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69: Herman Enciclopédia


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Boa noite. Vivemos numa época de constantes mudanças: o mundo avança por ordem alfabética, com diferentes letras: o A, depois o B, depois o C, o D, o E, por aí adiante, diferentes palavras, diferentes temas, diferentes imagens. Tudo isto é o Herman Enciclopédia, este projecto de extraordinária qualidade a que com todo o gosto acedi a prefaciar. Por isso, este século será sempre conhecido como "O Século das Enciclopédias".

A MENSAGEM DE DIÁCONO REMÉDIOS

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Boa noite, meus amigos-oze. Chego agora a constatar que um certo frequentador de um fórum português está a fazer uma edição desta rubrica licenciosa que é a tua história de subestação. E parece que o tal esta a fazer uma análise detalhada daquela série do demo que é a Enciclopédia do Hermano. Eu já fui contratado há mais de vinte anos para ser o seu provedor, e quando deixou de ser emitida, fiquei aliviado, no entanto, quando surgiram novas séries do Hermano, na RTP e noutros canais, deparei-me com clones não-autorizados da minha pessoa. Não havia necessidade. E temo o pior: este tal utilizador cujo nome parece ser impronunciável poderá cometer os mesmos pecados que a Enciclopédia do Hermano: sempre que ele desviar as atenções para algo mais picante, vou ter de intervir. Até porque o artista é um bom artista, e metade das subestações são indispensáveis para a minha leitura na casa de banho. Só não gostei daquela resenha inteira sobre o tal de Viver que passava aquelas películas que só davam desgraças. Não havia necessidade. Continuem, mas com cuidado.

Pois é, falta pouco para abrir a Herman Enciclopédia, a tal enciclopédia do demo que teve duas temporadas com treze episódios cada, sketch atrás de sketch com a qualidade das Produções Fictícias (que parecem ser mais azedas hoje em dia) e bordões que muita gente ainda repete, até pessoas mais novas do que a série como eu. Daqui a um par de dias vamos passear "junto com a gente" pelas ruas que ditaram o início da Herman Enciclopédia, os sketches recorrentes e a ousadia deste episódio: uma análise episódica da série, o que quer dizer que isto vai ser a edição mais comprida da tua história de subestação, mas comprida até que a da TV Cabo.

Leiam sempre boas subestações (always watch gude subestations) e ti jei.

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Para entendermos o porquê da Herman Enciclopédia, recuemos até à primeira metade dos anos 90.

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O programa que Herman José tinha no Canal 1 aos sábados à noite era um concurso chamado de Parabéns, que inicialmente dava prémios aos aniversariantes da semana, porém o sucesso foi tanto que passou a ser mais do que um mero programa para aniversariantes e sim para a generalidade do público português. A partir de certa altura, achavam que era boa ideia ter a rubrica Herman Zap (ou "Herman ZAP!", tanto faz). O programa tinha alguns esboços de coisas que viriam a ganhar outra dimensão na Herman Enciclopédia, como a Herman Geographic e a Melga Shop.

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Por trás dos textos estava a equipa das Produções Fictícias, criada a 1 de Abril de 1993 de modo a responder a uma ambição de Herman José: como deixou de escrever os seus próprios sketches depois de escrever O Tal Canal, decidiu criar uma equipa que criou a empresa que já teve a sua idade de ouro para eventualmente cair na desgraça. Mas tudo bem. As Produções Fictícias tinham acabado de nascer e estavam longe de vivenciar todo um futuro onde perderam o sentido de humor e o seu fundador chegou a estar na RTP.

O problema surge em 1995, quando uma das rubricas do Herman Zap sobre uma repórter viajante no tempo foi à Última Ceia. A temática religiosa num país fortemente católico foi a principal razão das queixas, mas há uns anos, o Nuno Markl afirmou que o ponto de partida das queixas era o estilo de jornalismo que começava a ser praticado pelas privadas, sobretudo pela TVI.

A suposta rubrica da viajante no tempo foi cancelada e a produção ditou que a presente série do Parabéns seria a última. No verão de 1996, uma vez terminado o Parabéns, a RTP passou um programa "temporário" para que não houvesse nova zaragata entre Herman e o público. A solução chamava-se Herman Total. Consistia pura e exclusivamente numa revisão da carreira do Herman através de sketches dos seus programas antigos.

Entretanto, na piscina casa do Herman em Azeitão, houve uma reunião da equipa daquilo que viria a ser a Herman Enciclopédia. A ordem do trabalho: "escrevam o que quiseram e eu depois interpreto como quiser". Herman José e a sua equipa tornaram "o que quiseram" numa sucessão de sketches e bordões repetidos infinitamente nas mentes portuguesas, na Herman Enciclopédia, que tirava partido das enciclopédias em CD-ROM que estavam em voga nestas fases pré-Wikipédia.

O primeiro episódio foi ao ar no dia 15 de Abril de 1997, e cada programa tinha uma duração que variava entre os 45 e os 60 minutos (às vezes mais). Cada episódio era subordinado a um tema, sobre as quais iremos analisar à lupa ainda nesta edição, que ameaça tornar-se enciclopédica. Acabou-se o cavaquismo quando o Guterres passa a ser o primeiro-ministro e Portugal estava a preparar uma exposição que iria trazer o mundo a Portugal.

Os episódios eram definidos por reuniões com os membros da equipa, que depois era dada aos guionistas (normalmente duplas), para depois juntarem os textos e de enviar o guião acabado para o Herman, sobretudo nos sketches em que participava.

Quando o primeiro episódio foi emitido, Nuno Artur Silva, fundador e presidente das Produções Fictícias, disse que "foi uma desilusão total". As audiências não gostaram de ver os sketches que tinham pouca piada, mas não faz mal. A série tinha muito por melhorar. A RTP começou a gostar do programa, quando a equipa da Herman Enciclopédia estava a ver o contrário. O sucesso foi tanto que teve direito a uma segunda temporada (melhor que a primeira) e sucessivas repetições: na RTP 1, RTP Memória (em 2006, 2017 e 2018) e as duas temporadas em DVD, em 2010. Mas o verdadeiro segredo do sucesso estava nas personagens fixas e nos seus bordões, das quais vou falar na próxima parte.

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