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Prisão da Vida


Diogo_M

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Muito bom. A parte do funeral tocou-me imenso... quase que consegui entender o sentimento dele :cray: E em certa parte entendo, infelizmente.

 

Continua, Diogo, está muito bom. Será que foi o pai? Se for é horrível  :dry:

 

 

E bem, já li tudo até ao momento, muito bem Diogo.  :) Emocionei-me em algumas cenas. :(

 

E bem, a ser pai, que cruel :@

Vamos lá a ver se foi o pai, às vezes nem tudo o que parece é :rolleyes::P

Editado por Diogo_M
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4º episódio – O início da vingança

 

O meu pai parecia zangado como nunca vi, até a minha mãe parecia estar toda a tremer com medo do que ele pudesse fazer. Mas eu não tinha medo, o que quer que ele me fizesse não era nada comparado com o que ele fez ao Fábio se tiver sido ele a mandar matá-lo.

 

- Bem, como já devem ter reparado, sim eu namorava com aquele rapaz que foi assassinado há uns dias. E resolvi desaparecer daqui porque não aguentava o sofrimento de o ter visto ser morto à minha frente, ele era a pessoa que eu mais amava neste mundo e eu não me conformava com o que tinha acabado de acontecer...

 

- Amavas a ele mais do que a nós que somos teus pais? – a minha mãe começava a chorar depois do que tinha acabado de ouvir.

 

- Vocês sabem que gosto muito de vocês, mas o Fábio era o amor da minha vida, por ele fazia o que fosse preciso sem piscar os olhos...

 

- Mas tu ainda tens 17 anos, tens muito pela frente. Hás-de encontrar alguém de quem gostes muito e que te ame verdadeiramente.

 

- Não quero saber de mais ninguém, nunca vou amar mais ninguém da mesma maneira que o amei e nunca vou ser amado como ele me amou.

 

- Chega! Agora é a minha vez de falar – o meu pai interrompeu – Meu menino, eu não vou querer pandeleiros em minha casa. Tens aqui a tua oportunidade de deixares essas ideias de namorar com rapazes, ou eu deserdo-te e deixas de ser meu filho. Poderás continuar a viver aqui em casa, mas passas a ser um estranho para mim. Era o que faltava agora ter pandeleiros aqui...

 

- O pai não me compreende! Como é que é capaz de insultar assim os homossexuais? Não tem respeito por ninguém, até tenho vergonha de ser seu filho...

 

Senti uma estalada forte na minha cara. O meu pai acabava de levantar a mão contra mim. A raiva apoderou-se de mim, só me apetecia retribuir da mesma maneira, mas ele era uma pessoa mais velha que eu...

 

- Vasco! Como é que tu foste capaz de bater no nosso filho!

 

- Ele que tenha respeito pelos pais, Paula, que nada disto acontecia. E quero uma resposta.

 

- Pois, pai, fique a saber que eu não vou fazer nada disso que você quer. Prefiro deixar de ser seu filho do que mudar a minha orientação sexual só porque você quer.

 

- Muito bem! Se é essa a tua decisão, ficas já a saber que não receberás mais um centavo da minha carteira. Se quiseres dinheiro, desenrasca-te e eu que saiba que a tua mãe anda a dar-te dinheiro às escondidas...

 

A minha mãe estava calada, ela não conseguia fazer frente ao meu pai por medo do que ele pudesse fazer. No meio disto, ela era a única pessoa de quem eu tinha pena e que faria algo para poder ajudar. O pior nisto tudo é que ninguém estava a respeitar a minha dor e o meu sofrimento, estavam a agir como se tivesse cometido o maior erro da minha vida. Amar um rapaz é um erro?

 

Subi para o meu quarto e comecei a pensar numa forma de descobrir a pessoa que matou o Fábio. Teria de começar por alguém e essa pessoa seria o meu pai!

 

No próximo episódio:

 

Decidi comprar uma arma. Sim porque qualquer que fosse a pessoa que tivesse matado o Fábio, seria vingado da mesma forma. Não merece sequer a prisão, mas sim a morte pelas minhas próprias mãos.

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5º Episódio – Um ato de loucura

 

Fiquei o resto do dia fechado no quarto a pensar num plano para apanhar o meu pai em flagrante e descobrir se foi ele que matou o Fábio. Tinha de começar a segui-lo em todo o lado...

 

Ao final da noite a minha mãe veio ter comigo:

 

- Filho, quero que saibas que apesar de tudo eu estarei sempre aqui para te apoiar como uma mãe deve fazer. Não importa o que és, apenas quero que sejas feliz e se é de rapazes que gostas eu só tenho de aceitar e apoiar-te em tudo e mais alguma coisa.

 

- Obrigado mãe! Nem sabe o quão bom é ouvir as suas palavras. Ao menos respeita-me ao contrário daquele senhor que está lá em baixo.

 

- Ele é teu pai...

 

- Deixou de o ser a partir de hoje. Assim como para ele também deixei de ser seu filho!

 

- Vocês hão-de fazer as pazes. Ele neste momento está zangado, não sabe o que diz mas daqui a uns dias vocês já se falam.

 

- Não, mãe. Não quero saber mais dele, para mim morreu!

 

No dia seguinte acordei cedo, ainda antes dos meus pais, e fui à rua. Decidi comprar uma arma. Sim porque qualquer que fosse a pessoa que tivesse matado o Fábio, seria vingado da mesma forma. Não merece sequer a prisão, mas sim a morte pelas minhas próprias mãos.

 

Voltei para casa a tempo de ver o meu pai a preparar-se para sair para o trabalho. Tomei o pequeno almoço à pressa e saí pouco depois dele, sem ninguém suspeitar. A minha sorte é que a fábrica de calçado dele era aqui perto e por isso ele não usava o carro para ir para lá.

 

A meio do caminho, o meu pai foi interceptado pelo sujeito que tinha visto da outra vez. Aproximei-me mais discretamente e fui a tempo de ouvir o que o homem estava a dizer:

 

- Você não me deu o dinheiro todo. Faltam-me 150 euros, eu fiz o serviço em condições, não pode ter razão de queixa e dar-me menos do que foi prometido.

 

- Eu já lhe disse que quando puder pago-lhe o resto. O que é que lhe passou pela cabeça para aparecer aqui? Se alguém nos vê ainda somos descobertos.

 

- Não quero saber, quero o resto do guito. Tem 48 horas, se não der o que falta pode crer que algo de mal vai acontecer à sua família...

 

E dito isto o homem foi-se embora. O meu pai parecia com medo, era a primeira vez que o via assim. Mas a raiva estava a apoderar-se de mim, esta era a certeza de que tinha sido ele o responsável pela morte do Fábio e que aquele sujeito era o homem que tinha esfaqueado-o.

 

Num ato de loucura, peguei na minha arma e sem ninguém me ver, disparei na direção do meu pai.

 

No próximo episódio:

 

O que é que eu tinha acabado de fazer? Não sei o que é que se passou na minha cabeça para cometer uma loucura destas, tinha acabado de cometer o maior erro da minha vida e poderia pagar bem caro por ele.

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6º episódio - As consequências dos atos

O tiro atingiu em cheio nas costas do meu pai, que acabou por cair no chão a sangrar e a gritar por ajuda. Rapidamente chamaram uma ambulância que o levaram para o hospital.

O que é que eu tinha acabado de fazer? Não sei o que é que se passou na minha cabeça para cometer uma loucura destas, tinha acabado de cometer o maior erro da minha vida e poderia pagar bem caro por ele. E se ele não estivesse relacionado com a morte do Fábio? Poderia ter acabado de cometer uma grande injustiça. Tinha de me certificar que não tinha sido visto e voltei rapidamente para casa. Pelo caminho passei por uma casa de banho de um café e atirei a arma para a sanita e descarreguei o autoclismo. Não podia ser descoberto, não queria ir para a prisão.

Quando cheguei a casa, fui a correr para o quarto e ficar um bocado no computador enquanto possivelmente iram dar as más notícias. Hoje a minha mãe estava de folga e estranhou eu ter vindo mais cedo:

- Não tens aulas?

- Não mãe, hoje o professor da disciplina que ia ter agora faltou e então eu vim aqui a casa buscar umas coisas no computador.

- Hum, vê lá se não me estás a mentir. Se eu sei que andas a faltar às aulas...

- Não se preocupe mãe. Eu sei o que faço.

O telefone lá em baixo tocou e a minha mãe foi atendê-lo. Passado um bocado voltou ao meu quarto a chorar:

- O teu pai está no hospital, parece que levou um tiro. Temos de ir a correr para lá agora!

Quando chegámos ao hospital, tivemos de estar 1 hora á espera até que apareceu um médico que nos informou de que a bala tinha atingido a coluna e que ele poderia ficar paraplégico para sempre. A notícia chegou como um murro no meu estômago e sentia-me culpado pelo que tinha acontecido ao meu pai. Por pior que a nossa relação estivesse, ele ainda era meu pai e se ele ficasse numa cadeira de rodas para sempre, a culpa seria minha.

Não o conseguia ver neste momento e por isso inventei uma desculpa e disse á minha mãe que tinha de ir a casa e já voltava. Ela a soluçar, acenou com a cabeça e então fui dar uma volta. Não sabia o que se estava a passar comigo, desde a morte do Fábio que eu não era o mesmo. Tinha-me tornado numa pessoa fria, que não queria saber de ninguém e só se preocupava em vingar a morte do Fábio. Não tinha amigos neste momento, as poucas pessoas que estavam ao meu lado acabei por as afastar. Nada me restava neste mundo, às vezes apetecia-me pôr um fim a isto...

Regressei ao hospital e encontrei a minha mãe ainda na sala de espera. Estranhei que ela ainda não tivesse ido ver o pai. Perguntei ao médico se o podia visitar e ele disse que sim. Indicou-me o quarto e quando cheguei lá ouvi as máquinas a apitar e o meu pai com os olhso fechados sem reação nenhuma. Fui a correr ver a pulsação dele e não estava a sentir nenhuma, o coração também não sentia nenhum batimento. O meu pai estava morto! E no chão estava uma almofada...

No próximo episódio:

Estava no cimo de um penhasco e estava preparado para me atirar. A vida tinha deixado de fazer sentido, duas perdas em tão pouco tempo eram o meu fim. Havia que pôr um ponto final nisto e acabar com o sofrimento.

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6º episódio - As consequências dos atos

 

O tiro atingiu em cheio nas costas do meu pai, que acabou por cair no chão a sangrar e a gritar por ajuda. Rapidamente chamaram uma ambulância que o levaram para o hospital.

 

O que é que eu tinha acabado de fazer? Não sei o que é que se passou na minha cabeça para cometer uma loucura destas, tinha acabado de cometer o maior erro da minha vida e poderia pagar bem caro por ele. E se ele não estivesse relacionado com a morte do Guilherme? Poderia ter acabado de cometer uma grande injustiça. Tinha de me certificar que não tinha sido visto e voltei rapidamente para casa. Pelo caminho passei por uma casa de banho de um café e atirei a arma para a sanita e descarreguei o autoclismo. Não podia ser descoberto, não queria ir para a prisão.

 

Quando cheguei a casa, fui a correr para o quarto e ficar um bocado no computador enquanto possivelmente iram dar as más notícias. Hoje a minha mãe estava de folga e estranhou eu ter vindo mais cedo:

 

- Não tens aulas?

 

- Não mãe, hoje o professor da disciplina que ia ter agora faltou e então eu vim aqui a casa buscar umas coisas no computador.

 

- Hum, vê lá se não me estás a mentir. Se eu sei que andas a faltar às aulas...

 

- Não se preocupe mãe. Eu sei o que faço.

 

O telefone lá em baixo tocou e a minha mãe foi atendê-lo. Passado um bocado voltou ao meu quarto a chorar:

 

- O teu pai está no hospital, parece que levou um tiro. Temos de ir a correr para lá agora!

 

Quando chegámos ao hospital, tivemos de estar 1 hora á espera até que apareceu um médico que nos informou de que a bala tinha atingido a coluna e que ele poderia ficar paraplégico para sempre. A notícia chegou como um murro no meu estômago e sentia-me culpado pelo que tinha acontecido ao meu pai. Por pior que a nossa relação estivesse, ele ainda era meu pai e se ele ficasse numa cadeira de rodas para sempre, a culpa seria minha.

 

Não o conseguia ver neste momento e por isso inventei uma desculpa e disse á minha mãe que tinha de ir a casa e já voltava. Ela a soluçar, acenou com a cabeça e então fui dar uma volta. Não sabia o que se estava a passar comigo, desde a morte do Fábio que eu não era o mesmo. Tinha-me tornado numa pessoa fria, que não queria saber de ninguém e só se preocupava em vingar a morte do Fábio. Não tinha amigos neste momento, as poucas pessoas que estavam ao meu lado acabei por as afastar. Nada me restava neste mundo, às vezes apetecia-me pôr um fim a isto...

 

Regressei ao hospital e encontrei a minha mãe ainda na sala de espera. Estranhei que ela ainda não tivesse ido ver o pai. Perguntei ao médico se o podia visitar e ele disse que sim. Indicou-me o quarto e quando cheguei lá ouvi as máquinas a apitar e o meu pai com os olhso fechados sem reação nenhuma. Fui a correr ver a pulsação dele e não estava a sentir nenhuma, o coração também não sentia nenhum batimento. O meu pai estava morto! E no chão estava uma almofada...

 

No próximo episódio:

 

Estava no cimo de um penhasco e estava preparado para me atirar. A vida tinha deixado de fazer sentido, duas perdas em tão pouco tempo eram o meu fim. Havia que pôr um ponto final nisto e acabar com o sofrimento.

 

Não é o Fábio?

Hoje li praí 3 ou 4 episódios de rajada e confesso que estou a gostar. Já estou a fervilhar das emoções :D

É doloroso perder a pessoa que amamos, perdemos uma parte de nós :(

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7º episódio – Vida sem sentido

 

Fiquei sem reação ao que estava a ver à minha frente. As máquinas começaram a apitar e os enfermeiros vieram a correr tentar reanimar o meu pai mas sem sucesso, já era tarde demais. Só me ocorreu à cabeça que teria sido o sujeito que vi a falar com ele o responsável por isto, mas como é que terá andado pelo hospital sem ninguém o ver?

 

A minha mãe veio a correr lavada em lágrimas sem ainda querer acreditar no que tinha acontecido. Era mau demais para a nossa família, a fábrica de calçado do pai iria para os irmãos porque a minha mãe não seria capaz de geri-la, muito menos eu, e o dinheiro que ela ganhava no trabalho não chegava para pagar as despesas.

 

A autópsia revelou que o meu pai morreu por asfixiamento, ou seja alguém o matou com uma almofada, daí terem encontrado uma no chão. O funeral foi no dia seguinte, tinha vindo muita gente, a maior parte eram empregados da fábrica. Mas poucos eram os que choravam pela morte dele. Muitas pessoas não gostavam dele por ser arrogante e frio, às vezes até diziam à minha mãe que ela se devia separar dele que só lhe fazia mal. Ela dizia sempre que gostava muito dele, que não era capaz de fazer isso e que eram os dois muito felizes, mas até ela sabia que isso não era verdade.

 

Eu já não aguentava todo aquele sofrimento e fui-me embora. Andei pelas ruas perdido mais uma vez, e isto fez-me lembrar o Fábio. O objetivo de vingar a morte dele estava a escapar-se e com isto tudo nunca mais me lembrei do que eu tinha de fazer, mas também agora não tinha forças para continuar. Passei pelo sítio onde pela última vez vi o pôr-do-sol com o Fábio e parei aqui. Desatei a chorar e a lembrar-me novamente de tudo o que eu tinha passado com ele. O que é que eu fiz para merecer este sofrimento? Só precisava de uma justificação para tudo isto, mas ela tardava em chegar. Andei e andei até que ocorreu uma ideia.

 

Estava no cimo de um penhasco e estava preparado para me atirar. A vida tinha deixado de fazer sentido, duas perdas em tão pouco tempo eram o meu fim. Havia que pôr um ponto final nisto e acabar com o sofrimento.

 

Mas de repente alguém apareceu por trás e disse:

 

- Não faças isso!

 

Olhei para trás e vi um rapaz parecido com o Fábio em tudo: olhos verdes, cabelo castanho e estatura média, tal e qual!

 

- Eu não te conheço de lado nenhum. A minha vida deixou de fazer sentido, não tenho mais vontade de viver esta vida.

 

- Não faças isso por favor. Ainda és muito novo, tens muitos anos pela frente, de certeza que vais encontrar o caminho certo.

 

- Não, não vou. Eu estou preso a esta vida que escolhi, não posso ser quem verdadeiramente sou, perdi a pessoa que mais amava, perdi o meu pai. Não me resta quase nada, apenas a minha mãe. E se eu algum dia também a perder? Aí o que é que será de mim?

 

- O Fábio não iria gostar que cometesses essa loucura.

 

- Como é que tu sabes do Fábio? De onde é que o conheces?

 

- Eu sou o irmão dele.

 

No próximo (e antepenúltimo) episódio:

 

Sentei-me com o irmão do Fábio e comecei a falar com ele:

 

- Como te chamas?

- Eu sou o Carlos. O meu irmão falava muito de ti e da vossa relação.

- Mas tu sabias que ele era gay?

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8º Episódio – Coincidências?

 

Por momentos hesitei antes de dar o salto fatal. O Fábio nunca me tinha falado de um irmão gémeo que tinha, dizia-me que era filho único. A verdade é que eu nunca conheci a família, não sabiam quem eram os pais, mas mesmo assim eu acreditava que ele não estava a mentir.

 

Sentei-me com o irmão do Fábio e comecei a falar com ele:

 

- Como te chamas?

 

- Eu sou o Carlos. O meu irmão falava muito de ti e da vossa relação.

 

- Mas tu sabias que ele era gay?

 

- Sim, ele contava-me tudo da vida dele. Nunca tive problemas com a orientação dele, sempre o respeitei. Já com os nossos pais é diferente, ele nunca teve coragem de lhes contar.

 

- E o que é que o Fábio dizia sobre mim?

 

- Dizia que amava-te muito e que tu eras o homem da vida dele. A sério, ele elogiava-te muito e vangloriava-se de ter um namorado como tu.

 

Ao ouvir estas palavras veio um sorriso à minha cara como já não vinha há muitos dias. Apesar de não precisar, tinha aqui a confirmação de que ele sempre gostou de mim e nunca me enganou.

 

- Só que nos últimos dias ele andava muito preocupado.

 

- Preocupado porquê?

 

- Ele disse-me que tinha a sensação que andava a ser seguido e que devia ser porque andava a dever dinheiro a uma pessoa.

 

- E ele contou-te a quem é que devia dinheiro e porquê?

 

- Não. Eu cheguei a perguntar-lhe mas ele disse que preferia não contar.

 

Achei estranho, o Fábio nunca me tinha parecido andar preocupado com alguma coisa. Só se estivesse a disfarçar mesmo bem para eu não dar conta. Se isto fosse verdade, será que a pessoa que o andava a seguir seria a mesma que o matou?

 

Continuámos a conversar sobre o Fábio. No entanto estava com uma sensação estranha por falar com uma pessoa que era igual a ele e que em atitudes e comportamentos eram idênticos também.

 

Quando démos pelas horas a passarem, despedimo-nos e fui para casa. Encontrei a minha mãe no chão desmaiada e com uma garrafa de vodka ao lado. Nos últimos dias ela não fazia outra coisa senão beber. Chamei uma ambulância que a levou para o hospital. Lá disseram-me que pela quantidade de alcóol que bebeu nos últimos dias tinha entrado em coma alcoólico, teriam de retirar o álcool em excesso o mais rápido possível para a minha mãe voltar a ficar consciente.

 

No entanto algo de inesperado aconteceu. Enquanto estava na sala de espera, entra pelo hospital um homem que exige ver a minha mãe. Só que aquela cara não me era estranha e após algum tempo a tentar reconhecê-la, chego á conclusão que é o homem com quem o meu pai estava a falar antes de eu lhe ter dado um tiro.

 

No próximo (e penúltimo) episódio:

 

- O que é que o senhor está aqui a fazer?

- Vim ver a sua mãe, soube que ela ficou em coma alcoólico.

- E de onde é que a conhece?

- Ah, somos colegas de trabalho e sou um grande amigo dela.

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9º episódio - Descobertas

 

O que é que aquele homem estaria a fazer no hospital? E porque razão queria ver a minha mãe? De onde será que a conhecia?

 

Dirige-me a ele. Tinha de tirar tudo a limpo:

 

- O que é que o senhor está aqui a fazer?

 

- Vim ver a sua mãe, soube que ela ficou em coma alcoólico.

 

- E de onde é que a conhece?

 

- Ah, somos colegas de trabalho e sou um grande amigo dela.

 

- A minha mãe neste momento não pode receber visitas.

 

- Mas eu preciso mesmo de saber se ela está bem.

 

- Não se preocupe, ela dentro de umas horas irá acordar.

 

- Eu vou ficar aqui à espera.

 

- Não é preciso, o senhor vá para casa e venha depois cá amanhã.

 

Com muita insistência, lá consegui despachar o homem, mas estava com a pulga atrás na orelha. Se era colega de trabalho e amigo da minha mãe, porque é que ele andava a trabalhar para o meu pai? E em quê?

 

No dia seguinte cheguei cedo ao hospital e o homem já lá estava pronto para ir vê-la. A enfermeira informou-me que a minha mãe já tinha acordado e já podia receber visitas, mas como o homem tinha chegado primeiro, eu teria de esperar para poder ir vê-la. Mas não resisti e acabei por discretamente ir atrás dele e assim poder ver ou ouvir a conversa entre os dois.

 

- O que é o senhor está aqui a fazer? – esta pergunta da minha mãe foi estranha. Se eles eram colegas porque é que ela o tratava por senhor? Será que ele tava a mentir?

 

- Eu vim aqui buscar o dinheiro que o seu marido me andava a dever. Visto que ele bateu a bota, é você que vai ter de me dar o guito.

 

- Mas eu não tenho nada a ver com os negócios do meu marido. Ele é que tinha o negócio do tráfico de droga, eu nunca me meti nisso.

 

Desmorou-se tudo à minha frente. Foi como se tivesse sentido uma pontada muito forte no meu coração. Afinal o meu pai andava a pagar ao homem por causa do tráfico de droga e não porque o tinha mandado matar o Fábio. Se o arrependimento matasse estaria agora morto no chão. Tinha cometido o maior erro da minha vida e não havia nada que pudesse fazer para remendá-lo...

 

- Não tem dinheiro para me pagar o que o seu marido devia, mas teve para me mandar matá-lo.

 

- Shhhhhhhh, esteja calado. Ninguém pode saber disso, tá a ouvir?

 

Não estava a conseguir aguentar aquilo que estava a ouvir. Como é que a minha mãe tinha sido capaz de encomendar a morte do pai? Eu sabia que ela não era feliz com ele, mas chegar a este ponto nunca pensei.

 

Sem perder tempo, entrei pela porta dentro:

 

- Mãe, diga-me que o que acabei de ouvir não é verdade....

 

- Ah....filho... por favor perdoa-me, isto não é mais complicado do que parece.

 

- Ai é? Então começe a explicar-me tudo, estou à espera....

 

- Filho, como tu deves ter ouvido, o teu pai era chefe de uma rede de tráfico de droga e este senhor é um dos traficantes. Como nós andávamos, e ainda andamos, com falta de dinheiro, o teu pai só podia pagar aos poucos a este senhor. Só que como ele parece ser muito exigente, quer agora receber o que falta. Mas eu nunca me meti neste negócio, o teu pai falava-me várias vezes sobre isto mas nunca me meti, tou a dizer a verdade.

 

- Então e pode-me explicar o porquê de ter mandado matá-lo?

 

- Eu...eu estava a ficar farta dele, da nossa relação. Farta de sofrer com a crueldade dele, com a insgnificância com que me tratava, como se eu fosse lixo. E depois a atitude que ele para contigo foi a gota de água, tinha de tomar medidas. Quando soube que ele tinha levado um tiro, ainda fiquei com esperança que alguma alma bondosa tivesse feito o serviço por mim e assim não teria de sujar as minhas mãos ou arcar com alguma culpa, mas depois de terem dito que ele tinha sobrevivido, pedi a este homem e dei todo o dinheiro das nossas poupanças para ele o matar.

 

- Esta conversa tá muito bonita mas eu não quero saber. Tem até amanhã para me entregar o dinheiro que falta, senão vai fazer companhia ao seu querido marido juntamente com o filho.

 

O homem saiu disparado e eu e a minha mãe ficámos a sós no quarto.

 

- Filho ajuda-me, por favor. Nós temos que nos livrar dele.

 

- Nós? Não mãe, quem fez a asneira foram vocês. Eu não vou tentar resolver um assunto que não é meu.

 

E saí do quarto enquanto a minha mãe chorava convulsivamente.

 

No próximo e último episódio (1º parte):

 

Encontrei novamente o irmão do Fábio. Por momentos pensei que estava a ver o meu namorado, ele olhava para mim exatamente da mesma maneira que o Fábio, como se gostasse muito de mim. Mas eu não me importava, para além de serem iguais fisicamente, também tinham outros pontos em comum. No entanto ainda não me sentia preparado para começar outra relação, ainda por cima com uma pessoa igual a ele.

Editado por Diogo_M
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