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119: Grandes Despedidas


ATVTQsV

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Como tudo na vida, há sempre um início e um fim.

Na televisão, tal também sucede. Canais de televisão encerram devido a inúmeros factores, entre os quais a falta de audiência, processos de fusão ou questões políticas. Nesta crónica, recolhi alguns exemplares de fechos bem-sucedidos (os fechos de muitos canais são mais automáticos hoje em dia, mostrando uma falta de desprezo pelo telespectador), desde o fim dos anos 60 e de diversas partes do mundo.

ANTES DE 1990

Television Wales and the West (3 de Março de 1968)

Foi a primeira das empresas da ITV a sair do ar formalmente, se bem que em 1964 ela absorveu a Teledu Cymru e passou a ser gestora de duas empresas regionais. O porquê da existência da região era devido ao emissor de Wenvoe estar próxima do mar, que por sua vez conduz ao sudoeste de Inglaterra, o que faz com que o chamado "oeste inglês" com sede em Bristol existisse.

E numa renovação das franquias em 1967, depois da Granada ter cortado a produção de conteúdos em galês (já que tinha uma audiência sombra no norte de Gales por muitos anos) e de problemas com os reguladores, a TWW saiu do ar a 3 de Março de 1968. Numa noite em que o canal não conseguia lidar com inúmeros factores (indignação, raiva, stress...) relacionados com o problema legal, o canal encerrou com um programa de entretenimento (All Good Things) e um epílogo (Come to an End).

A Transdiffusion tem algumas fotos do último programa, quando rolou a ficha técnica, a câmara apontou para o sinal de saída do teatro (ironicamente londrino) onde isto foi gravado (a TWW tinha sede em Londres) e nunca mais ninguém ouviu falar do canal. Nem sequer foram tocados os hinos nacionais, o galês e o britânico. Houve um serviço transitório que durou até Maio, quando a Harlech (mais tarde HTV) entrou no ar.

ABC (28 de Julho de 1968)

No início da ITV, foram concedidas franquias de fim-de-semana às três grandes regiões de Inglaterra. Este formato perdurou depois da renovação dos contratos em 1968 - e até à unificação das marcas em 2002 - em Londres. O centro e norte, que tinham a ATV e a Granada respectivamente nos dias da semana, tinham a ABC aos fins-de-semana.

Uma das principais produtoras de conteúdos para a ITV nos anos 60, a ABC encontrou-se em situações problemáticas para a renovação dos contratos, depois da divisão da área da Granada em duas (a Granada ficou com a zona ocidental e a Yorkshire com a oriental) e uma tentativa falhada de emitir em Londres aos fins-de-semana, acabaria por não ter mais rumo como franquia e quem trabalhou lá mudou-se para a Thames.

As gravações áudio da Transdiffusion revelam o que passou na última noite na zona norte, promovendo a primeira série da YTV, antecedendo o último epílogo, comparando o reino do céu com a ITV na altura.

A seguir ao último programa, ambas as emissões separaram para dar as últimas despedidas, dando o último boletim meteorológico, a esperança de um regresso, o fim de uma era na televisão (a primeira da ITV), explicando as mudanças na região norte, a divisão da Yorkshire e ITV. O tema completo da ABC (que era usado no fim da sequência do arranque das emissões) foi tocado uma última vez, e depois o hino nacional. Foi a última vez que o hino foi usado numa franquia da ITV na zona, a Granada não tinha tocado desde o dia 1 por opção própria, já a Yorkshire recusou também, seguindo os princípios da BBC 2 (a desculpa inicial, segundo um recorte de jornal partilhado pela Transdiffusion, era porque a programação continuava por mais um pouco na BBC 1 - e nas noites em que a BBC 2 fechava depois?). Cerca de dez segundos depois do fim do hino, os emissores foram desligados.

ATV Londres (28 de Julho de 1968)

Embora a gravação seja incompleta na mesma, temos o último epílogo da ATV em Londres, já que a ATV continuava a emitir no centro de Inglaterra. O epílogo está cortado, pouco depois o locutor que aparece no ecrã refere as novas empresas: a substituta da Rediffusion, a Thames, e a da ATV, a LWT. Como é de praxe, esta despedida também agradece aos seus telespectadores. Não existem gravações áudio do fecho da Rediffusion, pelo que sei.

Rede Tupi (18 de Julho de 1980)

A descoberta do ano foi o encerramento da Rede Tupi, mais concretamente da TV Tupi do Rio, já que a de São Paulo esteve fora do ar desde o dia 14. O primeiro a encerrar as emissões naquele fatídico dia foi na virada, quando a TV Marajoara (primeira de Belém e da região Norte) saiu do ar depois de um filme, o resto dos canais que saíram do ar foram cassados no decorrer do dia, por técnicos do DENTEL.

Até Julho de 2020 (poucos dias antes do quadragésimo aniversário desta tragédia) só existiam imagens de reportagens, entre os quais uma do Jornal Bandeirantes onde vemos os técnicos a cortarem o sinal. Nos últimos minutos ouvimos Cévio Cordeiro a pedir pela continuação. "Até breve", diziam eles. Afinal, acabaria por ser um "até nunca".

Três das filiais da Rede Tupi foram dadas ao Sílvio Santos e outras quatro ao Grupo Bloch, e o resto é história, SBT e Manchete, depois a Manchete teve as crises, sumiu, entrou a RedeTV!.

TBC (30 de Novembro de 1980)

Embora existam gravações inteiras do fim das emissões de rádio no mesmo dia, quer em onda média quer em FM, os registos em áudio ou em vídeo do encerramento da TBC - primeiro canal privado sul-coreano - são escassos. Existem gravações do último programa, Adeus à Família TBC, sendo que no fim fecharam-se as cortinas e não sabemos se, como na rádio, houve hino nacional.

Para dar algum contexto à saga, umas semanas antes o presidente coreano Chun Doo-Hwan, de modo a prevenir desinformação, aumentou o poder de uma lei que veio depois de dois incidentes no outono de 1979, o assassinato de Park Chung-Hee a 26 de Outubro e o golpe de estado de 12 de Dezembro. A 11 de Novembro de 1980 foi forjado um plano para melhorar a imprensa coreana. O número de jornais em Seul foi reduzido de 7 a 6 e o número de jornais regionais de 14 a 10. Duas agências de notícias entraram em processo de fusão e criaram a agência Yonhap. Na rádio, algumas rádios privadas acabariam por se sucumbir à KBS, a rádio cristã CBS estava impedida de passar ou dar notícias e a MBC virou (até 1989) uma divisão da MBC.

A TBC tornou-se na principal vítima desta fusão em massa.

Aqui vemos a grelha de programas para a última noite, emitido na véspera (29 de Novembro), o vídeo está a preto e branco, já que na altura o governo coreano acreditava que a televsão a cores trazia mais desequilíbrio às famílias.

Aqui colocaria o que existe do programa de despedida, mas devido a uma zaragata da SBS, o embed do vídeo está proibido. Assim só posso dar o link.

Pelo que sabemos, no fim do programa todas as pessoas subiram ao palco e não conseguiram esconder a sua tristeza, alguns até tinham sido proibidos de actuar em programas de televisão por alguns meses. A KBS ficou com os activos todos da TBC e o canal de televisão cedido à KBS 2, sendo que foi neste dia que começaram as emissões a cores na Coreia do Sul, uma espécie de revival foi criada em 2009 quando o governo estabeleceu quatro canais generalistas por cabo, entrou no ar a 1 de Dezembro de 2011 como JTBC e nos últimos anos tem até ultrapassado os generalistas terrestres em termos de audiência.

ATV (31 de Dezembro de 1981)

Em 1980, três franquias não renovaram o contrato para 1982, a ATV, a Westward e a Southern. Da Westward existe pouco e não foi grande coisa, porque em Agosto, apesar de ainda manter o nome Westward, já era controlada pela TSW, que só assumiria o nome na virada do ano (consta que no fim da emissão pouco depois, mencionaram por engano a Westward).

A ATV, a segunda franquia da ITV, já apareceu aqui com o fecho das emissões em Londres, os restantes treze anos foram ocupados no centro de Inglaterra.

Devido a desavenças entre a empresa e a IBA, no que diz respeito à programação local, a ATV não conseguia continuar a emitir e teve de ceder a sua antena a uma nova empresa, a Central, cujo nome já aludia à posição geográfica, o encerramento foi como mais um fecho normal, mas com um locutor de continuidade a aparecer no ecrã, por ser a última emissão, sendo este o único traço de homenagem nesta despedida. Pela última vez a ITV na região emitia o hino nacional e o relógio, a Central ainda usava a dita por bem pouco tempo.

Southern (31 de Dezembro de 1981)

https://www.youtube.com/watch?v=y2QS-aLGSGE

O URL não carrega, mas o último programa da Southern, que foi prolongado até bem perto das 00:45 (quase três quartos de hora depois da licença ter sido expirada) foi um dos programas mais estranhos da história da televisão britânica, na prática foi tida como uma homenagem à Southern como uma empresa de classe. O fim compensa, numa despedida emotiva de Christopher Robbie aos telespectadores, aparecem as personalidades da Southern, umas iriam para a TVS e outras sairiam. Quando a música atingiu o seu climax final, as luzes apagam-se e aparece pela última vez a logo da Southern, que gira e depois desaparece em modo "poético". Uma das despedidas mais arrebatadoras de um canal de televisão.

TV6 (28 de Fevereiro de 1987)

O canal generalista para jovens arrancou a 1 de Março de 1986 e era detida simultaneamente por três empresas: a produtora cinematográfica Gaumont que lhe trouze o catálogo de filmes e séries, a rádio NRJ que lhe oferecia os locutores e o know-how e a Publicis, que geria o canal e explorava a publicidade. Este agrupamento foi liderado por Gilbert Gross. Uma polémica estalou entre a TV6 e a Métropole Télévision, proprietária daquilo que viria a ser a M6. Como a concessão não foi renovada, um concerto-protesto foi organizado nos Campos Elísios e o canal saiu do ar à meia-noite com uma paródia à Guerra das Estrelas. Na manhã seguinte a M6 entrou no ar.

Na altura em que a TV6 saiu do ar, a TF1 ainda era do governo e acabaria por ser privatizada com sucesso em Abril.

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Grande tópico, falta-te só da também francesa La Cinq que no seu ínicio pertencia ao império Berlusconi e foi entrando em muitas dificuldades financeiras na sua curta história de 5 anos. No entanto, ainda hoje o seu encerramento por ordem dos tribunais é polémico em França.
 

 

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O mais épico que já vi foi o fim da Deutscher Fernsehfunk. Acabaram as emissões na passagem de ano de 1991 para 1992 com a típica gala de Réveillon que costumava colocar no ar há anos.

A 1 de Janeiro de 1992 começavam a emitir as novas emissoras locais nos novos Bundesländer que surgiram com a anexação da RDA na RFA.

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ANOS 90

Deutsches Fernsehfunk (31 de Dezembro de 1991)

A reunificação da Alemanha trouxe um efeito bastante nocivo à antiga DFF, cujo primeiro canal foi cedido à ARD a 15 de Dezembro de 1990. No tempo que restava à DFF, antes da reorganização do sistema regional, a DFF mudou-se para o antigo segundo canal (Länderkette - ou Canal dos Estados) e continuava a explorar os noticiários regionais para cada estado nas frequências da ARD. A dissolução acabou a 31 de Dezembro de 1991 depois a aprovação de novos entes regionais, o aumento da NDR para cobrir toda a costa norte e a criação de duas novas entidades, a ORB de Brandemburgo e a MDR no sul da antiga Alemanha de Leste.

O JDaman publicou mais um vídeo, mas eu só me limitei ao básico, os últimos minutos. Pelos vistos a única gravação que vi até hoje é da MDR - gostava de saber como era na NDR!

La Cinq (12 de Abril de 1992)

O canal foi fundado por Silvio Berlusconi em 1986 como o primeiro canal privado completamente gratuito em França, fundado a 20 de Fevereiro de 1986, pouco antes do início da TV6, passou por muitos problemas nesta fase e em 1990 foi vendido à editora Hachette. Nos dias antecedendo o fim foi anunciado o programa de despedida Vive la Cinq com muita expectativa, anunciando à meia-noite o eclipse total, pela primeira vez de um canal de televisão em França.

No fim do programa aconteceu o tal eclipse. Dezenas de funcionários assistem, emocionados, ao encerramento do canal, onde uma última contagem no playout leva a uma transição lenta a uma cena de um planeta de mármore com o 5 do seu logo a girar, sendo eclipsada pelo planeta da estática, à medida que se tocavam os acordes de um rearranjo de Assim Falou Zaratrustra (primeiro tema do noticiário do canal), seguido da frase "LA CINQ PEDE DESCULPAS POR ESTA INTERRUPÇÃO DEFINITIVA DA IMAGEM E DO SOM". Foi seguido por um simples e directo "ACABOU", que durou até poucos segundos mais tarde, derramarem a última gota do canal.

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A Arte apoderou-se das frequências à noite, cedendo-as de dia à Télé Emploi, uma série de experiências temporárias exploradas pela France Télévisions, que mais tarde mudou para um canal definitivo, La Cinquième (mais tarde France 5), depois com a TDT os canais passaram a emitir 24/24 para todos e o resto é história.

A La Cinq tinha dezenas de telefilmes pendentes (para cumprir com normas do Conselho Superior do Audiovisual) que nunca foram para o ar. Na calha estavam alguns desenhos animados co-produzidos (com a IDDH) e alguns estrangeiros das quais tinha os direitos, com o fim do canal estas séries passaram a outros canais. Havia também um concurso feito para concorrer com a Roda da Sorte francesa. Tal não veio a ser concretizado noutro canal.

Até hoje o fecho da La Cinq é tido por muitos como polémico. Em 1997 falava-se na criação de um canal de cabo, sob a égide da TV 55, que iria emitir legalmente a partir de Andorra, mas os planos acabaram.

TSW (31 de Dezembro de 1992)

Apesar da TSW, que tinha comprado os activos da Westward ainda no tempo do contrato em 1981, ter dinheiro para continuar no ar, se ganhasse, o serviço teria sido operado a baixo orçamento. Como tal teve de passar o seu serviço a uma nova empresa, a Westcountry, na passagem de ano.

Esta foi a última vez que os telespectadores viram a locutores de continuidade na sua região, passado estes dois minutos ligou-se ao noticiário da ITN (por volta das 23:55).

TVS (31 de Dezembro de 1992)

No extremo sul do Reino Unido, onde as antigas empresas iriam sair do ar, estas franquias não emitiriam o programa de despedida da Thames. A TVS criou o seu programa, que acabaria por criar um grande contraste com o fecho da Southern, se a Southern estava em luto, a TVS celebrava o seu fecho.

Dificuldades financeiras numa região dominada por grandes capitalistas da classe média ditaram o seu fim, dado que uns anos antes foi comprado por Mary Tyler Moore (a criadora das Solteironas e de uma produtora, a MTM), como tal o nome da empresa foi alterado de Television South para TVS Television. Inúmeros factores como a morte do gato Mimsie (que aparecia no separador da produtora) tido como um mau presságio levaram à desqualificação da TVS, sendo que a concessão foi atribuída à Meridian.

Numa clara inversão de papéis, se a Southern pedisse aos seus telespectadores para dizer "obrigado", aqui a TVS agradeceu o seu auditório.

TV-am (31 de Dezembro de 1992)

Foram cinco as franquias que foram de vela, três no sul de Inglaterra, o teletexto (Oracle - Teletext Ltd a partir de 1993) e a programação matinal (compreendida entre as 06:00 e as 09:25), a TV-am, cuja história é demasiado complexa.

Por esta altura (desde 1991) os noticiários da TV-am tinham sido transferidos à SKY News (é de salientar que quando entrou no ar em 1983 a ITN recusou oferecer os seus serviços de informação), aqui vemos o último noticiário deles e boa parte do último programa.

https://www.youtube.com/watch?v=-WEwyCEQWOQ

Últimos minutos (não dá para por embed)

Thames (31 de Dezembro de 1992)

A Thames era uma produtora de conteúdos de qualidade para a ITV e para exportação, era tida como a grife das franquias, herdando o know-how da ABC quando entrou no ar em 1968.

No entanto muitos dirão que o fim da Thames como canal de televisão - e a sua subsequente passagem a produtora independente - significaram um antes e um depois não só na ITV como também na TV britânica em geral.

Quase todo o país emitiu o seu programa de homenagem, que acabou com um breve discurso de Richard Dunn e uma montagem. Depois do último noticiário do ano da ITN, durante a ligação ao Big Ben, foi feita a troca à polémica Carlton, que foi tida como uma franquia de fraca qualidade durante toda a sua existência.

Tele 5 (31 de Dezembro de 1992)

Não, não é o canal de Espanha. Foi o terceiro canal do império mediático do Berlusconi a usar o gigantesco 5, por esta altura já era propriedade do Leo Kirch, cuja gestão durou pouco. Berlusconi compra um canal chamado musicbox (nada a ver com a Music Box britânica) em 1987 e passou a adoptar o nome Tele 5 no ano seguinte.

Graças à pressão de Leo Kirch, ele optou por criar um canal desportivo, a DSF (hoje Sport1) nas frequências. Com esta despedida austera foi feita a troca de canais. No ano de 2002 a produtora Tele München Gruppe ganhou os direitos de uso do nome e criou uma nova Tele 5, que foi comprada em 2020 pela Discovery, fazendo do canal como uma espécie de DMAX de filmes e séries. No entanto, no panorama histórico, uma parte da estética foi recuperada pela RTL 2 ainda em 1993.

Lifestyle (24 de Janeiro de 1993)

No ano de 1993, a WHSmith decide sair do mercado da televisão ao fechar os seus canais. O Lifestyle era um canal de estilo de vida que, no fim da sua vida, passou a incluir alguns concursos e programas americanos antigos, alguns hoje quase ao abrigo do domínio público. O seu lugar no satélite foi substituído pelo canal alemão VOX - hoje um dos canais secundários da RTL alemã.

Screensport (28 de Fevereiro de 1993)

Concebido em 1981 por Rob Kennedy, com a Satellite Television (futura SKY 1) como um dos accionistas, a Screensport começou as suas emissões em 1984, sendo comprada pela WHSmith em 1986. Foi nesta altura (mais lá para o fim da década) que a ESPN aumentou as suas acções e passou a oferecer mais conteúdo. Como os dois canais (este e a Eurosport) estavam a operar em péssimas condições financeiras, associado ao problema da Eurosport com a SKY - o que fez com que a Eurosport começasse do zero em França - foi aprovada uma fusão entre as duas, com o triunfo do Eurosport.

WNYC (30 de Junho de 1996)

"Os treze canais existentes em Nova Iorque são tão irmãos gémeos, tão, tão, que se connfundem uns aos outros..."

Na verdade ainda está no ar, mas falar sobre este canal é complexo.

Primeiro, no mercado de Nova Iorque, existem quatro membros da PBS, duas delas na Nova Jérsia (o norte fica com o mercado de Nova Iorque e o sul com o de Filadélfia). Assim de cabeça, a principal é a WNET em Newark (Nova Jérsia, uma das capitais dos emigrantes portugueses lá) e a secundária é a WLIW em Long Island. Como um condado de Connecticut está no mercado temos um membro da CPTV e uma parte da rede estadual NJTV (antiga New Jersey Network).

Antigamente os canais 25 (WNYE) e 31 (WNET) eram membros da PBS. Em 2004, a WNYE virava um canal independente educativo, com montes de programas em leasing para, entre outras coisas, a diáspora polaca. Por outro lado o canal 31 (WNYC) era tipo uma empresa municipal, operada pela cidade de Nova Iorque. O canal entrou no ar em 1961, com um sinal experimental UHF (WUHF, hoje usado por um outro canal 31, afiliada da FOX em Rochester) e no ano seguinte, com a reconversão do antigo canal 13 privado (WATV/WNTA) num público da então NET (WNDT, mais tarde WNET), integrou oficialmente a NET, mais tarde PBS. Nesta fase tinha um programa de rap, alicerce do futuro Yo! MTV Raps e programas em leasing da Rai, Fujisankei Communications e do canal local Sinovision, conforme se pode ver no início.

 

Nestes últimos dois minutos de emissão vemos uma ficha técnica vastíssima, incluindo os produtores dos seus próprios programas, acompanhada por fogos de artifício. Aparentemente o canal 31 foi "privatizado" e no dia seguinte virou WBIS-TV, num formato que não vingaria.

WBIS (30 de Junho de 1997)

Quem diria? Este canal, apelidado oficialmente como S+ (não confundir com o canal de saúde) começou emitindo programas da Classic Sports Network (absorvida mais tarde pela ESPN) e em Janeiro de 1997 começaria a emitir programação financeira. O formato durou pouquíssimo, aos poucos foi sendo estalado e a WBIS passou a ser afiliada à inTV, um canal de televendas de Lowell Paxson. A intenção dele era comprar o máximo de estações de televisão possíveis e inserir as letras PX para criar uma nova rede, de cariz familiar/conservador, que viria a ser materializado em 1998, a PAX (como consequência virou WPXN em Nova Iorque). Aparentemente comprou demasiadas estações e a rede tem, na língua inglesa, o maior número de postos próprios (até a Telemundo tem mais estações próprias que a NBC do mesmo grupo: 25 deles contra 11 da NBC). Com o passar dos tempos a PAX deixou de lado a veia familiar e passou a ser mais uma tentativa de canal generalista, a I, que virou Ion no ano seguinte.

Max TV (2 de Dezembro de 1997)

O canal neo-zelandês começou a emitir na zona de Auckland a 28 de Outubro de 1993. Era um canal de música, recordado por um dos colaboradores com saudade,  encerrado por pressão da TVNZ, que queria passar a emitir a MTV em sinal aberto. A MTV dificilmente arranjaria lugar e passado meio ano foi de vela.

Pelos vistos o vídeo é contado da perspectiva dos trabalhadores, uma espécie de festa de despedida, onde suponho que no fim vemos o canal a sair de ar no fundo.

Channel One (25 de Setembro de 1998)

Existiram dois canais regionais com esta marca, um em Londres e outro em Liverpool (este último propriedade do Liverpool Echo). O vídeo em baixo é a conclusão do canal de Londres.

Dizem que o canal era melhor que o actual London Live, também dizem que a razão pela qual saiu do ar foi devido à entrada no ar da BBC News 24 no ano anterior. Pelo que se sabe, muitos dos trabalhadores mudaram para o canal de notícias da BBC.

Rede Manchete (Maio de 1999)

A história da Manchete era complexa demais, agora imagine os últimos meses!

Num vídeo que tinha dono - e que entretanto foi kibado por uma dezena de utilizadores - esta gravação tem duas datas. A última vez que o separador da Manchete foi para o ar foi no dia 10 de Maio daquele ano e faliu no dia 18, quando supostamente entrou o slide da TV!. O canal TV Formosa explica (porcamente) o verdadeiro fim:

Resumindo: 10 de Maio de 1999, telespectadores encontram a Manchete a funcionar estranhamente, a venda estava a ser decidida. 15 de Maio, a venda foi aprovada, e a Manchete continuava fora do ar. 16 de Maio, a Manchete ainda é Manchete. Mesmo não pertencendo à Bloch, emitia separadores com a assinatura do grupo (ai ironia). 17 de Maio, quando entrou no ar Pantanal, deixam de ser usados separadores e o nome do canal. Dias depois... sem separadores... sem nome... a Manchete anuncia um novo noticiário, Primeira Edição. 23 de Maio, os novos donos pensam nos programas. 31 de Maio, o nome RedeTV! era divulgado. Junho (ainda sem nome), o canal anuncia o nome RedeTV! em público (o resto é história). 7 de Junho, aparece pela primeira vez o nome RedeTV! nos jornais e entra no ar o separador da TV!. Portanto a Manchete saiu do ar no dia 17 de Maio e não no dia 10, conforme se sabia.

Esta transição de marcas deu origem a alguns equívocos, conforme visto no vídeo em baixo.

Por muitos anos a comunidade televisiva acreditava que o nome do canal era simplesmente TV!, na verdade, conforme já aparecia no dia 7 de Junho, já era usado o nome RedeTV! por parte dos proprietários e tal como aparecia nos jornais. Assim, a TV! foi a primeira fase da RedeTV!.

Rock & Pop Televisión (1 de Dezembro de 1999)

 

 

Um triste fim para um canal que quebrou tabus, já que estava a acumular dívidas. Assim foi feito o fim de emissão, já na nova gestão Canal 2 (a rádio foi vendida). Esta é uma reconstituição, já que eu vi o mesmo vídeo com gravação de cassete. Aparentemente ocorreu por volta da uma da manhã, depois do último programa, El Factor Humano.

O canal 2 de Santiago foi posteriormente ocupado (dizem que ilegalmente) por um pequeno canal evangélico, o VidaVisión, que saiu do ar em 2005  para dar lugar ao canal generalista mais pequeno do Chile, que não importa a ninguém, o Telecanal.

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há 14 horas, ATVTQsV disse:

ANOS 90

Deutsches Fernsehfunk (31 de Dezembro de 1991)

A reunificação da Alemanha trouxe um efeito bastante nocivo à antiga DFF, cujo primeiro canal foi cedido à ARD a 15 de Dezembro de 1990. No tempo que restava à DFF, antes da reorganização do sistema regional, a DFF mudou-se para o antigo segundo canal (Länderkette - ou Canal dos Estados) e continuava a explorar os noticiários regionais para cada estado nas frequências da ARD. A dissolução acabou a 31 de Dezembro de 1991 depois a aprovação de novos entes regionais, o aumento da NDR para cobrir toda a costa norte e a criação de duas novas entidades, a ORB de Brandemburgo e a MDR no sul da antiga Alemanha de Leste.

O JDaman publicou mais um vídeo, mas eu só me limitei ao básico, os últimos minutos. Pelos vistos a única gravação que vi até hoje é da MDR - gostava de saber como era na NDR!

Tendo em conta que era uma Dritte por essa altura, provavelmente passou a emitir a Dritte associada à NDR, tendo em conta que os novos estados do Norte não chegaram à acordo para a criação de uma emissora para integrar na ARD.

Já agora, do que entendi do vídeo (o meu alemão "ouvido" já está a ficar meio enferrujado), o espectáculo foi produção da MDR, mas a emissão dessa cassete é ou da SFB ou da ORB (tendo em conta que o áudio no início não combina).

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ANOS 2000

DIRECTV Japão (30 de Junho de 2000)

O que torna isto único é o facto de que não é o fecho de um canal e sim de uma operadora. Por incrível que pareça, a DIRECTV, que saiu do mercado mexicano em 2005, brasileiro em 2006 e centro-americano em 2007, operou no Japão entre 1997 e 2000. Houve também um período em que a SKY (sim, a SKY na altura de Rupert Murdoch) operou no Japão. Entrou num processo de fusão com a PerfecTV! em 1998, daí o nome SKY PerfecTV!. Mais tarde em Março de 2000, a dita operadora forçadamente compra a DIRECTV japonesa e a televisão paga por satélite virou um monopólio.

Eis o vídeo que terminou as emissões do canal promocional, acompanhado por imagens de promos e excertos dos programas do dito, como o clube de assinantes (eu acho) Club Direct, as emissões de futebol e algumas minudências relativas à operadora.

Viva Zwei (9 de Janeiro de 2002)

O outro VIVA. Para uma imensa porcaria. O canal foi fundado em 1995, tendo sido reformulado um par de anos mais tarde, visando explorar géneros mais alternativos que não cabiam no canal principal, porém no verão de 2001 foi revelado que o canal já não tinha uma condição económica viável para continuar no ar. Assim foi anunciado o fecho das emissões, então programado para 7 de Janeiro de 2002. Foi substituído no seu clássico modo FTA pelo canal VIVA Plus, cinco anos mais tarde cedido ao Comedy Central, temporariamente um canal 24/24. Mais tarde foi a vez do canal principal (já verão).

ITV Digital (30 de Abril de 2002)

Mais uma operadora, o trunfo falhado da ITV para entrar na televisão paga, a ITV Digital, fundada como ONdigital em 1998, tornou-se célebre por ter gasto rios de dinheiro em emissões futebolísticas aquando da mudança de nome em 2001. E ainda há montes de vídeos sobre o tema, eu não vou peidar na farofa agora.

Ekushey TV (27 de Agosto de 2002)

https://www.facebook.com/watch/?v=985443831596273

O Bangladesh, um dos países mais povoados (e pobres) do mundo, conta só com um canal terrestre, a Bangladesh Television. Milhões de pessoas por cabo tem acesso a duas a três dezenas de canais a cabo locais, propulsionadas no fim dos anos 90 pela ATN Bangla e pela Channel I.

No entanto, nesta mesma altura tinha acabado de surgir o plano do primeiro canal de TV privado terrestre do Bangladesh, a Ekushey Television (o nome vem de 21 - no sentido de 21 de Fevereiro que é uma data central na luta pela língua e identidade bengalis) que rapidamente se tornou numa referência entre ricos e pobres, tornando-se supostamente no primeiro canal terrestre privado da Ásia do Sul (na verdade já existiram canais no Paquistão e no Sri Lanka antes dele).

Pelo que ouvi dizer, a razão pelo seu fecho deve-se a uma zaragata política entre a primeira-ministra Khaleda Zia e o uso de empresas estrangeiras para financiar o canal. O vídeo está quase todo em bengali, e não passa de uma espécie de "cassete" com um documentário com depoimentos feitos em 2009, acho que aquando do quinto aniversário do fundador A. S. Mahmud, que a página homenageia), alguns discursos no primeiro dia de emissão (14 de Abril de 2000), o hino do canal com a gente toda contente e a dançar e um documentário feito no décimo sexto aniversário do canal. A despedida naquela fatídica noite de Agosto de 2002 começa aos 1:28:13 de vídeo, durante o documentário, onde o apresentador do noticiário, pelos meus conhecimentos residuais de bengali, agradece também aos técnicos que levaram o sinal. Ekushey Television, "a sua televisão".

O canal voltaria ao ar quase cinco anos mais tarde, em Abril de 2007, mas como um canal de cabo. Ao que consta, quando a ETV saiu do ar, uma parte dos trabalhadores mudaram-se para a NTV. O que é pior: o separador e logo da ETV ainda estão em uso mais de vinte anos depois do canal entrar no ar.

Channel U (31 de Dezembro de 2004)

Embora o canal continua no ar - sensivelmente dezasseis anos mais tarde - aqui o canal foi vítima de uma fusão, integrando (forçadamente) a oferta de canais da Mediacorp. Foi lançado a 6 de Maio de 2001 como o primeiro dos dois canais da SPH MediaWorks, fundada pela detentora do monopólio virtual dos jornais singapurenses, a Singapore Press Holdings, que aproveitou a oportunidade para comprar algumas rádios (que ainda estão com ela). A Mediacorp ficou com os activos da televisão e da imprensa grátis, sendo que a SPH permaneceu na rádio e na imprensa. Na prática, em Portugal seria algo assim: temos a RTP, representando a Mediacorp, a dominar a televisão, e uma empresa ligada ao DN/JN que domina a imprensa e quebra o monopólio televisivo. Os canais não andam a correr bem audiometricamente e as duas entram em processo de fusão. Este foi o único dos dois canais que sobrevive até hoje.

O canal saiu do ar por volta das quatro da manhã, já nas primeiras horas de 2005, na sequência da repetição do último noticiário das 10, terminando numa retrospectiva, e depois a sequência de encerramento normal, separador, hino, mira. A Mediacorp ainda preserva o esférico do U, que para o ano faz 20 anos.

Channel I (31 de Dezembro de 2004)

Menos sorte teve o canal em inglês, cuja principal concorrência era o Channel 5 - completamente em inglês desde 1994 - e que deu uma de FORTA ao mostrar dificuldades em obter conteúdos das grandes produtoras, sobretudo na fase inicial como TV Works que nem um ano durou. Com a chegada da marca Channel I em 2002, passou a concentrar-se em duas novas pedras basilares: filmes e desporto.

Depois de uma profunda análise, a Mediacorp (que já tinha o Channel 5, a Channel NewsAsia e boa parte do Central em inglês) achava que manter o Channel I era economicamente impossível, e a decisão de encerrar foi tomada em Dezembro, a meta era dia 31. O canal fechou à 01:30 depois de repetir o seu último noticiário, com uma breve retrospectiva dos seus programas de informação, um discurso de despedida e, a seguir ao separador, um comovente vídeo de despedida.

Nos dias anteriores à despedida foi emitida esta promo:

Era um claro sinal de que muita gente gostava da concorrência, seria tipo se a RTP absorvesse os activos da SIC e da TVI.

ITV News Channel (23 de Dezembro de 2005)

Devido a problemas face ao lançamento da ITV 4 - que inicialmente estava previsto a substituir a Men & Motors mas a chegada à Freeview complicou as coisas - e pelo facto de dois canais normais de notícias made in UK já darem boa conta do recado, a ITV retirou-se da concorrência. O seu canal entrou no ar em 2000 sob a insígnia ITN e passou a usar a da ITV News em 2002. Eis um excerto da despedida, existem cópias do programa completo na net.

XXP (31 de Agosto de 2006)

Mais um canal FTA alemão. Nna altura da sua despedida, o XXP que era do Der Spiegel foi comprado pela Discovery, como resultado, os documentários realities da Discovery que anteriormente eram emitidos pela RTL II mudaram-se para o DMAX progressivamente. Isto também serviu de plataforma para a Discovery lançar a sua nova marca neutra de "entretenimento", a DMAX, o Blaze da Discovery. Nalguns mercados é um Discovery grátis, já que a temática actualmente é puramente masculina.

UPN (15 de Setembro de 2006)

Esquecida por muitos nos anais da história da televisão, criada à base de mudanças no alinhamento televisivo em meados dos anos 90, o canal na altura era detida pela  CBS, que se separou da Viacom no início do ano. A 23 de Janeiro a UPN e a WB anunciaram uma fusão prometedora que implicaria o início da CW. Algumas filiais que eram detidas pela CBS (como a do vídeo - KBHK - já KBCW na data desta gravação) adoptaram a designação da CW antes do tempo, num processo que era faseado. Muitas das filiais que eram da UPN mudaram-se para a MyNetwork TV, da FOX, que hoje só faz gazeta. No caso de São Francisco (onde isto foi gravado), a MyNetwork TV, ao contrário de casos parecidos com este, não mudou para o canal 20 que era da WB (e virou independente) mas sim para o 4 da KRON, independente desde 2001 (antiga filial da NBC). Por ter pouca relevância não houve tempo para uma despedida a sério.

The CW (17 de Setembro de 2006)

Dois dias depois do encerramento formal da UPN, foi a vez da WB se despedir do seu auditório, muitas das filiais da WB passaram a emitir a CW, em zonas como Seattle, São Francisco e Tampa, já que a CBS detinha as filiais da UPN, viraram de outro canal (sobretudo da rede oposta).

A WB despediu-se com episódios piloto das suas séries de sucesso, fechando a emissão em rede às 22 horas com o vídeo de cima. O que é incrível é que a cabeça de rede em Nova Iorque, a WPIX (canal 11, da Tribune), em vez de passar o vídeo, fez uma transição (tipo RTP 1 em 2004) em que apareceram os logos antigos e no fim foi revelado aos telespectadores o novo:

RCTV (27 de Maio de 2007)

A Globo da Venezuela, tida por Chávez meio ano antes como um canal "golpista" e que não iria renovar a sua concessão.

Muita gente já ouviu falar da RCTV, algumas das suas novelas foram emitidas na televisão portuguesa nos anos 90, nos anos 2000 o nome da RCTV veio à tona graças a esta despedida que muita gente considera como um ataque à liberdade de expressão. As imagens falam por si, sei que o separador da TVes esteve no ar cerca de vinte minutos, seguido por uma versão orquestral do hino venezuelano (comparem isto ao hino cantado pela equipa da RCTV - hoje os meios estatais passam uma versão do hino cantado por Chávez - e há quem diga que o SIBCI viola todas as leis da CONATEL, até vi a VTV a desrespeitar a lei do hino nacional obrigatório ao passar dois minutos depois da hora pedida).

TVE Brasil (1 de Dezembro de 2007)

O governo, visando a criação de uma rede pública mais coerente, acaba com a TVE Brasil, gerada a partir do Rio de Janeiro, e por conseguinte, da TV Nacional de Brasília e da TV Educativa do Maranhão. O vídeo não é a última emissão. Ao que se sabe, o fecho deu-se ao meio-dia de 2 de Dezembro, dia da primeira emissão da TDT no Brasil.

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