Sim é diferente claro. Mas sofrem muito até chegar ao prato. Isso podes ter a certeza. 

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há 15 minutos, Tiago TV disse:

A RTP1 deveria ter um novo diretor de programas, quem acham o melhor para a sucessão do nosso estimado José Fragoso quando o mesmo sair? 

Realisticamente: o Gonçalo Madaíl.
O melhor sucessor: como conhece os cantos à casa e mesmo com alguns defeitos o Hugo Andrade.

Como as coisas andam só se o Fragoso tiver uma proposta muito tentadora do estrangeiro é que sai antes da reforma.
Se a lógica for a mesma que reconduzir o diretor que deixou cair a Antena 3 na irrelevância total, ficará tudo na mesma numa lógica de "estabilidade" mesmo que os resultados sejam os piores de sempre em 3 dos canais de TV e rádio da RTP.

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há 2 minutos, canal5 disse:

Realisticamente: o Gonçalo Madaíl.
O melhor sucessor: como conhece os cantos à casa e mesmo com alguns defeitos o Hugo Andrade.

Como as coisas andam só se o Fragoso tiver uma proposta muito tentadora do estrangeiro é que sai antes da reforma.
Se a lógica for a mesma que reconduzir o diretor que deixou cair a Antena 3 na irrelevância total, ficará tudo na mesma numa lógica de "estabilidade" mesmo que os resultados sejam os piores de sempre em 3 dos canais de TV e rádio da RTP.

Pois, num canal de TV Pública eles são contratados por um período de 3 anos como comissão de servico, não vejo muito ele a sair também, além que o ordenado deve ser alto, não há pressão de audiências, mas o Madail podia ser Diretor Adjunto de Programas 

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há 32 minutos, Tiago TV disse:

A RTP1 deveria ter um novo diretor de programas, quem acham o melhor para a sucessão do nosso estimado José Fragoso quando o mesmo sair? 

o madaíl é o próximo director, claro. mas se for para lá, aquilo não mudará muito.

há 14 minutos, canal5 disse:

O melhor sucessor: como conhece os cantos à casa e mesmo com alguns defeitos o Hugo Andrade.

sem dúvida. conseguiu manter a RTP mais ou menos estável num momento muitíssimo complicado.

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há 1 hora, canal5 disse:

Realisticamente: o Gonçalo Madaíl.
O melhor sucessor: como conhece os cantos à casa e mesmo com alguns defeitos o Hugo Andrade.

Como as coisas andam só se o Fragoso tiver uma proposta muito tentadora do estrangeiro é que sai antes da reforma.
Se a lógica for a mesma que reconduzir o diretor que deixou cair a Antena 3 na irrelevância total, ficará tudo na mesma numa lógica de "estabilidade" mesmo que os resultados sejam os piores de sempre em 3 dos canais de TV e rádio da RTP.

Definitivamente não. :ew: A não ser que queiram o regresso das séries diárias low cost...

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há 1 hora, Televisão 10 disse:

Com uma grelha fraca. 

Ainda andou a tirar a produção de entretenimento do Centro de Produção do Norte, o que gerou muito descontentamento, para anos mais tarde para lá regressar.

Em altura de vacas magras e empurrado por certos interesses...
No entanto, estou longe de ser fã dele mas só falei dele porque solução melhor disponível tirando o Madaíl só o Daniel Oliveira ou o Nuno Santos ou o isso é como o Messi vir jogar a custo zero para o Aves.

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há 46 minutos, canal5 disse:

Em altura de vacas magras e empurrado por certos interesses...
No entanto, estou longe de ser fã dele mas só falei dele porque solução melhor disponível tirando o Madaíl só o Daniel Oliveira ou o Nuno Santos ou o isso é como o Messi vir jogar a custo zero para o Aves.

O orçamento não há de ser desculpa para tudo. O que era gasto em séries de qualidade duvidosa, como Água de Mar, daria certamente para fazer várias séries com mais qualidade e com mais potencial para exportação. 

Parece-me que há nomes na RTP com competência, logo penso que não precisam de ir buscar o Hugo Andrade, a quem os atuais diretores devem apenas agradecer as telenovelas e seriados para taparem buracos em todos os canais do grupo RTP. :mosking: No entanto, nem todo o trabalho do Hugo foi mau, evidentemente. Se não me engano, foi o Hugo que renovou o Got Talent e o The Voice, que ainda hoje seguram as grelhas da RTP 1.

Editado por Televisão 10
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On 02/08/2021 at 16:28, canal5 disse:

Entrevista ao nosso querido amigo Nuno Artur Silva no Expresso. Aqui fica um excerto porque é exclusivo para assinantes.
https://expresso.pt/economia/2021-08-02-Touradas-na-RTP-Se-as-touradas-tem-muita-audiencia-entao-provavelmente-os-privados-estarao-interessados-em-transmiti-las-190fe503

Comprei o Expresso esta semana, portanto posso partilhar a entrevista completa:

Spoiler

Houve mais de 2500 participações na consulta pública da revisão do contrato de concessão do serviço público da RTP. O tema mais referido foi o das touradas?
Sim, mas houve muitos outros. É muito simples: não há qualquer menção a touradas no contrato de concessão atual nem no revisto.

Não há uma determinação, um guião, uma orientação para acabar com as touradas na RTP?
Não, nem poderia haver. O que está atualmente no contrato de concessão é uma determinação que diz que a RTP deve respeitar os direitos humanos e nós decidimos acrescentar o meio ambiente, a sustentabilidade ambiental e o bem estar animal, o que me parece absolutamente consensual do ponto de vista do que é hoje a nossa sociedade. Não tomamos nenhuma posição sobre as touradas porque em última análise a quem cabe decidir se vai haver ou não este conteúdo são os diretores de programas. Na lei portuguesa as touradas são consideradas uma manifestação cultural e nós não podemos limitar a RTP de cobrir manifestações culturais. Nós não estamos a falar disso e não estamos de maneira nenhuma a fazer qualquer tipo de mecanismo censório. O que introduzimos é um dado que nos parece relevante e consensual na sociedade atual que é a questão do bem-estar animal. Bom, se isso é contraditório com as touradas, digamos que essa contradição existe na sociedade.

Mas já disse que as touradas não se coadunam com o bem estar animal.
Se me pergunta se com um contrato de concessão onde isto está escrito há espaço para haver touradas eu diria que creio que não é compatível o facto de se defender o bem estar animal e de haver transmissão das touradas nos canais públicos mas nós não estamos a tomar essa posição, essa é uma decisão da direção de programas.

Está a empurrar a responsabilidade para a direção de programas.
A responsabilidade é de quem decide os conteúdos, que são os diretores de programas. Ao governo cabe dar o enquadramento quer do ponto de vista do contrato de concessão quer do ponto de vista do que diz a lei. A lei considera a tourada uma manifestação cultural mas por outro lado há uma agenda de defesa do meio ambiente e dos animais que nos parece que deve estar plasmada no contrato de concessão. Eventualmente há uma contradição na sociedade portuguesa neste momento.

O Governo não está a dizer claramente para se acabar com as touradas na RTP?
Não. Não está nem poderia estar. A lei considera a tourada uma manifestação cultural, nós não podemos limitar a RTP de cobrir manifestações culturais… o Bloco de Esquerda, por exemplo, diz que não deve ver touradas na RTP.

Acha que as touradas são uma manifestação cultural?
Está a perguntar-me pessoalmente ou como governante? Eu não tenho 'achares' nesta posição. Eu aqui tenho de trabalhar de acordo com a lei. No contrato de concessão não está escrita a palavra tourada em lado nenhum.

A partir do momento em que se está a colocar a direção de programas perante um contrato que diz que se tem de respeitar o bem-estar animal, não seria estranho que houvesse touradas na RTP?
O que é muito bom na RTP é que tem várias camadas de regulação, o governo faz o contrato de concessão, há um Conselho Geral Independente que aprova os planos estratégicos, há um conselho de administração que nomeia direções que tomam decisões sobre programas. As direções são independentes. Há um conselho de opinião que representa a sociedade civil e que pode opinar. Há o Parlamento onde os responsáveis da RTP são chamados a responder. Este sistema de checks and balances que é democrático e plural traz uma coisa muito boa para a RTP: discussão. O governo não está impor visão nenhuma, o governo está a constatar um facto que é a lei dizer que as touradas são uma manifestação cultural, nós defendemos no contrato de concessão da RTP que devem ser valorizadas coisas como a defesa do ambiente e do bem-estar animal. Se existe essa contradição, essa contradição é da sociedade em que vivemos. Quem tem de decidir? O diretor de programas. Atualmente não há nenhuma tourada prevista e o novo contrato de concessão nem sequer está aprovado.

Como é que se pode chegar à conclusão de que a direção de programas não está a cumprir o contrato de concessão, nesta ou noutras matérias?
O contrato de concessão tem princípios orientadores, não se pode dizer que se cumpriu ou não se cumpriu neste ou naquele caso. Os princípios orientadores estarão ou não a ser seguidos.

Mas quem decide se os princípios orientadores estão ou não a ser seguidos?
Todos os órgãos que já referi. A RTP é uma estação pública, é de todos os cidadãos, de todos nós. A política que o governo faz é para os cidadãos, não é para o sector da tourada ou para outro qualquer, temos de pensar num todo. É interessante que haja vários órgãos que têm uma palavra a dizer sobre a RTP, porque isso torna a gestão da RTP escrutinável e faz as pessoas envolverem-se. O contrato de concessão não é uma coia que se possa dizer taxativamente que está ou não está a cumprir em aspetos específicos como este.

Houve uma altura em que o futebol estava disponível para toda a gente nos canais abertos mas depois transitou para canais pagos, o que leva a que hoje quem quer tem de pagar para ver a maioria dos jogos de futebol. A tourada também deveria avançar nesse sentido, ou seja, as pessoas que quiserem ver touradas terem canais específicos que pagam para poderem ver?
Felizmente hoje há muita oferta audiovisual. Um dos argumentos que é usado é o de que as touradas têm muita audiência. Se têm, então provavelmente os privados estarão interessados em transmiti-las. Se essa é a questão, com certeza o mercado funcionará. Se de facto a transmissão de touradas é um espetáculo que interessa às pessoas, com certeza haverá canais de televisão que pegarão nisso.

Que outros temas se destacaram na consulta pública?
Este destacou-se pela sua especificidade. Depois houve questões mais genéricas que têm a ver com a informação, que canais deve a RTP ter ou não, os equilíbrios entre a produção interna e independente e a responsabilidade que a RTP tem no cinema, o equilíbrio com os privados.

 

 

 

Editado por srcbica
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há 2 minutos, srcbica disse:

Comprei o Expresso esta semana, portanto posso partilhar a entrevista completa:

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Houve mais de 2500 participações na consulta pública da revisão do contrato de concessão do serviço público da RTP. O tema mais referido foi o das touradas?
Sim, mas houve muitos outros. É muito simples: não há qualquer menção a touradas no contrato de concessão atual nem no revisto.

Não há uma determinação, um guião, uma orientação para acabar com as touradas na RTP?
Não, nem poderia haver. O que está atualmente no contrato de concessão é uma determinação que diz que a RTP deve respeitar os direitos humanos e nós decidimos acrescentar o meio ambiente, a sustentabilidade ambiental e o bem estar animal, o que me parece absolutamente consensual do ponto de vista do que é hoje a nossa sociedade. Não tomamos nenhuma posição sobre as touradas porque em última análise a quem cabe decidir se vai haver ou não este conteúdo são os diretores de programas. Na lei portuguesa as touradas são consideradas uma manifestação cultural e nós não podemos limitar a RTP de cobrir manifestações culturais. Nós não estamos a falar disso e não estamos de maneira nenhuma a fazer qualquer tipo de mecanismo censório. O que introduzimos é um dado que nos parece relevante e consensual na sociedade atual que é a questão do bem-estar animal. Bom, se isso é contraditório com as touradas, digamos que essa contradição existe na sociedade.

Mas já disse que as touradas não se coadunam com o bem estar animal.
Se me pergunta se com um contrato de concessão onde isto está escrito há espaço para haver touradas eu diria que creio que não é compatível o facto de se defender o bem estar animal e de haver transmissão das touradas nos canais públicos mas nós não estamos a tomar essa posição, essa é uma decisão da direção de programas.

Está a empurrar a responsabilidade para a direção de programas.
A responsabilidade é de quem decide os conteúdos, que são os diretores de programas. Ao governo cabe dar o enquadramento quer do ponto de vista do contrato de concessão quer do ponto de vista do que diz a lei. A lei considera a tourada uma manifestação cultural mas por outro lado há uma agenda de defesa do meio ambiente e dos animais que nos parece que deve estar plasmada no contrato de concessão. Eventualmente há uma contradição na sociedade portuguesa neste momento.

O Governo não está a dizer claramente para se acabar com as touradas na RTP?
Não. Não está nem poderia estar. A lei considera a tourada uma manifestação cultural, nós não podemos limitar a RTP de cobrir manifestações culturais… o Bloco de Esquerda, por exemplo, diz que não deve ver touradas na RTP.

Acha que as touradas são uma manifestação cultural?
Está a perguntar-me pessoalmente ou como governante? Eu não tenho 'achares' nesta posição. Eu aqui tenho de trabalhar de acordo com a lei. No contrato de concessão não está escrita a palavra tourada em lado nenhum.

A partir do momento em que se está a colocar a direção de programas perante um contrato que diz que se tem de respeitar o bem-estar animal, não seria estranho que houvesse touradas na RTP?
O que é muito bom na RTP é que tem várias camadas de regulação, o governo faz o contrato de concessão, há um Conselho Geral Independente que aprova os planos estratégicos, há um conselho de administração que nomeia direções que tomam decisões sobre programas. As direções são independentes. Há um conselho de opinião que representa a sociedade civil e que pode opinar. Há o Parlamento onde os responsáveis da RTP são chamados a responder. Este sistema de checks and balances que é democrático e plural traz uma coisa muito boa para a RTP: discussão. O governo não está impor visão nenhuma, o governo está a constatar um facto que é a lei dizer que as touradas são uma manifestação cultural, nós defendemos no contrato de concessão da RTP que devem ser valorizadas coisas como a defesa do ambiente e do bem-estar animal. Se existe essa contradição, essa contradição é da sociedade em que vivemos. Quem tem de decidir? O diretor de programas. Atualmente não há nenhuma tourada prevista e o novo contrato de concessão nem sequer está aprovado.

Como é que se pode chegar à conclusão de que a direção de programas não está a cumprir o contrato de concessão, nesta ou noutras matérias?
O contrato de concessão tem princípios orientadores, não se pode dizer que se cumpriu ou não se cumpriu neste ou naquele caso. Os princípios orientadores estarão ou não a ser seguidos.

Mas quem decide se os princípios orientadores estão ou não a ser seguidos?
Todos os órgãos que já referi. A RTP é uma estação pública, é de todos os cidadãos, de todos nós. A política que o governo faz é para os cidadãos, não é para o sector da tourada ou para outro qualquer, temos de pensar num todo. É interessante que haja vários órgãos que têm uma palavra a dizer sobre a RTP, porque isso torna a gestão da RTP escrutinável e faz as pessoas envolverem-se. O contrato de concessão não é uma coia que se possa dizer taxativamente que está ou não está a cumprir em aspetos específicos como este.

Houve uma altura em que o futebol estava disponível para toda a gente nos canais abertos mas depois transitou para canais pagos, o que leva a que hoje quem quer tem de pagar para ver a maioria dos jogos de futebol. A tourada também deveria avançar nesse sentido, ou seja, as pessoas que quiserem ver touradas terem canais específicos que pagam para poderem ver?
Felizmente hoje há muita oferta audiovisual. Um dos argumentos que é usado é o de que as touradas têm muita audiência. Se têm, então provavelmente os privados estarão interessados em transmiti-las. Se essa é a questão, com certeza o mercado funcionará. Se de facto a transmissão de touradas é um espetáculo que interessa às pessoas, com certeza haverá canais de televisão que pegarão nisso.

Que outros temas se destacaram na consulta pública?
Este destacou-se pela sua especificidade. Depois houve questões mais genéricas que têm a ver com a informação, que canais deve a RTP ter ou não, os equilíbrios entre a produção interna e independente e a responsabilidade que a RTP tem no cinema, o equilíbrio com os privados.

 

Comprei o Expresso esta semana, portanto posso partilhar a entrevista completa:

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Houve mais de 2500 participações na consulta pública da revisão do contrato de concessão do serviço público da RTP. O tema mais referido foi o das touradas?
Sim, mas houve muitos outros. É muito simples: não há qualquer menção a touradas no contrato de concessão atual nem no revisto.

Não há uma determinação, um guião, uma orientação para acabar com as touradas na RTP?
Não, nem poderia haver. O que está atualmente no contrato de concessão é uma determinação que diz que a RTP deve respeitar os direitos humanos e nós decidimos acrescentar o meio ambiente, a sustentabilidade ambiental e o bem estar animal, o que me parece absolutamente consensual do ponto de vista do que é hoje a nossa sociedade. Não tomamos nenhuma posição sobre as touradas porque em última análise a quem cabe decidir se vai haver ou não este conteúdo são os diretores de programas. Na lei portuguesa as touradas são consideradas uma manifestação cultural e nós não podemos limitar a RTP de cobrir manifestações culturais. Nós não estamos a falar disso e não estamos de maneira nenhuma a fazer qualquer tipo de mecanismo censório. O que introduzimos é um dado que nos parece relevante e consensual na sociedade atual que é a questão do bem-estar animal. Bom, se isso é contraditório com as touradas, digamos que essa contradição existe na sociedade.

Mas já disse que as touradas não se coadunam com o bem estar animal.
Se me pergunta se com um contrato de concessão onde isto está escrito há espaço para haver touradas eu diria que creio que não é compatível o facto de se defender o bem estar animal e de haver transmissão das touradas nos canais públicos mas nós não estamos a tomar essa posição, essa é uma decisão da direção de programas.

Está a empurrar a responsabilidade para a direção de programas.
A responsabilidade é de quem decide os conteúdos, que são os diretores de programas. Ao governo cabe dar o enquadramento quer do ponto de vista do contrato de concessão quer do ponto de vista do que diz a lei. A lei considera a tourada uma manifestação cultural mas por outro lado há uma agenda de defesa do meio ambiente e dos animais que nos parece que deve estar plasmada no contrato de concessão. Eventualmente há uma contradição na sociedade portuguesa neste momento.

O Governo não está a dizer claramente para se acabar com as touradas na RTP?
Não. Não está nem poderia estar. A lei considera a tourada uma manifestação cultural, nós não podemos limitar a RTP de cobrir manifestações culturais… o Bloco de Esquerda, por exemplo, diz que não deve ver touradas na RTP.

Acha que as touradas são uma manifestação cultural?
Está a perguntar-me pessoalmente ou como governante? Eu não tenho 'achares' nesta posição. Eu aqui tenho de trabalhar de acordo com a lei. No contrato de concessão não está escrita a palavra tourada em lado nenhum.

A partir do momento em que se está a colocar a direção de programas perante um contrato que diz que se tem de respeitar o bem-estar animal, não seria estranho que houvesse touradas na RTP?
O que é muito bom na RTP é que tem várias camadas de regulação, o governo faz o contrato de concessão, há um Conselho Geral Independente que aprova os planos estratégicos, há um conselho de administração que nomeia direções que tomam decisões sobre programas. As direções são independentes. Há um conselho de opinião que representa a sociedade civil e que pode opinar. Há o Parlamento onde os responsáveis da RTP são chamados a responder. Este sistema de checks and balances que é democrático e plural traz uma coisa muito boa para a RTP: discussão. O governo não está impor visão nenhuma, o governo está a constatar um facto que é a lei dizer que as touradas são uma manifestação cultural, nós defendemos no contrato de concessão da RTP que devem ser valorizadas coisas como a defesa do ambiente e do bem-estar animal. Se existe essa contradição, essa contradição é da sociedade em que vivemos. Quem tem de decidir? O diretor de programas. Atualmente não há nenhuma tourada prevista e o novo contrato de concessão nem sequer está aprovado.

Como é que se pode chegar à conclusão de que a direção de programas não está a cumprir o contrato de concessão, nesta ou noutras matérias?
O contrato de concessão tem princípios orientadores, não se pode dizer que se cumpriu ou não se cumpriu neste ou naquele caso. Os princípios orientadores estarão ou não a ser seguidos.

Mas quem decide se os princípios orientadores estão ou não a ser seguidos?
Todos os órgãos que já referi. A RTP é uma estação pública, é de todos os cidadãos, de todos nós. A política que o governo faz é para os cidadãos, não é para o sector da tourada ou para outro qualquer, temos de pensar num todo. É interessante que haja vários órgãos que têm uma palavra a dizer sobre a RTP, porque isso torna a gestão da RTP escrutinável e faz as pessoas envolverem-se. O contrato de concessão não é uma coia que se possa dizer taxativamente que está ou não está a cumprir em aspetos específicos como este.

Houve uma altura em que o futebol estava disponível para toda a gente nos canais abertos mas depois transitou para canais pagos, o que leva a que hoje quem quer tem de pagar para ver a maioria dos jogos de futebol. A tourada também deveria avançar nesse sentido, ou seja, as pessoas que quiserem ver touradas terem canais específicos que pagam para poderem ver?
Felizmente hoje há muita oferta audiovisual. Um dos argumentos que é usado é o de que as touradas têm muita audiência. Se têm, então provavelmente os privados estarão interessados em transmiti-las. Se essa é a questão, com certeza o mercado funcionará. Se de facto a transmissão de touradas é um espetáculo que interessa às pessoas, com certeza haverá canais de televisão que pegarão nisso.

Que outros temas se destacaram na consulta pública?
Este destacou-se pela sua especificidade. Depois houve questões mais genéricas que têm a ver com a informação, que canais deve a RTP ter ou não, os equilíbrios entre a produção interna e independente e a responsabilidade que a RTP tem no cinema, o equilíbrio com os privados.

 

Está mesmo completa? É que a Comissão de Trabalhadores da RTP veio referir que o Nuno disse: "Desejavelmente, a RTP deveria caminhar para libertar as receitas comerciais em publicidade para o setor privado, que precisa delas mais do que nunca.". :read:

https://www.facebook.com/ct.rtp/photos/pcb.2145142518962365/2145142482295702/

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há 5 minutos, Televisão 10 disse:

Está mesmo completa? É que a Comissão de Trabalhadores da RTP veio referir que o Nuno disse: "Desejavelmente, a RTP deveria caminhar para libertar as receitas comerciais em publicidade para o setor privado, que precisa delas mais do que nunca.". :read:

https://www.facebook.com/ct.rtp/photos/pcb.2145142518962365/2145142482295702/

Aqui está: https://expresso.pt/economia/2021-08-02-Nuno-Artur-Silva-Desejavelmente-a-RTP-deveria-caminhar-para-libertar-as-receitas-comerciais-em-publicidade-para-o-sector-privado-85655d8f. E ainda há mais outro artigo: https://expresso.pt/economia/2021-07-31-Nuno-Artur-Silva-Os-mais-pobres-tem-de-ter-o-mesmo-acesso-a-todos-os-canais-da-RTP-c8fa94dd
@srcbica se tiveres acesso a tudo já sabes ;)

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há 13 minutos, Televisão 10 disse:

Está mesmo completa? É que a Comissão de Trabalhadores da RTP veio referir que o Nuno disse: "Desejavelmente, a RTP deveria caminhar para libertar as receitas comerciais em publicidade para o setor privado, que precisa delas mais do que nunca.". :read:

https://www.facebook.com/ct.rtp/photos/pcb.2145142518962365/2145142482295702/

Eis a notícia onde ele refere isso, @Televisão 10.

há 6 minutos, canal5 disse:

Ora, cá estão eles:

Spoiler

A revisão do contrato de concessão da RTP está em curso e o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media explica o que está em causa e que estação pública de televisão poderemos vir a ter no futuro. Uma RTP que não concorra com os privados, que faça o que os outros não fazem, que promova a diversidade e que esteja acessível a todos — é para aí que deverá evoluir a televisão do Estado, onde é preciso aumentar o financiamento e que tem o seu futuro nas plataformas digitais RTP Arquivos e RTP Play, diz Nuno Artur Silva, numa entrevista publicada na última edição do semanário e cuja versão integral agora se publica.

O contrato de concessão da RTP está a ser revisto. O que é que deseja para a empresa?
A intervenção do governo na RTP, tirando a parte financeira, limita-se a um nível recuado que é aquele em que estamos a trabalhar agora, o contrato de concessão. Desde 2014 está em vigor o modelo do Conselho Geral Independente (CGI) e da estabilização do financiamento da RTP através da contribuição audiovisual, nós respeitamos esse modelo e estamos a trabalhar de acordo com ele. Esse modelo contribui quer a nível financeiro quer a nível da governança para uma estabilização da RTP.

É um modelo que funciona e que não carece a alteração?
Curiosamente o modelo foi aprovado num governo do PSD e parece-nos que, sendo um modelo recente, precisa de tempo para se consolidar mas sobretudo mais que não fosse outra coisa, trouxe a separação entre o governo e a RTP, o facto de ter mudado o governo e isso não ter trazido alterações à RTP já é em si um facto benéfico, o facto de a contribuição audiovisual ter estabilizado o financiamento da RTP, tê-lo tornado previsível, é outro aspeto benéfico. Mas podemos discutir se o financiamento é suficiente ou não. Comparando com outros países europeus, em que os serviços públicos são financiados quatro a cinco vezes mais do que a RTP, é evidente que o financiamento é baixo. A RTP é das empresas públicas aquela que mais tem a ver com a identidade, a cultura, com os portugueses, é uma peça absolutamente essencial na vida portuguesa. Este lado de serviço público ganhou força nos últimos anos. A importância da RTP passa por ser um território comum onde as diversidades se devem encontrar. E o conceito de independência está bem defendido pela forma como a RTP está organizada, CGI, conselho de opinião, os vários órgãos que tutelam a RTP. Mas, como em qualquer modelo, há muito para trabalhar e para aperfeiçoar.

O que é que defende que o contrato de concessão traga de novo à RTP?
Primeiro que tudo - e nós fomos justamente contestados por causa disso -, não há plano para o futuro da RTP sem haver um aumento do financiamento. Estamos a sair da crise pandémica e a caminhar agora sim para um relançamento da economia, só agora é que podemos pensar também nesse investimento na RTP.

A administração já veio pedir mais dinheiro para a empresa, é também o que defende?
Absolutamente. Não tenho qualquer dúvida de que só é possível que a RTP cumpra plenamente o que está no contrato de concessão se houver um reforço do financiamento. O contrato de concessão pressupõe que a RTP cada vez se posicione menos como concorrência aos privados e cada vez mais como uma empresa de media, rádio, televisão e serviços em linha, que ofereça aquilo que o mercado não oferece e que sirva todas as minorias, toda a diversidade que não é contemplada nas lógicas mais comerciais. Esse é claramente o foco.

Ou seja, que se torne menos comercial. Mas isso implica uma redução de receitas.
Desejavelmente a RTP deveria caminhar para libertar as receitas comerciais em publicidade para o sector privado que precisa delas mais do que nunca, mas também não podemos tirar à RTP fontes de rendimento enquanto não garantirmos o reforço do financiamento. Isto tudo tem de ser feito com grande equilíbrio. Onde julgo que desde logo se vai atuar é nas chamadas de valor acrescentado, os IVR, coisas como por exemplo as televendas, esses modos comerciais mais explícitos e agressivos. Julgo que não fará sentido daqui para a frente tê-los no serviço público. O resto estamos ainda a ver. Por outro lado, pensando que o financiamento da RTP vem sobretudo da contribuição audiovisual também temos de ter uma enorme prudência e contenção quando queremos mexer nessa forma de financiamento. É isto tudo que estamos a equacionar, o que queremos trabalhar no contrato de concessão é a diversidade de conteúdos mas também de meios, se houve um tempo em que o essencial na RTP eram os canais e havia um desequilíbrio entre a RTP1, que era tudo, e os outros canais, que eram quase só arredores, satélites da RTP1, hoje em dia não, eu diria que neste momento o principal valor da RTP até está nas duas plataformas. Uma delas, a RTP Arquivos, é de facto um tesouro nacional gerido pela RTP, rádio e televisão, que é a joia maior da RTP.

Pode ser explorada comercialmente?
Nós defendemos que não. Quando estive na RTP foi esse o princípio: dar a qualquer cidadão a possibilidade de aceder ao arquivo da RTP. Quando se pretende usar o arquivo para fins de estudo ou comerciais, aí é pago, mas o streaming, o visionamento, tem de ser de borla. A outra plataforma, que é a grande mais-valia da RTP, é a RTP Play. A força de uma plataforma que tem o conteúdo de todos os canais de rádio e de televisão é enorme. Aí está um novo enquadramento para o contrato de concessão: posiciona os diferentes canais como elementos de fluxo e de programação e valoriza as duas grandes plataformas de streaming. Esta é a nova conceção da RTP que vai sair espelhada no contrato de concessão.

Quando é que teremos a versão definitiva do contrato de concessão?
Espero no limite até novembro. Reunidos todos os contributos na consulta pública, estamos agora a trabalhar neles. Há depois a questão fundamental, que é a financeira, que terá de ser trabalhada no âmbito do Orçamento do Estado para 2022 e projetada para os anos seguintes. A conclusão do contrato de concessão vai ter a ver com o fecho do Orçamento. Por alturas da aprovação do Orçamento gostaríamos também de ter aprovado o contrato de concessão, que tem de ser assinado pela administração.

Antevê grandes alterações entre a versão inicial do contrato revisto e a versão final atendendo às questões levantadas na consulta pública?
Não. Há alguns contributos que achamos pertinentes, por exemplo vamos manter a publicidade nos Açores e na Madeira porque isso tem a ver com lógicas regionais, com a necessidade de os anunciantes locais poderem ter espaço para anunciar. Mas no essencial julgo que a proposta final não vai diferir muito da proposta inicial. Algumas coisas que estavam previstas como possibilidade, como a criação de novos canais, como o Canal do Conhecimento, só fazem sentido se houver financiamento. Não nos passa pela cabeça abrir novos canais sem haver a garantia de que há financiamento para eles, isso seria um mau princípio mas quando se colocam esses canais no contrato de concessão é como uma possibilidade. No contrato de concessão atual estão lá previstos canais como o Canal de Música e o próprio Canal do Conhecimento também é referido. Cabe depois aos conselhos de administração, de acordo com a sua estratégia e com a disponibilidade financeira, decidirem ou não concretizar. O contrato de concessão é sobretudo um mapa de possibilidades, o entendimento do que deve ser para os próximos anos o serviço público que a estação tem de prestar.

O contrato revisto fala de um canal do conhecimento e do reforço dos conteúdos infantis.
A lógica de ter um eventual canal de conhecimento é porque na altura em que se põe em causa a ciência e em que há, mais do que nunca, contrainformação e a desinformação ganha terreno, cabe ao serviço público responder a isso com a ciência. Quanto aos conteúdos infantis, os portugueses que vivem fora de Portugal referem muitas vezes a importância que tem os filhos continuarem a ter acesso a programas falados em português para manterem uma ligação à língua, acho que é uma questão absolutamente estratégica para a RTP. Isso deve estar previsto no contrato de concessão. Caso haja financiamento para isso faz sentido haver um reforço da programação infantil e eventualmente um canal infantil.

E a distribuição de mais dois canais na televisão digital terrestre (TDT), a RTP África e o tal Canal do Conhecimento?
Há uma decisão do conselho de ministros que atribui o espaço restante da TDT a mais dois canais da RTP, a razão essencial é porque não há propostas comerciais e por isso ocupa-se o espaço com dois canais da RTP que são não concorrenciais com os privados. Um é a RTP África que em sinal aberto pode chegar a pessoas que muitas vezes não têm dinheiro para as assinaturas do cabo e o outro poderia ser o do Conhecimento. A RTP África não é só um canal para os países africanos de expressão portuguesa mas é um canal para as comunidades afrodescendentes em Portugal e para toda a gente, a programação musical na RTP África é muito rica e diversificada. É importante do ponto de vista da coesão e da justiça social que seja em sinal aberto. É simplesmente uma questão de transpor para a TDT. O contrato com a Altice é válido até ao fim de 2023 e é importante em tempo útil começar a pensar em possíveis alternativas a este contrato. O custo da TDT é significativo, atendendo a que são 1,9 milhões de euros por canal, se à RTP1, 2, 3 e Memória se juntassem mais dois, só em TDT a RTP gastaria mais de 11,4 milhões de euros por ano.

Que alternativa poderá haver?
Juntamente com a Secretaria de Estado das Comunicações criámos um grupo de trabalho que está a ouvir toda a gente. Temos de pensar se faz sentido manter para lá de 2023 o atual modelo numa altura em que vai haver Internet para toda a gente, o 5G [quinta geração de comunicações], com tudo o que aí vem, fará sentido manter a TDT na mesma lógica? Parece-nos que os portugueses não têm de pagar duas vezes pela RTP, se pagam a contribuição audiovisual, o conjunto de conteúdos da RTP tem de estar em sinal aberto. Sobretudo não podemos criar uma discriminação, os mais pobres têm de ter o mesmo acesso a todos dos canais que os menos pobres. Por isso é que os canais da RTP têm de estar em sinal aberto, é uma questão de coesão e justiça social, não é discutível, a forma de o fazer é que é discutível.

Se esses conteúdos ficarem todos disponíveis gratuitamente na Internet, ficam abertos à partida…
É preciso que haja apoios para as assinaturas da Internet, da mesma maneira que os arquivos da RTP estão disponíveis para qualquer miúdo que os queria ver, esteja na ilha do Corvo, em Trás-os-Montes, no Algarve ou em Lisboa, tudo tem de estar a acessível a toda a gente e não pode haver qualquer tipo de discriminação face à condição económica.

Passa então por subsidiar o acesso à Internet?
Tem de se encontrar soluções, é isso que o grupo de trabalho vai avaliar.

E como está a questão dos precários na RTP?
A grande operação do Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP) ficou resolvida e isso trouxe a integração de uma série de precários na RTP. O princípio é o mesmo do que para qualquer empresa: tudo o que configure trabalho precário que não deva ser precário tem de se integrado no quadro.

Há queixas de que esses casos ainda não estão todos resolvidos.
Da nossa parte está tudo resolvido, haverá ainda alguns casos pendentes do lado das Finanças que serão resolvidos em breve.

 

Spoiler

Uma RTP que não concorra com os privados, que faça o que os outros não fazem e que promova a diversidade — é para aí que deverá evoluir a televisão do Estado, onde é preciso aumentar o financiamento e que tem o seu futuro nas plataformas digitais RTP Arquivos e RTP Play, explica o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media. Sem touradas? Nuno Artur Silva diz que a RTP deverá respeitar o bem-estar animal mas é à direção de programas que cabe decidir se transmite aquilo que a lei classifica como uma “manifestação cultural”.

O que é que defende que a revisão do contrato de concessão da RTP, que está em curso, traga de novo à televisão pública?

Desde 2014 está em vigor na RTP o modelo do Conselho Geral Independente e da estabilização do financiamento através da contribuição audiovisual, trazendo a separação entre o governo e a RTP. O facto de ter mudado o Governo e isso não ter trazido alterações à RTP é um facto benéfico. Mas podemos discutir se o financiamento é suficiente ou não. Comparando com outros países europeus, em que os serviços públicos são financiados quatro a cinco vezes mais do que a RTP, é evidente que o financiamento é baixo. Primeiro que tudo, não há plano para o futuro da RTP sem haver um aumento do financiamento.

A administração já veio pedir mais dinheiro para a empresa, é também o que defende?

Absolutamente, só assim é possível cumprir plenamente o que está no contrato de concessão, que pressupõe que a RTP cada vez se posicione menos como concorrência aos privados e cada vez mais como uma empresa de media, rádio, televisão e serviços em linha, que oferece aquilo que o mercado não oferece e que serve todas as minorias, toda a diversidade que não é contemplada nas lógicas mais comerciais.

Ou seja, que se torne menos comercial. Mas isso implica uma redução de receitas.

Desejavelmente a RTP deveria caminhar para libertar as receitas comerciais em publicidade para o sector privado que precisa delas mais do que nunca, mas também não podemos tirar à RTP fontes de rendimento enquanto não garantirmos o reforço do financiamento. Onde julgo que desde logo se vai atuar é nas chamadas de valor acrescentado, os IVR, coisas como por exemplo as televendas, esses modos comerciais mais explícitos e agressivos. Julgo que não fará sentido daqui para a frente tê-los no serviço público. O que queremos trabalhar no contrato de concessão é a diversidade de conteúdos mas também de meios, apostando nas duas plataformas de streaming onde está o principal valor da RTP: a RTP Arquivos, que é de facto um tesouro nacional, e a RTP Play, que é a grande mais-valia da RTP, onde estão os conteúdos dos canais de rádio e televisão.

Comparando com outros países europeus, é evidente que o financiamento da RTP é baixo

Quando é que teremos a versão definitiva do contrato?

Espero no limite até novembro. Estamos agora a trabalhar nos mais de 2500 contributos que houve na consulta pública. A questão financeira terá de ser trabalhada no âmbito do Orçamento do Estado para 2022 e projetada para os anos seguintes.

Antevê grandes alterações entre a versão inicial do contrato revisto e a versão final atendendo às questões levantadas na consulta pública?

Não. Há alguns contributos que achamos pertinentes, por exemplo vamos manter a publicidade nos Açores e na Madeira porque isso tem a ver com lógicas regionais. Algumas coisas que estavam previstas como possibilidade, como a criação de novos canais, só fazem sentido se houver financiamento. Cabe depois aos conselhos de administração decidirem ou não concretizar. O contrato de concessão é sobretudo um mapa de possibilidades, o entendimento do que deve ser para os próximos anos o serviço público que a estação tem de prestar.

O contrato fala de um canal do conhecimento e do reforço dos conteúdos infantis.

A lógica de ter um eventual canal de conhecimento é porque na altura em que se põe em causa a ciência e em que há, mais do que nunca, contrainformação e a desinformação ganha terreno, cabe ao serviço público responder a isso com a ciência. Quanto aos conteúdos infantis, os portugueses que vivem fora de Portugal referem muitas vezes a importância que tem os filhos continuarem a ter acesso a programas falados em português para manterem uma ligação à língua.

E a distribuição de mais dois canais na televisão digital terrestre (TDT), a RTP África e o tal canal do conhecimento?

Há uma decisão do conselho de ministros que atribui o espaço restante da TDT a mais dois canais da RTP, a razão essencial é porque não há propostas comerciais e por isso ocupa-se o espaço com dois canais da RTP que são não concorrenciais com os privados. Um é a RTP África que em sinal aberto pode chegar a pessoas que não têm dinheiro para as assinaturas do cabo e o outro poderia ser o do Conhecimento. O contrato com a Altice é válido até ao fim de 2023 e é importante em tempo útil começar a pensar em possíveis alternativas a este contrato. O custo da TDT é significativo, atendendo a que são €1,9 milhões por canal, se à RTP1, 2, 3 e Memória se juntassem mais dois, só em TDT a RTP gastaria mais de €11,4 milhões por ano.

Que alternativa poderá haver?

Juntamente com a Secretaria de Estado das Comunicações criámos um grupo de trabalho para avaliar se faz sentido manter para lá de 2023 o atual modelo numa altura em que vai haver internet para toda a gente, o 5G, com tudo o que aí vem, fará sentido manter a TDT na mesma lógica? Parece-nos que os portugueses não têm de pagar duas vezes pela RTP, se pagam a contribuição audiovisual, o conjunto de conteúdos da RTP tem de estar em sinal aberto. Os mais pobres têm de ter o mesmo acesso a todos os canais que os menos pobres.

Se esses conteúdos ficarem todos disponíveis gratuitamente na internet, ficam abertos à partida... Passa então por subsidiar o acesso à internet?

É preciso que haja apoios para as assinaturas da internet, da mesma maneira que os arquivos da RTP estão disponíveis para qualquer miúdo que os queria ver, esteja na ilha do Corvo, em Trás-os-Montes, no Algarve ou em Lisboa, tudo tem de estar a acessível a toda a gente, é isso que o grupo de trabalho vai avaliar.

Se as touradas têm muita audiência, então provavelmente os privados estarão interessados em transmiti-las

O tema mais referido na discussão pública foi o das touradas?

Sim. É muito simples: não há qualquer menção a touradas no contrato de concessão atual nem no revisto.

Não há uma determinação, um guião, uma orientação para acabar com as touradas na RTP?

Não. O que o contrato de concessão diz atualmente é que a RTP deve respeitar os direitos humanos e nós decidimos acrescentar a sustentabilidade ambiental e o bem-estar animal. Na lei portuguesa as touradas são consideradas uma manifestação cultural e nós não podemos limitar a RTP de cobrir manifestações culturais. Não estamos a fazer qualquer tipo de mecanismo censório, o que introduzimos é um dado que nos parece relevante e consensual na sociedade atual que é a questão do bem-estar animal. Bom, se isso é contraditório com as touradas, digamos que essa contradição existe na sociedade.

Mas já disse que as touradas não se coadunam com o bem-estar animal.

Se me pergunta se com um contrato de concessão onde isto está escrito há espaço para haver touradas eu diria que creio que não é compatível o facto de se defender o bem-estar animal e de haver transmissão das touradas nos canais públicos mas essa é uma decisão da direção de programas.

Está a empurrar a responsabilidade para a direção de programas.

A responsabilidade é de quem decide os conteúdos, que são os diretores de programas.

Quando se coloca no contrato de concessão que se tem de respeitar o bem-estar animal, não seria estranho que houvesse touradas na RTP?

A RTP tem várias camadas de regulação. Atualmente não há nenhuma tourada prevista na RTP e o novo contrato de concessão nem sequer está aprovado.

Hoje quem quer ver jogos de futebol tem de pagar. A tourada também deveria avançar nesse sentido, ou seja, as pessoas que quiserem ver touradas terem canais específicos que pagam para poderem ver?

Um dos argumentos que é usado é o de que as touradas têm muita audiência. Se têm, então provavelmente os privados estarão interessados em transmiti-las. Se de facto a transmissão de touradas é um espetáculo que interessa às pessoas, com certeza haverá canais de televisão que pegarão nisso.

Que outros temas se destacaram na consulta pública?

Houve questões mais genéricas relacionadas com a informação, que canais deve a RTP ter, os equilíbrios entre a produção interna e independente e a responsabilidade que a RTP tem no cinema ou o equilíbrio com os privados.

 

Editado por srcbica
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Citação

Há uma decisão do conselho de ministros que atribui o espaço restante da TDT a mais dois canais da RTP, a razão essencial é porque não há propostas comerciais e por isso ocupa-se o espaço com dois canais da RTP que são não concorrenciais com os privados.

Ridículo, que ódio.

Sabem se há gravações desse grupo de trabalho no site da ARTV? Gostava de saber o que andam a fazer...

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há 18 minutos, Televisão 10 disse:

Parece portanto que o Nuno Artur Silva quer tornar a RTP menos comercial. Má estratégia.

Tudo boas notícias vindas nosso querido amigo.
Para além desta falta de noção em 3 artigos não fala uma única vez da rádio, onde - só para deixar mais uma nota da decadência total para onde vai - deixaram de acompanhar os finais de etapa da Volta coisa que faziam há décadas.
Agora que as intenções dele são mesmo claras, nada que já não fosse falado por aqui, a RTP que se cuide. Pode estar a nascer aqui uma crise bem pior que a de 2001!

Editado por canal5
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há 1 minuto, canal5 disse:

Tudo boas notícias vindas nosso querido amigo.
Para além desta falta de noção em 3 artigos não fala uma única vez da rádio, onde - só para deixar mais uma nota da decadência total para onde vai - deixaram de acompanhar os finais de etapa da Volta coisa que faziam há décadas.
Agora que as intenções dele são mesmo claras, nada que já não fosse falado por aqui, a RTP que se cuide. Pode estar a nascer aqui uma crise bem pior que a de 2001!

Mais do que isso, fiquei à espera da pergunta "Porque é que pretende terminar com a RTP Memória?". :read:

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há 2 minutos, Televisão 10 disse:

Não acredito. A CM TV está sempre a falar que quer ir para a TDT...

Não percebi bem o que queriam dizer com "não há propostas comerciais", falam de não haver canais com intenção de emitir na TDT ou de haver pouca publicidade (conversa da SIC e TVI)?

Espero que a CMTV se mexa e consiga, não pelo canal que é mas porque tem boa audiência e a sua entrada ia impulsionar a vontade de outros entrarem também.

Se acabam com a TDT, por muito pobre que seja, é um direito que nos tiram...

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há 2 minutos, D91 disse:

Segundo a TV7 Dias desta semana...

Fátima Lopes a caminho da RTP1!

Segundo a lógica do nosso amigo, só poderia ser para um programa de artesanato, música folclórica norueguesa ou algo do género.
Ou então era a hipocrisia total, nada que nos admirasse vindo deste senhor.

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