ATVTQsV Posted January 16, 2018 Share Posted January 16, 2018 Uma pessoa diz que já não vai para nova quando "ainda se lembra do tempo do Batatoon". Volvidos quinze anos desde o primeiro de vários cancelamentos, ainda não se sabe exactamente o que levou ao fim do Batatoon da forma em que boa parte da população se lembra. É claro que a programação infantil era uma das grandes componentes dos primeiros anos da TVI. De lá saíram programas como A Casa do Tio Carlos, o Clube da Manhã, a Hora do Recreio (que dava à tarde e que tinha uma vertente Agora Escolha, num tempo em que eram emitidas dobragens brasileiras) e o Batatoon. Convém dizer que esta edição vai versar de uma assentada em três programas infantis do apogeu da programação infantil deste canal: o Batatoon, o Mix Max e a Rita Catita. Estão prontos para viajar no tempo comigo? À uma, à duas, à três, comando na mão e carrega no botão! António Branco (à esquerda) era o Batatinha. Aliás, para pessoas mais velhas do que eu, o Batatinha já existia. Chegou a fazer dupla com outro palhaço, o Croquete, na era croma (definida pelo Nuno Markl como "anos 70 e 80") onde apresentou vários programas com temáticas circenses na RTP e ainda um nos primórdios da TVI. Ele era acompanhado pelo Companhia, um palhaço que usava óculos, e mais não digo. O programa estreou a 30 de Novembro de 1998. Naquela altura a TVI (segundo um artigo do Público) disse "Está bem. Ficamos com este programa, mas só para o Natal.", o que iria resultar numa resposta por parte da SIC (Vamos ter um Buéréré à tarde depois da Fátima!). Eventualmente, o sucesso do Batatoon foi tal que o programa passou a ser permanente, com uma emissão à tarde. O Batatoon vivia dos desenhos animados que a TVI já passava, sobretudo de manhã. Por cá passaram séries como A Navegante da Lua (que "emigrou" da SIC), As Powerpuff Girls, o anime da Cinderela em co-produção com a Itália (e porque é que nunca fizeram um anime em co-produção com Portugal?), Cow e Chicken, etc. O programa era produzido pela empresa portuense Miragem que também produziu os dois outros programas recordados nesta edição. A saber: O Mix Max era a contraparte matinal do Batatoon. Era apresentado por dois fantoches, o Mix e o Max, que aparentemente tinham muita coisa em comum, em particular, o facto de fazerem muito barulho, serem estrelas da música. Dizem que eram, respectivamente, um DJ e um mestre de cerimónias. O programa esteve mais ou menos um ano no ar, até alguém ter a ideia de criar um programa da manhã para o canal. Havia também a Rita Catita, também da Miragem. O formato era de origem dinamarquesa, a mais popular delas todas era a britânica (Nelly Nut - CBBC entre 1999 e 2002 mais uma segunda série entre 2003 e 2005) e consistia num desenho animado ligado aos actores de voz e movimentos telefónicos em tempo real, tipo o Hugo (também criado na Dinamarca mas que teve uma grande repercussão nos canais da RTP). Voltemos então ao Batatoon: o programa era feito em estúdio, claro está, nos estúdios da TVI. Entre os desenhos animados o programa tinha também a participação de artistas musicais e alguns passatempos. Lembro-me de um em que havia um ecrã 3x3 (às vezes era 4x4) e em cada casa havia uma pergunta (pelo menos é o que me lembro). O que eu não me lembro mas muita gente certamente se lembra era o truque usado pelo Batatinha para enviar os presentes à casa dos telespectadores, tipo Os Padrinhos Mágicos sem magia (isto é a vida real, ora!). Mas como é que entravam os presentes? Uma criança acredita em tudo, até naquilo que o Cosmo Batatinha fazia. O Batatoon era como uma religião, e só não sei porque é que o Batatoonismo não existe. Ou melhor, não existiu. O Batatoon prolongou-se para outros meios: roupa e acessórios infantis, jogos educativos e de tabuleiro (feitos com a Majora), CDs com as canções do Batatoon e a célebre revista do Batatoon. Algumas das extensóes do Batatoon eram educativas ao contrário do programa em si porque, segundo uma entrevista feita pelo Batatinha à Rádio Zero, tínhamos a família e os professores para educar e o Batatoon para brincar. Não só havia o Batatinha e o Companhia. Haviam também algumas outras personagens como, logo no início da cantiga que abria muitas edições, o Honório Finório, o Sapo Xixi (que punha música para as crianças), os brinquedos vivos Ping, Pong e Risório, o Peixinho Expô, o Ursinho João e o Microgaitas que servia de microfone privado do Batatinha. O nome eventualmente passou a ser sinónimo de "microfone" pelo menos para o Batatinha. Haviam também duas frases: o "Ba, Bata, Batatoon!" que era como se fosse o cântico sagrado dos seguidores de Batatinha e a igualmente célebre "Comando na mão e carrega no botão!" que era utilizada para introduzir tudo o que era desenho animado. Existiram também os derivados "Digimon, ai que bom" para introduzir o Digimon e "Samurai, ai ai ai" para introduzir Samurai X, supostamente inspirado nesta cantiga escandinava que era muito popular no auge do Batatoon (calculo eu). No entanto, o ano de 2002 viria a ser trágico para o programa. Apesar da Wikipédia (por via da revista Sábado daquele bastião da verdade que é a Cofina) afirmar que o programa fora cancelado a 15 de Março daquele ano, eu posso provar que o programa manteve-se no ar por mais tempo. Eu tenho boas memórias de ver o Batatoon em 2002 e o Companhia ainda estava lá. Porque é que o Companhia saiu do Batatoon, mais ou menos em Maio ou em Junho? Existem várias versões da mesma teoria. A primeira teoria é a teoria das chamadas telefónicas com insultos, palavrões e outros que tais. Um caso comum era o "caso crl" (sim, "crl" está abreviado, mas leia-se tal e qual a palavra completa). Desta teoria existem duas sub-teorias, da qual ambas têm um ponto de divergência comum. A chamada terminada no insulto e, das duas uma: ou o Batatinha disfarçava-a como "trabalho" ou o público disfarçava-o de "baralho". A segunda teoria é a mais popular delas todas: a teoria da porrada. Diz a lenda que o Batatinha e o Companhia agrediram-se em directo. De acordo com o blog Rir até Morrir: "Estava ele a ver aquilo muito sossegado quando de repente viu o Companhia (o mítico palhaço do corno na cabeça) a dirigir-se e, vejam bem, à BRUTA para o Batatinha (que mandava brinquedos pela televisão até partir a objectiva da câmara) e a dar-lhe um valente empurrão. Viu aquilo e pensou: "lá vão começar eles a fingir que andam a porrada!". Mas nisto, o Batatinha também o empurra bruscamente e de súbito começa aquela fase pós-pancada em que ambos os oponentes se empurram mutuamente e que proferem palavras ameaçadoras um ao outro. Bem passada esta fase estúpida do “empurra”, o Companhia resolve passar a acção e dar uma chapada ao Batatinha. convém também dizer que as crianças que presenciavam a cena macabra começavam a mudar subitamente da expressão alegre nos seus rostos para uma expressão de choro e pânico profundo. Nisto como se não bastasse, o Batatinha numa reacção rápida à chapada do seu poderoso adversário com um golpe como ele nunca vira e com uma rapidez relâmpago agarra o adversário por o mítico “corno” que este possui na cabeça e numa posição clássica de jiu-jitsu desfere-lhe dois murros bem afincados no nariz. Agora estavam-se a aproximar do fim da emissão pois esta foi brutalmente cortada assim que os membros da régie entenderam que aquilo era pancada. O último flash que a testemunha teve antes daquilo ter sido cortado e terem posto (dizia ele) um episódio de Anjo Selvagem foi este: os palhaços à trolha um com o outro, o Sapo Xixi a gritar com aquela voz de cana rachada, a boneca Mimi andava correr de um lado para o outro do estúdio toda esbaforida as crianças, já que agora se aperceberam que os seus ídolos sempre amigos agora se desancavam perante os seus olhares estupefactos e choravam e gritavam em pânico." A TVI quer esconder todas as provas das agressões do Batatoon, até mesmo o próprio Batatinha afirma que "não aconteceu". Tipo aquele caso das adopções ilegais em que o outro lado do caso quer esconder a verdade. Porém a sua existência fora confirmada e num programa da concorrência, o Tudo Incluído da SIC, em que recordou o HermanSIC. A dada altura aparece este excerto em que são comentadas as agressões de que pouca gente chegou a ver. Feito o descalabro, a programação infantil da TVI foi reorganizada. Deixaram de ser emitidos desenhos animados à tarde. Os da manhã passaram a ter a designação de Sempre a Abrir (lembram-se? Tinha separadores alusivos às séries que iriam começar!). Porém, o Batatoon iria voltar, desta vez aos fins-de-semana de manhã, e com um novo nome: Super Batatoon. O Super Batatoon (que mais tarde iria voltar a ser só Batatoon outra vez) era mais ou menos o mesmo, só que sem o Companhia e era ainda mais plástico. O programa não teve o sucesso sem o Companhia e ao fim de um ano ou dois foi cancelado. O Batatoon (que na altura estava longe da televisão) voltou noutro estúdio em 2006. Pior: era só aos domingos e a meio da programação infantil da manhã. Mais uma vez, o Batatoon renascido (que nem uma fénix) teve pouco sucesso e em pouco tempo chegou ao seu fim. A revista estava mais ou menos numa situação parecida. Foi o último programa infantil da TVI que não era um mero bloco tipo o Kid Kanal que foi outro fiasco. Hoje em dia, a TVI não prefere ter programação infantil. Prefere ser uma "CM TV" com uma programação adulta e idosa. O que sobra da programação infantil resume-se às séries infantis portuguesas que a TVI produzia e as repetições do Inspector Max aos sábados de manhã. Quais são as vossas memórias do Batatoon? Será que algum "ancião" que tem a mesma idade (ou mais) do que eu se lembra de algo parecido com o caso da porrada? Se eu tivesse o vídeo da porrada iria levar as minhas subestações a outro patamar! Link to comment Share on other sites More sharing options...
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