Televisão21 Posted July 31, 2019 Share Posted July 31, 2019 Este tópico servirá para sugerir novos modelos de seleção do representante de Portugal à Eurovisão, como também para sugerir novas estratégias de promoção do Festival da Canção. Esta aqui é a minha sugestão: Abril-Julho - Fazer um concurso público para decidir qual a cidade que deve organizar o certame, ou uma "batalha das cidades" (do género da que foi feita na Ucrânia para organizar a Eurovisão 2017). Julho - Fazer um talent-show (do género do The Voice, Fator X, La Banda, etc), mas unicamente direcionado para o Festival. O top 16 seguiria para a próxima fase. Outubro - Realização de um acampamento de música (à semelhança do que é feito na Alemanha), em que o top 16 do talent-show irá aprender a compor músicas, através de workshops e com a ajuda de compositores, professores de canto, técnicos vocais, músicos, coreógrafos, professores de Expressão Corporal, professores de Interpretação, psicólogos. Haveria também uma grande aposta nas redes sociais. (por exemplo, todos os concorrentes teriam uma conta de insta própria para o programa, como é feito na Operação Triunfo Espanha). Fevereiro - Começo do Festival em si: Realização de um café-concerto com todos os cantores participantes, na 6ª antes da 1ª semifinal. 2 semifinais, aos sábados (com 8 canções cada, passam 4). 1 semana de pausa entre a 2ª semifinal e a final, para os artistas promoveram as suas canções em todo o país. 1 final, com 8 canções, que começaria com os artistas a desfilarem no palco, como na Eurovisão. Realização de um programa diário, de 5 minutos, sobre os bastidores do Festival. Após cada emissão, haveria a transmissão de after shows (como o 5PMN fez com a Eurovisão em 2018). Seriam introduzidos também prémios durante a emissão, à semelhança do que a Eurovisão tem com os Prémios Marcel Bezençon: Prémio Imprensa (votado pela imprensa presente no recinto), Prémio Simone de Oliveira (melhor interpretação), Prémio Ary dos Santos (melhor letra), Prémio Thilo Krasmann (melhor instrumental). Para além da estrutura, tenho outras sugestões: Votação: também seria possível votar através de uma aplicação oficial. Transmissão: As semifinais seriam transmitidas na RTP2 e a final na RTP1 e na rádio através da Antena 3. Marketing: Haveria, todos os anos, uma mascote oficial (à semelhança do que fazem no Euro e no Mundial), para promover a cidade anfitriã. Merchandising: CD oficial com todas as músicas e versões karaoke + DVD com os videoclips; DVD e blu-ray oficial com a transmissão dos espetáculos + bastidores + entrevistas + outros extras; Acessórios como canecas, canetas, lápis, cadernos, chapéus, roupas, crachás, caderneta de cromos (secções – cantores, compositores, letristas, palco, etc.), postais, revista oficial (durante a edição), bonecos de peluche com a mascote oficial, agenda, etc. Eu sei o quão irrealista esta proposta é, mas é apenas isso, uma proposta. 1 1 Link to comment Share on other sites More sharing options...
Popular Post agui Posted July 31, 2019 Popular Post Share Posted July 31, 2019 tudo isso para, no final, levarmos uma jovem da Amarante a cantar uma balada sobre os descobrimentos 7 Link to comment Share on other sites More sharing options...
Popular Post Televisão 10 Posted July 31, 2019 Popular Post Share Posted July 31, 2019 (edited) A meu ver, penso que deveria haver mais vagas para o concurso público, senão todas. Acredito que várias dessas canções teriam mais potencial do que as que são escritas pelos compositores... Eu compreendo que o método dos compositores nos tenha dado uma vitória. No entanto, face aos maus resultados dos dois últimos anos, é hora de mudar. Acho que o Festival da Canção está a ficar muito um Festival Antena 3, com canções muito alternativas... Acho também que o Festival deveria voltar a ser transmitido aos domingos. há 2 horas, Televisão21 disse: . Transmissão: As semifinais seriam transmitidas na RTP2 e Não acho nada boa ideia transmitir as semifinais na RTP 2. Iriam ter menos audiência do que na RTP 1... Edited July 31, 2019 by Televisão 10 6 Link to comment Share on other sites More sharing options...
Phoenix Posted August 1, 2019 Share Posted August 1, 2019 Ora bem... cá vai a minha proposta... Não vou divagar muito acerca da escolha da cidade anfitriã, pois embora ache que o modelo actual de ir fazendo a final em várias cidades é engraçado para mostrar que é um evento que não está concentrado apenas na capital, na prática não vejo muitas mais vantagens do que fazer num estúdio da RTP (em termos de custos, de som e de resultado da canção escolhida). Não sei se actualmente é por concurso ou apenas porque a RTP determinou que ia ser em Guimarães ou em Portimão ou etc, mas acho que iria por escolha interna da cidade, uma vez que acho que é mais simples e se for por concurso público não sei se pode haver gastos desnecessários e alguma tendência de algumas cidades se destacarem sempre (a não ser que nunca mais pudessem competir nesse concurso por já terem acolhido o evento uma vez). Eu aboliria o convite aos compositores. Acho que a selecção devia ser aberta a todos (os compositores mais conhecidos também podem participar através deste sistema, claro). Tenho em mente algo como o que a Suíça fazia há uns anos: pré-selecção online em que qualquer pessoa podia submeter a sua proposta (mas aqui imagino que a pessoa tenha de ter nacionalidade portuguesa ou viver em Portugal com autorização de residência - ou seja, também não pretendo uma selecção completamente aberta ao mundo como a que eles tinham para acabar com uma data de propostas completamente aleatórias de pessoas que nem têm nada a ver com o país). No entanto, apesar deste meu requisito da nacionalidade ou residência, aboliria a regra (ou a preferência) pela língua portuguesa. As pessoas poderiam cantar na língua que quisessem. - A partir de 1 de Setembro a RTP divulgaria amplamente o novo formato de selecção e incitaria à participação. - De 1 a 31 de Outubro as pessoas submeteriam as suas propostas. - De 1 a 30 de Novembro aconteceria a votação online. Obviamente que teríamos lá muitos fillers e canções um pouco estranhas, mas faz parte. A votação encarregar-se-ia de escolher as desejadas para seguir em frente. 20 canções seguiriam em frente para dividir por duas semifinais (10 por cada). Em cada semifinal passam 5 canções, o que faz com que a final conte com 10 canções. - No espaço entre Dezembro e Fevereiro haveria a divulgação das músicas seleccionadas nos vários canais online da RTP e performances de TV com entrevistas e tal para criar hype (no programa da manhã, no 5 para a meia-noite, etc). Também imagino que cada proposta tivesse um espaço activo nas redes sociais tipo os concorrentes da OT como foi proposto acima. - Em Fevereiro seria a final. Idealmente para o fim de Fevereiro, quase Março. As semifinais teriam sido nas duas semanas anteriores. - A partir de Março começar-se-ia a polir a canção (caso necessário) e a planear a performance para o palco do ESC, desenvolvimentos estes sempre acompanhado nas redes sociais. No fundo, acho que tentaria democratizar o acesso do cidadão comum que até pode ter jeito para a música mas não tem conhecimento de pessoas na área musical para que ele possa ter uma oportunidade de se dar a conhecer e construir uma carreira. 1 Link to comment Share on other sites More sharing options...
Popular Post Ruben Posted August 1, 2019 Popular Post Share Posted August 1, 2019 há 11 horas, Televisão 10 disse: A meu ver, penso que deveria haver mais vagas para o concurso público, senão todas. Acredito que várias dessas canções teriam mais potencial do que as que são escritas pelos compositores... Eu compreendo que o método dos compositores nos tenha dado uma vitória. No entanto, face aos maus resultados dos dois últimos anos, é hora de mudar. Acho que o Festival da Canção está a ficar muito um Festival Antena 3, com canções muito alternativas... Acho também que o Festival deveria voltar a ser transmitido aos domingos. Não acho nada boa ideia transmitir as semifinais na RTP 2. Iriam ter menos audiência do que na RTP 1... Alguma vez o Festival da Canção, nos últimos anos, teve canções ditas mainstream? A diferença entre o atual Festival e o Festival anterior é que as do atual são músicas que podemos recuar para trás sem ter vergonha de ouvir 9 em cada 10 canções. O FdC anterior a 2017 (e mesmo agora ainda há vestígios, mas menos) era uma bolha de músicas com letras e ritmos completamente alienados do panorama musical português, porque tinha de ser algo "eurovisivo" (isto na cabeça de Júlio Isidros da vida, porque de eurovisivo não tinha nada). Antes levar com um Festival Antena 3 que levar com um Festival quase-Renascença, que serve para agradar a um nicho de 5 pessoas com 70 anos. O problema não está no alternativo, o problema está na falta de qualidade e de potencial de algumas músicas. Independentemente dos resultados que tenham tido na Eurovisão, "O jardim" foi uma escolha bastante boa e, a meu ver, apreciada pelos portugueses, e "Telemóveis" gerou um buzz enorme nas redes sociais. A única que conseguiu gerar algum tipo de buzz antes de 2017 foi a Suzy (e, em parte, os Homens da Luta) e todos sabemos porque razões foram. Fora disso, ninguém se lembra, nem alguma vez quis saber, de Vida Minha ou da música que a Leonor Andrade levou. ---- O problema de muitos compositores é que investem em canções fracas para cantores que têm mais potencial. Telemóveis era, de longe, a canção mais forte deste ano porque explorava o potencial e estilo do Conan. Basta olhar para a Soraia Tavares no ATCNMEE e ouvir a música que ela levou ao FdC para perceber que ela tem potencial para mais. Mas isso não é um problema dos cantores em si, nem, de todo, da RTP. É um problema de quem ainda acha que o Festival da Canção é um festival quase-Renascença, e que a Eurovisão, é e tem de ser um nicho. A Eurovisão há muito que deixou de ser um nicho. Ainda assim, é notória a diferença de Festival para Festival. Há músicas de muito boa qualidade para além da vencedora. Desde 2017 até 2019, há cada vez mais músicas que é possível dizer "ok, isto é bom", mais próximas daquilo que é também o mainstream português - sim, porque o mainstream português não é só um fadinho a honrar o Vasco da Gama. Aquilo que devia ser feito era livrar os dinossauros do Festival, isto para começar. Tem-se notado isso, mas é preciso mais, porque já é ridículo o suficiente ainda termos uma mentalidade que honra a Simone ano sim, ano sim, e um Júlio Isidro que vai ficar no júri até não poder falar. Concordo quando dizem que é preciso mais candidaturas abertas. Se são quase 3 horas de Festival, ao menos que 1,5h não seja para ouvir medleys. No entanto, acho que falta aqui uma componente importante e que, sinceramente, foi a que pesou mais nos últimos anos: tanto em 2018, como em 2019, aquilo que achei é que o problema não estava na música, mas sim no staging. Foi o staging que matou as chances do Conan. Foi o staging que condenou "O jardim" a um último lugar. Após 2017 que, independentemente da música que levamos, que estamos a fazer copy e paste do estilo simplista do Salvador. APD precisava que fosse algo simplista; Telemóveis precisava que fosse menos esquecível que os 1001 props da Zena e de um Serhat que dizia Say Na Na Na em loop. E é aqui que quero chegar: não importa como será o Festival, se depois não utilizamos o palco da Eurovisão como deve ser. A Austrália deste ano é um ótimo exemplo disso mesmo: quando venceu a final australiana, toda a gente dizia que 2019 seria o pior resultado da Austrália, quiçá até a primeira vez que não fossem à final. Chegaram ao ESC e viraram praticamente favoritos a vencer porque souberam usar o palco. Não há mal nenhum em utilizar mais que umas simples escadas no meio de um palco escuro com um vestido verde completamente fora do contexto. Não há mal nenhum em colocar duas cantoras, uma em cada ponte das duas que o palco de Lisboa tinha, em vez de uma Isaura que aparece de repente no meio de holofotes. É preciso é saber usar o palco. Não é preciso irmos à falência com o staging, mas se continuarmos com a filosofia do "menos é mais" em qualquer canção apenas porque o Salvador ganhou com essa fórmula, enquanto países como a Albânia adaptam-se a cada canção com bons resultados (a Albânia já não passava dois anos seguidos à final desde 2008-2010), então não interessa que tipo de FdC será. No final, seremos ultrapassados por uma Bielorrússia e por um San Marino que souberam utilizar um palco para esconder as suas canções medíocres. 5 Link to comment Share on other sites More sharing options...
agui Posted August 1, 2019 Share Posted August 1, 2019 (edited) E eu nem acho que mais candidaturas abertas ao público fosse melhorar a qualidade do festival. Basta ver o exemplo de 2001, no auge da impopularidade do festival, em que abriram vagas para 50 canções enviadas pelo público concorrerem e, de 50, a que vencedora era a porcaria que era e teve o resultado que teve (apenas 12 pontos de França, na altura em que eles votavam pelo random.org e nem mais um pontinho). E, num Melodifestivalen, resulta, porque é um evento enorme no país e é a melhor maneira de suecos virarem famosos no país, é uma porta de entrada para uma carreira de êxito. Se querem abrir vagas ao público como se disso dependesse a qualidade musical, então, primeiro, têm de tornar o Festival da Canção num grande evento, com reputação (embora já se esteja a tornar mil vezes maior e com maior produção do que um dia já foi), e, além de ser bem produzido (que neste ano eu acho que foi), tem de ser ainda mais virado para os jovens e com uma produção em outra escala. Duvido que os portugueses tenham bons projetos musicas para apresentar num festival que, mesmo que dê entrada para a Eurovisão, depois dela é muito provável uma morte da carreira, afinal os bons resultados portugueses são escassos. Enquanto o FdC não for autosuficiente para dar uma carreira alguém, mesmo que esse alguém não o ganhe, o público continuará a dar apenas "Beijos nos Búzios" da vida. Edited August 1, 2019 by AGUI 2 Link to comment Share on other sites More sharing options...
Phoenix Posted August 1, 2019 Share Posted August 1, 2019 há 2 horas, AGUI disse: E eu nem acho que mais candidaturas abertas ao público fosse melhorar a qualidade do festival. Basta ver o exemplo de 2001, no auge da impopularidade do festival, em que abriram vagas para 50 canções enviadas pelo público concorrerem e, de 50, a que vencedora era a porcaria que era e teve o resultado que teve (apenas 12 pontos de França, na altura em que eles votavam pelo random.org e nem mais um pontinho). E, num Melodifestivalen, resulta, porque é um evento enorme no país e é a melhor maneira de suecos virarem famosos no país, é uma porta de entrada para uma carreira de êxito. Se querem abrir vagas ao público como se disso dependesse a qualidade musical, então, primeiro, têm de tornar o Festival da Canção num grande evento, com reputação (embora já se esteja a tornar mil vezes maior e com maior produção do que um dia já foi), e, além de ser bem produzido (que neste ano eu acho que foi), tem de ser ainda mais virado para os jovens e com uma produção em outra escala. Duvido que os portugueses tenham bons projetos musicas para apresentar num festival que, mesmo que dê entrada para a Eurovisão, depois dela é muito provável uma morte da carreira, afinal os bons resultados portugueses são escassos. Enquanto o FdC não for autosuficiente para dar uma carreira alguém, mesmo que esse alguém não o ganhe, o público continuará a dar apenas "Beijos nos Búzios" da vida. Vamos ser sinceros: as músicas do festival da canção de 2001 eram tipicamente de 2001 (algumas baladas a sair dos anos 90, músicas com guitarra à frente tipo João Pedro Pais e uma música ou outra mais mexida) e duvido que se tivessem sido feitas por compositores convidados super hiper mega especiais tivessem sido muito diferentes das que foram apresentadas pelos concorrentes daquele ano. Aliás, eu diria que tendo em conta o vencedor do ESC 2001 (se foi um vencedor bom ou mau é que já é uma questão mais polarizante) a música que Portugal escolheu nesse ano até nem foi muito desadequada (era praticamente a mesma fórmula da música vencedora)... Link to comment Share on other sites More sharing options...
Ana Maria Peres Posted August 1, 2019 Share Posted August 1, 2019 (edited) O Festival da Canção. Tanto há para ser melhorado. Tenho de confessar que critiquei asperamente a estação pública, a meu ver justificadamente, mas também reconheço que desde 2017 temos tido umas 2-3 canções interessantes (felizmente, têm ganhado as que se integram nesse lote), assim como galas interessantes e bem apresentadas (pronto, há os medleys e as recordações das canções que participaram no passado, mas não me apetece voltar novamente a bater no ceguinho), o que tem demonstrado uma evolução na maneira como abordamos o concurso. Quanto à sua estruturação, eu não sou completamente a favor do convite aos compositores, no entanto, a estratégia tem-se revelado acertada. Sei que é anti-democrático, sei que é elitista, mas o Festival da Canção tem ganhado cada vez reputação e até algum apoio, ambos perdidos ao longo de anos de qualidade escassa e de interregno. Tenho também noção de que os resultados - nestas últimas duas edições -, no grande evento têm sido altamente desapontantes, mas o Festival tem-se fortalecido, o que é importante para dar o pontapé de saída para tornar a Eurovisão num acontecimento em Portugal. Porque só assim é que podemos aspirar a grandes feitos. Fazendo uma confrontação e consequente avaliação, apresento dois problemas difíceis de conjugar: a) Se optarmos pela seleção interna, podemos até ter caras famosas a representar o nosso país e temos um selo de um standard de que aquilo é mais ou menos bom, ainda que seja tudo tubos de ensaios e alguns rascunhos que tinham lá guardados e que servem para o efeito. b) Se optarmos pela livre escolha, não estou a ver uma Luísa Sobral ou uns D.A.M.A a enviarem por livre iniciativa uma música, mas sempre é transparente e todos se podem inscrever. Eu, honestamente, creio que o equilíbrio fosse o ideal. 20 canções: 10 vinda do público - numa seleção aberta -, 10 vinda dos compositores. Mas refiro que estes últimos também tinham de fomentar a sua vontade de ganhar e não encarar como isto como um simples exercício criativo. É que a impressão que me dá, no decorrer das entrevistas na green room (por exemplo), é que toda a gente está ali para passar um bom bocado e vencer é como se fosse secundário, um prémio de consolação. Eu não quero que isto se transforme num Big Brother nem num torneio de boxe, contudo, isto é uma competição e a Eurovisão sê-lo-á na mesma intensidade. Não estou a insinuar que deva haver mau ambiente; simplesmente que se esforcem para tornar isto um certame. Esta atitude de algum desmazelo transfere-se, infelizmente, para a maior parte das músicas apresentadas no Festival da Canção. Os compositores desejam fazer a sua tarefa, ganhar o seu dinheiro e mostrarem as suas obras. Triunfar para eles é relegado para segundo plano, o que é uma pena, dado que no ESC temos de conviver com pacotes excelentemente bem selados e extremamente fortes. Assim que jogam pelo seguro, não arriscam e só há alguns que verdadeiramente que mostraram trabalho para ganhar. Urge, portanto, mudar mentalidades. Relativamente ao processo da eleição da seleção aberta, aboliria completamente a parceria com a Antena 3 e abriria uma plataforma permitisse a quem quer que fosse mandar as suas propostas. Seguidamente, um jurado heterogéneo (composto por várias pessoas, principalmente faixas etária e não só os responsáveis pelo programa) filtraria as músicas e 30 seriam deixadas à escolha do voto online, sendo que as 10 mais votados prosseguiriam a certame. Para mais, todos poderiam cantar na língua em que se sentissem mais confortáveis e incentivar-se-ia a participação de mais géneros. Embora este se caracterize como o formato que garantiria o melhor dos dois mundos, repito que quer O Jardim, quer Telemóveis foram boas escolhas, a meu ver, e que tiveram impacto inicialmente junto ao público eurovisivo. O problema consiste em que nós não temos uma estratégia de comunicação para o que fazer após o Festival da Canção. De inícios a março a maio são dois meses; se não ecoarmos junto nem que seja ao fandom, poucas hipóteses teremos de nos destacarmos, principalmente em termos de cobertura noticiosa quando chegarmos à cidade que acolhe o ESC. Seja através da participação em pre-parties (que se poderão revelar benéficas para o participante, não só em termos de resultados, como em contactos [a Suzy já se deve conseguir sustentar com presenças pela Europa fora]), seja por dar entrevistas aos milhares de sites, Portugal não pode passar despercebido. Os Países Baixos desde o dia 1 que tiveram uma equipa de comunicação fantástica, assim como Israel o ano passado. E já que estamos a falar disto refiro igualmente um estratagema menos comum (mas também ele cerebral) utilizado pela Eleni: a técnica do fantasma. Desapareceu completamente e só quando chegou a Lisboa é que nos surpreendeu, tendo atraído a atenção de uma underdog (apesar de não ter ganhado e talvez ter-se-ia revelado vital - para o efeito -, uma máquina de propaganda como teve a Netta), se bem que - durante o tempo que esteve cá - se tornou completamente viral e uma estrela. Sei que estes "teatros" podem parecer artificias e secundários, mas resultam. A tónica continua a estar na música, agora é importante posicionar-nos. Termino este parágrafo advertindo que isto nem sempre garante um bom resultado; todavia, penso que se revele melhor a ficarmos à espera que um milagre suceda. Outra questão que temos falhar é na nossa disposição em palco. Aqui considero, de facto, a chave para o nosso falhanço. Sabemos que a Eurovisão não (e nunca) se baseia (baseou) só nas músicas. Se assim fosse, nunca My Lucky Day (Moldávia 2018) tinha passado a uma grande final. Mas meteu umas caixas de cartão e uma coreografia engraçadas e acabaram no top10 (uma injustiça flagrante, ainda assim). A Eurovisão fundamenta-se não só na música, como também no espetáculo visual. E nós temos de ter cuidado no modo como apresentamos a nossa música. O Jardim foi uma pobreza - uma televisão estatal nem sequer aproveitou o palco que montou -, e Telemóveis foi confuso. Deste modo, precisamos de alguém que nos guie, que nos dê indicações e que perceba a dimensão do espetáculo. Sei bem as contenções orçamentais e não estou a pedir uma Sacha Jean Baptiste; simplesmente que alguém apresente uma ideia bem estruturada, que se coadune com o cantor e que possa ser executada com os meios técnicos que detenhamos. Até pode ser sem fogos de artifícios, mas algo que prenda o telespectador (por exemplo, a Lituânia o ano passado esteve extraordinária e não deve ter gastado muito dinheiro em colocar a Ieva abraçada ao esposo). Se calhar precisamos de ir lá fora, mas, uma vez aprendido o know-how, talvez não precisássemos mais. Posto isto, considero que a nossa falta de bons resultados talvez se possa dever a uma limitação do género musical e algum laxismo dos compositores (e sublinhar a falta de transparência e abertura a novos sons e nova caras), mas confesso que a falta de estratégia (especialmente em termos cénicos) com o que vem a seguir ao Festival da Canção tem sido a razão pela qual temos falhado tanto. É preciso ter um plano - a Eurovisão não é só eleger a música e já está. Pelo contrário, é uma maratona e não é possível ganhá-las sem um plano prévio. Edited August 1, 2019 by Ana Maria Peres 4 Link to comment Share on other sites More sharing options...
agui Posted August 1, 2019 Share Posted August 1, 2019 há 1 hora, Ana Maria Peres disse: O Festival da Canção. Tanto há para ser melhorado. Tenho de confessar que critiquei asperamente a estação pública, a meu ver justificadamente, mas também reconheço que desde 2017 temos tido umas 2-3 canções interessantes (felizmente, têm ganhado as que se integram nesse lote), assim como galas interessantes e bem apresentadas (pronto, há os medleys e as recordações das canções que participaram no passado, mas não me apetece voltar novamente a bater no ceguinho), o que tem demonstrado uma evolução na maneira como abordamos o concurso. Quanto à sua estruturação, eu não sou completamente a favor do convite aos compositores, no entanto, a estratégia tem-se revelado acertada. Sei que é anti-democrático, sei que é elitista, mas o Festival da Canção tem ganhado cada vez reputação e até algum apoio, ambos perdidos ao longo de anos de qualidade escassa e de interregno. Tenho também noção de que os resultados - nestas últimas duas edições -, no grande evento têm sido altamente desapontantes, mas o Festival tem-se fortalecido, o que é importante para dar o pontapé de saída para tornar a Eurovisão num acontecimento em Portugal. Porque só assim é que podemos aspirar a grandes feitos. Fazendo uma confrontação e consequente avaliação, apresento dois problemas difíceis de conjugar: a) Se optarmos pela seleção interna, podemos até ter caras famosas a representar o nosso país e temos um selo de um standard de que aquilo é mais ou menos bom, ainda que seja tudo tubos de ensaios e alguns rascunhos que tinham lá guardados e que servem para o efeito. b) Se optarmos pela livre escolha, não estou a ver uma Luísa Sobral ou uns D.A.M.A a enviarem por livre iniciativa uma música, mas sempre é transparente e todos se podem inscrever. Eu, honestamente, creio que o equilíbrio fosse o ideal. 20 canções: 10 vinda do público - numa seleção aberta -, 10 vinda dos compositores. Mas refiro que estes últimos também tinham de fomentar a sua vontade de ganhar e não encarar como isto como um simples exercício criativo. É que a impressão que me dá, no decorrer das entrevistas na green room (por exemplo), é que toda a gente está ali para passar um bom bocado e vencer é como se fosse secundário, um prémio de consolação. Eu não quero que isto se transforme num Big Brother nem num torneio de boxe, contudo, isto é uma competição e a Eurovisão sê-lo-á na mesma intensidade. Não estou a insinuar que deva haver mau ambiente; simplesmente que se esforcem para tornar isto um certame. Esta atitude de algum desmazelo transfere-se, infelizmente, para a maior parte das músicas apresentadas no Festival da Canção. Os compositores desejam fazer a sua tarefa, ganhar o seu dinheiro e mostrarem as suas obras. Triunfar para eles é relegado para segundo plano, o que é uma pena, dado que no ESC temos de conviver com pacotes excelentemente bem selados e extremamente fortes. Assim que jogam pelo seguro, não arriscam e só há alguns que verdadeiramente que mostraram trabalho para ganhar. Urge, portanto, mudar mentalidades. Relativamente ao processo da eleição da seleção aberta, aboliria completamente a parceria com a Antena 3 e abriria uma plataforma permitisse a quem quer que fosse mandar as suas propostas. Seguidamente, um jurado heterogéneo (composto por várias pessoas, principalmente faixas etária e não só os responsáveis pelo programa) filtraria as músicas e 30 seriam deixadas à escolha do voto online, sendo que as 10 mais votados prosseguiriam a certame. Para mais, todos poderiam cantar na língua em que se sentissem mais confortáveis e incentivar-se-ia a participação de mais géneros. Embora este se caracterize como o formato que garantiria o melhor dos dois mundos, repito que quer O Jardim, quer Telemóveis foram boas escolhas, a meu ver, e que tiveram impacto inicialmente junto ao público eurovisivo. O problema consiste em que nós não temos uma estratégia de comunicação para o que fazer após o Festival da Canção. De inícios a março a maio são dois meses; se não ecoarmos junto nem que seja ao fandom, poucas hipóteses teremos de nos destacarmos, principalmente em termos de cobertura noticiosa quando chegarmos à cidade que acolhe o ESC. Seja através da participação em pre-parties (que se poderão revelar benéficas para o participante, não só em termos de resultados, como em contactos [a Suzy já se deve conseguir sustentar com presenças pela Europa fora]), seja por dar entrevistas aos milhares de sites, Portugal não pode passar despercebido. Os Países Baixos desde o dia 1 que tiveram uma equipa de comunicação fantástica, assim como Israel o ano passado. E já que estamos a falar disto refiro igualmente um estratagema menos comum (mas também ele cerebral) utilizado pela Eleni: a técnica do fantasma. Desapareceu completamente e só quando chegou a Lisboa é que nos surpreendeu, tendo atraído a atenção de uma underdog (apesar de não ter ganhado e talvez ter-se-ia revelado vital - para o efeito -, uma máquina de propaganda como teve a Netta), se bem que - durante o tempo que esteve cá - se tornou completamente viral e uma estrela. Sei que estes "teatros" podem parecer artificias e secundários, mas resultam. A tónica continua a estar na música, agora é importante posicionar-nos. Termino este parágrafo advertindo que isto nem sempre garante um bom resultado; todavia, penso que se revele melhor a ficarmos à espera que um milagre suceda. Outra questão que temos falhar é na nossa disposição em palco. Aqui considero, de facto, a chave para o nosso falhanço. Sabemos que a Eurovisão não (e nunca) se baseia (baseou) só nas músicas. Se assim fosse, nunca My Lucky Day (Moldávia 2018) tinha passado a uma grande final. Mas meteu umas caixas de cartão e uma coreografia engraçadas e acabaram no top10 (uma injustiça flagrante, ainda assim). A Eurovisão fundamenta-se não só na música, como também no espetáculo visual. E nós temos de ter cuidado no modo como apresentamos a nossa música. O Jardim foi uma pobreza - uma televisão estatal nem sequer aproveitou o palco que montou -, e Telemóveis foi confuso. Deste modo, precisamos de alguém que nos guie, que nos dê indicações e que perceba a dimensão do espetáculo. Sei bem as contenções orçamentais e não estou a pedir uma Sacha Jean Baptiste; simplesmente que alguém apresente uma ideia bem estruturada, que se coadune com o cantor e que possa ser executada com os meios técnicos que detenhamos. Até pode ser sem fogos de artifícios, mas algo que prenda o telespectador (por exemplo, a Lituânia o ano passado esteve extraordinária e não deve ter gastado muito dinheiro em colocar a Ieva abraçada ao esposo). Se calhar precisamos de ir lá fora, mas, uma vez aprendido o know-how, talvez não precisássemos mais. Posto isto, considero que a nossa falta de bons resultados talvez se possa dever a uma limitação do género musical e algum laxismo dos compositores (e sublinhar a falta de transparência e abertura a novos sons e nova caras), mas confesso que a falta de estratégia (especialmente em termos cénicos) com o que vem a seguir ao Festival da Canção tem sido a razão pela qual temos falhado tanto. É preciso ter um plano - a Eurovisão não é só eleger a música e já está. Pelo contrário, é uma maratona e não é possível ganhá-las sem um plano prévio. Para melhorar a qualidade das músicas enviadas pelos compositores, acho que seria essencial atribuir prémios em dinheiro de acordo com a posição em que cada canção termine no FdC. Porque, não sei como funciona, mas estou mesmo a imaginar o compositor do último classificado do FdC a ter recebido a mesma quantia de RTP que a Luísa Sobral depois de ter vencido o ESC (se é que chegam a receber alguma quantia, o que tenho as minhas dúvidas). Quanto às performances, o FdC deste ano foi extraordinário. Realizaram atuações (até com leds bem feitos) como nunca tinham sido feitos. A performance do Conan estava muito boa (embora eu achasse que ainda pudesse ser melhor), mas estragaram tudo no palco da Eurovisão. Sabe-se lá porquê. Já deu para entender que a equipa da RTP que realizou o ESC saiu com imenso know-how, agora só falta utilizarem-no além do FdC. 1 Link to comment Share on other sites More sharing options...
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