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R24: TVZine


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PÁRA PÁRA PÁRA TUDO! As Revistas da Gente na sua terceira temporada tem um especial de Natal, mas não é um especial de Natal qualquer.

O programa que me inspirou em fazer estas crónicas que era chileno fez uma dissecação de uma revista de um operador paraguaio datada de Outubro de 1993 (e foi a única revista estrangeira que eles analisaram). Pois bem, também eu vou começar a analisar revistas estrangeiras desde que sejam de países da CPLP.

Por norma, as crónicas falam sobre as principais revistas de televisão portuguesa (TV Guia, TV 7 Dias, TV Mais, sobretudo a primeira das três), tendo tido raras excepções: a Flama da visita do Papa em 1967 (que eu descarreguei da internet) e uma Guia Satélite de um lote de dez revistas que o @afonsogageiro comprou online, todas de 1994. Ainda não me chegaram exemplares de uma Cabovisão Magazine, Guia TV Cabo ou segunda vinda da Tele Semana (seria uma loucura com o tanto de canais que nem estavam nas operadoras).

Mas hoje começamos uma crónica que abarca várias edições daquilo que considero como "a descoberta do ano". Trata-se de uma revista de um operador de cabo de um país localizado no sector entre Goa e a Cidade do Cabo. O país é Moçambique e a operadora é a TV Cabo. Para tal, recomendo que leiam cada revista acompanhado por uma playlist composta por músicas de artistas como Stewart Sukuma, Azagaia, Mr. Bow, Scratch, Liloca, etc... O que vale é que alguns dos artistas moçambicanos eu descobri em páginas do Facebook, e sei que há cinco anos Mr. Bow e Liloca eram como inimigos da cena musical. PS: vejam mais TV Sucesso (?)

No início de Fevereiro, estava eu a visitar mais uma vez aquele site antigo da TV Cabo de Moçambique e deparo-me com a página da TVZine, que era a revista da operadora. Como é a primeira vez que falo sobre uma revista estrangeira, vou tentar dar uma introdução meio danada.

Em 1998 foi criada a TV Cabo da Visabeira, que só começou a operar comercialmente no ano seguinte. Em 2003 contava com doze mil clientes, quase todos concentrados na capital, Maputo. Apesar da semelhança entre os nomes (e alguns conceitos), a TV Cabo da Visabeira nunca teve relações com a TV Cabo da PT. Em 2006 (suponho que por causa da guerra ciivil ter terminado tardiamente e por causa da ditadura braba que sofre a televisão angolana, ainda que numa fase em que os portugueses tiveram uma "segunda oportunidade" depois da independência dos PALOPs), a Visabeira cria a divisão angolana. Ambas ainda operam com o nome TV Cabo. Em 2011 começam a comercializar pacotes com canais da ZAP, ainda são comercializados pacotes com canais da DSTV.

A TV Cabo de Moçambique publicava uma revista aos seus assinantes (embora, sendo Moçambique, acho que a revista não era restrita aos assinantes), a TVZine. Esta mais tarde mudou de nome para Viva!, e pode ter potenciado a criação da marca triple-play VIV.

A primeira das revistas a analisar é a de Maio de 2004.

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Na contra-capa, horários e tarifas dos vôos da LAM de Nampula aos outros aeroportos nacionais. Na capa, Malangatana (e veio-me à mente a Melangatelga Shop de um episódio da Herman Enciclopédia, onde os congéneres africanos de Melga e Mike aparentavam ser mais angolanos do que moçambicanos, ai a apropriação). Abaixo, o pouco que há de televisão numa revista que era mais sobre o social moçambicano: as finais das duas ligas da UEFA.

PS: Gelsenkirchen sempre ficará na história para o FCP!

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Anúncio da TDM. A TDM era a co-proprietária da TV Cabo, junto com a Visabeira. Não sei se tal ainda é o caso. Ao lado do índice, um resumo da participação da TVZine nos prémios Da Vinci, anúncio ao serviço Netcabo da TV Cabo (mesmo nome que a congénere portuguesa).

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Tema de capa: Malangatana recebeu o Prémio Da Vinci 2003 pela sua carreira. Inclui anúncios ao Grupo BIM já do Millennium (os moçambicanos já tinham um "Novo Banco" em 2004?), BCI e MCEL (hoje TMCEL depois da fusão com a marca TDM). 82 ainda é a marca da (T)MCEL. Salvo erro, 72 é a da Vodacom Moçambique. Já vi o 7-2 do Bayern a ser gozado com a Vodacom.

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Reportagem fotográfica da Gala Da Vinci.

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E eis que aqui entramos nas páginas de programação, todas a azul que é para economizar. Uma constante que veremos nestas revistas é que a grelha dos canais africanos do pacote DSTV estão num "copia e cola" que aqui é também aplicado às descrições dos filmes. Devemos lembrar aos leitores que a TV Cabo de Moçambique tinha doze mil assinantes no ano anterior. Doze mil, e isso nem chegava aos números da Cabovisão! Isto, se considerarmos o facto de Moçambique ser um país relativamente mais pobre, apesar de mais povoado, e isto também se traduz nos gostos televisivos. É bem mais provável que os moçambicanos tenham mais recordações de canais locais como a TVM, a Miramar e a STV (antes de Portugal encerrar as emissões analógicas, Moçambique já tinha 12 canais pelo menos, e eram mais do que a TDT actual cá do sítio). Os visados sendo os canais M-Net e Movie Magic, duas "pratas da casa" do operador da qual a TV Cabo "descarregava" muitos canais de maneira legal.

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Mapa-tipo da RTP Internacional para Maio de 2004. Entre os destaques estavam a cobertura de Santo Cristo dos Milagres e o documentário sobre a televisão portuguesa na altura em que a RTP estava a ser renovada.

Por outro lado, havia um Canal Lusomundo em Moçambique antes de substituir os dois canais Telecine. O canal esteve no ar até 2005 ou inícios de 2006 quando os canais Lusomundo Premium e Gallery vindos directamente de Portugal e já no pacote DSTV Bué deixaram o canal obsoleto. O contraponto aos canais de filmes inteiramente em inglês sem legendas, o canal passava das 16:30 às 02:30 aos fins-de-semana (cinco filmes) e das 18:30 à 00:30 nos dias de trabalho (três filmes). Assim sendo, este canal apresentava em grelha os títulos em português e na versão original, contrário aos canais sul-africanos, dos quais veremos a seguir.

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Mais quatro canais com grelhas aqui restritas ao fim-de-semana: Series. Este canal da M-Net entrou no ano anterior substituíndo os canais terrestres sul-africanos, que tinham de sair da operadora por questões de direitos com certos conteúdos, o que irritou os assinantes. O canal chamava-se Series, mas passava... o Jerry Springer? :triste_teresa: E o American Idol, que pela lógica daria na M-Net?

O Sci-Fi tinha uma versão africana, fechada em 2007, precisamente quando estavam a tentar criar versões do canal em Portugal e Espanha.

Reality TV, antes de chegar a Portugal com praticamente os mesmos programas.

BBC Prime, um canal que já foi grande.

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Entramos nas grelhas diárias dos canais M-Net, Movie Magic, National Geographic, Discovery Channel e TCM. As grelhas dos canais de documentários eram diferentes, eram as suas versões africanas da DSTV. A da TCM não, era o mesmo canal que se via em Portugal, só que 24/24.

O canal M-Net tinha duas faixas infantis (K-TV) e algumas da SuperSport. Isto, porque na África do Sul o canal ainda era terrestre e pago.

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Anúncio mostrando tudo o que a Levira tinha para oferecer. Por outro lado, a SIC Internacional juntou-se a um dos pacotes e os outros baixaram os preços. Pois é, na altura as operadoras pediam que pagassem tudo em dólares americanos e não em meticais. Uma vez em 2016 vi intervalos da RTNC da RD do Congo e em vez de dizerem a moeda local, os anúncios diziam só "unidades". Qualquer uma dava.

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Restante das grelhas diárias.

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Resumo da grelha dos canais SuperSport. Saindo do registo da grelha de programas, continuação dos Prémios Da Vinci.

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O restante dos premiados. Se virem bem há a primeira logo do canal privado STV. Não, não era o olho. O olho só veio em 2013.

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Uma crónica mais cultural, gente, isto está a parecer os sketches do Culturismo, culturismo, roda, gostoso, África, mãe África. Recomendo que leiam aquilo tudo e sobretudo a nota que o autor deixou no fim.

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Quase no fim, visita do Barroso a Moçambique.

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A TV Cabo anuncia o seu novo pacote.

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Para fechar: a revista tinha uma secção de culinária, que era assinada por um chef do programa Culinária (nome básico e igual ao que a RTP tinha nos tempos antes de termos programas da manhã de três horas) da TVM. A rúbrica era meio que patrocinada pela Nestlé, conforme podemos comprovar.

E ainda uma agenda cultural resumida. Bem resumida que era muito mas muito pequena para os padrões de uma revista portuguesa. Quase tudo restrito a Maputo. E eu já disse potenciais factores: um país em relativa pobreza, os portugueses a terem uma segunda oportunidade de investir nos PALOP depois de guerras loucas, os sul-africanos minavam o campo da televisão paga...

E isto é só o começo. Há mais revistas de onde elas vieram. Zziga para bingo, ainda há mais. Mas como se diz no Brasil, "dá um tempo"! Ainda não converti as outras revistas que encontrei para o formato certo.

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