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27: Banif


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Acredite no esforço. Acredite na ambição.

Vinte anos antes do Banif ter sido renovado com uma arrojada renovação - a adopção de uma imagem roxa e com um centauro - o banco tinha sido fundado pelo empresário madeirense Horácio Roque a 15 de Janeiro de 1988, como o substituto legal da Caixa Económica do Funchal. O Banco Internacional do Funchal era a jovem promessa bancária nacional.

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Porém, quando falo de empresas, o que importa nestas crónicas é a evolução da marca através de inúmeros factores, nomeadamente os anúncios. Não consegui encontrar nenhum anúncio dos primeiros anos do Banif, com muita pena minha, pois na internet parecem tão mitológicos como os centauros. Porém, apesar da vã esperança que existam (os anúncios, não os centauros, os anúncios devem estar escondidos nos intermináveis intervalos do LUSITANIATV), uma vez, o Jorge Tomé (presidente do banco) foi convidado a falar sobre a imagem do Banif no 1000 Imagens, o primeiro programa português dedicado à publicidade. Infelizmente encontrar a dita entrevista é complicado, para tal é preciso esperar uma quantia insana de tempo para que a RTP Memória a repita outra vez - porque falava sobre como o Banif tentou conquistar o país inteiro nos seus primeiros anos.

O anúncio mais antigo do Banif que encontrei na net foi este:

Nesta fase (1995), o Banif já usou o seu primeiro slogan - "o nosso Banco", que passaria a ser slogan secundário uns dez anos mais tarde.

Em 2006, o Banif perguntou a quem tinha uma conta questões tão fundamentais como "Quanto custa a amizade?", "Qual o spread do amor?", etc. Mas se há anúncio da fase clássica do Banif que merece ser recordado é esta série de anúncios à conta Banif Triplus:

 

Em 2007, o Banif trocou a Normajean pela Brandia Central e aproveitou para fazer uma operação de rebranding total à marca. Lembro-me que dias antes aparecia o misterioso símbolo do centauro que deixou muita gente estupefacta. Eis que chega o dia 15 de Janeiro de 2008 e somos brindados com isto:

O anúncio que introduziu os portugueses ao verdadeiro significado do misterioso centauro que aparecia nalgumas paragens de autocarro e que deixou tanta gente confusa e consternada. Eu normalmente tinha medo disto quando começava o anúncio, mas, looking back, foi um dos anúncios mais "caros" de produzir em Portugal.

Antes de falar sobre as reacções gerais ao anúncio, devo dizer que esta foi uma operação que envolveu três países: Portugal (Banif, Ministério dos Filmes e Brandia Central), Marrocos (filmagens) e Reino Unido (pós-produção). O ambiente foi filmado entre Marraquexe e as montanhas Atlas, onde aparece o tal "cavaleiro" numa cavalgada demasiada intensa que depois entra numa ruína para depois passar a ser o tal centauro. Meus amigos, como explicar aos mais pequenos que estas coisas são fictícias? Como é que conseguiram fazer uma imagem tão realista do centauro? Foram precisos dois planos, na mesma posição, separadamente, para depois enviar os planos à Rushes.

O novo símbolo representa um centauro num estado "natural", com uma arma digna de arqueiro, já que na mitologia grega os centauros são caçadores por natureza. O Banif diz que o centauro é um "símbolo de força, de capacidade física aliada à visão e inteligência humanas, o Centauro conjuga as forças que colocamos ao seu dispor para ajudar a alcançar os seus desejos e concretizar os seus sonhos". O uso da cor anil num símbolo bancário foi para remeterem a ideia de "esperança".

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"No dia de São Nunca à tarde. Quando as galinhas tiverem dentes. Quando os porcos voarem. Impossível. Nem pensar. Nunca na vida. Não têm estaleca. Não têm pedal. Não pode ser. Não vai acontecer. Não vale a pena. Não insistam. Não tentam. Não façam. Esqueçam. Desistam. Parem. Vai correr mal. Vai ser um desastre. Vão ser vendidos... Sejam razoáveis. Sejam responsáveis. Não se precipitem. Vejam lá. Cuidado. Ai... Ui..... Mau... Juizinho... Deixem-me rir. Só pode ser piada. É uma anedota. Ridículo. Patético. Triste. Trágico. Areia demais para a vossa camioneta. Dediquem-se antes à pesca. À batata. Ao crochê. É quase impossível. Pouco provável. Quem sabe. De repente... Talvez. Às vezes... Pode ser que sim. Não está mal de todo. Já é qualquer coisa. Já esteve mais longe. Espera lá... Foram vocês? A sério? 10 agências? 30 agências? 300 agências? Compraram 3 companhias de seguros? Compraram um banco nos Açores? Compraram um banco no Brasil?!!! Quem vão comprar a seguir? Líder nos Açores! Líder na Madeira! Única empresa nacional Global Leader of the Future. 5 mil clientes? 75 mil clientes? Um milhão de clientes? Bravo! Admirável! Um feito! Não me surpreende! Eu sempre disse! Não tenho palavras......

20 anos de comentários. Foi preciso acreditar."
Porém, até o próprio Banif chegou a gozar com as críticas ao centauro e à súbita renovação que apanhou Portugal de surpresa. O anúncio do centauro foi recebido num misto de choque e ambição, já que muitos não sabiam o porquê do anúncio só por causa da intensidade no início e que pediam para parar com o anúncio em questão. Dediquem-se à pesca, à batata, ao crochê, que já estou a ficar cansado. Mas espera aí, "two become one"? A parte da transformação do pobre jovem adulto num centauro foi a parte do anúncio que chocou muita gente, eu incluído, mas para muitos era ridículo. Será que o conceito de homem e cavalo a fundirem-se num só está aliado ao slogan "a força de acreditar"? Que uma pobre pessoa pode se tornar num centauro só pelo seu próprio esforço e ambição?  Se calhar o anúncio do centauro foi demasiada vergonha alheia para o telespectador português, aliás raramente habituado ao conceito dos centauros quando já soube da existência de outras criaturas mitológicas como as fadas (FADAS!), as sereias/tritões e tantas outras coisas que ouvimos falar nas mitologias greco-romanas. Ou seja, quem tem confiança no Banif e tem conta no banco, claramente acredita em centauros. Mas isto deve ser a minha imaginação.

Aliás, este anúncio, quer na sua versão completa quer na sua versão mais reduzida foi suficiente para eu e mais uns quantos ficaram bombardeados com um mísero homem/centauro a aparecer nos intervalos. Passam os meses e o centauro quase que desaparece, menos o relógio da RTP N até Setembro (acho que esteve nas RTPs autónomas por mais algum tempo). Sinceramente, acho que muitos telespectadores da RTP N na altura não aguentavam ter de ver o anúncio do centauro antes de todos os noticiários, caso contrário teriam a cabeça em tilt só por ver a figura do centauro demasiadas vezes por dia, o que já é sobredosagem. Hoje temos os Calcitrins e VivaMelhores e Bliss Naturas em demasia, há dez anos tínhamos um centauro.

Tal como passam os meses, passam também as aparições do centauro e nunca mais voltou. Porém, chega o verão e aparece a "sequela":

Apesar de remeter-nos mais uma vez para o conceito de "velocidade" que o anúncio do centauro, a "velocidade" é menos intensa e o anúncio é mais "suave". Porém, não houveram centauras pois aparentemente gastaram todo o orçamento naquele outro anúncio (para não dizer constantemente "centauro", caso contrário ficam exaustos) e não optaram por denegrir a imagem e usar mais centauros em anúncios, já que é complicado.

Em setembro, somos introduzidos a duas contas Nova Geração: uma para os pequenitos com o Ruca e outra para os crescidotes. Agora imagine se uns anos mais tarde iriam ter a real gana de reinventar a conta Nova Geração para os pequenitos tivesse uma campanha com as personagens da série My Little Pony - A Magia da Amizade (acredita que há fanart das personagens principais como centauras?), mas o Canal Panda só estreou a série em 2012 (deveria ter estreado em 2011, porque o Canal Panda é preguiçoso. Ainda somos pobres?)

Em 2009, o Banif mudou a sua campanha. Em vez de uma continuação do centauro, tivemos isto:

À qual se seguiu isto:

O Banif deixou de ter publicidade suficiente para o continente, mas nas regiões autónomas continuou a ser o único anunciante dos relógios prévios aos seus noticiários. Até que a TVI deu uma notícia sobre o Banif e o banco faliu de vez. Um Natal trágico para quem acredita em centauros (clientes do Banif) e um fim trágico para uma jovem promessa.

Porém, o centauro ainda está vivo - aparentemente a seguradora Açoreana mantém o símbolo do centauro (há duas - antes havia uma terceira - agências em Braga ainda com o símbolo do centauro intacto) e uma das suas operações internacionais, o Banif Bank maltês, tirou o centauro e mudou o nome para "BNF Bank".

Esta crónica está vazia. Sabes do que é que precisa? Centauro. Centauro aqui, centauro ali. Aliás, não foi por causa da fraca qualidade do texto mas sim do facto de um banco usar uma figura mitológica.

OK, pode ser que com esta crónica vou parecer o Sr. Crocker mas com centauros. CENTAUROS!

Acredite no esforço. Acredite na ambição. Banif. A força de acreditar.
Denzel Crocker: Não pode ser! Este anúncio foi obra de FADAS! Ou será de CENTAUROS?!?!

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  • 6 meses depois...

Aproveitando o tema, encontrei esta semana um artigo acerca da mudança de imagem do BNF Bank e achei que seria bom partilhar aqui: https://www.behance.net/gallery/60691555/BNF-Bank

Nota: tanto eu como o @mavb98 só começamos a habituar ao Banif a partir do rebrand de 2008, pois antes disso, era o antigo Banco Comercial dos Açores (BCA).

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