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36: Senhora Dona Lady


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Recentemente estreou o Divertidamente na SIC e juro solenemente que o programa terá o mesmo rumo do que boa parte dos formatos que a SIC experimentou na primeira metade dos anos 2000. Só que este programa teve um azar sem precedentes, nunca antes visto na televisão portuguesa.

Ora, o que era o Senhora Dona Lady? Para já vou ter de referir o extraordinário nome que o programa teve: um nome duplamente (ou triplamente) redundante, pois era uma colecção de palavras que tinham basicamente o mesmo significado. Mas como aplicar isto ao formato do programa? É muito fácil:

Um grupo de celebridades, oriundo de várias regiões do país, foi escolhido pela produção (Fremantle Media) a viverem numa casa tipo Big Brother mas com uma condição importante: viver como mulheres, num reality show quase a roçar para o terreno da homossexualidade, do travestismo e uma antecâmara da Conchita Wurst da Eurovisão, que era tipo os concorrentes deste reality show: um homem que assumiu um alter-ego feminino. "Os" concorrentes (está entre aspas porque não sei exactamente onde fica a fronteira entre os sexos) viviam numa casa devidamente titulada de "Casa das Bonecas", onde iriam viver durante dez semanas para poder ganhar o prémio de 50.000€. Este programa começou uma breve onda de programas LGBT na SIC. Na mesma altura havia um outro que era o Esquadrão G, uma adaptação livre do Queer Eye for the Straight Guy. Estes dois eram os únicos programas que queriam mostrar uma SIC sem preconceitos e aberta à homossexualidade nos ecrãs terrestres portugueses.

O programa era apresentado pelo Herman José, que, tal como o Goucha a apresentar a Casa dos Segredos, acumulou pacificamente o cargo de apresentador do reality com o do seu outro programa, o Herman SIC. Ao Herman juntava-se a Sílvia Alberto, figura muito popular da RTP que na altura tinha uma carreira na SIC, especializada em programas mais "femininos" como o Catarina.com, o Flash (que não tinha nada a ver com a revista da Cofina, acho que era um antepassado do Êxtase, antepasado do 5 Estrelas, antepassado do FamaShow - será que o meu raciocínio está errado?) e programas mais generalistas como o Campeões Nacionais, as primeiras duas séries do Ídolos e o esquecido Mousse Caseira, programa de apanhados que dava à tarde, sem sucesso.

Cada concorrente tinha um nome feminino, cujas inspirações incluíam a Jessica Rabbit (do filme Quem Tramou Roger Rabbit?) à Samantha Fox, muito popular nos anos 80 e à brasileira Gisele Bündchen.Público:

Onze "machos" vão viver 10 semanas fora da sua pele. O prémio final para o homem-mulher mais convincente é de 50 mil euros

Senhora Dona Lady, o novo reality show que a SIC vai estrear em horário nobre no próximo dia 16 de Setembro, foi apresentado ontem em Lisboa. Os concorrentes deste programa com que o canal de Carnaxide conta para reconquistar a liderança das audiências dos canais generalistas de televisão, são 11 homens, oriundos de diferentes localidades do país e com profissões muito variadas - desde técnicos de arqueologia a animadores de festas.O que todos têm em comum é a circunstância de terem aceitado o desafio de submeter-se a um processo de transformação temporária em mulheres - a intervenção nos respectivos visuais começará por ser feita num salão de cabeleireiro da capital onde o formato e características do programa foram revelados aos media. Durante dez semanas, os participantes vão aprender a comportar-se como senhoras tendo sempre como objectivo o prometido prémio de 50 mil euros para o vencedor - o concorrente que, no entender do júri, for considerado o melhor homem-mulher.
Ao longo das semanas, terão de comportar-se como verdadeiras senhoras e aparecer em público para se ver até que ponto são convincentes nesse papel. Durante o tempo que durar a experiência, os onze "machos" irão viver, longe das suas famílias, numa casa que está a ser preparada especificamente para os acolher. O guião do programa prevê que os concorrentes aprendam em cada semana algo novo sobre a vida feminina, desde lidar com roupa feminina até à maquilhagem e à participação em actividades exclusivas das mulheres.
Manuel Fonseca, director de programas da SIC, afirmou ao PÚBLICO que "o concurso vai ser o pivot de toda a programação do canal". Com a transmissão deste novo reality show, a estação de Balsemão pretende "ganhar mais notoriedade e, claro, continuar com o seu estilo definido". Manuel Fonseca afirmou ainda que a SIC é uma "casa de espectáculos" e que o Senhora Dona Lady vem "reforçar essa vertente de espectáculo, de entretenimento e de diversão para toda a família". 
O formato original foi desenvolvido pela estação televisiva norte-americana TBS e a adaptação portuguesa está a cargo da Fremantle, que prometeu ontem todo o empenhamento em "fazer do programa um sucesso".
A apresentação do programa vai estar a cargo da dupla Herman José e Sílvia Alberto, que se mostrou "agradecida" à SIC por poder participar neste novo tipo de entretenimento. Ambos acreditam que irá ser um "grande acontecimento" da televisão portuguesa. O humorista afirmou que o programa "só terá prazer se os concorrentes não tiverem prazer algum", querendo dizer com isto que "eles vão sofrer fisicamente e psicologicamente".
Ana Marques, Oceano e Xana Guerra são os elementos que comporão o júri do concurso, cabendo-lhes avaliar o potencial dos candidatos para serem transformados em mulheres.
A grelha de programação do canal no horário nobre vai ser claramente dominada pelo reality show Senhora Dona Lady: estão previstos programas diários de 30 minutos, de segunda a quinta-feira, e ainda uma gala semanal à sexta-feira. 

Correio da Manhã:
(Entrevistador CM) - Porque razão ‘Senhora Dona Lady’ se mantém apenas durante a semana? É para não colidir com a ‘1.ª Companhia’, da TVI?
(Manuel Fonseca) - É melhor fazerem essa pergunta noutra freguesia. As nossas decisões foram tomadas há muito tempo, antes de conhecermos as decisões de programação de terceiros. No domingo, decidimos estrear o ‘Esquadrão G’ e manter o ‘Herman SIC’ e como não podemos exibir dois programas ao mesmo tempo no mesmo horário, optámos pela 6.ª, onde, aliás, neste período, nos dois últimos anos tínhamos os ‘Ídolos’. Quanto às colisões, não se preocupem que elas hão-de aparecer.

Pouco sobrevive sobre o reality em si. A SIC quase quis esconder as provas até alguns excertos serem emitidos numa "rubrica" do Gosto Disto (ou melhor, uma "pseudo-rubrica") onde recordavam programas antigos da SIC. Eu tinha um blog sobre televisão (era para ser sobre os piores programas de sempre) que criei no âmbito de uns blogs que criei quando andava na escola em 2012 e cheguei a fazer uma apresentação em Powerpoint para a professora de (salvo erro) Sala de Estudo (não resultou), mas retive alguma informação do Gosto Disto e passo a citar:
"O genérico consistia no seguinte: um travesti a usar pompons, outro tipo/tipa a pintar uma parede, depois outro a fazer jardinagem, e depois passa a uma mulher a aspirar, depois uma mulher a passar o ferro, e depois um guarda-roupa de homens que passava a ser um de mulheres. Depois, aparecia o logótipo: um chapéu no topo das palavras "Senhora dona Lady".
Este reality show era sobre homens que queriam aprender a árdua lição de ser mulher. Depilação, lavar a roupa a ferro, maquilhagem, entre outros. O Senhora Dona Lady foi retirado após umas semanas devido a fraquíssimas audiências. Lembro-me de uma repetição na SIC onde aparecia uma travesti no seu aniversário."

Isto é literalmente tudo o que me lembro de ver na altura, pois apanhei um diário (a suposta "repetição") onde um concorrente festejou o seu aniversário. Até a SIC vestiu o seu símbolo de rigor, pintando o mesmo de rosa, acho que era durante os diários e as galas. Porém, a feroz concorrência da 1ª Companhia da TVI e as fracas audiências ditaram o fim do programa.

JN:
Novo director de Programas decide interromper o "reality show" duas semanas após a estreia. Produtora e estação resolveram ontem as questões contratuais.

Foi apresentado como uma das apostas da SIC para recuperar a liderança das audiências, mas, com pouco mais de uma semana de emissões, o "reality show" "Senhora dona lady" transformou-se num fiasco. Os maus resultados poderão ter mesmo estado na origem da saída, na passada segunda-feira, de Manuel Fonseca da direcção de Programas da SIC, e o seu sucessor, Francisco Penim, decidiu cortar o mal pela raiz. Hoje será emitido o último programa.

O JN apurou que a decisão terá sido tomada por mútuo acordo entre a estação e a produtora Fremantlemedia, e que responsáveis das duas entidades estiveram reunidos durante toda a tarde de ontem para acertar pormenores sobre o final e o contrato dos concorrentes. Recorde-se que a segunda expulsão deveria ocorrer na gala desta noite.

Um passo inédito na televisão portuguesa e que pode ser considerado arriscado tendo em conta os compromissos assumidos com os patrocinadores, produtores e concorrentes.

Apresentado por Sílvia Alberto e Herman José - dois dos trunfos de Carnaxide - o programa apostava em onze concorrentes anónimos que teriam de se inteirar das dificuldades do universo feminino. Além das lides caseiras, "as ladies" passaram por um processo de transformação que "as" obrigava a submeter-se aos tratamentos de beleza mais dolorosos como a depilação.

Andar de saltos altos, saias e peruca tornou-se numa rotina nas últimas duas semanas para os concorrentes, que deixaram os lares e foram viver para uma "casa de bonecas" especialmente criada para o efeito nos estúdios da Valentim de Carvalho. Diariamente, os telespectadores ficavam a conhecer os progressos dos concorrentes, e todas as semanas era expulso aquele que recebesse mais votos do público.

Mas se a ideia do programa foi bem recebida por muitos, também houve opiniões menos favoráveis, como a da jornalista Maria Teresa Horta que, em declarações anteriores ao JN, sublinhou estar-se a "macaquear os estereótipos femininos, que são falsos, e a diminuir a verdadeira essência de ser mulher".

A desculpa inventada por Penim era a de "incendiar" a casa e dar o programa por terminado:

O Senhora Dona Lady tinha esperanças de sobreviver. E não foi cancelado por causa dos "puritanos" como o extinto canal erótico Íntimo: simplesmente ninguém o via. Se noutra dimensão o Senhora Dona Lady fosse um programa de sucesso, actualmente teríamos uma versão portuguesa do RuPaul's Drag Race na SIC generalista.

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