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19: Batatoon


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Uma pessoa diz que já não vai para nova quando "ainda se lembra do tempo do Batatoon". Volvidos quinze anos desde o primeiro de vários cancelamentos, ainda não se sabe exactamente o que levou ao fim do Batatoon da forma em que boa parte da população se lembra.

É claro que a programação infantil era uma das grandes componentes dos primeiros anos da TVI. De lá saíram programas como A Casa do Tio Carlos, o Clube da Manhã, a Hora do Recreio (que dava à tarde e que tinha uma vertente Agora Escolha, num tempo em que eram emitidas dobragens brasileiras) e o Batatoon. Convém dizer que esta edição vai versar de uma assentada em três programas infantis do apogeu da programação infantil deste canal: o Batatoon, o Mix Max e a Rita Catita. Estão prontos para viajar no tempo comigo? À uma, à duas, à três, comando na mão e carrega no botão!

 Batatoon.jpg
António Branco (à esquerda) era o Batatinha. Aliás, para pessoas mais velhas do que eu, o Batatinha já existia. Chegou a fazer dupla com outro palhaço, o Croquete, na era croma (definida pelo Nuno Markl como "anos 70 e 80") onde apresentou vários programas com temáticas circenses na RTP e ainda um nos primórdios da TVI. Ele era acompanhado pelo Companhia, um palhaço que usava óculos, e mais não digo.

O programa estreou a 30 de Novembro de 1998. Naquela altura a TVI (segundo um artigo do Público) disse "Está bem. Ficamos com este programa, mas só para o Natal.", o que iria resultar numa resposta por parte da SIC (Vamos ter um Buéréré à tarde depois da Fátima!). Eventualmente, o sucesso do Batatoon foi tal que o programa passou a ser permanente, com uma emissão à tarde. O Batatoon vivia dos desenhos animados que a TVI já passava, sobretudo de manhã. Por cá passaram séries como A Navegante da Lua (que "emigrou" da SIC), As Powerpuff Girls, o anime da Cinderela em co-produção com a Itália (e porque é que nunca fizeram um anime em co-produção com Portugal?), Cow e Chicken, etc.

O programa era produzido pela empresa portuense Miragem que também produziu os dois outros programas recordados nesta edição. A saber:

O Mix Max era a contraparte matinal do Batatoon. Era apresentado por dois fantoches, o Mix e o Max, que aparentemente tinham muita coisa em comum, em particular, o facto de fazerem muito barulho, serem estrelas da música. Dizem que eram, respectivamente, um DJ e um mestre de cerimónias. O programa esteve mais ou menos um ano no ar, até alguém ter a ideia de criar um programa da manhã para o canal.

Havia também a Rita Catita, também da Miragem. O formato era de origem dinamarquesa, a mais popular delas todas era a britânica (Nelly Nut - CBBC entre 1999 e 2002 mais uma segunda série entre 2003 e 2005) e consistia num desenho animado ligado aos actores de voz e movimentos telefónicos em tempo real, tipo o  Hugo (também criado na Dinamarca mas que teve uma grande repercussão nos canais da RTP).

Voltemos então ao Batatoon: o programa era feito em estúdio, claro está, nos estúdios da TVI. Entre os desenhos animados o programa tinha também a participação de artistas musicais e alguns passatempos. Lembro-me de um em que havia um ecrã 3x3 (às vezes era 4x4) e em cada casa havia uma pergunta (pelo menos é o que me lembro). O que eu não me lembro mas muita gente certamente se lembra era o truque usado pelo Batatinha para enviar os presentes à casa dos telespectadores, tipo Os Padrinhos Mágicos sem magia (isto é a vida real, ora!). Mas como é que entravam os presentes? Uma criança acredita em tudo, até naquilo que o Cosmo Batatinha fazia.

O Batatoon era como uma religião, e só não sei porque é que o Batatoonismo não existe. Ou melhor, não existiu. O Batatoon prolongou-se para outros meios: roupa e acessórios infantis, jogos educativos e de tabuleiro (feitos com a Majora), CDs com as canções do Batatoon e a célebre revista do Batatoon. Algumas das extensóes do Batatoon eram educativas ao contrário do programa em si porque, segundo uma entrevista feita pelo Batatinha à Rádio Zero, tínhamos a família e os professores para educar e o Batatoon para brincar.

Não só havia o Batatinha e o Companhia. Haviam também algumas outras personagens como, logo no início da cantiga que abria muitas edições, o Honório Finório, o Sapo Xixi (que punha música para as crianças), os brinquedos vivos Ping, Pong e Risório, o Peixinho Expô, o Ursinho João e o Microgaitas que servia de microfone privado do Batatinha. O nome eventualmente passou a ser sinónimo de "microfone" pelo menos para o Batatinha. Haviam também duas frases: o "Ba, Bata, Batatoon!" que era como se fosse o cântico sagrado dos seguidores de Batatinha e a igualmente célebre "Comando na mão e carrega no botão!" que era utilizada para introduzir tudo o que era desenho animado. Existiram também os derivados "Digimon, ai que bom" para introduzir o Digimon e "Samurai, ai ai ai" para introduzir Samurai X, supostamente inspirado nesta cantiga escandinava que era muito popular no auge do Batatoon (calculo eu).

No entanto, o ano de 2002 viria a ser trágico para o programa. Apesar da Wikipédia (por via da revista Sábado daquele bastião da verdade que é a Cofina) afirmar que o programa fora cancelado a 15 de Março daquele ano, eu posso provar que o programa manteve-se no ar por mais tempo. Eu tenho boas memórias de ver o Batatoon em 2002 e o Companhia ainda estava lá. Porque é que o Companhia saiu do Batatoon, mais ou menos em Maio ou em Junho?

Existem várias versões da mesma teoria. A primeira teoria é a teoria das chamadas telefónicas com insultos, palavrões e outros que tais. Um caso comum era o "caso crl" (sim, "crl" está abreviado, mas leia-se tal e qual a palavra completa). Desta teoria existem duas sub-teorias, da qual ambas têm um ponto de divergência comum. A chamada terminada no insulto e, das duas uma: ou o Batatinha disfarçava-a como "trabalho" ou o público disfarçava-o de "baralho".

A segunda teoria é a mais popular delas todas: a teoria da porrada. Diz a lenda que o Batatinha e o Companhia agrediram-se em directo. De acordo com o blog Rir até Morrir:
"Estava ele a ver aquilo muito sossegado quando de repente viu o Companhia (o mítico palhaço do corno na cabeça) a dirigir-se e, vejam bem, à BRUTA para o Batatinha (que mandava brinquedos pela televisão até partir a objectiva da câmara) e a dar-lhe um valente empurrão. Viu aquilo e pensou: "lá vão começar eles a fingir que andam a porrada!". Mas nisto, o Batatinha também o empurra bruscamente e de súbito começa aquela fase pós-pancada em que ambos os oponentes se empurram mutuamente e que proferem palavras ameaçadoras um ao outro.

Bem passada esta fase estúpida do “empurra”, o Companhia resolve passar a acção e dar uma chapada ao Batatinha. convém também dizer que as crianças que presenciavam a cena macabra começavam a mudar subitamente da expressão alegre nos seus rostos para uma expressão de choro e pânico profundo. Nisto como se não bastasse, o Batatinha numa reacção rápida à chapada do seu poderoso adversário com um golpe como ele nunca vira e com uma rapidez relâmpago agarra o adversário por o mítico “corno” que este possui na cabeça e numa posição clássica de jiu-jitsu desfere-lhe dois murros bem afincados no nariz. Agora estavam-se a aproximar do fim da emissão pois esta foi brutalmente cortada assim que os membros da régie entenderam que aquilo era pancada.

O último flash que a testemunha teve antes daquilo ter sido cortado e terem posto (dizia ele) um episódio de Anjo Selvagem foi este: os palhaços à trolha um com o outro, o Sapo Xixi a gritar com aquela voz de cana rachada, a boneca Mimi andava correr de um lado para o outro do estúdio toda esbaforida as crianças, já que agora se aperceberam que os seus ídolos sempre amigos agora se desancavam perante os seus olhares estupefactos e choravam e gritavam em pânico."

A TVI quer esconder todas as provas das agressões do Batatoon, até mesmo o próprio Batatinha afirma que "não aconteceu". Tipo aquele caso das adopções ilegais em que o outro lado do caso quer esconder a verdade. Porém a sua existência fora confirmada e num programa da concorrência, o Tudo Incluído da SIC, em que recordou o HermanSIC. A dada altura aparece este excerto em que são comentadas as agressões de que pouca gente chegou a ver.

Feito o descalabro, a programação infantil da TVI foi reorganizada. Deixaram de ser emitidos desenhos animados à tarde. Os da manhã passaram a ter a designação de Sempre a Abrir (lembram-se? Tinha separadores alusivos às séries que iriam começar!). Porém, o Batatoon iria voltar, desta vez aos fins-de-semana de manhã, e com um novo nome: Super Batatoon.

O Super Batatoon (que mais tarde iria voltar a ser só Batatoon outra vez) era mais ou menos o mesmo, só que sem o Companhia e era ainda mais plástico. O programa não teve o sucesso sem o Companhia e ao fim de um ano ou dois foi cancelado.

O Batatoon (que na altura estava longe da televisão) voltou noutro estúdio em 2006. Pior: era só aos domingos e a meio da programação infantil da manhã. Mais uma vez, o Batatoon renascido (que nem uma fénix) teve pouco sucesso e em pouco tempo chegou ao seu fim. A revista estava mais ou menos numa situação parecida. Foi o último programa infantil da TVI que não era um mero bloco tipo o Kid Kanal que foi outro fiasco.

Hoje em dia, a TVI não prefere ter programação infantil. Prefere ser uma "CM TV" com uma programação adulta e idosa. O que sobra da programação infantil resume-se às séries infantis portuguesas que a TVI produzia e as repetições do Inspector Max aos sábados de manhã.

Quais são as vossas memórias do Batatoon? Será que algum "ancião" que tem a mesma idade (ou mais) do que eu se lembra de algo parecido com o caso da porrada? Se eu tivesse o vídeo da porrada iria levar as minhas subestações a outro patamar!

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