Popular Post ATVTQsV Posted July 31, 2019 Popular Post Share Posted July 31, 2019 (edited) 20 de Fevereiro de 1993. Às 20 horas, a TVI entra no ar com Os Programas da Quatro, um exercício de futurologia ambientado precisamente a 20 de Fevereiro de 2003, numa dimensão paralela em que aquilo o que a TVI - aka "Quatro" - se tornou num canal de televisão bem sucedido, a um ponto que a Clara de Sousa continuava no canal, ainda estava ligado ao grupo da Renascença e ainda tinha os seus valores de fundação. Com isto o Big Brother foi para a SIC e os accionistas da Quatro criaram investimentos como bancos, canais de televisão, charcutarias, restaurantes, etc. Isto porque a TVI era a Angelus TV da sua altura - um canal "familiar", que recebia doações (sem sucesso) dos accionistas (na Angelus TV eram das paróquias). A única coisa que não tinha era o terço, que na Rádio Renascença era uma instituição de sucesso, e que na televisão ficou pelos extintos e fracotes canais de Fátima e a Canção Nova, por ser uma dependência de uma entidade católica brasileira ricaça. Porém, a TVI tinha uma série de obstáculos que impediram a criação de uma televisão familiar de jeito - logo no seu primeiro ano, o canal tinha a forte concorrência dos dois canais da RTP e da SIC e até a Quatro tinha a sua rede de emissores, mais a disponibilidade na Cabo TV Madeirense, dois anos antes da SIC. Outra coisa que a Quatro tinha - e que passou pelas diversas fases do canal até 2000 - era a aposta numa grelha mais alternativa, numa espécie de fusão dos dois canais da RTP com a SIC e ainda canais fracassados do My Zapp Channel e do atvBoard (como a minha UNI). O investimento em programas feitos cá - se falarmos de ficção - era escasso, só no primeiro ano havia a sitcom Cos(z)ido (ou será que era Coz(s)ido?) à Portuguesa e a primeira novela portuguesa de um canal privado - Telhados de Vidro. Sim, é verdade, o "canal da igreja", na altura o canal mais alternativo da televisão (que até tinha locutoras de continuidade no primeiro ano) decidiu apostar forte e feio na ficção nacional com uma novela. E ao contrário do que muitos pensam, não foi a primeira novela a ser emitida na TVI. O mérito é da novela venezuelana Lágrimas (La Revancha), e acho que as novelas latinas com dobragem brasileira, apesar da qualidade duvidosa, (dos textos e da dobragem) chegaram a ter mais sorte do que Telhados de Vidro. "Bem portuguesa, Telhados de Vidro é a novela da Quatro. Passa de segunda a sexta-feira, no horário que merece: 20 horas. Escrita por Rosa Lobato Faria, com direcção de actores de Tozé Martinho e um excelente grupo de actores. A acção começa na empresa Vaz Hotel, onde António Cortesão é dono e senhor. Maria Clara, a secretária, sujeita-se a humilhações, sabendo que será recompensada pelo testamento de patrão. O caso ameaça mudar de figura, por isso, Maria Clara e o irmão, Viriato, dão um jeito na vida de António Cortesão, matando-o. Com o patrão morto, a secretária toma ar de patroa, até ao dia da leitura do testamento. A sorte ditou que ficaria com uma casa de férias e não com a empresa. Tão desejada. A partir daqui, é o que se vai ver: vingança, amor, amizade, aventura. Telhados de Vidro, de segunda a sexta, às 20 horas, na Quatro." O vídeo em cima é um excerto do tal exercício de futurologia que abria as emissões do primeiro dia da TVI (ao contrário de notícias ou a missa, segundo actores que trabalharam já na fase de ouro do canal) e é basicamente o resumo da novela. Notaram algumas semelhanças com Alguém Perdeu? As 20:00 como "o horário que merece": 26 anos mais tarde, a CM TV tentou colocar Alguém Perdeu às 20:30. Morte de uma das personagens principais do primeiro episódio: se em Alguém Perdeu morria uma criança de quatro anos, à qual a mãe quer vingança, em Telhados de Vidro, quem morre é o dono da empresa. Temas chave para que o telespectador veja? Alguém Perdeu foi muito mais longe, a um ponto que lhe deram o achincalhante título de "melhor novela de sempre". Telhados de Vidro pode ter sido um flop, supostamente porque a TVI estava com deficiência na sua cobertura - nem no interior mais católico havia sinal do "canal da igreja". Mas compensava com um genérico que visualmente era muito bom (apesar de ter um pouco de aesthetics e vaporwave. ora se não fosse pelo esquema de cores e o saxofone), mas que terminava cedo demais e dava a ilusão que, nos últimos dez segundos, a novela era pura e simplesmente chamada de "Telhados". Tentar encontrar o significado do nome é bem mais complicado do que Alguém Perdeu (ao menos combinava com o primeiro episódio) mas há quem diga que o nome veio de um provérbio popular. O tema da canção, ao contrário de futuras novelas da TVI, não tinha um genérico baseado numa música portuguesa já existente. Não, eles iam mais à frente. Sim, o tema de Vila Faia foi feito para a novela, mas isto não era uma novela da Edipim, que já tinha um músico como proprietário. A novela tinha um tema original, cantado pela Dina, e que tinha o título da novela em constante repetição. Este tipo de genérico já era comum no estrangeiro - sobretudo na Austrália, onde as duas novelas que estão há mais tempo em emissão (e as únicas também) que são Neighbours (Vizinhos) e Home and Away (cujo futuro está em jogo) usam temas 100% originais criados para as ditas, e que, com o passar dos anos, ganharam novas roupagens para atender às necessidades de novelas com telespectadores cada vez mais jovens, ao contrário de Portugal. A série era uma produção da Atlàntida Estúdios (cujo símbolo tinha a gaivota, o mar e o sol) e que já fazia séries e novelas para a RTP - basta ver Palavras Cruzadas, em 1987. As audiências da novela eram fraquíssimas - apesar do horário merecido, estava em luta contra o duelo Canal 1-SIC, onde o horário do Jornal da Noite foi reajustado para as 19:30 em certa altura, para que a SIC tivesse a novela primeiro. Eventualmente os dois canais teriam os seus noticiários às 20:00, mas a TVI continuava alternativa, mas à falta de alternativas de jeito, decidiram confinar Telhados de Vidro para outro horário, próximo das 18:30 (antes da Amiga Olga), ao fim de algumas semanas de emissão. A novela estreou a 22 de Fevereiro de 1993 e terminou a 12 de Agosto de 1993. Telhados de Vidro é tido como o santo graal da indústria portuguesa das telenovelas, dado o escasso material disponível ao público. O máximo que pude encontrar é um excerto de cerca de 45 segundos com uma cena cómica e excertos da Sofia Grilo na novela, a dizer que tinha cenas de sexo. Tal como em Alguém Perdeu, onde os poucos telespectadores (uns 36) estava à espera de sexo louco entre o casal gay da novela e ficaram decepcionados com uma breve cena na casa de banho. Mas uma novela, num canal supostamente "familiar", a ter cenas de sexo em horário nobre era ir longe demais. A novela foi repetida pela primeira e única vez na segunda metade de 1995. Era provavelmente um sinal de esperança, para ver se iriam produzir a breve prazo uma segunda novela portuguesa. Infelizmente, nem a repetição ajudou e as novelas latinas continuaram a dominar o canal. Infelizmente, Telhados de Vidro nunca mais ficou reposta e a TVI só voltaria às telenovelas nacionais em 1999, com a igualmente renegada Todo o Tempo do Mundo, que até teve mais um par de repetições. Não sei como exactamente é que a TVI quer esconder Telhados de Vidro a sete pés, provavelmente de tão mal que era. Ou isto ou o facto da novela trazer recordações de uma má altura da TVI - a fundação. A TVI ainda chegou a apostar em novelas às 20 - caso da Xica da Silva - numa altura em que a TVI na fase SBS ainda era alternativa e começava ou seu noticiário ou às 19:30 ou às 21:00. Em 2013, houve uma cover do tema de Telhados de Vidro - curiosamente no Somos Portugal - a semanas do aniversário do canal. A TVI ainda tem a novela nos seus arquivos (e não nos da Atlântida Estúdios, pois faliu), mas por alguma estranha razão, provavelmente nas razões que referi em cima, a novela nunca vai ser reposta, nem na TVI Ficção. E parece que a TVI nunca vai ganhar vergonha na cara ao repetir a novela num futuro bem próximo. Entretanto, no proto-Contra Informação da SIC que era o Cara Chapada, foi feita uma sátira à dita, que dava pelo nome de Folhados de Vidro, que era basicamente o que os autores comeram (talvez não). Aqui as personagens tinham de falar com sotaque brasileiro (porque nós, mesmo com novelas latinas dobradas em tal dialecto, tínhamos a ideia de que todas as novelas, menos as feitas cá, eram todas brasileiras) e que até chega a ser mais ou menos deprimente que Telhados de Vidro. ACTUALIZAÇÃO: Nas primeiras semanas de 2021, o movimento pela reposição pela primeira vez em mais de 25 anos de Telhados de Vidro - ou Glass Roofs como é carinhosamente apelidada - parece ter ganho algum fôlego, apesar de, nos últimos meses, terem havido discussões sobre o paradeiro das cassetes da novela. Dizem que só um par de episódios foi digitalizado, para fins demonstrativos, o que mostra que a TVI infelizmente virou uma acumuladora que não sabe fazer exercícios básicos com as suas fitas antigas. Edited March 3, 2021 by ATVTQsV 5 2 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
miguelalex23 Posted August 2, 2019 Share Posted August 2, 2019 Onde é que Todo o Tempo do Mundo foi renegada? xD Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
ATVTQsV Posted August 2, 2019 Author Share Posted August 2, 2019 há 2 minutos, miguelalex23 disse: Onde é que Todo o Tempo do Mundo foi renegada? xD Renegada na TVI Ficção. Sei que teve repetições na TVI na primeira metade dos anos 2000. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Dimitri Posted August 3, 2021 Share Posted August 3, 2021 (edited) Episódio 11: Maria Clara fica furiosa a ver Isabel a trabalhar no seu escritório. Episódio 12: Reynaldo diz que Mercedes é a única mulher da sua vida. Episódio 13: Henrique sugere a Maria Clara que se demita Episódio 14: Madalena vai a um bairro de lata e é abordada por dois rapazes com navalhas. Episódio 15: Chinita confessa a Rosa que se apaixonou por Renato. Edited August 3, 2021 by Dimitri 1 1 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
TV1_22 Posted July 1, 2022 Share Posted July 1, 2022 On 01/08/2019 at 00:24, ATVTQsV disse: A TVI ainda tem a novela nos seus arquivos (e não nos da Atlântida Estúdios, pois faliu), mas por alguma estranha razão, provavelmente nas razões que referi em cima, a novela nunca vai ser reposta, nem na TVI Ficção. E parece que a TVI nunca vai ganhar vergonha na cara ao repetir a novela num futuro bem próximo. On 01/08/2019 at 00:24, ATVTQsV disse: ACTUALIZAÇÃO: Nas primeiras semanas de 2021, o movimento pela reposição pela primeira vez em mais de 25 anos de Telhados de Vidro - ou Glass Roofs como é carinhosamente apelidada - parece ter ganho algum fôlego, apesar de, nos últimos meses, terem havido discussões sobre o paradeiro das cassetes da novela. Dizem que só um par de episódios foi digitalizado, para fins demonstrativos, o que mostra que a TVI infelizmente virou uma acumuladora que não sabe fazer exercícios básicos com as suas fitas antigas. ...e isso vê-se em algumas reposições na TVI Ficção... Imagens com pixeis... séries sem som... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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