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43: Zig Zag


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Em 2004, logo a começar o ano, a RTP decidiu mudar a sua estrutura infantil.

Até 2004, havia uma marca bastante "genérica": os espaços infantis dos dois canais eram a RTP Crianças. Sim, houve o Tempo dos Mais Novos, houve um Um-Dó-Li-Tá, houve até a Infantaria (que era um programa em directo) e houve o Zig Zag. Sim, houve um Zig Zag em 1986, onde chegaram a ter campeonatos de jogos no ZX Spectrum. Mas com este novo Zig Zag? De onde veio o nome?

Lembro-me de ver a promo de estreia nos dias antes do relançamento do segundo canal como 2: - leia-se "a dois" - e achava piada ao nome. Catorze anos depois, em 2018, o Zig Zag parece estúpido, é certo, mas as crianças ainda adoram.

2004 a 2006 - os primeiros anos e as primeiras pragas

O primeiro genérico foi usado até sensivelmente Fevereiro de 2007. A 2: arrancou às 21:00 de 5 de Janeiro de 2004. Como resultado, a 2: teve de estrear o Zig Zag no dia seguinte, isto apesar de no próprio dia emitir um programa do novo formato, o Tudo em Família, ainda antes da mudança e ainda na "antiga" RTP 2.

Inicialmente a estrutura assentava em três espaços, um de manhã, outro à hora do almoço e um ao jantar. Isto é, sensivelmente, entre as 07:30 e as 10:00, uma hora por volta das 13 e mais uma por volta das 19:30/20. Na primeira fase chegaram a emitir, duas vezes por dia, a série portuguesa As Coisas Lá de Casa e a série belga dos anos 80 Tik Tak (sei que era tipo viciante) e costumava ver as duas. Ainda haviam algumas séries como o Abram Alas Para o Noddy ou a Rua do Zoo 64 e uma ou outra série da NHK ou o surgimento de pragas. O Ruca foi a primeira praga.

"Ouçam o que vos digo, um dia vou dar cabo do Ruca", disse o blog A Pipoca Mais Doce em 2016. O Ruca era uma série que não era novidade - era afinal uma série cujos primeiros episódios datavam de 1997. Foi esta a série que arrancou definitivamente a emissão de um canal infantil canadiano, a Teletoon, que emitia séries pré-escolares até à criação de um novo canal, a Treehouse. Igualmente na América começou a suscitar polémica por parte de pais de telespectadores que afirmam que a série era simplesmente irritante - cá em Portugal também tivemos algumas pessoas que simplesmente não gostavam da série, até eu odiava a canção de abertura, de tão irritante que era.

Abram Alas Para o Noddy não era novidade - já tinha estreado na RTP 2 no ano anterior. Mas com a 2:, tudo mudou: a série começou a eclipsar qualquer coisa do Cartoon Network, juntamente com o Ruca e, mais tarde, da série Bob, o Construtor, que chegou a Portugal com meia dúzia de anos de atraso. Aliás, a 2: mudou o paradigma dos desenhos animados para sempre: aquilo que a RTP 2 queria apregoar aos quatro ventos era "os desenhos animados precisam de ser educativos e que não contenham violência". Isto, apesar de, no espaço da hora de almoço, ainda emitia uma ou outra série de acção.

Algumas séries que cheguei a ver na altura incluem:

  • Sagwa, a Gata Siamesa Chinesa. Não, não gostava do genérico (que era uma frase em mandarim repetida até mais não). Mas, don't ask me why, jogava uma coisa em francês do género "point-and-click" no site da Radio-Canada que dava pelo nome de "Les Quêtes de Sagwa", don't ask me why. Aliás, aprendi a palavra "magistrato" com esta série, que retratava a China de há vários séculos do ponto de vista de uma gata.
  • O Rapaz de Kampung. Vi em duas modalidades: no Canal Panda com legendas (As Aventuras de Mat) e na RTP 2 com dobragem. Do que me lembro, da versão dobrada lembro-me de uma cena em que as personagens principais estavam a ver um concurso malaio (dobrado, ora) onde a pergunta era algo como "qual é a capital da Malásia?".
  • Os Hoobs. Série britânica com algumas marionetas. É o que me lembro.
  • O Mundo do Simão. Série que nos EUA dava no meio da Rua Sésamo. Sim, lembro-me perfeitamente da primeira dobragem (a segunda era uma heresia).
  • Ciber-Heróis. Outra série educativa dos EUA. Abordava a matemática onde um grupo de três crianças entravam no Ciber-espaço quando a placa-mãe avisava algum problema.
  • Mio e Mao. Série de plasticina do tempo da outra senhora.
  • Uma incógnita. Não me lembro exactamente o que era, mas sei que era um programa dos EUA ou do Canadá (por causa do frame rate em NTSC) e tinha um apresentador hiperactivo. Era dobrado (nada de vozes por cima).
  • Piolho e Pimpolho. Esta série canadiana é obscura até mais não, só sei que há um episódio disto em inglês no YouTube (Kit and Kaboodle).
  • Fábrica de Histórias. Série espanhola bastante obscura que achava estar perdida até o @fernandocouto ter encontrado um vídeo do mesmo no seu espanhol nativo, onde era conhecido como Roedientes (Rói-Dentes). Sei que parte da série continha fábulas clássicas com canções pelo meio (que eram em espanhol mas os textos apareciam em português com letra de caligrafia da primária) e que passava-se numa fábrica.

Não percam a segunda parte: 2006 a 2007 - o turnaround.

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On 01/06/2018 at 18:50, ATVTQsV disse:

Zig Zag. Sim, houve um Zig Zag em 1986

Na verdade foi em 1984-85 e era completamente alheio ao zig zag de hoje e era apresentado pelo Luís Pereira de Sousa    

On 01/06/2018 at 18:50, ATVTQsV disse:

Sagwa, a Gata Siamesa Chinesa. Não, não gostava do genérico (que era uma frase em mandarim repetida até mais não). Mas, don't ask me why, jogava uma coisa em francês do género "point-and-click" no site da Radio-Canada que dava pelo nome de "Les Quêtes de Sagwa", don't ask me why. Aliás, aprendi a palavra "magistrato" com esta série, que retratava a China de há vários séculos do ponto de vista de uma gata.

Achas que é mais repetivio do que, sei lá, Nutshack?

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  • 4 semanas depois...

2006 a 2007 - o turnaround

Nos primeiros dias do ano, estava eu na casa da avó (onde costumava passar algumas terças) quando me deparo com uma série que a mim era-me familiar: As Pistas da Blue. Até então, não tinha visto um único episódio daquilo - o que sabia vinha do site da Nick Jr. americana, onde eu costumava passar o tempo juntamente com o site do Cartoon Network americano, o do Cartoon Network britânico e sites internacionais do Disney Channel (true story). O problema era que tinha o Duarte Gomes a fazer de Steve, não apareceu o substituto, o Joe e, to add insult to injury, tiveram a real gana de meter o separador de produção da RTP, a implicar que a RTP fez a adaptação e não a Nickelodeon.

Se já gramávamos com algumas das pragas da fase anterior (o Noddy, o Ruca e o Bob o Construtor), As Pistas da Blue e a Dora a Exploradora juntaram-se às pragas já existentes, o que fez com que eclipsaram o SpongeBob em Portugal, que na altura já só dava no Nickelodeon nascente. A Dora já não era novidade na televisão portuguesa, no ano anterior deu outra dobragem. Aqui a "nova" dobragem trocava o elemento educacional de aprender espanhol (obviamente na dobragem espanhola não faria sentido) e seguiu os passos da dobragem espanhola: aprender inglês. Na primeira dobragem lembro-me que não haviam expressões em outras línguas, quanto máximo diziam uma ou outra palavra em espanhol e mais nada, até na dobragem da SIC cheguei a ouvir algo tipo "A Preguiça Dorminhoca fala português!". Na altura não gostei da ideia da dobragem, etc.

Igualmente estávamos já em fase de mudança do tipo de séries, entre as quais constavam Hipo Engenhocas (Mumblebumble, série canadiana, acho que versava sobre funcionamentos básicos de algumas coisinhas), o Martim Manhã (inicialmente achei piada à série mas eventualmente deixei de gostar, já sabem qual o conceito da dita), Telmo, o Cavaleiro do Tempo (outra série francesa em que um cavaleiro da Idade Média era transportado para a "actualidade"), Dr. Cão (mais uma francesa), O Gang (série sueca Da Mob, se não estiver enganado), mais uma praga, a série minimalista Pocoyo, cujo minimalismo assentava no facto de 99% da série passar num infinito branco, Boo! (que já conhecia do CBeebies que havia na Bragatel), Harry e o Balde de Dinossauros (alerta praga), etc.

Por esta altura surgiu aquilo do que hoje conhecemos como o Magazine Zig Zag. Às vezes, no meio do programa, aparecia o Duarte Gomes (das Pistas da Blue que mais tarde viria a apresentar o magazine até ser substituído pot Pedro Leitão) a dizer coisas tipo "Agora vou-vos contar uma história que vos vai deixar de bocas abertas. *toque de telemóvel (qualquer coisa assim)* Agora não. Agora está na altura do Memo." e depois aparecia um genérico numa fábrica, sem texto (a rubrica chamava-se Memo) e falava sobre temas de interesse às crianças. Lembro-me que uma vez falaram sobre o filme O Feiticeiro de Oz, e creio que seria a génese de outras rubricas que seriam criadas na reformulação seguinte do Zig Zag (umas semanas antes do "regresso" da RTP 2) como o Toca a Andar. O tema musical do Memo foi aproveitado em 2007 para fechar as rubricas do Magazine Zig Zag (que não tinha tal nome até 2012, embora era o Zig Zag Mag), porém o genérico (e o Memo em si) é lost media tuga do mais puro.

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