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60: Cartoon Network


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Aos 25 anos, o canal continua vivo? Recomenda-se? Não. Pois existe toda uma série de factores que determinam o porquê da actualidade não ser tão risonha para o canal. E não é só aqui, é em basicamente todo o mundo. Estará o canal a viver uma idade das trevas?

Mas calma, o canal nem sempre foi tal e qual é hoje. O Cartoon Network faz 25 anos na Europa nesta segunda e como tal, esta edição em pleno mês do Cartoon Network vai ser dedicada ao próprio canal, simbolicamente, no seu aniversário.

Porém, para entender como o canal chegou à Europa, é preciso saber como é que o canal foi criado nos Estados Unidos.

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Ted Turner em 2007

O Cartoon Network foi uma obra de Ted Turner concebida para o mercado americano, porém o conceito é mais antigo que o próprio canal. Em 1986, comprou a MGM ao empresário arménio-americano Kirk Kerkorian mas passado algum tempo teve de vender, apesar disto ficou com o catálogo da MGM anterior a Maio de 1986. Na altura, Ted Turner detinha dois canais de notícias (CNN e Headline News) e o canal TBS, canal de Atlanta que comprou e passou a ser um canal nacional, mas a emissão terrestre foi dividida em 2007 (Peachtree TV). Em 1988, com base no catálogo comprado, cria mais um canal de entretenimento, a TNT. Em 1991, comprou a Hanna-Barbera: esta seria a pedra basilar para a criação de um novo canal: o Cartoon Network, oficialmente anunciado a 18 de Fevereiro de 1992. As emissões arrancaram a 1 de Outubro de 1992 nos EUA nalgumas cidades, mas passado algum tempo passou a ter emissão em mais operadoras de cabo no país. Este verão, foi descoberta uma rara gravação do lançamento do canal nos EUA gravado por satélite no México: aquilo que durante muitos anos julgava ser perdido, afinal, foi encontrado do nada.

Não demorou para que o canal começasse a emitir no estrangeiro: chegou à América Latina e ao Brasil a 30 de Abril de 1993: inicialmente uma dependência da emissão americana, passado alguns anos passou a ter a sua emissão própria. Na Europa chegou a 17 de Setembro de 1993, cujo sinal mais tarde chegou ao mundo árabe e para a África subsariana através da Showtime e da DSTV, respectivamente. As emissões asiáticas começaram em 1994 em Singapura e chegou à Austrália em 1995, quando a televisão paga foi legalizada. Ainda assim, alguns mercados ainda não tinham a sua própria versão do canal: o Japão só teve o seu canal em 1997, com a chegada de operadoras digitais por satélite, e o Canadá, por outro lado, só teve em 2012 por causa das questões das licenças já que quase todos os canais de cabo canadianos são operados por empresas locais e para importar canais dos EUA, é preciso fazer uma licença. O canal no Canadá é propriedade da Corus que detém a Teletoon, que emitiu muitas das séries do canal no Canadá e continua a emitir.

1993 a 1999

Mas como a tua história de subestação é portuguesa, esta edição retrata a sua história em Portugal. Como já aqui disse, chegou a 17 de Setembro de 1993, mas para quem aderia à moda de apanhar isto por satélites, e supostamente uma balela refeita da codificação dos canais da SKY a 1 de Setembro, quando os executivos da SKY achavam que os canais eram "preicosos demais" para serem oferecidos fora do Reino Unido e da Irlanda - que tinha o primeiro canal temático infantil europeu, o TCC. Cabo só havia nas regiões autónomas, pois é-me provável que o Cartoon Network já estivesse disponível para os assinantes da Cabo TV Madeirense e Cabo TV Açoreana. No ano seguinte surgiria a TV Cabo, mas nós, em Braga, éramos privilegiados, pois tínhamos a nossa própria operadora - a Bragatel - e meses antes da TV Cabo chegar a Braga, logo no lançamento.

Do lançamento do canal na Europa não existem registos, mas dos primeiros anos do canal há alguns registos. O Cartoon Network era um canal poliglota, pois a intenção da Turner era de fazer um canal para todo o continente - aliás, o slogan do canal na Europa era "Toons Without Frontiers" - não, não era uma alusão aos Jogos Sem Fronteiras. O canal começou por emitir em inglês, sueco e francês, mais logo juntaram-se canais de áudio em espanhol, italiano, dinamarquês e norueguês. O canal tinha também alguns blocos importados da América, como o The Morning Crew e o Boomerang - longe da criação do canal.

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O grafismo também ele era adaptado do americano, mas com umas quantas modificações para o "software" europeu: o canal tinha de dizer "Next" nas línguas da série que ia começar e colocava sempre umas bolinhas às cores para indicar em que língua dava a série X. Isto porque nesta fase do canal havia uma falta de coerência entre os dobradores e nem tudo era dobrado em todas as línguas, o que eventualmente levou à divisão do canal. O canal também dava anúncios, mas eram anúncios britânicos. Isto porque o canal emitia da sede europeia da Turner em Londres e regia com base nas leis da ITC, actual Ofcom, e emitia com material técnico da NTL anos mais tarde.

Quanto à grelha em si, o "Cartoon" como era chamado com frequência até à mudança de língua tinha uma grelha baseada na americana: fórmula à base do catálogo que tinham construído antes de criarem o canal mais o Capitão Planeta (mais popular em Angola do que em Portugal), que era uma criação do próprio Ted Turner e que teve tantas temporadas (e nas últimas parece que já tinha dado frutos a mais e já eram podres) que foi apreciado pelos telespectadores portugueses com legendas no Canal 1 (a TPA emitiu a série com as mesmas cópias da RTP durante anos e ainda este ano esteve a dar quando reformularam a TPA 2). Em 1995 surge o World Premiere Toons (mais tarde o What-A-Cartoon!) em que animadores enviavam os seus pilotos para que depois fossem aprovados pela Hanna-Barbera ou pelo próprio estúdio do canal, que tinha acabado de nascer. Desta colheita nasceram as primeiras séries próprias do canal, O Laboratório do Dexter, Johnny Bravo, Cow e Chicken e As Powerpuff Girls. Ainda antes, o canal teve uma série caída no esquecimento, The Moxy Show, que em Novembro de 1993 protagonizou um evento internacional que era o The Great International Toon-In, em alusão à recente chegada do Cartoon Network à Europa.

Vejamos o que é que o Público dizia quando a TV Cabo foi lançada:

Os melhores desenhos animados cujos direitos de exibição a Turner Broadcasting Systems conseguiu comprar no mercado norte-americano. São 12 horas de emissão por dia em que os «clássicos» da animação se misturam com outros mais recentes -- os Flintstones, com o filme nos ecrãs, foram a sensação do Verão. Com um pouco de sorte, até um adulto se arrisca a ver os clássicos de Hannah e Barbera, Chuck Jones, Tex Avery. Às vezes nota-se a falta de contraponto com as produções dos estúdios da UPA (Mister Magoo e assim). Nas outras 12 horas ficam os filmes do TNT.

E agora vejamos como, em 1996, o "Cartoon" era tratado pela TV Cabo:

O Cartoon Network é principalmente preenchido com base na vasta videoteca da Turner Broadcasting System, mais de 8.500 'cartoons' fazem parte desse importante catálogo de produções da MGM, Warner Bros e Hanna-Barbera.

12 horas por dia com os mais famosos desenhos animados:
Bugs Bunny e Daffy Duck, The Flintstones, Capitão Planeta, Plastic Man, entre outros.

Mas também podem ser vistos desenhos animados menos conhecidos do público português:
Richie Rich, Paw Paws ou os Shirt Tales.
Nos World Premier Toons podem ver-se a nova geração de desenhos animados, que farão furor nos próximos anos, como por exemplo:
Two stupid dogs, a Máscara e Dumb and Dumber.

Quem escreveu esta preciosidade no arranque da nossa internet categorizou mal o que eram World Premiere Toons. Nunca cheguei a ver a série animada do Dumb and Dumber, mas via The Mask e 2 Stupid Dogs - aliás, 2 Stupid Dogs era uma das minhas séries favoritas de infância e fiquei chateado quando já não dava mais na grelha. Richie Rich? A série já deu em Portugal? Acho que o Desenhos Animados PT tinha a prova até ser tornado privado, mas cheguei a ver um episódio no SBT da Bragatel, em brasileiro (só Sílvio Santos tinha o bom senso de repetir os mesmos desenhos animados do tempo da outra senhora nos seus programas infantis).

Porém, ao contrário das Américas, havia um entrave: o canal emitia das 5 às 19 (no início nós tinhamos o fuso horário da Europa Central que trouxe muito descontentamento e para nós era das 6 às 20). Isto porque a Turner decidiu consolidar duas das suas marcas - o Cartoon e o TNT - num canal 2 em 1 (tu aine one). Aqui o TNT era um canal dedicado a filmes clássicos que estavam no catálogo deles para a Europa - o TCM passou pelo mesmo síndroma tantos anos mais tarde. A partir de 1994, o canal celebrava o Solstício de Verão com o especial The Longest Day, que prolongava a emissão do canal por mais quatro horas, com encerramento às 23 horas. Em Agosto de 1996, a hora de fecho passou a ser às 21, mas ainda haviam alguns "enclaves" quando havia WCW na TNT. Quando o canal encerrava as suas emissões, o canal passava este separador criado pelo próprio Danny Antonnucci, mais tarde criador da melhor série da história da humanidade da qual já falei aqui, mas que eventualmente foi substituído no segundo vídeo que vou mostrar. No terceiro era a abertura.

Já com este par de vídeos passámos a uma nova fase do canal, em que a grelha passou a ser feita mais à base de séries próprias e até algumas compradas. Chegou a dar algumas séries francesas sobretudo de madrugada, como O Carrocel Mágico na sua versão britânica à base de narrações improvisadas, The Tidings, Flying Rhino Junior High e A Touch of Blue in the Stars - da qual não existem registos em vídeo e dizem que é esquecida e com justa razão: a série tinha reles propaganda da União Europeia porque foi feita quando o Tratado de Maastricht tinha sido rectificado. Mas, como já disse, também havia um crescimento de séries próprias, quase todas elas produzidas na Hanna-Barbera. Só em 2001, quando William Hanna morreu, as séries do canal passaram a ser feitas no próprio estúdio do canal. Recorde o canal antes da mudança de Outubro de 1999:

O canal passou a ser dividido consoante as regiões da Europa. Primeiro foi lançada uma versão holandesa em 1997, da qual uma pequena parte da grelha era dobrada (o resto era legendado), seguida de uma versão para Espanha, França e Itália em 1998. Passado pouco tempo, cada país passou a ter a sua própria emissão: primeiro foi a Itália e depois a emissão conjunta entre Espanha e França ficou dividida. A 1 de Janeiro de 2000, é lançada a versão escandinava do canal. À custa destas mudanças, a continuidade passou a ser quase exclusivamente em inglês. Portugal continuava atrasadíssimo e o nosso Cartoon Network ainda era o mesmo do Reino Unido.

1999 a 2002

A 15 de Outubro de 1999, o canal mudou de grafismo pela primeira vez. Também, pela primeira vez, o grafismo não era uniforme para todo o mundo. O grafismo em vigor aqui até Setembro de 2002 foi usado na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) era derivado do grafismo Powerhouse usado nas Américas, Ásia e Austrália, mas sem o tema que lhe era característico. Pela primeira vez, uma região do mundo decide acabar com as ordens do grafismo americano (se bem que já testavam uns anos antes).

Este é o primeiro grafismo da qual tenho algumas memórias, foi já em 2002 ainda no verão, aliás uma das minhas memórias mais remotas foi quando mudámos da Bragatel para a TV Cabo (segundo o meu pai em 2010: por causa da SIC Notícias) em 2001: lembro-me da minha mãe dizer algo tipo "em que número fica o Cartoon?". Ainda me lembro do canal emitir anúncios britânicos e, um dia, saíram por completo.

Quando a nova imagem foi introduzida, o canal passou a emitir num novo sistema de codificação para as Ilhas Britânicas, mas para boa parte da Europa ainda era FTA. Para esta região, foi criada uma versão entre a britânica e a "internacional": algumas séries alheias da qual não tinham direitos para fora como o Dragon Ball não deram nesta versão, apesar de ainda serem emitidos os seus anúncios, segundo este post.

A 30 de Junho de 2001, a SKY decide acabar com as emissões em analógico, o que iria afectar o canal. A bem do progresso, a Turner decidiu dividir completamente a emissão internacional da emissão britânica. A emissão mudou completamente: em vez das séries darem em "impulsos" de 30 minutos, davam em impulsos de 25. O canal não tinha anúncios e os intervalos eram pura e exclusivamente ocupados por promos e separadores. Como este, por exemplo:

Ou este (dos Groovies este era o único que dava):

Quanto à grelha, era única na Europa porque não emitia blocos e séries que não davam noutras regiões da Europa, como é o caso do Toonami, já que boa parte das animações que davam na Europa eram produções da Warner Bros. Animation baseadas em personagens da DC Comics. Algumas destas séries que não davam no Cartoon Network, davam aqui na RTP 2 com dobragem portuguesa. Eu até notava isto quando ia a sites estrangeiros do Cartoon Network e via a quantia estonteante de programas que não davam em Portugal, até séries que nunca deram em nenhum canal. Nesta altura surgem também as primeiras séries dobradas do Cartoon Network mas noutros canais, que vendia de porta a porta em vez de uma venda consolidada. A RTP passou nos seus canais Um Carneiro na Cidade (primeira temporada), Samurai Jack (três das quatro temporadas, a quinta nunca vai dar em Portugal) e, anos mais tarde, As Terríveis Aventuras do Beto e da Mena (a terceira temporada que era a primeira cujos episódios eram de onze minutos). A SIC passou Johnny Bravo (acho que as primeiras duas temporadas), O Laboratório do Dexter (as duas primeiras temporadas também) e, anos mais tarde, Ben 10 e Ben 10: Alien Force (quando na verdade deveriam ter dado na RTP 2 mas a Teresa Paixão não gostava). A TVI deu As Powerpuff Girls (a série inteira), Time Squad (a primeira temporada já que a série foi cancelada em 2003) e Cow e Chicken (não sei se a quarta temporada deu). Também deram as séries do Bakugan com o Biggs mas era uma co-produção internacional e não conta.

2002 a 2006

Em Setembro de 2002, a imagem do canal mudou mais uma vez. Desta vez, a base do grafismo foi feita nos estúdios espanhóis Ink Apache e Tricéfalo Studio.

Isto sim é o grafismo de uma infância :delírio:

Agora sim, deste grafismo tenho memórias mais nítidas. O canal ainda vivia este equilíbrio entre novo e velho no que diz respeito às séries que dava. A 1 de Abril de 2003 (não é piada, é a sério) fanaram uma hora da sua emissão: passou a encerrar às 20, o que irritou-me bastante. Uma configuração que esteve mais dez anos no ar.

Nesta altura o canal teve uma incursão bastante duvidosa na música, com as VBirds. Consistia num single e numa curta-metragem que tinha o intuito de continuar. Apesar do seu sucesso (nos intervalos), não foi continuado.

Em Maio de 2005, à custa do lançamento do Boomerang, a grelha do canal foi alterada e os clássicos desapareceram da grelha. Na mesma altura estreou Hi Hi Puffy AmiYumi e, aos poucos, o canal entrou numa fase de mudança. Mudaram também os separadores, se bem que muitos dos antigos ainda estavam a dar, porém quando refiro a mudanças adicionaram mais alguns.

Algumas promos, separadores e afins de Maio de 2005. Lembras-te de quantas? Pois eu lembro-me de todas.

2006 a 2010

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A 21 de Abril de 2006, o canal muda por completo. Pela primeira vez, o símbolo do canal teve uma mudança gigantesca: primazia ao nome abreviado numa imagem mais moderna, mas o tipo de letra era o mesmo. O grafismo era inovador: as personagens todas conviviam numa cidade que era uma espécie de crossover das séries todas que passavam no canal. Já estava habituado a este símbolo mas na internet, pois o símbolo foi adoptado nos EUA em Junho de 2004 e na Europa demorou imenso a chegar - o Reino Unido teve em Abril de 2005. A versão para a Polónia, Hungria e Roménia, que na altura era partilhada, mudou no mesmo dia, já que os dois canais eram geridos pela mesma equipa em Londres. Porém, o canal que tínhamos aqui inicialmente não tinha os separadores com música, ao contrário dos outros países, o que era uma experiência surreal.

Há muitos exemplos na conta sul-africana FostersFriend de onde saquei o tal exemplo, 80% dos separadores davam antes da respectiva série. Mas passado um par de meses surgiram novos separadores feitos para a nossa versão e que tinham música. Este, por exemplo.

Porém, a partir de certa altura (por volta de 2007) deixei de ver o canal, porque sim. Isto porque haviam mais séries de acção e as séries de jeito saíam sem aviso, etc. Em Maio de 2008, o Boomerang chegou à ZON e fiquei contente, passou a ser o meu novo canal infantil preferido. Em Abril de 2009, a imagem do canal mudou outra vez, para pior até:

Voltei a ver o canal com alguma regularidade em Agosto de 2010. Comecei a gostar de algumas séries tipo Flapjack e comecei a gostar ainda mais, até comecei a gravar algumas séries na minha ZON BOX. Mas como nos EUA e mais tarde noutras paragens já estava sujeito a mudança, mal esperava a dita aqui.

2010 a 2013

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Nova imagem a 7 de Dezembro de 2010. Lembro-me tão bem de acordar e ver o Cartoon Network com o novo símbolo e num novo grafismo muito melhor que o anterior. Era um grafismo mais internacional como o primeiro, mas na altura em que chegou cá, ainda não tinha chegado às regiões da América Latina (2012) e Ásia-Pacífico (1 de Outubro de 2011). Ainda assim, o canal era decente, voltaram a dar algumas séries antigas que eu gostava tipo Cow e Chicken.

Em 2009, a emissão do canal passou a ser reduzida a menos países: o resto da Europa de Leste passou a ter a sua versão a 1 de Outubro de 2009, a Holanda voltou a ter o seu canal em Novembro de 2010 já com a nova imagem (alguns operadores só tinham em Fevereiro de 2011). À custa disto, o canal começou a emitir alguns programas destinados aos sul-africanos: as duas temporadas do Cartoon Network Dance Club e os Cartoon Network Games em 2012, filmados na Cidade do Cabo.

2013 à actualidade

À custa das fracas audiências, a Turner decidiu investir no mercado português em 2013. Começou em Junho do mesmo ano com o lançamento da app do Cartoon Network na MEO (se bem que já tinham alguns jogos, até um da série Billy e Mandy, desde 2011) que tinha quatro séries dobradas em Português: O Laboratório do Dexter, As Powerpuff Girls, Ben 10 e Ben 10: Alien Force. A 1 de Outubro de 2013, arranca oficialmente o Cartoon Network português, mas na DSTV em Angola e Moçambique. O pior ainda estava para chegar.

Em Novembro de 2013, recebi a notícia de que a ZON iria retirar o Boomerang (a 31 de Dezembro) e a TCM (a 3 de Dezembro) da grelha. Isto para mim implicava ter Cartoon Network 24/24, um sonho meu de infância. Mas à medida que passavam os dias, recebi a notícia da desgraça, qual CM TV TV Maresol: fui ver ao site da ZON (quando o guia dava para sete dias) e no dia 3, já estava a partir de certa hora da manhã, o Cartoon Network português, que tinha uma dezena de séries e pouca coisa de jeito. Estúpido, Turner, estúpido. A minha intenção era gravar a mudança para ter uma espécie de recordação do antigo mas infelizmente tinha uma box HD+, uma pena, pois só tinha o restart.

A 2 de Dezembro, vi o Cartoon Network a encerrar pela última vez. O último episódio inteiro que vi foi este:

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Teria sido uma profecia? Será que eu já estava a imaginar a desgraça que estava por chegar? Depois vi o último intervalo antes do TCM abrir: estavam a dar promos aos novos episódios de Ben 10: Omniverse e Regular Show. Infelizmente já não dava para ver mais, pois a esperteza da Turner foi o que bastava para ver o que se avizinhava.

Na manhã seguinte acordei e pus no Cartoon Network. Ainda estava a dar à antiga, e a última série que vi foi o Regular Show. Horas mais tarde, quando voltei da escola, decidi ver como era o novo Cartoon Network. Para não fazer uma mudança directa, pus primeiro no Canal Panda e só mais tarde no Cartoon Network. O resultado era uma desgraça: canal em 16:9, é certo, mas séries antigas em pillarbox, catálogo reduzido e dobragens horrorosas? Credo. Antes regressar do que estar a ver o canal da desgraça. Eis o momento da mudança, aos 1:44:

E não, não passaram o anúncio ao Innerspace sem crer, na noite anterior o Cartoon Network deu na mesma. Mas mais tarde descobri que a Vodafone ainda tinha o canal até ao fim do mês, porém na altura não sabia de alguém com Vodafone. Pronto. Perdemos uma boa oportunidade para as crianças aprenderem melhor inglês. Mas pronto. O canal não vai voltar ao que era antes porque sim. É uma decisão só para subir as audiências, é certo.

Mas tudo o que tem o seu lado negativo acaba por atrair o lado positivo: as audiências ajudaram a voltar a por o Cartoon Network no mapa, e numa nova fase para o canal: não só aqui, mas também da Oceânia até às Américas, ao fundo do mar das ilhas Galápagos e na secção dos congelados do Jumbo, junto aos douradinhos: o canal passou a ser um canal sumamente para criancinhas precoces que estão em fase de tratamento virtual por parte de YouTubers como o wuant, em seis dos sete continentes, mas sobretudo aqui.

O canal teve um par de mudanças de grafismo, é certo, os intervalos são mais curtos e a grelha quase nunca é respeitada. Por causa das dobragens, deixei de ver o Cartoon Network (e o meu sonho caiu por água abaixo, mas na altura ainda estava com uma espécie de depressão face ao canal). Mas mais tarde veio a verdadeira desgraça: o canal passou a cortar mais cenas das suas séries sem aviso, para proteger as sensibilidades das crianças. Uma prática que já veio do tempo do Regular Show em inglês (cortaram até as melhores cenas!) para toda a Europa, mas que agora era uma verdadeira praga sem precedentes.

Mas pronto. O canal passou a ser nada mais nada menos do que um simples canal deprimente, com séries homogéneas e estéticas que só dizem aos jovens de hoje. Infelizmente, a próxima geração de crianças já não vai ter os mesmos privilégios das crianças da minha geração: canais infantis de fácil acesso onde possamos aprender espanhol e inglês sem recurso a aulas.

Infelizmente, o Cartoon Network quase que perdeu o seu charme. Passamos de umas 800 séries com estilos que mudavam de acordo com a série para 800 séries com o mesmo estilo (basicamente é isto). O futuro não parece ser nada risonho para o Cartoon Network, mais valia era não ter o canal.

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há 2 horas, ATVTQsV disse:

Mas mais tarde veio a verdadeira desgraça: o canal passou a cortar mais cenas das suas séries sem aviso, para proteger as sensibilidades das crianças. Uma prática que já veio do tempo do Regular Show em inglês (cortaram até as melhores cenas!) para toda a Europa, mas que agora era uma verdadeira praga sem precedentes

Sim, é verdade que na Europa censuram cenas que já deviam ser banais para a classificação etária que atribuem (duas "mulheres" - ponho entre aspas porque na série são duas criaturas espaciais agénero mas que usam pronomes e adoram uma aparência feminina -  a dançar? uma personagem a dar um murro a outra? um urso polar dentro de um frigorífico?). Mas acho que no Cartoon Network original também andam a fazer progressos que seriam impensáveis há uns anos atrás - olha só o exemplo recente do final de Adventure Time, com um beijo da Marceline e da Bubblegum.

há 2 horas, ATVTQsV disse:

Mas pronto. O canal passou a ser nada mais nada menos do que um simples canal deprimente, com séries homogéneas e estéticas que só dizem aos jovens de hoje. Infelizmente, a próxima geração de crianças já não vai ter os mesmos privilégios das crianças da minha geração: canais infantis de fácil acesso onde possamos aprender espanhol e inglês sem recurso a aulas.

Percebo o que queres dizer com estéticas, porque de facto o estilo do traço é muito semelhante (só tiraria o Mundo de Gumball desta generalização por causa da misturada que lá fazem), parece que é tudo muito fantasioso - não é de admirar, são sempre os mesmos storyboarders a seguir os modelos e é tudo animado nos mesmos estúdios da Coreia do Sul.

Quanto a homogéneas, discordo. Acho que Adventure Time e Steven Universe não têm nada a ver com um Regular Show ou um We Bare Bears, ou com Teen Titans Go, nem em termos de desenvolvimento nem público alvo. Umas são bem mais desenvolvidas em termos de história e visuais que outras, há series que não consegues ver um episódio aleatório e perceber do que estão a falar porque tem um seguimento, não são só episódios de humor de 10 minutos, e há series que nãoese prendem tanto na fantasia e mais num estilo crescido de humor. Por exemplo, Steven Universe, Regular Show e Adventure Time não fazem (ou faziam...) assim tão boas audiências na televisão porque têm uma base de fãs adultos bem maior que Teen Titans Go ou Titio Avô que são mais "imaturas" mas de fácil compreensão para crianças pequenas que só se querem entreter um bocado, e em contrapartida séries como as primeiras também são mais caras a produzir. É um investimento que por um lado nem tem muito retorno, e por um lado isso cria um ciclo vicioso de séries baratas comestíveis mas sem conteúdo. 

Quanto à segunda parte, penso que é uma opção que na Europa faz sentido para permitir a inclusão, porque podes perfeitamente alterar a faixa de áudio e aceder à dobragem original se preferires. E acho que isso dos conteúdos serem melhores antigamente é uma questão de perspetiva. Eu vi e vejo ambas as gerações de Cartoon Network e consigo apreciar as duas, até porque os criadores das de agora são o produto das outras séries. Mas se calhar como isto são coisas ligadas à infância, daqui a 20 anos alguém vem dizer que esta geração é melhor que a que irá dar ali. E não são as coisas que necessariamente mudam, e sim nós.

 

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On 18/09/2018 at 00:51, OTalAntiquado disse:

Não vejo o problema, é o formato que se devia ver tais séries. Não é como o """"""""remaster""""""" HD d'Os Simpson que cortaram 33% da imagem em cima e em baixo.

Olhe que não, a própria Luk Internacional fez """"""""""""""""""""""""remasters"""""""""""""""""""""""" do Doraemon onde cometeu o mesmo erro.

http://www.portalotaku.com/como-hay-que-ver-el-anime-ii-la-vengansa-contra-luk-internacional/

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