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70: Big Show SIC


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[delírio ON]

"Boa noite. Está no ar o Nem Com Cinco Salazares Este País Ia ao Sítio, o seu programa semanal de entrevistas e de debates sobre grandes assuntos nacionais. Semanalmente, vamos debater aqui temas que nem sequer a cúpula dos media teimam em falar.

O visado desta semana é Ediberto Lima. O que seria da vida dos portugueses e da televisão portuguesa sem esta figura carismática? Teríamos uma televisão mais monótona ou será que a monotonia de hoje seria uma realidade muito mais cedo graças à falta dele? Hoje, um programa que nós amamos muito, a Tua História de Subestação, fez uma reportagem inédita sobre o programa que ele criou, o Big Show SIC."

[delírio OFF]

Ediberto Lima. Um homem brasileiro que mudou o rumo da história da televisão portuguesa. Já aqui falei sobre um dos três programas que ajudou a SIC a atingir o nirvana nos anos 90, o Buéréré, e sobre o Muita Lôco ainda tenho de ver mais excertos deste e da alegada inspiração (o Programa Livre).

Para trazer o conceito de "programa de auditório brega e povão" para a televisão portuguesa, Ediberto Lima foi a uma loja de conveniência de uma bomba de gasolina. Na altura, cassetes dos chamados artistas "pimba" vendiam que nem pães quentes (estas e as cassetes de audiopornografia). Numa altura em que se achava que a cultura pimba estava caída, e a aproveitar a onda de sucesso que estava a gerar Emanuel, o auto-proclamado "rei do pimba", Ediberto Lima cria o Big Show SIC.

O genérico do programa era extremamente brasileiro. Primeiro, tem a cara de um programa de variedades da altura da Globo, do SBT, da extinta Manchete, da Band, até da TV Maresol, com todos aqueles néons. Segundo, a cover de Valeu, Vale Tudo de Tim Maia, cantado por João Baião (primeiro hino do Big Show SIC). Isto é fortemente justificado pelo facto de ter um programa com conceito brasileiro. Só mais tarde ainda nos primeiros meses surgiu o tema de que toda a gente (menos eu, que apesar de viver ainda na segunda metade da vida do programa), com a frase da "televisão em movimento", da qual o próprio Ediberto Lima deve todos os royalties.

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O Big Show SIC era semanal e estreou no dia 26 de Março de 1995. O programa tinha periodicidade semanal, passava aos sábados em horário nobre. Este programa estava na antecâmara de muitos outros que vieram ao longo de mais de vinte anos, desde o Made in Portugal (que era um programa de telediscos) ao Domingo Fantástico, ao fundo do mar do Verão Total e na secção de congelados do Aqui Portugal, junto ao Somos Portugal, onde o esquecido Portugal em Festa (o ostracizador dos filmes dos sábados) esteve presente em seis dos sete continentes (e com bastante polémica). Se bem que a fórmula do Big Show SIC era mais do que um mero programa de entretenimento barato - ao ser em estúdio, o Big Show SIC não tinha o problema recorrente de ser afectado por uma chuva. O formato era mais variado, pois estava longe de ser os big shows da TVI aos domingos à tarde só com música pimba, pois este programa tinha actuações musicais pimba e não só; concursos como o Cidade Contra Cidade e entrevistas do filé:

A rubrica Olá, Princesa, apresentado pelo jovem Tiago Retrê, mostrava o facto de que isto era um programa para toda a família - até o Buéréré, outra criação de Ediberto Lima, falava aos sábados sobre o Big Show SIC da mesma noite, num programa que reunia milhões de telespectadores para destronar a hegemonia de Herman José.

Como já disse, não só de convidados pimba vivia o Big Show SIC. Iam lá actuar artistas consagrados de muitos ramos da música nacional, como os Santamaria.

Já num registo mais pimba, Iran Costa foi ao programa nos primórdios para actuar o seu sucesso, É o Bicho:

O programa dava a conhecer os novos talentos da música através de provas, entre as quais uma jovem Luciana Abreu, longe de imaginar que, meia dúzia de anos mais tarde, seria a personagem principal da Floribella, a droga mais ou menos recordada de 2006:

Mas quem cantava mal era levado para fora por causa do Macaco Hadrianno. Apesar do nome ter a mesma pronúncia de "Adriano", ainda há imensa gente que escreveu mal o seu nome, e poucos sabiam o seu nome verdadeiro. Este ícone, interpretado por Carlos Ferreira, aparece neste vídeo já liberto em frente a um cantor de uma cover de É o Bicho, numa emissão de 1997.

O sucesso do macaco Hadrianno era tal que haviam músicas em seu nome, e até um álbum dele com a Ana Malhoa. Eis a sua própria versão do tema das vogais do Buéréré:

Porém a estrela do programa, ainda na fase de ouro em 1996, viria a ser Saul Ricardo, que se estreou a cantar covers do Quim Barreiros. Passou a ser um jovem prodígio da música pimba e até gravou tema próprio.

Acreditem ou não, no verão fiz esta mistura entre uma actuação do Saul e uma música do Sandu Ciorba. O melhor pimba de dois povos :D

Por volta de 1996/1997 (segundo um dos donos da Enciclopédia de Cromos foi durante uma temporada, e guiei-me numa sátira da Herman Enciclopédia) houve o concurso Cidade Contra Cidade, em que as cidades competiam entre si em diversos temas, da música à moda. Havia também o Sabe Tudo, que supostamente era um concurso de cultura geral, e, segundo a Enciclopédia de Cromos, as influências brasileiras não paravam aqui, pois tinha uma emulação da Escolinha do Professor Raimundo, a Escolinha do Professor Baião.

"Muitos também recordam a rábula "A Escolinha do Professor Baião", uma adaptação da famosa "Escolinha do Professor Raimundo" de Chico Anysio, com João Baião no papel de professor e actores como Joaquim Monchique, Delfina Cruz, José Raposo, Maria João Abreu e Carla Andrino a fazerem de alunos endiabrados, se bem que a personagem mais famosa era o gay Mário Jorrrrge, interpretado pelo desconhecido Old Soares, que também era assistente de realização do programa, dirigido pelo brasileiro Ediberto Lima que já tinha abordado um conceito semelhante em "Muita Lôco"."

Em 1998, quando foi estreado o novo cenário, João Baião caiu.

O programa foi dotado de uma longevidade que mais nenhum programa do género teve, sobretudo na primeira década da SIC: esteve no ar durante seis anos, e teve a sua última emissão no dia 3 de Junho de 2001. O programa foi claramente afectado pela subida da TVI à custa do Big Brother, porém a SIC tinha armas potentes para tentar acabar com a nova hegemonia. Durante os dois períodos em que o DOT esteve em vigor, um deles começou no dia depois da estreia do Big Brother, e este segundo período do DOT coincidia sobre o primeiro Big Brother. Outra das cartas na manga era o Topo Gigio, que regressou à televisão portuguesa depois de quase vinte anos de ausência, e que não resultou. Parece que 1981 chamou e quis o Topo Gigio de volta.

Quando o programa terminou, a televisão portuguesa nunca mais teria algo parecido. O Portugal em Festa, Aqui Portugal, Somos Portugal, Bacalhau com Portugal, Bacanal Português, Festa Portuguesa, Santa Maria de Rebordões em Festa e Brasilistas Portugueses em Festa (alguns destes prorgamas são invenções minhas) acabariam por ser clones da mesma fórmula de baixo orçamento com recurso a 760/761 em todo o santo programa. No entanto, em 2012, quando a SIC fez 20 anos, falava-se no seu regresso, mas com nova apresentadora, pois o Baião estava na RTP na altura. Infelizmente (ou felizmente?) o prorgama nunca regressou. Se regressasse, teria sido pior do que nos anos 90: só música pimba e falta de entretenimento. Sei que em 2014 houve uma experiência parecida mas era uma desgraça, adaptada de um formato de Ant and Dec e não merece ser recordado.

[delírio ON]

"Não se esqueça de debater o que seria da nossa televisão sem Ediberto Lima. Obrigado a todos, boa noite e até à próxima semana, aqui na TV Maresol.

[tema do Nem Com Cinco Salazares Este País Ia ao Sítio]

Este programa é uma produção independente e todo o seu conteúdo é da inteira responsabilidade dos seus idealizadores.”

[delírio OFF]

Materiais de estudo:

Tudo Incluido:

"Da Big Sou XI" no Tumba! Momentos de Relativa Boa Disposição:

Resumo do programa na Herman Enciclopédia:

 

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