ATVTQsV Posted December 16, 2022 Share Posted December 16, 2022 PÁRA PÁRA PÁRA TUDO! As Revistas da Gente na sua terceira temporada tem um especial de Natal, mas não é um especial de Natal qualquer. O programa que me inspirou em fazer estas crónicas que era chileno fez uma dissecação de uma revista de um operador paraguaio datada de Outubro de 1993 (e foi a única revista estrangeira que eles analisaram). Pois bem, também eu vou começar a analisar revistas estrangeiras desde que sejam de países da CPLP. Por norma, as crónicas falam sobre as principais revistas de televisão portuguesa (TV Guia, TV 7 Dias, TV Mais, sobretudo a primeira das três), tendo tido raras excepções: a Flama da visita do Papa em 1967 (que eu descarreguei da internet) e uma Guia Satélite de um lote de dez revistas que o @afonsogageiro comprou online, todas de 1994. Ainda não me chegaram exemplares de uma Cabovisão Magazine, Guia TV Cabo ou segunda vinda da Tele Semana (seria uma loucura com o tanto de canais que nem estavam nas operadoras). Mas hoje começamos uma crónica que abarca várias edições daquilo que considero como "a descoberta do ano". Trata-se de uma revista de um operador de cabo de um país localizado no sector entre Goa e a Cidade do Cabo. O país é Moçambique e a operadora é a TV Cabo. Para tal, recomendo que leiam cada revista acompanhado por uma playlist composta por músicas de artistas como Stewart Sukuma, Azagaia, Mr. Bow, Scratch, Liloca, etc... O que vale é que alguns dos artistas moçambicanos eu descobri em páginas do Facebook, e sei que há cinco anos Mr. Bow e Liloca eram como inimigos da cena musical. PS: vejam mais TV Sucesso (?) No início de Fevereiro, estava eu a visitar mais uma vez aquele site antigo da TV Cabo de Moçambique e deparo-me com a página da TVZine, que era a revista da operadora. Como é a primeira vez que falo sobre uma revista estrangeira, vou tentar dar uma introdução meio danada. Em 1998 foi criada a TV Cabo da Visabeira, que só começou a operar comercialmente no ano seguinte. Em 2003 contava com doze mil clientes, quase todos concentrados na capital, Maputo. Apesar da semelhança entre os nomes (e alguns conceitos), a TV Cabo da Visabeira nunca teve relações com a TV Cabo da PT. Em 2006 (suponho que por causa da guerra ciivil ter terminado tardiamente e por causa da ditadura braba que sofre a televisão angolana, ainda que numa fase em que os portugueses tiveram uma "segunda oportunidade" depois da independência dos PALOPs), a Visabeira cria a divisão angolana. Ambas ainda operam com o nome TV Cabo. Em 2011 começam a comercializar pacotes com canais da ZAP, ainda são comercializados pacotes com canais da DSTV. A TV Cabo de Moçambique publicava uma revista aos seus assinantes (embora, sendo Moçambique, acho que a revista não era restrita aos assinantes), a TVZine. Esta mais tarde mudou de nome para Viva!, e pode ter potenciado a criação da marca triple-play VIV. A primeira das revistas a analisar é a de Maio de 2004. Na contra-capa, horários e tarifas dos vôos da LAM de Nampula aos outros aeroportos nacionais. Na capa, Malangatana (e veio-me à mente a Melangatelga Shop de um episódio da Herman Enciclopédia, onde os congéneres africanos de Melga e Mike aparentavam ser mais angolanos do que moçambicanos, ai a apropriação). Abaixo, o pouco que há de televisão numa revista que era mais sobre o social moçambicano: as finais das duas ligas da UEFA. PS: Gelsenkirchen sempre ficará na história para o FCP! Anúncio da TDM. A TDM era a co-proprietária da TV Cabo, junto com a Visabeira. Não sei se tal ainda é o caso. Ao lado do índice, um resumo da participação da TVZine nos prémios Da Vinci, anúncio ao serviço Netcabo da TV Cabo (mesmo nome que a congénere portuguesa). Tema de capa: Malangatana recebeu o Prémio Da Vinci 2003 pela sua carreira. Inclui anúncios ao Grupo BIM já do Millennium (os moçambicanos já tinham um "Novo Banco" em 2004?), BCI e MCEL (hoje TMCEL depois da fusão com a marca TDM). 82 ainda é a marca da (T)MCEL. Salvo erro, 72 é a da Vodacom Moçambique. Já vi o 7-2 do Bayern a ser gozado com a Vodacom. Reportagem fotográfica da Gala Da Vinci. E eis que aqui entramos nas páginas de programação, todas a azul que é para economizar. Uma constante que veremos nestas revistas é que a grelha dos canais africanos do pacote DSTV estão num "copia e cola" que aqui é também aplicado às descrições dos filmes. Devemos lembrar aos leitores que a TV Cabo de Moçambique tinha doze mil assinantes no ano anterior. Doze mil, e isso nem chegava aos números da Cabovisão! Isto, se considerarmos o facto de Moçambique ser um país relativamente mais pobre, apesar de mais povoado, e isto também se traduz nos gostos televisivos. É bem mais provável que os moçambicanos tenham mais recordações de canais locais como a TVM, a Miramar e a STV (antes de Portugal encerrar as emissões analógicas, Moçambique já tinha 12 canais pelo menos, e eram mais do que a TDT actual cá do sítio). Os visados sendo os canais M-Net e Movie Magic, duas "pratas da casa" do operador da qual a TV Cabo "descarregava" muitos canais de maneira legal. Mapa-tipo da RTP Internacional para Maio de 2004. Entre os destaques estavam a cobertura de Santo Cristo dos Milagres e o documentário sobre a televisão portuguesa na altura em que a RTP estava a ser renovada. Por outro lado, havia um Canal Lusomundo em Moçambique antes de substituir os dois canais Telecine. O canal esteve no ar até 2005 ou inícios de 2006 quando os canais Lusomundo Premium e Gallery vindos directamente de Portugal e já no pacote DSTV Bué deixaram o canal obsoleto. O contraponto aos canais de filmes inteiramente em inglês sem legendas, o canal passava das 16:30 às 02:30 aos fins-de-semana (cinco filmes) e das 18:30 à 00:30 nos dias de trabalho (três filmes). Assim sendo, este canal apresentava em grelha os títulos em português e na versão original, contrário aos canais sul-africanos, dos quais veremos a seguir. Mais quatro canais com grelhas aqui restritas ao fim-de-semana: Series. Este canal da M-Net entrou no ano anterior substituíndo os canais terrestres sul-africanos, que tinham de sair da operadora por questões de direitos com certos conteúdos, o que irritou os assinantes. O canal chamava-se Series, mas passava... o Jerry Springer? E o American Idol, que pela lógica daria na M-Net? O Sci-Fi tinha uma versão africana, fechada em 2007, precisamente quando estavam a tentar criar versões do canal em Portugal e Espanha. Reality TV, antes de chegar a Portugal com praticamente os mesmos programas. BBC Prime, um canal que já foi grande. Entramos nas grelhas diárias dos canais M-Net, Movie Magic, National Geographic, Discovery Channel e TCM. As grelhas dos canais de documentários eram diferentes, eram as suas versões africanas da DSTV. A da TCM não, era o mesmo canal que se via em Portugal, só que 24/24. O canal M-Net tinha duas faixas infantis (K-TV) e algumas da SuperSport. Isto, porque na África do Sul o canal ainda era terrestre e pago. Anúncio mostrando tudo o que a Levira tinha para oferecer. Por outro lado, a SIC Internacional juntou-se a um dos pacotes e os outros baixaram os preços. Pois é, na altura as operadoras pediam que pagassem tudo em dólares americanos e não em meticais. Uma vez em 2016 vi intervalos da RTNC da RD do Congo e em vez de dizerem a moeda local, os anúncios diziam só "unidades". Qualquer uma dava. Restante das grelhas diárias. Resumo da grelha dos canais SuperSport. Saindo do registo da grelha de programas, continuação dos Prémios Da Vinci. O restante dos premiados. Se virem bem há a primeira logo do canal privado STV. Não, não era o olho. O olho só veio em 2013. Uma crónica mais cultural, gente, isto está a parecer os sketches do Culturismo, culturismo, roda, gostoso, África, mãe África. Recomendo que leiam aquilo tudo e sobretudo a nota que o autor deixou no fim. Quase no fim, visita do Barroso a Moçambique. A TV Cabo anuncia o seu novo pacote. Para fechar: a revista tinha uma secção de culinária, que era assinada por um chef do programa Culinária (nome básico e igual ao que a RTP tinha nos tempos antes de termos programas da manhã de três horas) da TVM. A rúbrica era meio que patrocinada pela Nestlé, conforme podemos comprovar. E ainda uma agenda cultural resumida. Bem resumida que era muito mas muito pequena para os padrões de uma revista portuguesa. Quase tudo restrito a Maputo. E eu já disse potenciais factores: um país em relativa pobreza, os portugueses a terem uma segunda oportunidade de investir nos PALOP depois de guerras loucas, os sul-africanos minavam o campo da televisão paga... E isto é só o começo. Há mais revistas de onde elas vieram. Zziga para bingo, ainda há mais. Mas como se diz no Brasil, "dá um tempo"! Ainda não converti as outras revistas que encontrei para o formato certo. 1 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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