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54: Biggs


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Com certeza, nunca ouviram falar da célebre expressão "nem com cinco Salazares este país ia ao sítio". O quê? Célebre? Aquilo foi só criado para promover um site de humor, o Templo, ali pelos idos de 1999/2000. Agora troquem "Salazares" por "pais" e "país" por "canal": "nem com cinco pais este canal ia ao sítio". Falamos, ora, do canal que hoje chamamos de Biggs, mas que nos seus primeiros quatro anos de vida era o Panda Biggs.

Aliás, Biggs, o nome actual do canal, era o nome de nascença quando o canal recebeu uma licença da ERC no verão de 2009. Quando li a notícia nem sequer percebi a ligação do nome do canal à suposta temática e eu iria jurar que era um canal de filmes como o Hollywood ou parte da grelha do MOV. A ERC, na altura, concedeu quatro licenças: a licença para aportuguesar o Panda e o Hollywood, uma para o MOV e a deste canal para eventualmente dividir o antigo Panda em dois. Porém, hoje descobri que o nome de nascença do Biggs era outro: Bute.

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Certamente, muitos de vós andam com gigantescos sinais de interrogação sobre as vossas cabeças a questionar perguntas tipo "Bute? Isto é de que ano?", "Não sabia que o Biggs era Bute", "Afinal o que é que quer dizer Bute?". De acordo com o criador da marca Biggs, o Nuno Belmonte (que também criou a marca da ZON em 2008 e a nova da PT em 2009), o nome do canal, derivado da expressão para "vamos!" aliado ao ícone da seta sugerem que este canal seria o "ponto de encontro" dos que cresceram o Panda.

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A expressão Bute aliada ao nome de um canal de televisão para as crianças da geração SMS não iria convencer, dado que, segundo a minha teoria, a dita expressão iria cair em desuso e mais e masi pessoas iriam aliá-la ao canal do que ao significado. Eventualmente foi escolhido o nome Biggs, supostamente para aliar mais ao "target", mais tarde foi adicionado o nome do Canal Panda - obviamente se fosse "Canal Panda Biggs" iria ser complicado. Assim ficou só "Biggs".

O canal arrancou as suas emissões experimentais nos últimos dias de Novembro de 2009 para quem tinha boxes da ZON como eu. Na fase experimental só emitia uma imagem estática de uma personagem (acho que era do Beyblade) "colada" ao ecrã, como que a incitar ainda mais o slogan do canal ("nem cabe na tua televisão") ao som do hino do canal. Uns dias depois, a 1 de Dezembro de 2009, o canal arranca definitivamente as suas emissões. E isto iria marcar o início de uma nova etapa para o Panda, da qual falarei a seguir.

Ora, o Panda, como muitos de vós sabem, passou a incluir mais e mais programas pré-escolares na grelha a partir de 2005, quando as pragas da RTP juntaram-se à grelha do Panda. Obviamente para que o Panda não tivesse de passar por mais problemas de targets e afins, com a criação do Biggs houve uma subida substancial daquilo que era abebezado e algumas das séries mais antigas (legendadas até) deixaram de estar a dar no canal. Nos últimos meses em que o Panda emitia séries legendadas, era mais quando o canal estava perto de fechar ou logo depois de abrir. O Doraemon, nos seus últimos meses legendado, deu às 23:30 e 07:00.

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Como já referi aqui, o canal foi lançado como Panda Biggs na ZON. Isto porque o Panda Biggs foi o trunfo da ZON para combater a SIC K, que desde o seu nascimento tinha traços parecidos ao Panda Biggs. Porém o Panda Biggs foi mais à base da expertise do Panda para os telespectadores mais crescidos que já estavam a ficar chatos do Panda. Era cada série pré-escolar e irritante até mais não que queriam voltar a ver séries obscuras da Europa ou da Austrália como na fase anterior, mas já não rendia.

Infelizmente não tive a real gana de gravar o lançamento, mesmo com ZON BOX, portanto creio que saltou da imagem estática com o hino do canal directamente para a emissão. Emissão que ia, tal como o Panda, das 5 da manhã até à 1 do dia seguinte.

Na primeira fase do canal, algumas séries "emigraram" para o novo canal: Keroro, Doraemon (inicialmente deram a nova série de 2005 mas depois passaram alguns da antiga), Doraemon e afins, e juntaram-se novos títulos como Huntik (a série era má mas o genérico compensava), Chaotic, Sakura (que em 2009 já não constava da grelha do Biggs), etc. Depois juntaram-se mais séries: A Família Steven, Cubix, Mushiking, etc. A 1 de Fevereiro de 2010, o canal chega ao serviço analógico da ZON, no lugar do Cartoon Network, depois de uma revisão da grelha. Seguiram-se mais operadoras: a Cabovisão a 30 de Março de 2010 (durante as férias da Páscoa) e a Clix TV a 24 de Abril do mesmo ano (para que os clientes passassem um feriado em grande).

Porém nem tudo no Biggs era uma injecção de adrenalina. Logo desde o primeiro dia, o canal emitiu telenovelas infantis para meninas. A primeira foi O Mundo de Patty que já deu na SIC e andou a sugar-me a paciência por ser interminável. O Biggs também passava os seus programas de produção própria: emitia telediscos das quais às vezes metia numa pseudo-rubrica que era o Artista do Mês, tinha a Agenda Biggs, o Bigg Star que entrevistava celebridades de interesse aos telespectadores e a Geração Net que era tipo as Dicas da Internet da RTP N mas mais jovem.

Como o Biggs era um canal demarcadamente "tween" (na altura em que surgiu o Tween Box não sabia o seu significado), o canal ainda emitia algumas séries legendadas, com um erro ou dois de escrita (e possivelmente de gramática). Muitas das séries foram esquecidas, em particular uma bizarra série neozelandesa, Hard Out, de 2003. Ou o caso de Naturalmente Sadie, onde na própria legendagem dizia "Adolescente por Natureza" (que era o título brasileiro da dita).

O símbolo do canal inicialmente era um pouco "sujo", só colocaram as partes a roxo nos primeiros dias de emissão. Passado alguns dias o problema foi corrigido.

Ainda em 2010, o canal estreou Morangos com Açúcar, a partir da primeira temporada. O canal ainda emite e hoje em dia é das séries mais vistas do canal.

Ao fim de um par de anos o Panda Biggs teve a sua primeira mudança gráfica, no outono de 2011 o DOG do canal foi alterado para o desta imagem:

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A 29 de Junho de 2012, a MEO passou a ter o Panda Biggs na grelha. Só chegou à Vodafone em 2013, mas pronto, já o canal perdeu algum do seu vigor. Mas o canal ainda emitia animes a sério para crianças e ninguém se queixava.

O canal decidiu estrear a série Shin-Chan em 2013, à noite. Deram 26 episódios até ao verão seguinte quando estrearam mais 26. O Shin-Chan que dava no Panda Biggs era basicamente a mesma versão do Animax: versão japonesa por via da catalã Luk Internacional, onde a série é popular (se em Espanha já o é, imaginem na própria Catalunha!).

A 1 de Dezembro de 2013, o canal, de modo a distanciar-se do imaginário abebezado do Panda, passou a ser chamado de Biggs, se bem que nos separadores do canal já o chamavam de Biggs. Dias antes da mudança, o próprio site e as redes sociais já o chamavam de Biggs.

Porém com a mudança para Biggs, o vigor e a irreverência do canal começaram a desaparecer. Entraram em cena séries que não animes e uma parceria com a DreamWorks Animation para emitirem as suas séries que noutros países eram da Netflix. Mas ainda assim havia esperança, pois davam filmes da Sailor Moon, até filmes do Dragon Ball mesmo sem ter os direitos e, depois, passaram a emitir menos filmes, acho que chegaram a dar o primeiro do Shrek, ainda porque Shrek is love, Shrek is life.

O canal renovou os 

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Polémicas

Esta parte da THdS sobre o Biggs merecia ter mais destaque, pois a subita popularidade do Shin-Chan nos últimos anos começou a gerar alguma consternação dos pais, e isto já foi antes de 2016.

A 12 de Junho de 2010, o blog Mundo da Verdade postou imagens do Biggs a emitir um desenho animado com uma menina nua (suponho que era um dos filmes do Corto Maltese, o Corto Maltese na Sibéria) mas ainda assim não gerou consternação dos pais. Só em Setembro de 2015 é que começou a surgir um texto que incitava aos pais de deixarem de ver o Shin-Chan aos filhos, publicado no site da revista Sábado da casa das verdades que é a Cofina.

A verdadeira polémica só chegou em Dezembro de 2016. Desta vez não chegou sozinha: primeiro recebemos censura de beijos lésbicos (como se a censura das temáticas lésbicas em Steven Universe no Cartoon Network não bastasse) na série Sailor Moon Crystal e, depois, o caso de uma cena de um episódio chatíssimo do Shin-Chan que levou à proibição da dita. No ano passado a ERC recebeu a luz verde para emitir o Shin-Chan depois das 22:30 mas ainda não voltou.

Em Dezembro, as duas emissões diárias do Shin-Chan foram substituídas pelo Sonic X quando se aperceberam do caos que eram os milhões de pais que ficaram chateados só por uma cena do episódio em que o pai foi ao hospital por causa do comportamento de Shinnosuke Nohara frente a umas enfermeiras. O próprio Shinnosuke era a estrela do canal nas redes sociais entre 2015 e a polémica.

Ninguém chegou a notar as censuras à série Teen Wolf, que também deu no MOV. Aqui alterou entre a versão legendada e a dobrada. Na versão dobrada censuraram - sem ninguém contar - cenas com temática LGBT.

Há anos, lembro-me que até o Facebook do Biggs esteve aberto a sugestões de séries: entre as quais séries do Cartoon Network como Gumball e Ben 10: Omniverse e até animes como Attack on Titan. Eu gostaria de ver qual seria a polémica se o dito desse no Biggs.

E agora?

Parece que o Biggs entrou num beco sem saída da qual não existem outras opções senão ir ao Netflix e ver o catálogo infantil, ver a escolha deprimente de séries nos outros canais, etc. Apague o computador e finge que o Biggs voltou a ser o Panda Biggs e que está a dar o Attack on Titan.

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